sábado, 18 de julho de 2015

O Hino de São Paulo SP (01)




Na sua geografia
Ela faz a sua poesia

Ela passeava pela calçada
E no andar se enlevava
E no olhar enfeitiçava
Na sua câmara fotografava

Possuída de vida caminhava
Liberta ninguém a amarrava
Sentia que o destino a amava
E sabia que um hino louvava

No florístico atlântico guardava
A geografia que muito estudava
Muito, muito para além olhava
E segredo nas conchas atirava

No sol da areia pulava
E solenemente atraída ficava
A água vinha e ia lhe deixava
Uma conspiração preparava

Sempre alerta não se cansava
Para além do infinito viajava
Na selva humana se sentava
O drama do paraíso cativava

Uma forte onda brincava
No seu corpo saltitava
A espuma muda se aproximava
O sol do fim do dia a esperava
A serenava

A água cor de cinza do sol amarelo
Entristecia, não, bendizia o belo
A vegetação da margem se escondia
Para a maravilha de um novo dia

Como uma câmara o sol fotografava
As ondas que se espelhavam
No céu se amontoavam
A natureza divina pintavam

Como criar um sonho e nele viver
Numa palmeira uma onda bater
E na sua casa do mar se recolher
E deixar a areia a escorrer

No amanhecer de um novo dia
Esquecendo a anterior nostalgia
Uma profunda esperança a invadia
Oh! Como é difícil sentir alegria

Na sua geografia
Ela faz a sua poesia



sexta-feira, 17 de julho de 2015

O REI DO PETRÓLEO (03)


RCE - República dos Comités de Especialidade, algures no Golfo da Guiné.

É impossível uma nação sobreviver no secretismo absoluto das negociatas dos seus governantes.

No palácio, o Rei do Petróleo agigantou uma festança para comemorar mais uma das suas palavras de ordem que dava pelo nome de: ENTREGUEMOS AS NOSSAS TERRAS AOS CHINESES. Antes do imponente acontecimento os serviços protocolares esmeraram-se no envio de aeronaves para transportação dos governadores de todas as províncias e demais generalato do elenco governativo da RCE. Notável, como sempre há quarenta anos, era o comité de especialidade dos bajuladores, do comité de especialidade da Igreja e das igrejas, onde se impunha a sumptuosidade de um cardeal, bispos, padres e demais acólitos religiosos. Dinheiro não havia porque o preço do petróleo não consentia, a população sofria mas o Rei do Petróleo mais se enriquecia. Na RCE o seu soberano imperava como ser absoluto exactamente como os senhores feudais, dos quais seguia escrupulosamente os seus ditames. O fausto e opíparo rega-bofe tinha como abertura um duo de trovadores medievais recrutados na Europa para abrilhantar, fazer jus às laudas etiquetas desses tempos antigos mas na RCE extremamente actuais. O duo compunha-se de um hábil mestre de alaúde e de uma bela musa do canto, que assim inauguraram mais um universo de gastos supérfluos.  E a melodiosa voz feminina abriu o concerto medieval chinês:

O Rei do Petróleo é o único que pensa
Dá as terras aos chineses ficam sua pertença
Como se a RCE fosse deles desde a nascença
E o povo resta-lhe a escravidão como recompensa

Claro que os ouvintes levaram a letra da música para os tempos da Idade Média, não a conseguindo associar ao tempo local. O Rei do Petróleo não quis discursar alegando que estava muito ocupado com os assuntos do Estado, delegando competências ao cardeal seu grande amigo pessoal e das colheitas dos dízimos do petróleo. E o cardeal não se fez rogado e orou a Deus para que lhe concedesse sabedoria, porque sem Ele nesta terra e neste mundo nada é possível, então já possuído por Deus pregou para os beneficiários do petróleo e demais riquezas do país:
- Ao nosso omnipotente Deus que concedeu a graça e o poder divino ao nosso querido irmão crismado Rei do Petróleo porque sem ele nunca seriámos independentes. Meus irmãos, devo confessar que não é possível alguém governar em seu lugar porque o espírito de Deus está com ele na vida e na morte. Isto significa que o nosso bem-amado Rei do Petróleo governará para sempre e não há poder que se lhe oponha, pois o poder de Deus é invencível. Mesmo depois da sua morte o Rei do Petróleo nos governará do além-túmulo em espírito para todo o sempre, portanto não devemos perder tempo com eleições ou qualquer inutilidade similar porque Deus já designou vencedor. Meus irmãos, só Deus tem o poder de ressuscitar mortos e impor o seu governo celestial na RCE. Oremos irmãos para que o petróleo e os seus lucros continuem a jorrar sob a sábia direcção e gestão do único sábio que Deus nos presenteou. Finalmente uma palavra sobre a negociata chinesa: Não estranhemos irmãos a entrega de parte do território da RCE aos chineses. O importante não é o povo que será mais uma vez escorraçado, das suas terras espoliado, para dar lugar aos chineses em troca dos biliões de dólares que eles concedem a esta república em nome do reforço dos laços de amizade e cooperação que unem os dois povos, a República Popular da China e a nossa também ainda república popular. Meu Rei do Petróleo, tu és o maior meu!
Do comité de especialidade dos bajuladores surge uma personalidade bem sinistra. Demonstra-a o seu rosto sinistro, olhar de pelotão de fuzilamento, roupa de verdugo de guilhotina, de conjuntura rodeada por uma auréola de intolerância política, arrogância desmedida, gestos agressivos do estilo, eu faço o que quiser e bem entender, em suma: o demónio em pessoa.
- Jamais na história da humanidade se conheceu tão insigne humanista, tão acérrimo defensor do povo e dos direitos humanos. Nesta república tudo vai bem e a população sente-se imensamente feliz por ter um guardião que vela por ela, e dá às crianças tudo o que elas merecem. Nas centralidades e no partir das casas está o sucesso do nosso futuro. As nossas crianças, os continuadores da nossa gloriosa gesta, nada lhes falta, incluindo o mais importante: o extremoso amor do nosso querido e atraente líder, o camarada Rei do Petróleo. Sem ele, o que seria de nós? Não seriamos nada, apenas uns zés-ninguéns. Confiemos e brindemos ao nosso herói, ao nosso pai, ao nosso arquitecto da paz, ao nosso mais que tudo. Camaradas! Viva o nosso camarada presidente! Viva a nossa riqueza. Abaixo as manifestações! Tortura e morte aos arruaceiros e a quem ouse atentar contra a ordem estabelecida. Viva as chacinas! Viva o empréstimo chinês e a hipoteca das nossas terras! Viva os comités de especialidade!
E ouviu-se um estrondoso bater de palmas como uma ovação da entrada triunfal em Roma de um vencedor dos seus inimigos.
Começava também a primeira reunião oficial do GEC-Gabinete Especial das Chacinas, onde se deliberou, se decretou que a próxima chacina seria nos partidos da oposição. Como nota final recomendou-se que tudo o que fosse religião seria enquadrado no comité de especialidade da religião. E quem resistisse, não concordasse, se manifestasse, seria entregue, purificado pelo fogo da chacina.
Há homens que engrandecem países, há homens que os vendem ao desbarato. A corrupção não andava, por todo o lado galopava como uma manada de cavalos tresloucada. E na rua ouvia-se mais um desafortunado como num pregão: «Mais um saque de um português/angolano. Dupla nacionalidade, duplo saque. Augusto Helder Paiva de Azevedo é o sócio-gerente da empresa Magnum-Protecção e Assistência, Lda. Funciona em Luanda nas instalações do CFL- Caminhos de Ferro de Luanda, nas suas traseiras junto à Unicargas. Nas contas do balanço de 2014 defraudou a conta de Edifícios Administrativos adulterando-a para Equipamento Industrial no valor de Kwanzas, 593.515.896.50 para vigarizar a FESA-Fundação Eduardo dos Santos, que está em negociações para aquisição do espaço. Os valores dos Edifícios Administrativos provêm de facturação falsa de empresas criadas para o efeito. Ora, a Magnum nunca teve nenhuma instalação industrial, basta ver a sua denominação comercial. Uma empresa de segurança tem instalações industriais de quê? Foram também falsificados documentos para pagamento das rendas do ano de 2014 (e anos anteriores) do CFL no valor de 4.500.00 dólares mensais, e os seus valores creditados na sua conta pessoal. O terreno é do CFL, e a sua transacção é mais uma negociata ilegal. Quer dizer, o português/angolano faz a negociata e depois foge de Angola.» E o nosso pregoeiro termina: «Roubar mais e distribuir pior!» Eis o paraíso perfeito para a gatunagem empresarial, de bandidos da pior espécie que sob o disfarce da dupla nacionalidade exercem a sua actividade criminosa, obtendo elevados lucros e gozando da santa total impunidade.
Nas ruas houve-se o clamor do povo, que as igrejas estão cheias, que o povo diz que vai vir aí uma guerra pior que a de 1975. Enquanto os jovens do movimento revolucionário gritam que, sem manifestações não há liberdade.
Pretender acabar com quem vende nas ruas para sobreviver, é como querer acabar com as moscas, porque ao enxotá-las elas vão para outro lado. É o desejo mórbido de esconder a miséria para mostrar a pobreza de espírito dos ricos e das suas riquezas ilegais. Na RCE só há lucros para os ricos, os pobres são para exterminar.
Mais mil casas foram destruídas na zona da Funda, arredores de Luanda. Partir casas continua como a principal ocupação da desastrosa governação. Os desgraçados foram viver ao relento, entregues nos braços da morte, pois com as baixas temperaturas nocturnas, o frio mata-os. Mais uma cidadã agora na condição de expatriada disse na Rádio Despertar que eram três horas da manhã quando “forças de terra, mar e ar”, invadiram a área, para que os seus quintalões sejam entregues aos brancos, (chineses).
Os chineses já estão a cobrar os juros do empréstimo a toda a velocidade. Os chineses estão a ser corridos da África. Acabam de ser corridos de Moçambique, resta-lhes o último reduto, a RCE, e mais um violento conflito à moda colonial surge.


Imagem: autor desconhecido

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Calomboloca, a nossa prisão de Robben Island



Minhas irmãs e irmãos
Aleluia, amém!

Nenhum poder na terra é capaz
de deter um povo oprimido, determinado
a conquistar a sua liberdade.
(Nelson Mandela)

No tempo do Salazar
Não podíamos ler
Livros sobre o marxismo
Porque isso era comunismo
E logo condenados ao ostracismo
Estavam proibidas as reuniões
Nem falar de manifestações
E das políticas associações
E abarrotavam-se as prisões
De políticos presos
Como infantes indefesos

Não havia actividade política
Excepto a do partido no poder
Tudo o mais era para prender
Livros proibidos de ler
Acusados de tomarem o poder

E acabou num golpe de estado
Em Abril
A ditadura acabou
Nada sobrou

Aqui é muita coragem para sobreviver
Pois se nem amigos conseguimos ter
No próximo cacimbo viver mais assim
Que será dos quinze, ai de mim!

E se o meu deus me ajudar
Desejo nunca mais voltar
Enquanto o santo governar
Em Calomboloca me aprisionar

E na miséria que temos para contar
Sem que ninguém nos possa ajudar
E enquanto vamos rezando
Os chineses nos vão colonizando

Já o toque de finados da democracia
Nas celas dos quinze se previa
Na clausura da noite e do dia
Mais presos políticos se anuncia

Em pleno funciona a lei da mordaça
Os seus mentores felicitam a desgraça
De porta em porta se acerca o terror
Sem piedade nos persegue o Senhor!





sábado, 4 de julho de 2015

O REI DO PETRÓLEO (02)




RCE - República dos Comités de Especialidade, algures no Golfo da Guiné.

De um intelectual africano da RDC-República Democrática do Congo, durante um debate em Luanda. “O Japão nunca foi colonizado, depois dos primeiros contactos com os americanos, os japoneses admiravam e queriam saber porque é que a Europa era muito forte. Então decidiram traduzir os livros de filosofia, antropologia e outros e estudá-los, e finalmente descobriram porque é que a Europa era muito forte: porque os seus pensamentos duravam muito tempo… os dirigentes africanos assassinam os seus intelectuais porque têm receio que eles tomem o poder, quando na verdade os intelectuais são críticos e não aspiram ao poder.”
A ONU diz que a África perde anualmente sessenta biliões de dólares devido à corrupção.
Isaías Samakuva, presidente da Unita, disse numa conferência de imprensa em Benguela, que ao encontrar-se com um grupo de jovens alunos da oitava classe, perguntou-lhes quantos são cinco vezes quatro. Os alunos recuaram e alguns responderam que são nove.
José Patrocinio, dirigente da Omunga, uma associação cívica de Benguela, escapou à última da hora de ser assassinado por atropelamento por um camião conduzido por um chinês, (!) porque à última da hora ele desistiu de esmagar a motorizada com que normalmente José Patrocinio se desloca.

O Rei do Petróleo está no seu palácio – ele raramente dele sai, vive lá como um eremita palaciano – a analisar os fracos rendimentos do petróleo, porque a maré petrolífera estava sempre em alta, a encher, os preços baixaram e a maré está a vazar e não se sabe quando vai terminar. Naturalmente assim permanecerá porque o petróleo, como tudo, também acaba. Só os otários que nele tudo apostam e dele dependem porque não sabem fazer mais nada, preferindo viver à sombra e água fresca. E depois surge o desastre já devidamente anunciado por quem entende da matéria. O Rei do Petróleo, ou o Rei da baixa do Petróleo?, tinha uma maneira muito atípica de governar. Enviava os colaboradores que faziam parte da sua equipa palaciana por todo o país, como modernos arautos que lhes faziam relatórios, - ele não governava por decretos, ele era o governo, um super-homem que governava por relatórios e ordens superiores onde neles se lia que na república tudo ia, tudo estava muito bem, tudo funcionava normalmente como num paraíso, e que as populações estavam contentíssimas com a governação. E o Rei do Petróleo sentia-se felicíssimo pelas suas altas qualidades de líder, porque no mundo – apesar de ser considerado pela revista Forbes, como o segundo pior governante africano – não existia ninguém que o ultrapassasse em intelecto governativo. Até dava lições de democracia a países africanos, que quando algum presidente violasse a sua constituição para permanecer no poder, ele logo ensinava que não, não senhor, não deve ser assim. Que o poder tem que ser conquistado por via de eleições livres e justas porque sem isso não há democracia. E que o presidente ao defraudar as regras eleitorais para usurpar o poder defendia democraticamente que a oposição deve negociar com ele.
E como a maré vazava fortemente, quase que se via o fundo do mar do petróleo, não permitindo nele nadar, o Rei do Petróleo fazia cortes e mais cortes fora do OGP – Orçamento Geral sem Petróleo. O último foi na empresa do lixo, a Elisal, pertencente à sua filha, a princesa Bela do Petróleo, assim cognominada devido à beleza do dinheiro do petróleo, pois quem fica sentado à espera dos seus lucros, é uma beleza, não é?! Os trabalhadores dessa empresa de limpeza repentinamente sem qualquer comunicação do comité de especialidade médico ficaram sem assistência médica. Amigo leitor, é fácil verificar que quem anda, melhor, nada no lixo sem assistência médica é como se fosse um assassinato dos desgraçados que nem dinheiro de um barril de petróleo têm. Claro que eles fizeram muito bem em decretar greve.
A crise continuava, o seu cerco apertava, mas isso não afectava em nada a Bela do Petróleo, que comprou uma empresa portuguesa apenas por duzentos milhões de dólares.
Tudo estava cansado, mas o Rei do Petróleo acreditava ser amado. No seu palácio fechado, fortemente guardado e ele maniacamente escoltado, apercebeu-se de alguns zunzuns sobre uma insurreição popular que marchava, se revoltava, e por precaução ordenou reforçar a sua guarda com o dobro de homens, tal e qual como fazem todos os déspotas antes do seu trágico final. Sim, governar pela força das armas é o anunciar projectos da má velha vida, onde qualquer opinião contrária é de imediato castrada.
Não muito longe do palácio ouviu-se um tiro. Era de um assalto seguido do roubo de uma viatura de uma jovem que estupefacta, pois estava muito próxima de uma esquadra móvel da polícia, dirigiu-se-lhe e perguntou se não viram o que se passou, ao que um polícia respondeu que não viu nada. A jovem já aterrorizada ainda conseguiu perguntar se não ouviram o tiro, ao que o mesmo polícia respondeu que também não ouviu nada de anormal. E a jovem já a tremer terminou dizendo que como é possível se os bandidos roubaram o meu carro e deram um tiro mesmo aqui ao pé de vocês? Mas o polícia insistiu que ele e os seus colegas não viram nem ouviam nada. Naturalmente que a polícia segue os ensinamentos do Rei do Petróleo que na República dos Comités de Especialidade tudo está bem.
No exterior do palácio ouvia-se numa rádio que uma parturiente numa maternidade já prestes a dar à luz, era torturada sem dó nem piedade.
O Rei do Petróleo firmou relatório em jeito de decreto – ele afogava-se em relatórios – que criava duas classes: uma casta dos detentores do petróleo e demais riquezas e outra classe dos abandonados que a nada tinham direito. Na verdade tinham apenas um direito: o de morrerem à fome.
O Rei do Petróleo era acérrimo defensor da política do caos, porque onde este sistema existe matar é muito fácil, passa despercebido e como os meios de informação eram seus, quase de propriedade pessoal, na verdade ele era dono de tudo, com o caos implantado fácil era dominar a opinião pública. O cúmulo da corrupção elevou-se a tal nível que a Igreja e as igrejas organizavam manifestações em sua honra, enviando para o lixo os evangelhos porque mostravam fotos suas nas manifestações e nos altares da Igreja e das igrejas. Os pastores corrompidos abençoavam o Rei do Petróleo, oravam e obrigavam os crentes também a fazê-lo dando-lhes a conhecer a boa-nova que o Rei do Petróleo foi enviado por Deus para salvar e manter Angola em paz, livre de manifestantes e das suas manifestações. Inclusive ensinando-lhes que Deus estava contra as manifestações e ordenava prender e torturar quem ousasse se manifestar. E que sempre que alguém este decreto divino contestasse, era-lhes dito que em Angola existem duas constituições: uma terrena para o povo e outra divina redigida por Deus para utilização exclusiva do divinizado Rei do Petróleo. Por aqui facilmente se vê que era impossível uma transição pacífica para a democracia, porque a ditadura do poder de Deus jamais o consente.
O Rei do Petróleo tinha dois punhais cravados no seu corpo. Um era o célebre activista Manuel Nito Alves, o outro era o celebérrimo denunciador da corrupção, o cavaleiro sem medo, Rafael Marques de Morais. Bastava ouvir os seus nomes para que o Rei do Petróleo ficasse com dores no estômago, na cabeça e medonhos desarranjos intestinais. Ainda mais quando Manuel Nito Alves lhe chamava de ditador nojento e de lhe jurar que faria com que ele e a sua equipa repressiva e torturadora caíssem do poder através de uma insurreição da população.
E o Rei do Petróleo ria-se imenso das lamúrias da oposição porque ela não tinha poder de manifestação.

Perante estes notáveis factos e invocando o poder da crise de que não há dinheiro, o Rei do Petróleo decidiu comprar com o dinheiro da fome do povo, um bruto jacto particular que custou apenas sessenta e dois milhões e quinhentos mil dólares, com autonomia ilimitada, tipo reactores movidos a energia nuclear, para o que desse e viesse, isto é: preparar a sua fuga e dos seus mais chegados, pois as coisas iam de mal a pior e homem prevenido vale por dois, ou mais. Então quando a hora do assalto ao palácio iniciar é só correr para o avião e bazar a grande velocidade para um país que o acolherá de braços abertos, provavelmente os homólogos da Coreia do Norte.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

OS SEQUESTRADOS DE CALOMBOLOCA



A
Sedrick de Carvalho

E vivemos sob o chumbo da mortal
Crueldade
Nas grades das prisões
Da maldade
No democrático terror
Da liberdade
O Sedrick de Carvalho
Ainda um jovem orvalho
Um pobre diabo inocente
No tribunal revolucionário
Se faz presente
Doente
Agrilhoado na corrente
Do poder demente
A sua esposa chora
Pela liberdade que demora
A sua família não sabe que fazer
Neste militarizado país a arder
Que é que ele fez de mal?
Para lhe tratarem pior que a um animal
Ele não faz mal a ninguém
E isso do golpe de estado
Lhes convém
São os biliões de dólares que mandam
Na manada
tresmalhada
chinesada

O Sedrick a ninguém faz mal
Até porque quem está desarmado
Nunca fará um golpe de estado
Só o faz quem pela Igreja
Continua mandatado

O processo dos quinze está em curso
Sem direito a recurso
Quem tiver ideias diferentes
Lhes serão partidos os dentes

Maldita oposição
Que vive de ocasião
Faz refrão
Com o poder do cão
Do ancião

Ah! Sedrick, aquele abraço
A quem um acto não pode reportar
Prenderam-nos o acto de pensar
Porque isso é golpe de estado planear