Ano 2 A.A.A. Após o
Apocalipse dos Angolanos.
Ano da diversão da
economia com corrupção e sem energia eléctrica. Ano em que a oposição ameaça
sair à rua.
República das torturas,
das milícias e das demolições
Diário da cidade dos
leilões de escravos
Esta
é a barragem que Deus nos deu. Mas afinal quantas albufeiras têm a barragem de
Lauca? Duas, quatro, cem, mil? Não se sabe quantas? Lauca, a barragem de gente
maluca. Só mentir para as nossas almas afligir.
Os
que trabalham e sabem trabalhar estão proibidos de o fazer.
Há
dois meses que Luanda está como paralisada pela falta da energia eléctrica
(EE). Aqui na buala referente ao mês de Março foram 133 horas, e em Abril até
agora, 26/04/17 foram 143 horas, totalizando 276 horas. Não há limites para
tanta destruição. É um fornecimento ocasional, tipo fazer pouco das pessoas –
sempre tenho dito que aqui não existem pessoas – pelos vistos em Angola uma
barragem não serve para fabricar EE, serve para desfabricar. Sem EE a palavra
de ordem é criar uma nação de desempregados, de assaltantes e de bandidos que
já nos estremecem por toda a Angola porque a todo o momento estão presentes em
todos os locais, não sabendo quem regressará a casa do Pai, criando uma
instabilidade social nunca vista, tipo guerra civil entre bandidos e população.
A situação é deveras muito crítica e para a sanar apenas se escutam as mesmas
vozes, das quais ninguém acredita porque o cansaço domina as mentes, a
população está como que apática, incluindo o não acreditar na classe política,
especialmente a da oposição que passa o tempo a falar de eleições e não se
dedica de igual modo à falta de EE e à miséria e fome que também já passaram a
instituições nacionais, só lhe faltando a
inclusão nas maravilhas de Angola.
Dando ensino
medíocre à população apoiado pelas igrejas que ameaçam que Deus castigará quem
pecar, com tais condições é muito fácil ludibriar um povo, e reforçando que
quem governa o faz de acordo com o poder de Deus na Terra. Isto é um poderoso
ópio que hipnotiza. E povo hipnotizado é fácil de ser levado.
Se andares
com os bons serás bom, se andares com a péssima governação serás péssimo. Se a
corrupção acabar muito dinheiro vai sobrar.
O que
acontece quando alguns vampirizam o bolo e milhões a ele não têm acesso? É
difícil de explicar? Claro que não!
Atualização:
Hoje, 27/04/17, com mais catorze horas sem EE, o mês de Abril faz 157 horas, o
que desde Março totaliza 290 horas sem EE. A poluição dos geradores mata
crianças – quem quer saber delas – e isto porque são particularmente
vulneráveis, e também isto é um vulgar acto criminoso. A nossa saúde periga e
isto faz parte da campanha da irresponsável matança. Estão a rebentar com tudo,
a criar revolta porque essa é a missão que lhes compete. São exímios
destruidores, quer dizer, temos todos que ser bandidos, insensíveis e
mortíferos. É esta cidade que os adoradores da Idade da Pedra criaram. Sem EE e
com a política do gerador, Luanda, Angola, a rastejar na política do povo
sofredor. Creio que não têm noção do que é EE e muito menos para que serve. A
afogarem-se na imoralidade perderam a noção da realidade. Quarenta e dois anos
de vigarices bastam! Já não me restam dúvidas de que existe um plano macabro
para acabar com tudo e com todos. Um holocausto. Miséria e fome são as palavras
de ordem do poder. Qual é a intenção de acabar com as empresas enviando-as para
a falência? Há interesses neocoloniais estrangeiros e da corrupção nacional
para acabarem com a nação e com a sua população?
Além disso, com
tantos desliga e liga da EE, rebentam com os cabos, equipamentos informáticos,
eletrodomésticos, etc., e como não são permitidas indeminizações, é só miséria
e fome. E os asseclas ainda teimam que a nossa vida vai melhorar. Mas o que é
que melhora neste inferno? Num governo do inferno e para o inferno a única
coisa que melhora é a intensidade das chamas. Privando as pessoas de um bem
fundamental para a sua existência, como é a EE, isto é um atentado terrorista.
Sem EE todas
as nossas esperanças de uma vida melhor morrem, nem chegam a nascer. É como se
bandidos nos assaltassem e sem nada nos deixassem.
A minha
última descoberta: Luanda e Angola não têm condições para crianças viverem. A
única condição, assim se pode dizer, é o necrotério.
Quando ouvi
na Rádio Ecclesia que, “eu sou o cónego Apolónio Graciano” corri num frenesi
desligar o rádio, e logo de seguida respirei muito fundo, muito satisfeito por
me ver livre de um grande peso que atormentava a minha alma.
O filho da
mana Antónia de vinte e um anos é liambeiro, os polícias apanharam-no – não é a
primeira vez e pelos vistos não será a última – em pleno delírio depois de mais
uma recarga de liamba. Prenderam-no e para o libertar exigem trinta e cinco mil
kwanzas em troca da sua soltura.
O que o fanatismo
faz: quando uma fanática religiosa em circunstâncias ocasionais, normais, vê o
sexo de um homem grita como possessa, “ meu Deus salva-me das tentações do
demónio!” A relação sexual é considerada pecado. Creio que não vejo grande
diferença entre religião e corrupção. Onde o analfabetismo reina a religião
impera. Quando o Estado não faz justiça, esta é feita pelos cidadãos e então as
fogueiras da Inquisição renascem num atroz retrocesso. É como se fosse uma
igreja para todos.
E alguém
perguntou à oposição porque é que se deixam manobrar, na onda levar, e não
reage. E a oposição respondeu que “mas o que é que eu vou fazer?” E repetia-se,
“mas o que é que eu vou fazer? pois se os tribunais são do poder, que fazer?
Que fazer?”
Quando o
preço do petróleo baixa, baixa, a corrupção sobe, sobe. Se o PIB sobe e a
miséria e fome sobem, sobem, significa que a economia funciona com bases
erradas, ou é de presumir que as bases estão adulteradas.
O que é
necessário é aprontar santuários para peregrinar.
Sem saúde, sem
educação, sem economia, vem o analfabetismo. Somando a falta de EE e a mentira
sistemática da corrupção vem a miséria. Acrescentando o apoio da religião que
dita que tudo o que acontece de mal é a vontade de Deus e que como tal se deve
reprimir, açoitado conforme a lei de Deus, vem a morte pela fome.
O M é o
maior, e pelas afirmações categóricas de que vão ganhar as eleições por
maioria, agora e sempre, e que no Cuanza-Sul manterão os cinco deputados, etc.,
sugere que as eleições estão antecipadamente ganhas por artes mágicas.
Mas para quê
aquecer a cabeça, isto é África e nada mais - dizem por aí - há a dizer, fazer.
É uma pena que África seja para esquecer. Mas para os aventureiros não, porque
nela muito facilmente encontram o seu filão. Há séculos que assim é.
No passado
domingo 23/04/17 pelas dezasseis horas, a meio da rua da Liga Africana, vi
horrorizado um miniautocarro que circulava a alta velocidade com crianças a
bordo, e num trecho em que a rua não está em condições de circulação, devido à
água que corre e faz buracos. De tão pregado ao chão que fiquei nem consegui
tirar-lhe a matrícula.
Uma vez que
a diversão da economia é e será sempre a sagrada miragem, continua-se a
importar tudo.
No
noticiário da RR, Rádio da Rua, há muitas vozes que afirmam categoricamente que
o mano João Lourenço, candidato à presidência da República, ou como dizem, o
presidente de Angola, escapou do envenenamento no Cunene ao ser convidado para
comer o prato tradicional que é obrigatório para visitantes.
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