19 de
Fevereiro de 2016
As únicas coisas que funcionam, a corrupção e a
fome.
Supermercados
com prateleiras vazias em Luanda. Ricardo Mendonça: Ainda não se lembraram de
colocar só as embalagens... Como na Coreia do Norte...
Lucia
Mateus: agora só chega 1/3 aos supermercados do que chegava antes. Não há
divisas.
Fernanda
Silva Nandasilva: Também acho há tanta gente que nem consegue comprar um pão
para comer, nós ainda vamos conseguindo comer.
20 de
Fevereiro de 2016
Hoje
safei-me comendo arroz.
Do
Jornal, O PAÍS: “O mais agravante é que muitas empresas quer do sector público
como privado, ainda não honraram com os compromissos salariais até ao momento.
Explico-me: Muitos armazéns estão fechados, por não haver produtos. Alguns
estão a comercializar as últimas caixas. Quase que não há nada. E se houver só
vendem por cliente uma única caixa.
Estamos
a entrar em colapso. Um grande clima de instabilidade social adivinha-se.
Basta-nos sintonizar a rádio Luanda para não citar a Despertar, que todos os
dias nos trazem relatos tristes da actual situação. Por consequência desses
fenómenos, o mercado informal inflacionou de forma “drástica”.
A
senhora ministra do Comércio, Rosa Pacavira, disse esta semana que não há
motivos de alarme porque há stock. Sinceramente não sei em que galáxia esta
nossa dirigente está ou vive. Também pudera, estamos juntos mas não estamos
misturados, como sói dizer-se.”
21 de
Fevereiro de 2016
Hoje
comi arroz.
A
crise: Num voo da TAP, uma viatura de marca Ferrari desembarca no aeroporto de
Luanda. O preço mínimo para África – só se fabricam por encomenda – desta
ostentação de riqueza é de “apenas” duzentos e cinquenta mil dólares.
Em Portugal, o procurador da república, Orlando Figueira,
é detido sob a acusação de arquivar processos-crime dos corruptos angolanos.
Manuel Vicente, vice-presidente de Angola está com a cabeça na “bastilha” da justiça
portuguesa, para já, porque muitos mais o seguirão, incluindo o ex-primeiro ministro
Passos Coelho? Pesa também a acusação de branqueamento de capitas. O procurador
foi premiado com um milhão de euros depositados em paraísos fiscais. Aqui
aplica-se muito bem o ditado popular: quem tudo quer tudo perde.
22 de
Fevereiro de 2016
Continuo com a minha “dieta” de arroz. Apesar de
dois apelos lançados a dois amigos para me socorrerem com latas de atum,
sardinha, etc, até agora nada consegui. Até já dinheiro para o pão está difícil
e acesso à Net é feito por um vizinho, mas ele já está de saco cheio. Não estou
a ver nada de futuro nesta terra que só serve abutres e quadrilhas mafiosas, o
que faz com que não seja mais possível aqui viver.
Neste regime da fome, os trabalhadores são escravos
e as empresas são os seus capatazes, e o poder é o senhor esclavagista.
Se és corrupto, então serás um bom governante,
porque a arte de bem governar é deixar-se corromper, nas ondas da corrupção se
arrastar.
23 de
Fevereiro de 2016
Sinto-me como se estivesse outra vez na tropa do
tempo colonial, poucos anos antes da independência, tal é o ambiente criado,
igualado. Esta cidade de Luanda é mato.
Quando a energia eléctrica falha o gerador do
banco Millenium Angola na rua rei Katyavala em Luanda, é geradores por todo o
lado, nesta Angola sem lei, a lei da morte. Nas traseiras do prédio onde
habito, portas e janelas têm que se fechar, estancar como se fosse um
submarino. Na frente do prédio o fumo dos geradores também faz o ar
irrespirável, da morte. E não há combate a esta horrível ilegalidade, crime de
morte. Matar é desporto, é passatempo deste infernal poder africano, que já não
tem salvação.
24 de
Fevereiro de 2016
Num mundo de corruptos e de Igreja e igrejas
corruptas, obrigam-nos a orar porque a fome é a nossa salvação.
A economia de um país faz-se com muito, muito
trabalho. Talvez que um dia alguém se lembre de trabalhar.
Marcolino Moco: “Eles (do Mpla) fingem que são
militantes.” Sdiangani Mbimbi, presidente do PDP-Ana: “Já o barco (do Mpla)
dentro de poucos meses vai afundar, e esses militantes de fingir vão fugir para
outros países.
Ao obrigarem os seus trabalhadores a ficarem sem
os seus salários durante vários meses, algumas personagens do governo e de
empresas privadas, utilizam este estratagema financeiro para se
auto-financiarem e fazerem as suas negociatas. É que isto é mais uma das
inúmeras actividades criminosas que nos impede de caminhar, porque a democracia
jamais se pode decretar. Significa que na prática continuamos governados pelas
leis comunistas e pelo seu principal preceito que é o de extinguir a população
pela fome. Enquanto os líderes supremos vivem, ostentam o permanente luxo
dinástico, nós já não somos povo, somos fome!
25 de Fevereiro de 2016
Os fiscais do governo da província de Luanda, em
serviço no distrito da Ingombota, que pela sua actuação mais parecem, - ou
serão de facto – milícias governamentais, protagonizam cenas de indescritível
horror. Na sua azáfama do tudo carregar de quem vende na rua, mas os estabelecimentos
comerciais estão isentos de fiscalização porque sistematicamente há quarenta
anos que fogem ao fisco, porque isso é um dever revolucionário, então essas
milícias fiscais rapinam tudo o que podem porque há meses que estão isentos de salários,
outra medida revolucionária marxista-leninista, porque quem o é não tem direito
a salário, investiram os seus carros de assalto sobre uma desgraçada – Angola é
a terra eleita dos desgraçados, dos famintos - que tudo faz para sustentar os seus
filhos, mas mesmo assim os marxistas-leninistas não autorizam, porque quem é mwangolé
é para exterminar, levaram-lhe o fogareiro e mais umas pobres coisas de quem
tenta sobreviver, porque aqui já não se consegue viver, e um cesto com um… bebé
que nele dormia. Se não fosse a vizinhança o inocente bebé morreria pelo
caminho, pois era considerado como algo de aproveitável, produto perecível, comestível.
Cena extremamente chocante e digna das execuções do EI-Estado Islâmico. Sinceramente,
já não acredito mais em Angola, e muito menos na África porque são reinos da
perdição e já não há nada nem ninguém que os salve.
A crise. Janaina Fidalgo: Boa tarde. Procuro um
carro para comprar, alguém a vender em kzs (máximo 2 milhões). Façam as vossas
ofertas. Obrigada.
Pedro Carvalho: Pois.....isso é outra
questão.....justo talvez... na cabeça deles porque assim acabam às parcerias
obrigatórias ou seja trabalha pula... mas como estava tudo parado desde
nov/2012.....e assim pra quem pode... tipo chinês que nasceu em Xangai e
apresenta-se com Bi angolano.....evolução no seu melhor.
Armando Dias: Depois da descolonização
Portuguesa, vieram os Cubanos e os Russos colonizar Angola. Ou melhor dizendo,
roubar o que os Portugueses deixaram. Agora são os Chineses. Se Angola se fecha
desta maneira vai sufocar na sua própria arrogância. É pena...Os Angolanos não
merecem esta triste sina!
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