Ode
à hipocrisia
Não
inventes mais nenhum Deus
Acaso
ainda não te contentam os ateus?
Vindos
do Além os chineses desabam a cidade
Estamos-lhes
gratos por tamanha maldade
Neste
pavoroso cemitério da mortandade
Onde
os corpos se leiloam na promiscuidade
Sem
liberdade, sem fraternidade, desigualdade
Nesta
cidade desordenada pela barbaridade
Onde
os assaltos mostram a sua oportunidade
Movimentos,
romarias espontâneas, santidade
Onde
o semelhante não encontra solidariedade
Morrer,
viver sem esperança, sem hospitalidade
E
de alvará os chineses sequestraram a cidade
Permanentemente
reforçam os laços de amizade
É
claro que isso já não constitui novidade
E
nesta república dos enxames dos santuários
Onde
é lugar-comum ouvir falar de obituários
Nos fins-de-semana ia sempre à missa
Enchia o carro de família
E seguia para a igreja o bajulador do
Senhor
Como um senhor do petróleo ridículo
crente
O seu único ídolo era Deus
Assim quando morresse seria feliz
no Céu
Não é que um dia…
Um dia disseram-lhe que o Céu
estava infestado de democratas
e antes de morrer desejou
ir para o Inferno… e foi!
A
todos os filhos da puta (In memorian)
Agarra-te ao volante do teu petrolífero
carro
E condu-lo para a puta que te pariu
Agarra-te às saias da tua mamã
E vão os três à merda!
Com os lucros que obtiveste das
demolições
Bebe muitos uísques e vai digeri-los
nas tuas luxuriosas pias
Afasta-as dos dejectos dos miseráveis
E não digas depois que não sabias
Da miséria que criaste
Com o dinheiro que roubaste
dos famintos
Vai fornicar com as tuas amantes
Na prostituição que sistematizaste
E que te afogues na lagosta que jorra
do teu sexo
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