terça-feira, 30 de setembro de 2014

"Manifesto para a Paz em Angola"



O povo angolano,em geral, quer a Paz duradoira, anseia a justiça social, a boa governação e o direito cidadania, em respeito mútuo aos diversos povos e culturas que formam o projecto de Nação Angolana. Esses são os fundamentos principais para a criação do entendimento comum entre os angolanos. E que, a posteriori criarão as bases necessárias para a profunda revisão do conceito de Nação e de valorização do angolano, assim como a definição consensual da visão para Angola e o rumo que o país deve tomar em direcção ao futuro.

Infelizmente, a guerra continua a ser usada contra as populações angolanas, enquanto os detentores da força saqueiam as riquezas do país, com a parceria e cumplicidade de países e aventureiros estrangeiros.

O petróleo, os diamantes e as suas receitas são as principais fontes de cobiça dos governantes, da opisição armada e multinacional, sobretudo petrolífeiras, com acomplancência de países como os Estados Unidos, frança, Ingleterra, Brasil, Rússia, Portugal, África do Sul.
Ao invés de perseguirem interesses económicos e políticos imediatistas, esses países podem erverter os seus esforços para o plano dos valores, contribuindo assim para a reconciliação dos angolanos. A guerra em Angola só terminará quando a sociedade civil, o povo em geral, tomar consciência de que não há solução militar definitiva para o conflito angolano. O povo tem de tomar consciência do processo de destruição de que está a ser alvo e assumir a responsabilidade de reclamar a sua vida e dignidade. Mais grave ainda, o calar das armas, não significaria, no contexto de Angola o fim da guerra. As consciências angolanas, sobretude as dos politicos, dominados por interesses egoistas, estão mais armadas do que os exércitos que dirigem.

No caso de Angola, a paz foi sempre encarada como a cessação de combates e o processo de desarmamento e demobilização. Essa visão é principalmente alimentada por certos estrangeiros e emoções internas. Na realidade é pouco mais do que uma ilusão tranquilizadora para os que, de forma desesperada, perseguem a verdadeira Paz e os que da paz imediate se servem para obter lucros e posicionar-se, em termos estratégicos e geopoliticos, na corrida às riquezas de Angola.

Estamos a atingir o extremo do sofrimento, da barbárie, da humilhação social, e da total perversão do uso do poder. Por essa razão, chegámos à conclusão, dificil porque elementar e evidente, todavia consensual, que só nós, angolanos, devemos desenvolver o entendimento comum das causas assim como das consequências do conflito angolano. Como meio de buscar soluções definitivas e subsenquente reconciliação nacional.

É fundamental que nós, angolanos, reconheçamos, com coragem e determinação, que somos todos culpados pelo estado de devastação politica e militar e de caos social e económico do país, quer de forma activa, quer passiva. Temos, igual modo, de reconhecer os graves erros e abusos por nós cometidos no decorrer da nossa jornada histórica.

Nós, angolanos, devemos assumir a responsabilidade de solucionar os nossos próprios problemas. Não devemos continuar a atribuir culpas, das nossas desavenças, à herança colonial, à individuais e/ou a terceiros. É um auto-atestado de menoridade atribuir sistematicamente e aresponsabilidade e o protagonismo da resolução do conflito nacional aos estrangeiros.

Perante o sufocar quase total do que ainda resta da sociedade angolana, é chegado o momento de agir persistentemente, de modo pacífico, corajoso e concertado, no resgate do tesouro que o povo mais anseia e merece: a Paz, pela via do diálogo. É o povo quem defende a paz por essa via, enquanto os beligerantes assumem a guerra como o meio de se alcançar a paz, seja a paz submissão de uma parte da nação por outra. Porque essa guerra não tem qualquer sentido patriótico.

Assim sendo, nós, cidadãos angolanos, exigimos:

Do governo, da UNITA e da FLEC, o cessar-fogo imediato, em toda a extensão do território nacional;
A abertura urgente de linhas de comunicação formais entre os beligerantes, com a facilitação da sociedade civil organizada.
A abertura imediata de corredores de Paz para assistência humanitária às populações afectadas pela guerra, principalmente os deslocados no interior do país;
Que o governo e a UNITA, em co-responsabilidade, incluam nos seus orçamentos militares a assistência das populações carentes, ao invés de responsabilizar a comunidade internacional pelos sobreviventes da guerra que movem contra a Nação angolana.
A definição de agenda e calendário de negociações, pelo governo (do MPLA), a oposição armada (UNITA e FLEC) e a sociedade civil organizada, para a resolução definitiva das causas do conflito angolano.
O Estabelecimento das condições de participação inclusiva e de segurança dos angolanos no Processo de Diálogo Nacional para a Paz, em toda a extensão do território nacional, sem excepção.
Que o governo e a UNITA incluam, nos seus orçamentos de guerra, os fundos necessários para fazer a paz, com patriotismo e dignidade. Porque, se há dinheiro para sustentar a guerra também o há para a efectivação da Paz.

Nós decidimo-nos empenhar com afinco e determinação para o cumprimento cabal das nossas exigências e trabalhar activamente na conquista da paz em Angola, numa óptica patriótica, de justiça social, de equilibro nacional e de forma duradoira. Luanda aos 18 Junho de 1999

Os primeiros subscritores e membros dirigentes deste Manifesto para a Paz em Angola são:

Daniel Ntoni-Nzinga (53 anos, Pastor)
Carlinhos ZASSALA (52 anos, Professor Ensino Superior)
Ana da Concecion Pedro Garcia (41, Sindicalista/Economia)
Gaspar João Domingos (38 anos, Pastor Evangélico)
Francisco Filomeno Vieira Lopes (44 anos, Economista Sonangol)
Rafael Marques (28 anos, Jornalista)
N. Luisa C. Rogeiro (31 anos, Jornalista)

Uma imagem vem chocando as pessoas nas redes sociais.







Um bebê mantido refém por ser Cristão. Será mesmo que acreditam que já existe uma convicção de fé no pequenino? Particularmente sou uma pessoa com bastante crença em Deus, porém, em seu nome é cometido loucuras e atos que só podem ser infernais! A legenda da foto em Árabe dizia: Nosso refém mais jovem entre as seitas hostis de Kessab. Kessab é uma vila predominantemente cristã na Síria. Se alguém souber mais informações disponibilizem nos comentários!

In Quer Café?. Facebook

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

08-12Set14. República das torturas, das milícias e das demolições





Diário da cidade dos leilões de escravos

08 de Setembro
No dia 07 de Setembro, por lapso escrevi, igreja universal do reino de deus, quando na realidade queria dizer, igreja adventista do sétimo dia. As minhas desculpas.
Nas cantinas dos sênê (senegaleses) e indianos não se pode comprar ovos. Devido ao seu mau acondicionamento, os ovos lá comprados chegam a casa estragados, e para o lixo vão inutilizados. Tudo em Luanda funciona para nos roubar – um limão cem kwanzas - o dinheiro que conseguimos sem a militância do poder do petróleo. É assim que em Luanda qualquer estrangeiro enriquece com incrível facilidade nesta sociedade bestializada.
09 de Setembro
Sem lei! O vizinho para alugar o seu apartamento instalou um reservatório de água no rés-do-chão e serrou completamente o corrimão das escadas até ao primeiro andar. Ninguém se opôs, pois destruir é construir.
Enquanto não há lei aproveitem, desmandem e saqueiem à vontade, porque quando ela chegar as prisões serão pequenas.
Não há nenhuma diferença entre os fiéis do futebol e os das igrejas. Nos campos de futebol os fiéis adoram o seu deus e nas igrejas também.
Sem lei! Mais protagonistas para alimentar o caos: um português e uma portuguesa chegaram e casa no prédio alugaram e no primeiro andar se instalaram buerere de kumbu pagaram. Um segurança disse que viu – nenhum morador apareceu - aí pelas vinte e duas horas carregarem potente gerador, desses que não dá para colocar num prédio, e que é um gerador muto grande, muito potente. O único local disponível é na varanda das traseiras já com fissuras por todo o prédio de cinco andares antigo e precocemente no fim devido aos maus tratos que se notam muito bem a olho nu. O gerador quando em serviço, o primeiro a desabar é a loja no rés-do-chão, depois é o segundo andar e o vizinho do primeiro andar, e claro, o apartamento onde está instalado o gerador. Os pilares sofrerão um ataque severo. Será possível que gente tão evoluída, tão erudita, de tão vasta engenharia, de tão ilustre erudição, desconheça que um potente gerador instalado no interior de um prédio facilmente o fará cair aos bocados. Ignorância também é analfabetismo.
Está tudo ao contrário. Um exemplo: as escadas estão ao contrário, antes eram a subir agora é a descer. Outro exemplo: dos bancos já não se levanta dinheiro só se deposita.
Pelas onze horas da manhã ao lado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, junto à Angop, um carro civil com seis indivíduos trajados à civil, dirigiram-se para a cantina de um indiano e saíram de lá com ele algemado. Uma mamã perguntou-lhes para quê isso das algemas, e um deles respondeu-lhe que não foi ele que as inventou. Depois, outro indivíduo acercou-se da cantina perguntou pela chave e acrescentou: se a chave não está aqui, isto está fechado é porque está com ele. Os povos suspeitam que se trata de bandidos que o levaram para parte incerta.
Outra vez! Disseram-me que num cemitério – em todos?, – cavam pouco e sepultam os mortos com pouca profundidade para depois carregarem com os caixões e os venderem. Um casal enterrou a sua filha e depois mandou partir o caixão para que não o possam depois vender. O pessoal do cemitério estava bem chateado.
Vinte horas e dezoito minutos. Confirmado: Não, não é o escape de uma motorizada, foram mesmo três disparos de arma de fogo.
Um espírito branco. Quem me contou isto jura que é verdade. Há várias horas que o dia desapareceu, escureceu. Um carro com um português ao volante pára junto de uma jovem, o português convida-a a entrar mas a jovem mostra-se relutante. O português insiste com o português dele, ela aceita a boleia e põem-se a caminho. Depois de algum tempo a jovem nota que o carro mudou de rumo, sem saber onde vai parar. O carro entra num cemitério, pára próximo de uma cova aberta do que já fora uma jazida, agora é um buraco bem fundo. O português leva-a para dentro do buraco, a jovem muito espantada vê a sua irmã que muito surpresa lhe pergunta: «Mana, o que é que estás aqui a fazer?» A jovem vê muitas velas acesas no local, não consegue falar. A irmã diz-lhe: «Estás com muito medo, não é?» A jovem não consegue responder-lhe, a irmã passa-lhe com os dedos molhados na testa e nas faces e diz-lhe que assim pode sair do local em segurança. Quando chegou em casa contou o sucedido aos seus pais e pouco depois faleceu. O meu amigo acrescentou que também já temos espíritos brancos.
Afinal o indiano foi sequestrado. Primeiro, sob a acusação de que vendia o açúcar utilizando uma lata como medida, quando isso deve ser feito numa balança. Andaram com ele aí pelos bairros, especialmente pelo Cazenga a meter-lhe medo, dando a entender que iam matá-lo. Pediram-lhe dinheiro, ele entregou-lhes algum mas recusaram porque era pouco. Mais tarde conseguiram quarenta mil kwanzas e libertaram-no com vida. Foi esta a informação que consegui recolher, se está certa ou errada mais tarde se saberá.
10 de Setembro
O segurança estava em casa, o seu dia de descanso gozava, apreciava. De súbito a sua esposa num acto de premonição extra-sensorial alerta-o que seis bandidos se aproximam da casa para assaltá-la. Ordena à esposa para que feche portas e janelas como se uma tremenda praga de petróleo se abatesse como uma violenta tempestade. Dito e certo, os seis indomáveis patifes já estão defronte da porta preparados para a demolição. O segurança deixou um pequeno buraco na casa que só ele sabe onde fica, por ele espreita e diz para a sua esposa: «É pá, estes gajos vêm mesmo para me invadir. E estão todos armados!» Um dos assaltantes inicia o derrube da única porta da casa. O segurança está armado e pelo buraco vê os assaltantes, dá um tiro mortal num e os outros debandam em pânico. Mais tarde o segurança foi nos polícias fazer o relato do sucedido e acto contínuo recebe voz de prisão porque matou um assaltante em legítima defesa. O segurança replica que eles iam lhe matar e à sua esposa e a casa pilhar. Mas os polícias contra-argumentam que ele – ninguém – pode matar, têm que apanhar os bandidos à mão. E o segurança foi sentenciado com vinte e dois anãos de prisão.
11 de Setembro
Não parece, mas isto está no caos. O povo já faz debates nas ruas, depois narrarei um deles que ouvi. Sem lei! Acabadinha de chegar, cito tal e qual: «Lá na minha empresa têm daqueles brancos que ganham cinco e dez mil dólares e não fazem nada, passam o tempo só a tomarem café. São amigos ou familiares dos outros brancos. Isto está uma máfia. Um colega mwangolé segredou-nos que eles se preparam para nos tirarem os lugares. Eles que tentem, eles vão ver!»
Mais um benefício do regime, desse nosso melhor amigo que das 09.15 até às 11.44 horas nos lembrou que a brincadeira da energia eléctrica ainda não acabou. Parece que está tudo bem, mas a qualquer momento ficamos sem a tal luz. Da energia eléctrica é assim: no ano de 1997, que até ao ano de 2012 o fornecimento da energia eléctrica ficará definitivamente assegurado. Em 2012 que em 2014 estará normalizado. Em 2014 que será ultrapassado e finalmente tudo devidamente estruturado e o pleno abastecimento assegurado em 2017. E neste ano devido ao desvio das verbas só será possível em 2020. Neste ano, depois de consultados os melhores feiticeiros, eles passaram a premonição que em 2023 não existirão mais problemas. Isto é demasiado primitivo, é terrorismo eléctrico. Há muitas reclamações dos vendedores de geradores e portanto são necessários apagões estratégicos para lembrar que geradores se devem comprar.
12 de Setembro
Sem lei! Está generalizado. Eles consideram-se imprescindíveis. Estamos entregues à bicharada. No CEFOJOR- Centro de Formação de Jornalistas, o director (?) viajou e não assinou as folhas deixando os trabalhadores sem salários.
O tuga acabado de chegar de Portugal, entrou na empresa e outro tuga ordenou a dois mwangolés que andassem com ele como seguranças pessoais a passear por Luanda para lhe mostrarem a cidade.
O caso Oscar Pistorius. Está bem que foi ilibado da acusação de ter morto premeditadamente a namorada, mas, acompanhei - como soe dizer-se - o caso a par e passo. Desde os momentos iniciais e seguintes as provas eram por demais conclusivas, o homem estava mesmo arrumado na cela, depois há este desfecho... cada vez menos acredito na justiça dos homens corruptos porque ela e eles parecem loucos.