segunda-feira, 7 de julho de 2014

“Embora nesta terra de pretos”





O relógio parado
funciona duas vezes por dia

O tuga António Roque da gráfica Damer
Estou contente “Comigo tudo em forma”
“Embora nesta terra de pretos” advier
“A malta resiste” e nela nada transforma

O António Roque cá
É comunista do Mpla
E grande comodista lá
Sai prá lá com o teu blá

O Passos mandou os tugas emigrar
Para Angola até o coração lhes parar
O Passos nada faz para os ajudar
O Passos tudo faz para os ignorar

Angola não sai do caos natural
Não tem noção do racional
Está demoníaca, irracional
Há quarenta anos conjuntural

E se não és do partido popular
Não te deixam, não podes pensar
Ficas preso, não podes criticar
Só os inteligentes podem bajular

As dificuldades inerem ao processo
Castiga-nos o partido do progresso
Mas os seus militantes não são
Quem desenvolve a Nação

Os pilares da democracia estão em pé
Há 40 anos em Angola derrubados
No êxodo rural para a cidade a pontapé
Sem terra, nada, de pátria desalojados

E depois de desalojados pelo cônsul
Pelos condomínios da Luanda Norte
E pelas centralidades da Luanda Sul
Agora é na Luanda Leste o desnorte

E já sabemos quem é o homem novo
É o do à Sudão do Sul desalojado
Que enriquece com a venda de um ovo
Gabinete de apoio à juventude alienado

Onde a desgovernação se instala
O estrangeiro reina, se regala
Quando a corrupção acabar
Este povo vai-se maravilhar

Mais um crime imperdoável
Destruir a cidade pelo betão
Tem que ser condenável
Luanda está sem vegetação

“Embora nesta terra de pretos”
Que os brancos desejam
E nela infestam de guetos
Há brancos que nos enojam





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