sábado, 31 de outubro de 2015

As torturas dos presos políticos de Calomboloca



Presos políticos é muito fácil
Recolha do lixo é muito difícil
Para o caos económico justificar
E bodes expiatórios despenhar

A Igreja é muito bonita, corrupta
Oh! Pobre Igreja tão dissoluta
Que migalhas entre si disputa
Sempre irreconhecível, poluta

A Igreja de Angola está demais
Jurou que contra Deus jamais
Fecha os olhos aos sicários
E aos bajuladores sectários

É corrupto o Cristo também
Por isso padre é zé-ninguém
Presos políticos são torturados
E pela Igreja amaldiçoados

Esta Igreja ao demónio ora
Mas está a chegar a sua hora
Nunca mais acaba, demora
Que esta podridão vá embora

É surda não escuta os lamentos
Presos políticos são inventos
Pelos polícias aceita a invasão
Está possuída pela corrupção

Isso de torturas é com a gente
Renovamos a santa inquisição
Somos mestres na arte demente
Presos políticos à fogueira vão

Presos políticos ao martírio vão
Deles não reza o estado da nação
Já estamos no Estado vampirizado
De miséria e fome por todo o lado

Este poder está tão tresmalhado
Perdido, fugitivo como gado
Como o poder da Igreja renegado
De presos políticos é este Estado

Os presos políticos a Igreja condena
De braço dado com o poder ordena
Das suas exéquias comemora novena
Para no final exigir uma quarentena

Pelos presos políticos Cristo chora
A Igreja hipócrita diz que os adora
A Igreja é o Judas de agora
A maldição segue-a pelo mundo afora


















terça-feira, 27 de outubro de 2015

O PARAÍSO PERDIDO A OCIDENTE (19)


Estávamos no início da aula a aguardar pelo aspirante. Chegou e ocupou o seu lugar. Olhou-nos quase todos um a um e perguntou:
- Quem é que é casado?
Apenas três lhe responderam.
- E as vossas esposas são-lhes fiéis?
Responderam que sim.
- Têm a certeza?
Pelos vistos ele queria embaraçar-nos, ou demonstrar o que a religião tem por lei nas falsas concepções do casamento, pois na religião tudo é composto de falsidade. E nesse mundo só existe o reino da hipocrisia que a Igreja criou e dele se alimenta e nele pretende obrigar-nos como se as nossas cabeças não pensassem. Os velhos e estúpidos tempos que a todo a custo nos querem impingir, deles não querem sair.
- Não, não temos. Elas estão longe e não sabemos o que estão a fazer neste momento.
- E se forem traídos o que farão?
Ninguém respondeu. Então virou-se para mim e pelo olhar vi que me obrigava a uma resposta. Pensei, mas porquê eu? Suspeitei que já lhe teria chegado algo aos ouvidos dos nossos diálogos na caserna.
- Meu aspirante, se eu apanhar a minha esposa com outro… não lhe faço mal nenhum.
- Continua a viver com ela como cornudo?
- Não, meu aspirante. Separamo-nos e cada um segue a sua vida.
- Pois eu dou-lhe uma carga de porrada que ficará internada no hospital durante várias semanas, ou mato-a.
- Mas, meu aspirante, não sou dono da vagina dela. Ela é que sabe o que fazer com ela.
O homem ficou vermelho:
- Você não passa de um parvalhão. São vocês que estão a estragar o país. Com essas visões progressistas estão a inundar-nos com o vosso marxismo. Estão a adulterar os nossos costumes. Todo o homem traído tem direito a defender a sua honra. Você devia era ir já para a prisão.
Fiquei apreensivo. Acho que a partir de agora ele seria meu inimigo. Na caserna, o Neves deu-me alento dizendo-me que enquanto existirem indivíduos destes o país nunca iria para a frente.

Na caserna facilmente se notava o quanto a humidade era alta porque até nas paredes escorria. E logo pensei que era devido a isso que os vinhos do Porto são excelentes. A minha respiração começou a ser afectada, e lá veio a bronquite. Lembrei-me da minha mãe quando um irmão ainda pequeno caiu na Ribeira do Caldeirão, lá no Tramagal, e foi – segundo ela – salvo graças a um xarope de nome bronquitina. Fui comprá-lo. Mas a bronquite piorava com o frio e com a humidade. Todos na família tínhamos bronquite congénita e um irmão e uma irmã eram asmáticos. A dificuldade de respirar aumentou. Mesmo assim tentei ir para o refeitório buscar o leite com café quente que me faria bem. Cheguei a meio da subida e a respiração faltou-me. Não conseguia respirar. Entrei em pânico, senti que ia morrer. O meu pensamento de despedida foi para a minha mãe, depois para o meu pai. Recuperei um pouco a respiração. Embrulhado numa manta e a arrastar-me consegui chegar. Quem estava de oficial de dia era o nosso aspirante. Disse-lhe o que me estava a acontecer e com o recipiente na mão pedi-lhe autorização para o encher. Olhou-me com desprezo e vi nos seus olhos desejos de vingança.
- Não! E saia daqui imediatamente!

Ainda hoje esses momentos me perseguem a recordar-me o quanto da maldade humana ainda nos persegue. De facto existem pessoas cuja malvadez serve de passatempo apenas para fazerem mal. Sentem-se felizes com o infortúnio dos outros. Mas o xarope fez-me bem. Melhorei e voltei à normalidade.

Nas últimas aulas práticas com os rádios, o primeiro-sargento ensinava-nos a tirar os “bigodes” do assobio do som até obter uma boa sintonia. Na caserna, o Neves disse-me em segredo que se preparava para fugir. Não iria sozinho. Outros o acompanhariam. Iria para o exílio. Convidou-me também para o acompanhar na fuga. Que a guerra estava perdida. Era só ver o que estava a acontecer na Guiné. E como éramos anti-fascistas o nosso dever era defender os povos das colónias, e não combater contra eles. Disse-lhe as razões porque não iria. Expliquei-lhe o que o Quitério me tinha dito. Fez-me prometer que guardaria segredo, e pediu-me a minha morada para depois me escrever. Em pouco tempo seríamos mobilizados para combater os patriotas das colónias, e até lá já estaria bem longe. Poucos dias depois não apareceu mais. Alguns comentavam: «Mais um que fugiu».

Mais um amigo que nunca mais veria. A sua fuga estava consumada. De novo me senti só e melancólico. Pressenti que seria sempre assim durante a minha vida.
Novamente fui atacado pela amigdalite crónica. Tinham passado vários meses que tal não acontecia. A doença devia-se à profissão de electricista, por causa do pó constante que me acompanhava, quando tinha que alargar os sulcos das paredes para colocar os tubos plásticos que depois receberiam os condutores eléctricos. O ambiente que me cercava estava sempre muito saturado de pó. Cheguei ao ponto de passado um mês ter novamente esta doença. O médico disse-me para fazer operação às amígdalas no Hospital do Trabalho. Tudo estava preparado para isso. Esperei três horas no hospital e ninguém me dizia nada. Esperei mais um bocado. Abandonei o local. Acho que ainda hoje devem estar à minha espera.

Consegui curar-me por meios próprios. Um deles foi justamente abandonar os ambientes de pó. Mas cá estava outra vez, três dias prostrado na cama da caserna. O ouvido já me doía. Mastigar ou engolir o que quer que fosse provocava fortes dores. Não conseguia comer nem beber. Já tinham dito ao aspirante o que se passava comigo. Ele não tomava nenhuma decisão. Pensei que devido aos acontecimentos me deixaria morrer. Perante a pressão dos meus colegas veio ver-me. Enviou-me para a enfermaria. Viram que o meu estado de saúde merecia internamento. Fui enviado para o Hospital Militar do Porto onde fiquei internado. Devido ao meu aspecto perguntaram-me porque razão só agora cheguei. Falar era-me doloroso. Mas pelo sim pelo não, preferi guardar silêncio devido às represálias que o aspirante poderia exercer sobre mim.

Permaneci lá cerca de duas semanas. O ambiente era militarizado. Não podia sair do local onde me encontrava. A única distracção que tinha era olhar pela janela e ver o pátio que havia lá em baixo, creio que me encontrava num sexto andar. Infelizmente não tinha ninguém com quem conversar. Como sempre as conversas habituais eram sobre futebol. Confesso que nunca perdi tempo com essas coisas. Sempre considerei e considero que é uma pura perda de tempo. Mas é necessário para os governos entreter os seus povos e desviar a sua atenção dos imensos problemas que um país tem. Afinal de contas é bom recordar que o futebol é um império empresarial. É necessário embrutecer as populações. E quanto mais futebol melhor.

Imagem: autor desconhecido



segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O REI DO PETRÓLEO (13)



RCE - República dos Comités de Especialidade, algures no Golfo da Guiné.

Corrupção institucionalizada é golpe de estado e ninguém é preso. Por isso mesmo, LIBERTEM OS PRESOS POLÍTICOS!
E o espírito Fapla ainda paira sob a RCE.
A psicose dos golpes de estado continua. A seguir até as pobres vendedoras de rua serão presas sob a acusação da preparação de mais um golpe de estado. E finalmente chegará o próximo dia em que a população será encarcerada em Calomboloca sob a acusação da preparação de mais um golpe de estado.
O terror está declarado, brevemente da RCE só restará um bocado de papel amarrotado a rebolar por entre caixotes do lixo. Quatro crianças estão a ser torturadas na prisão. A uma delas já lhe rebentaram as costas pela pancadaria recebida e não lhe prestam assistência médica. Isto foi denunciado por Rafael Marques de Morais.
Depois das vinte e duas horas no zango, em Viana, foi decretado o recolher obrigatório. Um técnico de som depois de sair da Rádio Despertar foi espancado por tropas das FAA-Forças Armadas Angolanas, que depois o atiraram para debaixo dos assentos de um carro onde já lá se encontravam mais jovens na mesma condição. O director da Rádio Despertar disse que se declararam o estado de sítio o devem informar e não espancar quem sai do seu trabalho para sua casa sob alegação de que a área está sob jurisdição do recolher obrigatório.
A chacina do Monte Sume na Cadeia de Viana? Segundo a Rádio Despertar, uma reclusa da cadeia de Viana foi espancada e depois morta por electrocussão pelos guardas prisionais, porque foi apanhada com um telemóvel. Uma reclusa que denunciou a morte sob anonimato disse que já houve mais três casos idênticos, e que isso considera-se como normal.
O preço do petróleo baixou, afundou perigosamente para a barreira dos quarenta dólares. Com este preço só dá para pagar os milhares de tropas da guarda presidencial, generais e pouco mais. Já se anuncia que nos bancos está difícil levantar kwanzas, a moeda local. A bancarrota acena, estrebucha, mas para o PRVP-Partido Revolucionário da Vanguarda do Petróleo, estava tudo bem há quarenta anos a nadar no paraíso das maravilhas. O fim do sistema comunista da aniquilação, da chacina de tudo cavalgava sob a sela do Rocinante de D. Quixote. Ninguém do PRVP sabia que quando o preço do petróleo baixa perigosamente, os dólares desaparecem dos cofres do PRVP. Não havendo dólares não há importações, pois na RCE ninguém trabalha. Como uma óptima república das bananas tudo, absolutamente tudo vinha do estrangeiro. As empresas estão directa ou indirectamente ligadas ao PRVP. Então sem dinheiro não há vendas, sem vendas há falências. A RCE faliu! Empresários que vivem exclusivamente das vendas do petróleo não são empresários, são parasitas. A população morrerá à fome e devido a isto a convulsão social se agigantará e o PRPV sucumbirá, porque governar com canhões, com extrema violência significa o fim à vista.
Se na RCE até o jindungo é importado.
A RCE continuava, mantinha outra chacina – república de alcoólicos – a do álcool. Estava inundada de alcoólicos, como se isso fosse decretado, quem sabe se não o foi. Os bêbados multiplicavam-se como moscas fazendo naufragar a frágil embarcação da RCE que se afogava num mar de álcool.
“Nos termos do artigo 25, uma pessoa será culpada de crime de guerra se essa pessoa facilitar a execução de tal crime ou auxiliar, concordar ou assistir na sua execução.” “Quase todos os países do mundo reconhecem o TPI.” “A América não.” “Quem mais?” “Iraque, China, Coreia do Norte, Indonésia, Israel.” “Têm alguns países na África…” In filme The Ghost Writer, 2010. (O Escritor Fantasma)
Depois de muito lutarem para conseguirem os seus direitos mais elementares, as populações conseguiram ganhar e fazer aprovar no Parlamento o Estatuto do, Como Viver Como Porcos em Currais. Sim! A RCE transformou-se num chiqueiro para onde as populações são atiradas, abandonadas.
O comunismo destrói as nossas mentes e as nossas famílias, e é um feroz perseguidor da religião cristã.
Na RCE há duas igrejas, a dos brancos e a dos negros. A Igreja da RCE como igreja dos negros não tem nenhum valor porque evangeliza a corrupção. A Igreja da RCE está num mundo que não existe.
Ao que isto chegou, mas esperam-se dias muito, muito piores. É domingo, são vinte e três horas e na zona da Liga Africana há intenso barulho que se espalha num raio de dois quilómetros, ou mais, tal é a intensidade do bombardeio musical. Eles estão à vontade, pois só quem está ligado ao glorioso PRVP, está autorizado a fazer tais arruaças. Por incrível que pareça o som aumentou, para lembrar que a selvajaria é um facto consumado, que a miséria continua até à derrota final. É impressionante, aterrador o que as milícias do PRVP fazem. Até pouco depois da meia-noite o crime impune parou, talvez por imposição ou denúncia de alguém que precisava de dormir para depois se levantar em condições de ir trabalhar. Porque trabalho, os agentes do PRVP não sabem o seu significado, pois a palavra de ordem é enriquecer de um dia para o outro sem nenhum esforço, de acordo com as consagradas leis da corrupção.
E os mesmos métodos de 1975 continuam para impor, viver no caos, pois quem nele vive, o honesto muito dificilmente sobrevive. A solução final da pancadaria, do tiro, da tortura, do assassinato, tudo feito vulgaridade para que a lei do terror vença e o poder alcance os seus objectivos da governação das fardas da maldição. Só que os tempos já não são os mesmos daqueles da independência. A fome avança e isso é o sintoma da grande mudança.
Só se deve pensar a RCE como uma república anormal.
A maldade, a mãe da selvajaria, instituiu-se definitivamente na RCE. Todos os sinais que anunciam o fim de um regime ditatorial são bem visíveis.
E o chinês serra, martela, despedaça a RCE. Acaba com esta merda de vez.
Há quarenta anos que a RCE está em crise. Agrupados em intermináveis reuniões, falam muito, muito, mas nunca resolvem nada. Enquanto a Polícia não efectuar operações de limpeza contra a corrupção, de pouco adianta combater os marginais, porque a origem deles está na corrupção.
As brigadas do combate à pólio vacinavam as crianças apresentando um crachá em substituição das habituais camisolas, porque já não há dinheiro para comprá-las.
A Igreja vive, sobrevive da invenção dos santos e de santuários. As ditaduras vivem da destruição da democracia e dos democratas.

Os sacos com um milhão de dólares cada saíam como se fossem caça furtiva. No aeroporto internacional 4 de Fevereiro em Luanda alguém deixou esquecido um deles com um milhão de dólares. Há quem avance a proposta de que tal quantia provenha da lavagem de dinheiro para financiamento do terrorismo internacional. Realmente é muito difícil atribuir o abandono desse saco debaixo de um assento do avião, à nomenclatura que habitualmente usa esse meio para traficar dinheiro para Portugal e outros países da Europa. É de crer que esse dinheiro também seja proveniente do comércio da droga. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O Cavaleiro Luaty e Mana Laurinda na Demanda da Santa Corrupção (02)



CORRUPTOS ANGOLANOS, UNI-VOS!
Com a terrível miséria que nos invade, pouco falta para que também entremos em greve de fome. Mas pelo que se vê brevemente teremos esse privilégio. A FOME VEM AÍ, PORRA!
Quando num país há presos políticos, isso é a prova mais que evidente que esse país está infestado de corrupção. É como as moscas verdes.
Creio que também temos que fazer manifestações contra a oposição, pois estou a ficar convicto da sua inutilidade. Creio que a oposição não nos defende, apenas luta pelos seus interesses da aspiração ao poder, e tal como o partido no poder também não temos nenhum valor, só para votar nas eleições, de resto não vejo nada que defenda o nosso futuro sombrio. Estamos abandonados pelo poder e pela oposição.
Parafraseando Napoleão Bonaparte, (1769-1821. Deixem os nossos partidos políticos da oposição dormir, porque quando eles acordarem Angola vai estremecer.
Exceptuando a corrupção e o saque de Angola, o ministro dos negócios estrangeiros de Portugal disse que não se imiscui nos assuntos internos de Angola, referindo-se à ignomínia dos presos políticos de Angola, que só quem não quer ver é porque é colonialista e escravocrata. Se Pedro Passos Coelho não for preso pelo apoio à corrupção e saque de Angola, então não tenho dúvidas nenhumas em considerar que José Sócrates é um preso político.
Para nós a vida está terrível, mas para outros a vida está muito fácil… demasiado fácil. Para uns Angola continua a ser o paraíso, para nós o inferno instalou-se definitivamente e não se sabe quando ele acabará. Ninguém resolve, ninguém decide nada, vive-se apenas para o saque, para a desordem, para a conspiração do caos económico e social. Os preços não param de subir na mais espantosa desordem da corrupção, se isto não é conspiração e atentado contra a vida do estado, então é o quê?! É impressionante ver que nenhum corrupto é detido, julgado, condenado, não, ainda por cima é louvado. E juntamente com os bajuladores são como o lixo nas ruas que não pára de aumentar. Sim, tudo é corrupção e bajulação, conspiração.
“Filipe de Barros: Moselos, Portugal. Boa tarde. Em princípio irei para Luanda trabalhar onde poderei encontrar casa para alugar ou partilhar com alguém? A nível de preços qto é? Obrigado!
Fernando Inacio: Na minha opinião não vale a pena vir sem casa paga pela empresa. Já agora, carro, seguro de saúde, viagens a Portugal, etc, pois aqui é tudo muito mas mesmo muito caro. Já agora, não há transportes públicos, para ir de A para B só de carro. Pense bem. Se lhe pagarem 1,5 milhões de kwanza, 10 mil usd, pode valer a pena, se for menos vem perder dinheiro.”
A instabilidade bancária aumenta e até já se anuncia a sua resignação. “Jose Carlos Silva: Boa tarde: alguém me sabe dizer se os cartões visa internacional do banco BNI deixaram de funcionar por completo???? Á mais de 15 dias que não consigo levantar dinheiro em Portugal!! desde já muito obg.
Mário Rocha:  Não é por acaso que corre o rumor que vai fechar.
Pedro Vicente:  Está quase a falir...”
Da maneira que a economia de Angola está, creio que já nada lhe resta, perdeu, não tem sistema económico, só funciona o arrasar, a queda, a repressão sem limites. Cidadãos atirados para a prisão como presos políticos para lentamente morrerem sem que se saiba a sua acusação, eis o regresso em força ao estalinismo primitivo.
Mas há sempre alguém que nos esclarece concedendo entrevistas a órgãos de informação estrangeiros porque aos nacionais torna-se impossível, pois está tudo sob controlo do Grande Inquisidor. Eis alguns trechos do conceituado economista angolano Alves da Rocha, quando de uma entrevista ao jornal português Semanário Económico: Até 2021, o preço (petróleo) vai oscilar num intervalo entre os 50 e os 75 dólares. O Estado vai ter que diminuir bas­tante os funcionários públicos A diversificação exige dinheiro, que é o que neste momento não temos. A nossa actividade do Estado é de uma ineficiência tremenda. Há dados informais da presença chinesa e vietnamita na venda de dólares no mercado informal? Sim, em tempos disseram-me is­so. O BNA é a instituição no país que deve garantir a estabilidade monetária, portanto o BNA é que tem que ir pesquisar como é que isso acontece e onde é que estas pessoas vão buscar os dólares. O BNA é o fiscalizador, é o garante da estabilidade, o BNA é que tem que nos dizer o que é que se passa. A situação de crise está evidente embora o governo ainda não o tenha assu­mido de forma oficial. Os com­bustíveis e derivados de petróleo vão ser objecto de uma retirada total dos subsídios e, por isso, vai-se aumentar os preços do gasóleo, do petróleo, de ilumi­nação e outros. Tudo isto sintetizado, vamos ter uma taxa de inflação até ao final do ano muito elevada. O Estado tem 420 mil funcionários.
Do discurso do vice-presidente da República, Manuel Vicente, sobre o estado da nação, sobre o empréstimo chinês que são cerca de seis biliões de dólares, não está tecnicamente correcto porque não havendo a certeza cai-se na dúvida, na incerteza, e tal como comprovado por Lord Kelvin (1824-1907), quando afirmou que, a citação é mais ou menos assim: qualquer demonstração sem números não tem nenhum valor.
De Marcolino Moco, na entrevista à agência Lusa, põe o pé no acelerador e as nossas mentes acompanham a velocidade da degradação do que se esperava fosse uma nação. Mas não, tudo está a postos para a sua queda sem surpresa, porque barco sem direcção é como um navio fantasma que errante sulca os mares carregando a bordo espectros humanos, e alerta: O regime está encurralado e inventa crimes que não estão tipificados na legislação angolana. Está (a juventude) a tentar exercer os direitos que estão consagrados na Constituição de 2010 e a quem se prometeu tudo isso. A Constituição dá-lhe a ele (Presidente) muitos poderes - ele manda na justiça, manda nas Forças Armadas, manda na polícia, manda em tudo - mas a Constituição consagra direitos, garantias e liberdades [...] e os jovens acham que devem exercer esses direitos. O ex-governante defendeu que é preciso desbloquear o sistema, com José Eduardo dos Santos ou sem ele. O grande problema é que o sistema pretende afastar sectores importantes da direcção do país e grave ainda é que não há pudor nenhum em utilizar as riquezas do país para uma família e pouco mais perante a miséria terrível que se vive em Angola.
Samakuva, presidente da Unita, na sua réplica ao estado da Nação, lembra o que já sabemos, mas não perde o interesse e actualidade. Tá-se mal, tá-se, tá-se!: O que diz o Senhor Presidente? Há algo de verdade nisso? Quem emite os vistos de residência desses cambistas? Quem retira as notas novas do sistema bancário para abastecer o mercado paralelo? Para onde vão os milhões de kwanzas gerados pelas redes grossistas dos libaneses, brasileiros e portugueses e pelas redes retalhistas dos mamadous?
Vejo crianças a brincar no passeio, correm de um lado para o outro sem parar, como se nunca se cansassem. Jogam à bola com uma garrafa de plástico que alguém deitou para o chão, coisa corriqueira numa cidade do lixo. Mas as crianças correm sérios riscos, basta um descuido e lá estão atropeladas por um carro, ou por motas que sem qualquer impedimento fazem dos passeios as suas pistas de velocidades. Pobres e indefesas crianças que não têm sítios onde brincar. Está tudo dominado, amputado pela selvajaria imobiliária. Se até os passeios são ocupados por empresas, nada mais há a esperar. Mas é necessário que haja mudar, senão como nos vamos safar? Só o demónio o pode declarar.
Quando a propaganda de um país anuncia que as suas populações vivem na extrema felicidade - a Coreia do Norte é hábil nisso – e na bênção de Deus, significa que a miséria e a fome as dizimam, e que a Igreja e as igrejas rezam para que tudo assim permaneça… para sempre.
Até hoje em todos os filmes americanos que vi, lembro-me sempre das estradas asfaltadas por todos os Estados Unidos da América, sem um buraco.
Angola continua no privilégio onde ocidentais e asiáticos pastam e caçam escravos para utilização de mão-de-obra. Não é de surpreender que os lucros sejam fabulosos. Ouvi que as cervejeiras iam aumentar o preço da cerveja. Como é isto possível se a principal matéria-prima, a água, lhes fica de borla. Pobres angolanos que ainda não se libertaram da terrível ditadura da miséria.
Um esfomeado reza a que Deus? Só pode ser ao deus da fome, este sim existe sim senhor!

Imagem: Setenta anos da Coreia Do Norte. ELPAIS


OS MASSACRADOS DE CALOMBOLOCA


Domingos da Cruz… que fez este jovem?, nada! De que o acusam?, de nada!. Um dos dezassete jovens presos políticos de Angola a que brevemente se juntarão centenas, milhares, milhões de outros jovens. Nós, população, somos todos presos políticos. E isto tem que de algum modo parar, porque não pode mais assim continuar.
Ave, caesar (ou Imperator), morituri te salutant. Salve, César (ou Imperador), os que vão morrer te saúdam. (Palavras que, segundo Suetónio), Cláudio,21), pronunciavam os gladiadores ao desfilar, antes do combate, por diante da tribuna imperial.)


Os partidos políticos da oposição
Vão fazer manifestação
A exigir a imediata libertação
De Luaty Beirão

Já não há portugueses como antes
Agora só os há farsantes
O saque chinês vai sempre mais além
O saque português também

A palavra de ordem é saquear
Até estontear
E nada mais sobrar
É só sugar, sugar

Os tugas dizem que isto vai melhorar
Que querem a todo o custo aqui ficar
Melhor que isto não há para saquear
Os presos políticos que se vão lixar

As transferências estão a demorar
Os dólares estão a escassear
A corrupção deve-se apoiar
Os milhares de dólares vamos enviar

Nunca se roubou com tanta facilidade
Pelos defensores da angolanidade
Angola é a terra da oportunidade
Somos sanguessugas da vulgaridade

Viemos vazios e vamos de mãos cheias
Já tecemos muitas teias
A oposição está contaminada com azia
E por isso o poder lhe faz razia

Olho e não vejo nada de novo no céu
Multidões de desalojados ao léu
E por essa Angola fora
Tanta gente que chora

Angola só interessa a quem a roubar
E como eu não o sei fazer, coerente
E como uma oposição muito doente
A população está muito descontente

Andamos a nossa vida a edificar
Para que nos obriguem a, a acabar
E o preço do petróleo a baixar
E a repressão a aumentar

Não falem como se isto fosse normal
Falem como estamos num país anormal
Onde a cabeça não pensa
É inválida a sentença









terça-feira, 20 de outubro de 2015

O REI DO PETRÓLEO (12)



RCE - República dos Comités de Especialidade, algures no Golfo da Guiné.

Paz com presos políticos é guerra!

E depois de poucas ou nenhumas consultas, o general chinês impôs a concordata imperialista da sua Angola, uma espécie de colónia chinesa: que a partir de agora devido aos astronómicos investimentos chineses, quase todas, ou todas?!,  as terras apetecíveis passariam a propriedade chinesa e para isso acontecer – a China como regime comunista é-lhe impossível conviver com a democracia angolana, porque onde ela está os chineses não podem saquear a seu bel-prazer, então há que destruir, destituir todos aqueles que se aventurem a propagar a beleza, a realeza dos debates democráticos sem transmissão televisiva ou radiofónica, que conduzem ao bem-estar social e económico. Há que explicar que para saquear à vontade há que destruir os fundamentos da democracia, porque desde quando negros selvagens usufruem desses direitos? Nunca ! Jamais! – o general chinês mandou decretar de imediato o POLPOLRE-Polícia Política e Religiosa. Praticamente só continha um único artigo de interesse a saber: todos os suspeitos ou não são sempre passíveis da nossa espada legislativa. Para isso, basta o simples facto, ocorrência superficial ou não, bastando para todos os efeitos da lei ou fora dela o simples facto da denúncia ou o estar na contra-mão de qualquer pessoa que desagrade. Portanto, quem não estiver na nossa sintonia, o cobiçar da mulher ou namorada alheia, ou qualquer outra invenção para apanhar seja o quer for dos bens alheios que reverterão a favor do estado – entenda-se, a favor do interrogador que também terá plenos poderes para praticar actos sexuais com uma mboa que nunca se conseguiu porque ela não gostava nada do inquisidor – de facto e de jure.
E logo de seguida as forças especiais do POLPOLRE – em todos os locais existiam forças especiais - entraram em acção, isto é, na acaparação de todos os bens da população. Suplantando Idi Amin e outros génios africanos da prepotência, o POLPOLRE refinou as torturas, as demolições e as milícias. O mais importante era garantir o milionário empréstimo (?) chinês ao seu homólogo politburo da RCE. Então, as terras há muito milenárias dos povos da RCE teriam que passar num ápice para a colonização chinesa. Os presos políticos nasciam, criavam-se como coelhos, tudo servindo de pretexto para os colocar em luras especiais gradeadas, ao bom estilo chinês de eliminação de tudo o que for oposição. A economia da RCE ficou yuanizada. O esterco chinês da falsa manufacturação guindou-se no principal eixo da exportação para a RCE. Era só ver os falsos equipamentos da vanguarda chinesa acabados de chegar e pouco tempo depois na lixeira os camiões do lixo os carregar.
Na China os seus técnicos aguardavam com heróica expectativa o seu envio para as terras africanas da RCE. Os chineses, conforme orientações superiores do seu politburo quando entrevistados gabavam-se com heróica expectativa do envio dos seus técnicos para as terras perdidas, agora descobertas pela gesta heróica dos seus navegadores que com inaudita persistência conseguiram também conforme os descobridores anteriores, dar ao mundo um novo mundo chinês. E se necessário for transformar aquela praia ocidental africana numa outra espécie de Sudão. O Sudão do Norte e o Sudão do Sul. Antes disso fornecer bwe de armamento e depois instalar fábricas de armas e munições para que as populações se dizimem entre si.
No terreno tudo se preparava, tudo estava a postos para a grande recepção da grande recessão económica que o poder da RCE se escusava a comentar, preferindo inventar inimigos para uma guerra total e completa. Isto, claro, servia o interesse chinês da bravata negociata da venda de equipamentos militares. Mas a CEAST- Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, não foi na conversa. Desmascarou o longevo partido dos quase cinquenta anos do poder usurpado, numa cantata que essa linguagem da guerra tem que ser parada porque se nós estamos em paz, não podemos falar de guerra. Bom, é por demais evidente que quem fala de guerra é porque não tem soluções para nada. Basta ver o preço do petróleo a baixar copiosamente para a miséria da derrota final, e os preços de tudo o que é comida a subirem diariamente. Quem não sabe opinar, só sabe guerrear. Pessoalmente creio que se deveria criar um movimento nacional espontâneo de abandono dos velhos do poder. Não tenho nada de pessoal contra eles, mas acredito desmedidamente que esse exemplo deve ser seguido pelo Presidente da República, e depois pelos seus correligionários. Creio que nós não necessitamos mais de um governo da guerrilha e para a guerrilha, queremos pessoas experimentadas nas artes da boa política. Governar com arma na mão é disparar, é matar a nação.
Fábio Sagres disse: “Nós andamos a brincar com coisas sérias, a Ponte Molhada do Benfica será fechada das 8h às 12h de amanhã (ou Sábado, salvo erro) para ser inaugurada? Mas que tipos de pessoas dirigem este País? Uma ponte que já ficou fechada por muito tempo, agora que está em condições de circulação, será fechada para inauguração? Cérebro em Angola precisa-se, fod*-se!!! Isto é o cúmulo do ridículo, estão sempre a viajar ao exterior não aprendem um pouco com os outros??? PQP!!!”
Diversificar a economia já não dá, o sustentáculo disso é o preço do petróleo que se esfumou noutra manhã revolucionária. O que dá para diversificar, dá sempre, é a corrupção, essa ciência que é o baluarte desta economia.
Se não há dinheiro como é que diariamente os preços sobem?!
As sirenes dos serviços prisionais anunciam a prisão de presos políticos, corruptos jamais!
A RCE não pode argumentar seja o que for em sua defesa, porque um país que vive de corruptos, é um país de metralha.
Ainda mais: um país alicerçado na corrupção, qualquer um dos seus governantes não pode mover uma acção judicial contra qualquer cidadão, porque logo à partida cai na abismal ilegalização.
A China ao desvalorizar a sua moeda não é o gigante, é o anão asiático, porque não há economia que funcione num regime de governação comunista. É impossível funcionar porque uma economia não pode, não deve depender de um politburo. Se um sistema económico depende de um grupo de pessoas, isso não é economia, é ditadura. Salários de miséria originaram, ainda originam o falso enriquecimento da China. Agora os salários dos trabalhadores chineses aumentam, e isso leva ao ajoelhar da economia chinesa. É bom nunca esquecer a célebre fórmula da economia do sistema comunista angolano, o 30.214. Foi com este número que se transaccionaram durante muitos anos de ouro petrolíferos as importações, que depois o sistema abruptamente caiu. É mais ou menos como agora no sistema económico chinês. A rigidez do sistema económico comunista acaba por levá-lo à ruína. Porque não se pode viver de falsa propaganda permanente, porque essa ilha misteriosa acaba por ser finalmente descoberta, revelada ao mundo. Porque ninguém pode viver isolado do mundo, ninguém pode iludir crianças com contos de fadas, porque elas crescem e descobrem a realidade, a falsidade em que viveram. Como no pai natal que lhes põe brinquedos nos sapatos, mas que depois descobrem que isso não existe. A falsidade conduz à destruição da realidade.
Isto muito rápido vai fervendo, até que depois acabe transbordando – já está - da panela.
E tudo está a postos para o grande campeonato nacional do bombardeamento da população.


Imagem: setenta anos da Coreia do Norte. ELPAIS

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Cavaleiro Luaty e Mana Laurinda na Demanda da Santa Corrupção (01)



República dos Estrangeiros, algures no golfo da Guiné

Introdução

Caveant consules! Acautelem-se os cônsules! Primeiras palavras de uma fórmula que se completa por ne quid detrimenti respublica capiat (para que a república nenhum dano sofra), e pela qual, nos momentos de crise, o senado romano investia os cônsules de um poder ditatorial. Emprega-se no figurado: o descontentamento do país aumenta caveant cônsules.”
Cedant arma togae, que as armas cedam à toga. Primeiro hemistíquio de um verso composto por Cícero em memória e louvor do seu próprio consulado. Aplica-se hoje para exprimir que o poder civil deve ter supremacia sobre o poder militar na administração do Estado.” (In Locuções Latinas e Estrangeiras. Dicionário Prático Ilustrado Lello, de 1977.)
Dizem que os corruptos e os estrangeiros trabalham muito, sim, é verdade, há quem trabalhe muito para o mal, e com isso se delicie, sinta um enorme prazer em ver os sofrimentos daqueles que de si dependem mergulhados na mais infame miséria, fome… mergulhados no caos total, completo. E que nem uma tábua de salvação lhes é atirada, muito pelo contrário, todo o poder bélico lançado contra pobres almas indefesas que nada têm, isto é, quanto mais os detentores do poder o têm, mais as populações ganham em miséria e fome. Não deixa de impressionar nos tempos que correm o apoio internacional dado à exterminação de povos como o que acontece em Angola. É um macabro extermínio, e ainda por cima o aclamam de regime democrático, quando na verdade já há muito ultrapassou a linha vermelha dos direitos humanos, de todos os direitos na Constituição que rasgaram. Nenhuma manifestação é permitida, até o acender de uma vela é considerado um acto atentatório contra a soberania do Estado e castigado como acto de conspiração. “Malesuada fames, a fome ruim conselheira. Virgílio (Eneida, VI, 276), enumerando os monstros que guardam a entrada dos Infernos, qualifica a fome de ruim conselheira, isto é, de inspiradora de crimes e de más acções.”
Não, não existe crise económica em Angola, como o governador (creio que a pessoas sem história se torna desnecessário mencionar-lhes o nome, porque dos fracos não reza a História). Não há crise económica?!
“Sandra Gomes. Bom dia...cartão BNI Pré-Pago alguém que esteja a conseguir fazer levantamentos ou pagamentos. Hugo Mendes.  Eu tentei, mas não consegui! Parece que desta vez é mesmo de vez! frown emoticon. Luís Carvalho .. nada. Sandra Gomes.  Nada frown emoticon. Filipa Sena Nunes. Nada tb!”
Um país engolido de lixo e de corrupção, e logo pelo terror, é o brilhante promotor do êxodo das suas populações que para sobreviverem, facilmente são recrutadas para acções terroristas e de refugiados na esperança de chegarem à Europa, a Terra Prometida.
Quando até padres são presos nas igrejas em plena homilia, eis o que naturalmente virá depois: Patere quam ipse fecisti legem, sofre a lei que tu próprio fizeste. O autor de um princípio deve suportar as consequências dele.

Numa manhã de cacimbo que nunca mais acabava, vinha altaneiro na sua montada pendendo da sua cintura a justiça da sua espada. Carregava numa mão a bíblia dos democratas intitulada, Como Exorcizar um Ditador, na outra, uma candeia acesa significando que procurava um homem honesto na República dos Estrangeiros. O cacimbo subiu de tom, isto é, aumentou o caudal. A humidade estava a mais de oitenta por cento, o que fazia com que o corpo se descontentasse, se esfriasse. O nevoeiro apertava, se cerrava, a visão turvava. Num instante não se sabe saído de onde, um comboio de viaturas de todos os ramos militares, paramilitares, milícias civis, agentes secretos, armados com todos os modelos de armamento existentes no mundo, cercaram o cavaleiro Luaty, arrastaram-no a si e à sua montada para local incerto. Eram muitos os que o vigiavam atentamente e de armas sempre preparadas para o abaterem ao mínimo gesto suspeito. Ninguém lhe dizia nada, até que ele perguntou-lhes: «Prenderam-me porquê?» «Bom, és acusado de conspirar contra o Estado e de atentares contra a vida do nosso Grande Inquisidor. Devido à tua indumentária e meio de transporte e dos três objectos, uma arma de extermínio na tua cintura e o que transportavas nas mãos, porque na nossa república isso é considerado muito subversivo, altamente suspeito de terrorismo, não sei se estás a ver. Mas não te preocupes com isso porque nós temos sempre preparado um libelo acusatório do qual te apresentamos um exemplar e no qual poderás ler bem explícitos a composição dos crimes contra a segurança do Estado. Toma e lê, e não vale a pena contares com advogado ou quem quer que seja porque não te servirá de nada. Apodrecerás na prisão aos poucos sem clemência nem sensibilidade, que nisso nós somos imbatíveis. Aqui, quem faz e desfaz as leis é o Grande Inquisidor.»
E o cavaleiro Luaty começou a ler o infindável rol de acusações que há muito estavam redigidas: Corrupção. Desvio de fundos do erário público. Desvio de fundos da reserva especial. Eternidade no poder. Enriquecimento ilícito. Esbanjamento dos bens do Estado. Baixa em crescendo dos preços do petróleo Brent Crude e WTI Crude. Venda de Angola (parece que já nada resta, parece que já está toda vendida). Transporte de malas com milhões de dólares para a China e Portugal. Repressão desmedida. Extinção do amor. Perseguição e nalguns casos mortes de zungueiras. Espoliação de terras e de terrenos. Abuso de poder. Falência do sistema dos serviços de ensino. Falência do sistema dos serviços de saúde. Falência do sistema dos serviços de justiça. Caos económico, social e político. Miséria e fome generalizadas. Intolerância política. Apoio descarado da Igreja e das igrejas à corrupção. Desemprego generalizado. Emprego só para estrangeiros. Escravidão de crianças por parte dos chineses e de alguns nacionais. Tudo o que é Angola concentrado em poder de uma família. Privatização da faixa litoral de Angola… de toda a Angola. Destruição de casas e casebres com uso de financiamentos ilícitos sem direito a indemnizações e essas populações tratadas como escravas e abandonadas nos matos sem hipótese de sobrevivência. Chacinas de populações. Prisões arbitrárias. Extinção dos partidos políticos da oposição. Desinformação sistemática com campanhas dignas do sistema Nazi, (como aquela cena do filme dos nazis na Segunda Guerra Mundial a tomarem banho num rio no inverno russo, como se fossem vencedores, quando na verdade estavam em debandada e milhares de mortos estendidos pelas estepes russas). Salários elevadíssimos para estrangeiros sem justificação (exceptuando-se os catedráticos comprovados, engenheiros, médicos e similares, claro) e nós com um salário mínimo que nem dá para sustentar a fome. Meninas crianças nas ruas a venderem os seus corpos a pedófilos para não morrerem à fome. Não prestação de contas a todos os níveis, ou quando o fazem, as contas estão viciadas. Desordem e caos no sistema bancário. Lixo por todo o lado. Uso exclusivo das parcas receitas petrolíferas só para a nomenclatura. Desprezo pela vida do próximo. Abandono dos cidadãos à sua sorte. Subida diária dos preços dos bens de consumo que faz com que a moeda nacional, o kwanza, não tenha valor, pouco faltando para fazer companhia ao lixo, essa outra maravilha de Angola. Moscas e mosquitos de todas as cores que nos infestam de doenças e epidemias. Constituição rasgada. Constantes falhas no abastecimento de água e energia eléctrica. Abandono definitivo dos mais elementares direitos humanos. Não ter direitos, só deveres. Terror constante no dia-a-dia, além de podermos ser presos sumariamente, também nos sujeitamos a todo o momento a sermos assaltados, e com sorte se sairmos vivos. Universidades que vão fechar porque os alunos não têm dinheiro para pagar as propinas. Despedimento de milhares, muitos, muitos milhares de trabalhadores. Muitas, muitas, muitas falências de empresas. Risco de falência do Estado. O agigantar da delinquência pela falência do sistema económico. Tumultos permanentes. O vertiginoso rumo para um estado selvagem de facto e de jure. Associação de malfeitores. Protecção descarada da justiça aos delinquentes de crimes económicos e da endémica corrupção. E muito, muito mais!

         

O MATADOURO DE CALOMBOLOCA



Como em Auschwitz para o matadouro vão
Cada um no seu vagão
Presos políticos com uma única reclamação
Queremos a liberdade de expressão

Que lhes foi recusada
Fazem-lhe uma queimada
A nação está desconjuntada
E a Constituição está rasgada

Os comboios vão chegando à estação
De Calomboloca e mais virão
Trazem presos políticos para a prisão
E lá sepultados sem caixão

De lá jamais sairão
Das ordens superiores sem compaixão
Ó Deus ao que Angola chegou
Numa manta de retalhos se transformou

Até as nossas almas são para vender
Nunca mais acaba o tanto sofrer
O comboio a este Auschwitz chegou
Mais presos políticos desembarcou

Onde há presos políticos há corrupção
Mais outro comboio chega à estação
Traz muitos bajuladores para a bajulação
E corruptos que muito contentes vão

Ainda outro comboio chega à estação
É o da Igreja que vem em oração
Com os cristãos do poder em peregrinação
Para refundar a Santa Inquisição

Chegou o comboio da desinformação
Diz que são jovens da conspiração
Os chineses apoiam com uma canção
E os portugueses sorrindo lá estão

República das prisões
Com presos políticos aos montões
Cabeça que não pensa
Não pode fazer sentença

Vender Angola aos estrangeiros é a solução
Da abençoada por Deus corrupção
Para onde olhamos só vemos horrores
Do silêncio cúmplice dos pastores

Só vejo miséria nesta cidadela
E ninguém que acabe com ela
É tudo ilegal
Só a corrupção é legal







sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O amor também é um preso político. Diário de um preso político (05)



A, Manuela

O cacimbo acabou
O calor chegou
A ditadura continuou
O amor nos levou

As crianças sempre a chorar
E ninguém para as consolar
Sem amor para as aconchegar
É a fome que lhes está a embalar

O amor já aqui não tem lugar
Enquanto a ditadura aqui morar
E a pólvora da miséria nos odiar
Faz a morte do amor rebentar

Até o amor ousam esmagar
Fazem tudo para nos silenciar
Mas há sempre uma voz para lutar
Resistiremos no tempo feliz voltar

O amor está muito errante
De nós anda muito distante
Ninguém lhe dedica um instante
Agora só se ama o metal sonante

E eles promovem a destruição
Que é assim que se faz uma nação
Vem aí uma chuvada de repressão
Como se vivêssemos uma maldição

Prisioneiros sem destino
Da governação sem tino
Que nos reprimindo
Se vê o amor extinguindo

As nossas almas se vão exaurindo
E os nossos corpos extinguindo
Não se vê uma criança sorrindo
A ferocidade nos vai reprimindo

Vão reprimindo a liberdade de amar
Preso político será quem o contrariar
Pronunciar a palavra amar
Vai para a lista dos a eliminar

O regime não deixa ninguém amar
Porque é considerado subversivo
Poucos são os que ousam lhe escapar
Têm que agir como caçador furtivo

E quem ousar amar
Será acusado de conspirar
Preso donde não possa escapar
E na prisão não se poderá visitar












O REI DO PETRÓLEO (11)


RCE - República dos Comités de Especialidade, algures no Golfo da Guiné.

LIBERTEM OS PRESOS POLÍTICOS JÁ!

Com o preço do petróleo tão baixo, o brent está a 49.59 e o outro a 45.15 dólares, é muito aconselhável que os governantes do petróleo mudem de emprego. É que com tal situação de penúria não há ministros que consigam manter os seus empregos. E claro, pensam (?) que a coisa é passageira e que tudo depois ficará numa boa. Mudem de emprego antes que seja tarde de mais. Um conselho de amigo: podem já ir vendendo algumas coisas dos chineses nas ruas. Vai ser muito difícil safarem-se, mas é melhor do que estarem aí sentados nos ministérios a sonharem com o preço do petróleo a cem, cento e vinte dólares. Mas também parece que não terão muitos problemas porque têm garantidos empregos dados, sustentados pelos grandes amigos chineses desde os tempos gloriosos da revolução comunista, na condição de neocolonizadores, desde que cumpram as suas ordens claro.
“E as ideias são à prova de balas.”
“Há de tudo no Parlamento. Coisas que nunca tinha visto antes. Tanques, antiaéreas, infantaria… o que geralmente acontece quando as pessoas sem armas enfrentam pessoas com armas.”
“As pessoas não devem ter medo dos seus governos. Os governos é que deveriam ter medo das pessoas.”
“Com bastantes pessoas, explodir um edifício pode mudar o mundo.”
“Quero que cada homem, mulher e criança entenda o quão próximos estamos do caos.”
Cada cidadão é e deve considerar-se necessariamente um preso político.
E a Igreja e as igrejas louvavam o s(S?)enhor pela extinção da democracia, conforme os fundamentos de Pedro da santa diabólica hipocrisia.
Do Eclesiastes ou Pregador: 1,2 18: também eu aborreci todo o meu trabalho, em que trabalhei debaixo do sol, visto como eu havia de deixá-lo ao homem que viesse depois de mim.
19 E quem sabe se será sábio ou tolo? Contudo, ele se assenhoreará de todo o meu trabalho em que trabalhei, e em que me houve sabiamente debaixo do sol; também isto é vaidade.
20 Pelo que, eu me apliquei a fazer que o meu coração perdesse a esperança de todo o trabalho em que trabalhei debaixo do sol.
21 Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, e ciência, e destreza; contudo, a um homem que não trabalhou nele o deixará, como porção sua; também isto é vaidade e grande enfado.
A loucura é a causa de muitas desgraças, 9 10
4 Levantando-se contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar, porque o acordo é um remédio que aquieta grandes pecados.
5 Ainda há um mal que vi debaixo do sol, como o erro que procede o governador.
6 Ao tolo, assentam-no em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo.
7 Vi os servos a cavalo, e os príncipes que andavam a pé como servos sobre a terra.
8 Quem fizer uma cova cairá nela, e, quem romper um muro, uma cobra o morderá.
E do filme V. For Vendetta. 2005.
“As pessoas não devem ter medo dos seus governos. Os governos é que deveriam ter medo das pessoas. Os símbolos dão poder às pessoas. Mas sozinhos não valem nada. Com bastantes pessoas, explodir um edifício pode mudar o mundo. Uma coisa é certa em todos os governos. Os registos mais seguros são os pessoais. Com o poder da verdade, viverei e conquistarei o universo. Uma mente aberta pode mudar mais do que o curso de uma guerra. Pode mudar todo o curso da história da humanidade. Das quatro dúzias, mais de 75% estão agora mortos. Nenhuma reacção emergiu. Parece estranho que a minha vida acabe num lugar tão terrível. Mas durante três anos tive rosas e sem ter de pedir desculpas a ninguém… vou morrer aqui. Cada pedaço de mim perecerá. Cada pedaço menos um. Um pedaço. É pequeno e frágil. Mas é a única coisa no mundo que vale a pena. Não o posso perder nem desperdiçar. Não podemos permitir que nos roubem. Sejas tu quem fores, espero que possas escapar deste lugar. Espero que o mundo mude e que as coisas melhorem. Quero que este país se dê conta que estamos na era do esquecimento. Quero que cada homem, mulher e criança entenda o quão próximos estamos do caos. Quero que todos se lembrem porque precisam de nós. Mas o grande resultado do plano, o verdadeiro mestre era o medo. O medo foi o grande trunfo deste governo e a verdade é que outros políticos criaram o cargo do… recentemente nomeado Chanceler. Esta noite, quem protestar, ou quem instigar a revolução, servirá de exemplo. Há de tudo no Parlamento. Coisas que nunca tinha visto antes. Tanques, antiaéreas, infantaria… o que geralmente acontece quando as pessoas sem armas enfrentam pessoas com armas. Porque não morres? Debaixo desta máscara há uma ideia, Sr. Creedy. E as ideias são à prova de balas.”
A mana está na rua a vender cigarros, – que mais lhe resta? absolutamente nada, excepto a tenaz perseguição dos zeladores dos preços do petróleo -  chegam dois chineses que lhe perguntam pelos preços. Ela dá-lhos e eles não aceitam. Ela diz-lhes que podem ir procurar cigarros noutro lado. Eles conformam-se e apresentam o dinheiro. Ela olha-os bem no fundo dos seus olhos e nota-lhes um intenso olhar de ódio, como se fossem armas prontas para disparar, matar.
No palácio, o Rei do Petróleo presidia a mais uma interminável reunião do seu reinado. Eram reuniões intermináveis porque sempre acabavam com outras intermináveis comissões de inquérito e outras comissões criadas para o mesmo efeito. Claro que nunca se sabia, ninguém conhecia o seu fim. Ficavam como as contas sem contabilidade, isto é, nunca o Rei do Petróleo apresentou contas do seu quase cinquentenário mandato. Estavam como sempre presentes os generais, sempre os mesmos, porque na RCE só existia um trio de generais que pensavam, os outros bruxuleavam. Mas desta vez um elemento novo surgia na contenda. Tratava-se de um chinês com a farda do exército nacional patenteado de general. Logo que o Rei do Petróleo terminou o seu discurso, muito curto por sinal devido à imposição chinesa de não pactuar com essas coisas da pachorra africana. Inclusive o general chinês já tinha adiantado que os africanos da RCE falam muito, bebem muito, mentem muito, são muito preguiçosos, têm muitos óbitos, o que os impede de trabalhar, e que as empresas da RCE são uma grande merda, que não trabalham e não deixam ninguém trabalhar. Têm muita burocracia, muitas leis rígidas o que impossibilita que as empresas chinesas não estejam interessadas com elas colaborarem. E daí os chineses não mostrarem nenhum interesse no moribundo empresariado nacional. Está bem que os chineses nos seus acordos de cooperação com outros países não ligam à corrupção porque é coisa normal, mas na RCE a coisa é demais, anormal, e isso por incrível que pareça incomoda-os muito, então decidiram não dar abertas à classe corrupta, e daí o estar presente sempre um general chinês. Claro que ele não é nenhum general, mas pelas leis da RCE qualquer o pode ser, a julgar pelas notícias de alguns patenteados a generais sem nunca andarem pelo exército nacional. Enfim coisas da corrupção da RCE.

A orquestra do general chinês tocava música de embalar, de dominar, de ludibriar, para o Rei do Petróleo se deleitar. Sem dólares nada mais havia a esperar então era o tudo aos chineses entregar. Claro que a lixeira dos produtos chineses na RCE será de transbordar. Uma vizinha já se queixou de uma pasta de dentes que comprou aí num mercado ao ar livre, e quando começou a lavar os dentes sentiu a boca queimar, ficou com feridas. Aquilo parecia ácido. Ao fim de três dias já está com as feridas a desaparecerem. Na pasta de dentes Colgate estava lá o, fabricado na China. É melhor que isso não seja real. Se for, então há um plano para se desembaracem de nós.
Imagem: autor desconhecido.