terça-feira, 30 de agosto de 2016

A QUEDA DO IMPÉRIO ANGOLANO


Ano 1 A.A.A. Ano do Apocalipse de Angola

Em Angola não existe classe política.
A questão é que não há solidariedade, e não a havendo esta sociedade não tem hipótese de sobrevivência. Analfabetismo é vandalismo. Não parece que estamos em 2016 e custa a acreditar ver um povo, mais um país caminhar para a destruição, porque dela já não se consegue sair. A classe política está cada vez mais enjaulada, macacada. Uma classe que perdeu o fôlego, afoga-se no redil do refrão “vamos ganhar as eleições!” Não se importando se a população morre à fome ou não. Os capitães da oposição discursam para o vento que se encarrega de transportar e lançar a oratória na irremediável poeira do tempo. Com tal liderança oposicionista não se vai a lado nenhum. Está-se mesmo a ver que até à chegada das eleições, antes haverá seguramente derrocada. Tal obsessão pelas eleições e nada mais, a população que se dane, revela que há interesse pelo poder mórbido, isto é: cai um anacrónico poder para outro se levantar. Ainda falta um ano para mais uma desgraça eleitoral. Povo moribundo não pode votar. Antes do votar há que lhe dar emprego para se alimentar. Com tal classe política as eleições de nada servirão, porque apenas a hipocrisia e a mentira vencerão. Um exemplo: onde está a oposição nos actos de demolição. Casas demolidas e de recheios atirados às chamas do ímpeto da paixão da especulação imobiliária. Já não se fabricam cérebros. Onde a maldade campeia tudo se incendeia. Tudo o que é irresponsável é bem-vindo. Angola está à mercê do demo. Cada um puxa a brasa para a sua sardinha. Sem espírito de solidariedade não há mudança. A bandeira da maldade desfralda os tons das exéquias da falsidade maquiavélica. E a promessa da liberdade e da democracia foi atirada para o lixo, onde os famintos a afastam com desprezo na luta diária para conseguir seja o que for, porque no lixo dos contentores jaz a bandeira da nossa liberdade e da nossa democracia. E o ganha-pão da religião está na cada vez mais miséria e fome da população. A religião necessita urgentemente de purificação. O pobre político que fala partidário, logo sem ideias, é mais uma mortalha da próxima metralha. Todos juntos mas separados na defesa dos interesses pessoais. Estes políticos parecem anormais. Estes políticos são como os padres a pregarem nos seus púlpitos que é necessária mudança, mas sob a batuta do mesmo deus. De Angola só restam sacerdotes sem sacerdócios e políticos sem políticas. Já destruíram Angola, o que mais querem destruir? Em Angola o comboio não apitou três vezes e por isso mesmo aguarda-se pelo último comboio do Katanga. Está tudo tão deprimente, tão ausente, que já nada mais se sente. O insípido presente perde-se no nevoeiro não dissipado do passado. Não acreditar no falso palavreado dos padres e dos incipientes políticos que fingem que nos defendem, pretendendo convencer-nos que são esmerados revolucionários, grandes e honestos líderes, quando no contacto pessoal são sacanas, malvados e desonestos. Mas há sempre alguém que é honesto, o difícil é encontrá-lo. E por aqui também não adianta nada andar com uma candeia à procura deles porque muito dificilmente algum se encontrará. 
Quem não se beneficiou e esbanjou o dinheiro da corrupção que levante a mão. Sem oposição há estagnação. Os carneiros aguardam a voz de comando, isto é: bíblia numa mão e na outra a corrupção. Que tempo tão corrupto. Corromper é preciso, viver não é preciso. Já não há receitas, só despesas.
Existe sempre um dia, assim como existem anos e silêncios. Talvez que o nevoeiro do infinito do tempo se dissipe e o tempo se lembre de ti. Existe sempre um dia.
É preciso podar as árvores e as pessoas porque nas próximas chuvas, que já não falta muito, pois o cacimbo já está a morrer, e as pobres árvores que tanta falta nos fazem desabarão porque não suportarão o peso das chuvas e a consequente fúria das tempestades. Uma árvore é muito importante, comparada com um político, este é insignificante, pois a árvore revela a sua grandeza e o político a pequenez da sua fraqueza.
Quando nos metemos com as pessoas erradas, sai tudo errado.
Projectos megalómanos sim, microempresas não!
Se não há tecido empresarial das microempresas, então Angola está moribunda.
A Igreja é o pilar das ditaduras, com ela ninguém sobrevive. As ditaduras terrenas elevam-na para a ditadura do Céu. A Igreja e as ditaduras suas amigas são as destruidoras das famílias e das nações.
Nas lixeiras de Viana, arredores de Luanda, aumenta o fluxo de eleitores nas urnas do lixo. Muito rápido será multidões a aguardarem pelos carros do lixo a despejar para comida procurar. Exercer o seu direito de voto, isto é: no lixo votar, para da fome escapar. E já em várias províncias há relatos de mortos por intoxicação alimentar devido a comida imprópria para consumo.
E os submissos carneiros da oposição escutam os seus conselhos com atenção.
Enquanto Angola depender, viver da propaganda nazi, acabará como a Alemanha na segunda guerra mundial. Quando as falências empresariais e a fome se generalizam, quando definitivamente se instalarem, falta pouco ou quase nada, então a propaganda religiosa anunciará com grande júbilo “o fim de Angola está próximo!” e as igrejas vão-se encher de gente à espera do redentor que há mais de dois milénios tarda em chegar, e que desta vez é que virá mesmo, está mais que certo pois ele já comunicou aos nossos profetas que já está a desembarcar. Evangelizar é as consciências alienar.
E mais um desastre eleitoral se aproxima. Nós temos uma política comum que é: as riquezas de Angola são para nós, para a população é a crise. Não existe população que goste de um presidente que a mata à fome. A falsa propaganda política conduz ao,: o feitiço vira-se contra o feiticeiro. E vozes da população já começam a chamar que “O Mpla é o mata povo.” Sem excepção toda a gente se queixa desta terrível crise, desta situação.
À noite as ruas são tomadas por bandidos que espreitam onde assaltar. Nas escadas dos prédios decretou-se o terror porque os bandidos voam sobre as suas vítimas como morcegos. Ao que isto está a chegar, já nem em casa se pode estar.
Sim, é muito bonito um carneiro político da oposição dizer que “o governo é corrupto, a situação está caótica, não há ninguém que não se queixe, a fome é o comandante do exército dos famintos, governo das demolições anárquicas, este governo tem que sair, tem que acabar” etc., e pronto, está tudo resolvido. E que há o receio de fazer manifestações porque o governo das ordens superiores manda matar os manifestantes. Mas que diatribe! Então as populações morrem fartamente de fome e de doenças provocadas pela falta de assistência médica e medicamentosa. Que deus nos livre e guarde. Claro que a democracia e a liberdade exigem, têm um preço a pagar.
Angola, o país dos dízimos, não surpreende que esteja dizimada.

Regressámos ao tempo do poder popular de 1975.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

BOLOR NAS VEIAS



Lixo é nação
São os intelectos da ilusão
Que passeiam no calçadão
É a arte de desmobilizar militantes
É a fuga para trás
Em Angola já não existe ninguém
Em quem se possa confiar
As pobres almas caminham
Para a morte
Os cemitérios esperam-nas
Mais uma desilusão
Outra colonização
Não há quem saiba pensar
Só roubar
Políticos de meia-tigela
Cavam trincheiras
Para depois jurarem
Que a fraude eleitoral
Foi livre, justa e transparente
Depois tomam o barco choramingas
Que em Angola está tudo mal
Mas a comunidade internacional
Cansada de tantos queixumes
Diz que a fraude eleitoral
Foi livre e justa
Depois com o tempo tudo se esquece
E a oposição mais se enfraquece
Desaparece
E os fantasmas da oposição regressam
Que este governo é corrupto, ladrão
Que fez fraude na sua eleição
E sempre assim sucessivamente
O governo acena-lhes e promete
Liberdade, democracia e pão
Tudo reinará como antes
Miséria fome e corrupção
Angola mais um país em vão
Mais hipócritas e falsos políticos
Surgirão
E as mãos lavarão
Nas águas da podridão
Porque não sabem fazer mais nada
Paupérrima oposição
Sem manifestação
Os carneiros pastam
Lânguidos e serenos
Nos estatais terrenos
Armazenados em vastos currais
Esta Angola não parece um país
Assemelha-se mais
A um bando de indisciplinados pardais
Quem só sabe destruir
Jamais nada irá construir













terça-feira, 16 de agosto de 2016

HORIZONTES FUNESTOS



Nas senzalas
“E contudo elas não se movem”
Na república dos famintos
Eu quero ser deputado
À espera que o preço do petróleo suba
Casa das leis
Um bom espectáculo circense
Os imbecis fazem dinheiro sem dinheiro
E fugir daqueles que acreditam em deus
Defendem o seu ganha-pão
Só se ouvia
O silêncio da hipocrisia
Da totalidade da classe política
E das suas políticas
Angola faliu
Porque em cérebros não se investiu
Sem formação
Os escravos libertos estão
E de plantão
Na escravidão
Angola, o país dos políticos e dos doutores
Na classe política não dá para confiar
Só dá para desconfiar
Os palhaços políticos já estão aí
Hoje e todos os dias há circo
Do lodo do cais deste país
Levantar ferro é preciso
E a fórmula já está encontrada
Para o desenvolvimento económico e social
Viver da propaganda dos partidos políticos
Acaba-se com a miséria e a fome
É só palavras, palavras
Oh pobres coitados
Os líderes políticos abandonaram Angola
O lixo do intelecto humano supera
Em muito o das ruas
Quanta mais religião mais escravidão
Para quê acreditar
Em quem não se pode confiar
São tantas estruturas a desabar
Pesadas, não se pode trabalhar
O horrível disto
É que não há nada de positivo
Tudo se conserva negativo
No silêncio deste sepulcro
Deus é uma história para crianças
Destinada a ludibriar adultos
Tantos doutores pelos quais
Somos constantemente violados
Pela alta voltagem da hipocrisia
Nem sabem o que é um técnico de contas
Só tem macacos ainda não tem pessoas


domingo, 14 de agosto de 2016

O APOCALIPSE DE ANGOLA


República das torturas, das milícias e das demolições

Diário da cidade dos leilões de escravos

Ano 1 A.A.A. ano do Apocalipse de Angola.
Mas, quanto aos tímidos, e aos descrentes, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos devassos, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte. (Apocalipse 21 8)
Angola está entregue à sua sorte, à morte.
Famintos não perdem tempo com políticos. Famintos não aturam políticos. A ideologia dos famintos é o morrer à fome. Os famintos votam no partido da fome, e ele é muito vasto. Esta pátria é obra de famintos. Não, aqui não há famintos, só há fome. Onde as bestas dominam está garantido um exército de famintos. Eis os quatro cavaleiros do apocalipse da fome: religião, fome, bancos e corrupção.
Citando de memória Raul Danda, vice-presidente da Unita, “essas notas novas de dólares que andam por aí nas ruas saem donde? Já me disseram que o BNA-Banco Nacional de Angola está envolvido no circuito ilegal de divisas.”
O apocalipse de Angola na rota da fome: um amigo confessou-me que a avalanche da morte regressou depois de uma breve interrupção. De facto, devido à fome, o corpo adoece e como não há dinheiro para comprar medicamentos, morre-se facilmente. E conforme noticiado pela Rádio Despertar, na penitenciária do Cavaco em Benguela, morreram dez reclusos devido ao frio e à fome. A situação agudiza-se, esperam-se mais mortos.
Creio que a Igreja é inimiga da civilização, mais creio ainda que a Igreja usa e abusa do terrorismo psicológico, senão vejamos: perante o caos económico e social da fome que já passou a uma das maravilhas de Angola, a TPA, a televisão pública de Angola, noticiou que, “os bispos da Secam reconhecem os esforços do governo no apoio à população.”