O
relógio parado
funciona
duas vezes por dia
O
tuga António Roque da gráfica Damer
Estou
contente “Comigo tudo em forma”
“Embora
nesta terra de pretos” advier
“A
malta resiste” e nela nada transforma
O
António Roque cá
É
comunista do Mpla
E
grande comodista lá
Sai
prá lá com o teu blá
O
Passos mandou os tugas emigrar
Para
Angola até o coração lhes parar
O
Passos nada faz para os ajudar
O
Passos tudo faz para os ignorar
Angola
não sai do caos natural
Não
tem noção do racional
Está
demoníaca, irracional
Há
quarenta anos conjuntural
E
se não és do partido popular
Não
te deixam, não podes pensar
Ficas
preso, não podes criticar
Só
os inteligentes podem bajular
As
dificuldades inerem ao processo
Castiga-nos
o partido do progresso
Mas
os seus militantes não são
Quem
desenvolve a Nação
Os
pilares da democracia estão em pé
Há
40 anos em Angola derrubados
No
êxodo rural para a cidade a pontapé
Sem
terra, nada, de pátria desalojados
E
depois de desalojados pelo cônsul
Pelos
condomínios da Luanda Norte
E
pelas centralidades da Luanda Sul
Agora
é na Luanda Leste o desnorte
E
já sabemos quem é o homem novo
É
o do à Sudão do Sul desalojado
Que
enriquece com a venda de um ovo
Gabinete
de apoio à juventude alienado
Onde
a desgovernação se instala
O
estrangeiro reina, se regala
Quando
a corrupção acabar
Este
povo vai-se maravilhar
Mais
um crime imperdoável
Destruir
a cidade pelo betão
Tem
que ser condenável
Luanda
está sem vegetação
“Embora
nesta terra de pretos”
Que
os brancos desejam
E
nela infestam de guetos
Há
brancos que nos enojam
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