Diário da cidade dos leilões de escravos
26
de Março
Mas, o marxismo-leninismo nunca mais
acaba?!
Espero que me engane, mas com a elevada
temperatura do mar a chuva fará com que a população de Luanda fuja. Luanda será
submersa por um mar de água. Não é nada de especial, uma vez que há muitos anos
isso já é previsível e pela ciência devidamente alertado, mas como este governo
e outros apenas sabem governar no luxo dos seus palácios.
No dia 24 de Março das 09.05 às 09.30
horas, a chuva caía como que saída de pequenas mangueiras dessas de nove
milímetros de diâmetro. Luanda será um pantanal.
Nas rádios e televisões que muito
raramente ouço e vejo, só se escutam e vêem mensagens insultuosas da lavagem
cerebral fortemente imbuída de um degradante analfabetismo nacional. Formar
boçais é a palavra de ordem.
São quatro horas da manhã do dia 25 de
Março. Acordo com o som de mais uma bruta chuvada. Volto a dormir e pouco
depois acordo com o ribombar de um trovão que estremeceu o prédio e quase fez
saltar as portas e janelas da casa. Já ao nascer do dia ainda chovia com pouca
intensidade.
27
de Março
Das 05.15 às 07.00 choveu com média
intensidade.
Na Rádio Despertar ouvi que em Benguela,
no bairro Agostinho Neto, a Polícia da ordem pública e a de intervenção rápida
fortemente armadas caíram ferozmente em cima da população como se ela fosse
terrorista. Espancamentos arbitrários, disparos de armas de fogo, casas
demolidas - para os brancos construírem sob o chão inundado de sangue - e a
martirizada população ao abandono nas ruas das leis marxistas-leninistas há
quarenta anos em vigor neste Estado estalinista. Este petróleo é muito medieval.
E quem escrever sobre os donos do
petróleo será glorificado, partidarizado.
Para qualquer lado que se olhe vê-se a
atroz miséria das pessoas vítimas da sujeição da morte do petróleo, na luta
pela constante sobrevivência da falsa independência do demoníaco poder da
opressão do petróleo.
28
de Março
Cerca das duas horas da manhã iniciou
mais uma bruta chuvada. Às oito da manhã ainda chuviscava. A chuva não pára,
nota-se claramente que o mar não está na sua temperatura normal, está com
febre, Luanda está no caos, afogada nos pantanais da miséria.
A água está aonde? As torneiras servem
para quê? São apenas um acessório do tempo colonial onde delas saía água
regularmente, promessas marxistas-leninistas dão fome, miséria e crime.
Pelas vinte e uma horas a vizinha Nani
foi na farmácia a trezentos metros de casa comprar um medicamento, já no
regresso dois bandidos de moto rápida perseguem-na esperando que ela entre no
prédio para a assaltar, mas os bandidos viram que não dá por causa dos
seguranças. Mas mesmo assim eles estão parados a ver se ainda conseguem apanhar
a caça. A Nani grita-lhes que eles são bandidos e que a querem assaltar, que
tirem os capacetes para mostrarem as caras, mas eles bazaram. Um segurança
disse que o condutor tinha uma pistola na cintura. Um português que habita no
prédio, apartamento alugado, assistiu à tragédia mas mesmo assim foi na busca
de mais uma prostituta para passar a noite. Estes são os que gostam de morrer à
toa.
29
de Março
06.45 horas, mais uma forte chuvada,
durou quase uma hora. Depois até às nove horas ficou chuva de média
intensidade.
O mano Manuel fugiu da loja dos
chineses, dessas que vendem roupas, há três meses que os chineses não lhe
pagam. E não os expulsam porquê?! Chineses são mesmo assim, estão autorizados
superiormente a escravizarem os angolanos sob o olhar maquiavélico das hordas
marxistas-leninistas que nos governam, decepam as nossas vidas.
A água está muito difícil, muito
partidarizada, muito burocratizada. Como hoje choveu apanhei-a a partir do
terraço do prédio, deu vinte e cinco litros. E como a chuva não pára, não sei o
que será de nós. Como os donos de Angola e a oposição são incapazes de resolver
seja o que for, mais desgraças nos aviltarão. É a miséria típica de um país
africano. E os ardinas queixam-se da chuva, dizem que não dá para vender
jornais porque ficam molhados. Mas, porque é que não colocam um plástico por
cima deles?!
É a tempestade perfeita, senão vejamos:
o preço do petróleo cai, a chuva destrói Luanda fazendo com que o escasso
dinheiro não chegue para nada… chega para eles. Que será de nós aqui
abandonados à nossa sorte, isto é, ao azar.
A meia dúzia de jovens mwangolés trabalham
como escravos, nota-se claramente, na obra do general Ledi, nas traseiras da
Pomobel, largo Zé Pirão. Eles trabalham sábados, domingos, feriados, e estão
sempre no mesmo local, o que revela a escravidão. O Petróleo é assim, oferece
em escravidão o seu povo, neste caso aos chineses. Qualquer analfabeto chinês
ordena, saqueia, para que o Petróleo se mantenha no poder.
Uma mãe com a sua filha sob forte ataque
de paludismo apanhou um táxi e levou-a para o hospital. O motorista esperou por
elas, conduziu-as a casa e depois disse para a mãe: «Não sabe quem eu sou? Não
se lembra de mim? Sou o filho da Ana!» «Ah! Sim, lembro-me muito bem de si!
Obrigada por tudo o que acaba de fazer por nós.» «Bom, vou-me despedir, contem
sempre comigo!» Mas a mãe acaba de se lembrar que o jovem taxista já morreu
quase há um ano.
No bairro do Curtume duas crianças
brincavam, de repente uma delas caiu e já não mais se mexeu, estava morta. A
família concluiu que a outra criança matou-a. A criança jurava que não, que a
outra era o seu grande amigo, e que como tal nunca poderia fazer-lhe mal. Já em
casa, depois do funeral, a criança sobrevivente continua com risco de vida,
pois que a família do defunto não lhe perdoará porque tudo indica que ele matou
o seu amigo. De repente o morto surge e fala: «Não matem o meu amigo, não foi
ele que me matou, foi o homem da sucata que não queria que nós brincássemos
ali, e então veio com um ferro e bateu-me com ele na cabeça.»
30
de Março
A água está aonde? O que é que lhe
fizeram? Também já não temos direito a ela, está privatizada como o petróleo.
Nas cantinas dos estrangeiros os preços
sobem, claro que por trás disso está o EIS- Estado islâmico de Angola. Nos
últimos dias nas cantinas, a lata de atum que estava a 200, nalgumas cantinas
vende-se a 250, e noutra a 300 kwanzas. A lata de sardinha custava 100, agora
está a 125 kwanzas. A embalagem de azeitonas de 200 gramas custava 100, agora
custa 150 kwanzas. Os ovos comprados nas cantinas não estão em condições,
geralmente quando se partem para cozinhar estão podres. Os próximos dias serão
piores do que nunca.
E sempre a toda a hora o barulho das
sirenes dos carros o que revela que esta cidade está governada por burros.
31
de Março
A água… esta cidade está abandonada, à
mercê do regime totalitário que a destrói, arrasa, e como controla os meios de
informação, diz que o inimigo sabota sem dó nem piedade as conquistas dos
revolucionários do petróleo.
Se tenho o meu dinheiro depositado num
banco, chego lá e o banco diz-me que não o posso levantar porque não tem
dinheiro, então, isto é um roubo praticado por criminosos, terroristas. Mais,
cada banco é um Estado islâmico que decapita o nosso dinheiro.
Acerca do co-piloto da Germanwings: por
mais que tentem lavar a tragédia da morte dos seus cento e cinquenta
passageiros incluindo tripulação, considero um acto terrorista. Não faz sentido
tentar fazer crer o contrário porque todos os terroristas são suicidas.
Desde 10 de Março que o banco
millennium, o banco da morte, na rua rei Katyavala, continua com o seu gerador
ligado dia e noite. Permanecemos com as janelas e portas fechadas. Não restam
dúvidas que este regime para beneficiar das comissões do crime revela-se um
regime altamente criminoso. Este regime faz a rebelião de tanto odiado que é.
Vê-se neste regime o cortejo de cadáveres que aí vêm.
01
de Abril
Peguei numa linha e numa agulha para
coser um calção. Quando enfiei a linha na agulha não consegui coser o tecido
porque a linha à mínima pressão desfazia-se. Mais um lixo chinês, e mais uma
vez digo que a propaganda do comunismo chinês é uma grande merda. A China é
outro império soviético da irrealidade, da maldade.
02
de Abril
O petróleo Brent deles está a 56.70
dólares. Quando o Petróleo está moribundo não há nenhuma hipótese de sobrevivência
política. Impor a miséria e a escravidão permanentes, isso é fomentar a
revolta.
E o Passos Coelho, primeiro-ministro
português, disse que vai apoiar as empresas portuguesas em Angola com financiamento
de quinhentos milhões de euros, são cerca de dez mil empresas portuguesas que
saqueiam Angola. O financiamento destina-se a salvar as empresas em Angola que
estão com dificuldades de tesouraria e garantir os empregos… a portugueses. Uma
medida genuinamente colonialista porque só contempla portugueses, os escravos não.
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