Diário da cidade dos leilões de escravos
24
de Outubro
Às 11.59 a energia eléctrica do PIB
sempre em alta voltou, mas como sempre nunca se sabe por quanto tempo. Das
12.11 até às 17.58, outra vez na escuridão. Às 18.10 – este petróleo está mesmo
muito mal – a luz apagou-se. Isto é mesmo magia, só pode.
Banco millennium Angola, o banco do
estado falhado de Angola que nos mata com o seu gerador da morte. Quando
sairemos do precipício de Angola?
Sem lei, não temos onde queixar-nos. É
mentira, não há paz nenhuma. As pessoas continuam a morrer até gaseadas. Dantes
era a guerra contra a Unita, agora é a guerra do petróleo. A guerra continua em
grande força nesta república da morte e da guerra de Angola. O uso dos
geradores tem que ser proibido nos prédios e obrigatoriamente substituídos por
energia solar. Parece um filme de ficção científica ou de um país em guerra,
porque só se ouve o barulho de geradores. É como se estivesse numa ilha cercado
de fumo mortal por todos os lados. Mas não, como estamos no reino da morte, e
quem governa factura, é gasear, é gasear. Obrigam-nos a respirar o veneno desta
cidade perigosamente envenenada pelo fumo mortal do progresso económico e
social dos geradores. Quantos mais cadáveres, mais desenvolvimento económico. E
por isso mesmo estou rodeado de demónios. O inferno mora aqui. Uma grande
desgraça acontecerá e quem sobreviverá? Estou cercado por monstros que me
perseguem para me devorarem. Isto parece um laboratório onde cientistas loucos
fazem experiências macabras com os nossos corpos. É uma sociedade onde reina a
hipocrisia, onde não há nada que justifique ficar mais de dois dias sem energia
eléctrica. Mas creio que estou errado porque Luanda vive permanentemente
assediada por ciclones, terramotos e tempestades violentas. E assim facilmente
se percebe que apenas teremos energia eléctrica ocasionalmente. Governar é
aterrorizar. E desta histeria hipócrita jamais sairemos. Os portugueses
inventaram o colonialismo e nós inventámos a hipocrisia. Não podemos viver de
falsidades. Não existe coisa mais horrorosa do que aqueles por quem lutámos e
aos quais lhes oferecemos o poder de bandeja, e depois como recompensa nos
tratam como cães vira latas. É por isso que deixei de confiar nos partidos
políticos. E tudo começa e acaba em tragédia.
25
de Outubro
Desde as 10.15 horas que o banco
millennium Angola, na rua rei Katyavala faz o trabalho que lhe compete,
matar-nos. Este trabalho é obra de portugueses da Teixeira Duarte, e como ao
longo dos anos permanecem insensíveis, - quem mata é insensível - claro que os
povos lhes chamam de brancos racistas. Estamos com as janelas e portas fechadas
pois o fumo do seu gerador da morte é muito intenso. Apesar de uma vizinha já
ontem, - tipo porta-voz – queixar-se que os olhos
lhe ardiam – o primeiro sintoma de envenenamento – e que o seu neto de cinco
anos respirava com dificuldade, - é capaz de já ter lesões pulmonares, pois
este fumo é altamente tóxico – uma funcionária chefe do banco de nome Teresa,
respondeu-lhe hipocritamente que: «Mas eu estava convencida que isso já estava
ultrapassado.» E a vizinha acrescentou que os brancos nos querem matar. Outra
vizinha falando de assaltos comentou: «Os brancos estão a ser muito
assaltados.» E outra vozinha disse: «Não tenho pena nenhuma deles, isso ainda é
pouco, deviam fazer-lhes muito pior, que Deus me perdoe!» As grandes revoltas
começam com coisas pequenas.
As crianças e bebés precocemente
morrerão vítimas deste hediondo crime na Luanda cidade dos horrores, à qual os
portugueses chamam paraíso. Estão loucos, não têm noção do que dizem. Como pode
um inferno ser um paraíso. Pobres coitados! Já vêm para Angola por mil e
quinhentos dólares mensais aumentando as filas da miséria e da morte, vivendo
sempre aterrorizados pelos assaltos, pelo caos que criam ao tentarem impor
outro Portugal em terras africanas. Ganham o dinheiro que nos pertence dos
empregos que nos espoliam. Sempre com a mania de que em Angola não há ninguém
que saiba trabalhar. Exportar miséria e insucesso empresarial para Angola é a
solução encontrada para quem no seu país não consegue safar-se. Em Portugal não
têm ideias, em Angola tem-las em demasia.
Isto está tão
podre, tanto da oposição como do partido que nos enterra tudo, que não adianta
mais bater nas mesmas teclas. Angola é um estado falhado.
Às 10.15 horas a luz do petróleo chegou,
por quanto tempo? Pois, das 14.14 até às 14.58, o inimigo destruidor deu cabo
da nossa vida.
Luanda está a ser invadida por
quadrilhas de malfeitores.
Comentário de um vizinho sobre a chaminé
da morte do banco millennium Angola: estamos aqui há muitos, muitos anos,
aguentámos muita coisa, não fugimos daqui, e agora chega aqui qualquer filho da
puta e trata-nos como se esta merda fosse deles.
26
de Outubro
O saudosismo colonial de Jose Ferreira,
no Portugueses em Angola:
“Em Angola eles nao perdem os passaportes , eles dizem que os perdem para ver se as pessoas pagam muito dinheiro para os ter de volta , é so gatunos no governo de Angola , a ver quem rouba mais seja policia ou simples cidadão tods a gamar os Brancos isso sim , me digam se eles perdem o dinheiro gamado aos Brancos , não perdem”
“Em Angola eles nao perdem os passaportes , eles dizem que os perdem para ver se as pessoas pagam muito dinheiro para os ter de volta , é so gatunos no governo de Angola , a ver quem rouba mais seja policia ou simples cidadão tods a gamar os Brancos isso sim , me digam se eles perdem o dinheiro gamado aos Brancos , não perdem”
Há 26 horas. Banco millennium Angola, a
instituição da morte: Há vinte e seis horas que o gerador do banco da morte nos
massacra. Querem-nos matar! É na rua rei Katyavala em Luanda. Oh! Como é
adorável o senhor da morte do petróleo. A invasão dos punhais sangrentos nesta
cidade das trevas deixa rios de sangue que transbordam nas margens enraivecidas
sedentas de vingança, de ódio. Os punhais da morte regressaram em força, e
espetam-nos o racismo da decadente superioridade. Estes punhais da morte
sedentos desejam outro Ruanda. Estes punhais da morte tudo fazem para que o
retorno do colonialismo se anuncie vitorioso. Mas já punhais da vitória se
erguem e apunhalam a corja invasora criminosa. Este petróleo é como um
gigantesco cemitério de campas abertas que aguardam cadáveres. Este campo da
morte está ao rubro. Neste campo de petróleo os barris não têm líquido, têm
esqueletos vítimas da facturação do inferno.
CMTV. “Portugal sem bombeiros, os
profissionais emigraram preferencialmente para os EUA, onde numa semana ganham
o que ganhavam num mês em Portugal.”
Creio que um dos maiores erros do PR e
da história de Angola, foi o PR ordenar a invasão de Angola por portugueses
para que fiquemos burros, pois com eles nada temos a aprender, e isso só se
explica talvez pelo gozo pessoal que o PR sente por nos ver outra vez na
escravatura da Idade Média. Assim, Luanda virou a cidade dos acampamentos de
ciganos. Apenas um exemplo: basta ver a actividade bancária exercida pelos
portugueses, conseguiram transformar os bancos em cantinas bancárias.
Claro, e assim as quadrilhas do lixo
português vêm para Angola. CMTV: “O banco millennium chumbou nos testes de
estresse da Comissão Europeia.” Mas em Luanda não, nos testes da corrupção e da
destruição das nossas vidas ninguém chumba.
27
de Outubro
“Há que aprender a navegar entre falsos
amigos e verdadeiros inimigos.” Paulo Coelho
Se o MPLA teimar na exclusão social, de
tudo, daqueles que nele votaram e apoiaram, enviando-os para a morte, até mata
crianças como é o caso do gerador da morte do banco millennium Angola/teixeira
duarte/sonangol. Pelos vistos o MPLA transformou-se numa sanguinária máquina da
morte, apenas lhe interessando a divisão daquilo que nos pertence, os lucros do
petróleo. Então que prepare as malas para uma longa viagem sem regresso do…
inferno.
28
de Outubro
Da Lwena: em Angola já ninguém tem amor
ao próximo.
Do Nosso Técnico: “os brancos ficam a
tomar café e nós é que trabalhamos!”
Em Luanda o crime compensa.
O estilo dos discursos dos nossos
politiqueiros e politiqueiras é idêntico na arte, na hipocrisia e no
cambalacho. São apenas palavras que saem da boca e que o vento arrasta e deposita
em lugares abandonados e que nem o lixo da história os conseguirá reciclar.
29
de Outubro
Bancos em Luanda. Depositamos o nosso
dinheiro nos bancos de Luanda e quando o queremos, o dinheiro desapareceu e os
bancos não se responsabilizam, pois de bancos só têm o nome. Destruam os
corruptos.
Se em Angola está mais que provado que
não existe jornalismo, porque é que insistem em chamarem-se de jornalistas?
Sem comentários:
Enviar um comentário