domingo, 17 de junho de 2012

O Cavaleiro Mwangolé e Lady Marli na Demanda do Santo Graal (21)



Quando somos maravilhosos, os dias também o são. Perante tanta imperfeição humana, resta o amor, que nos une até à eternidade. Não compreendo como nós humanos vivemos tão ausentes, tão desconsolados, como se perdidos num deserto. Mas, resta-nos sempre um rosto feminino angelical que nos convida, nos impulsiona, nos revive o doce amor.
Perseguimos a perfeição, isto é, o amor. É por isso que tentamos ser felizes, mas frequentemente esquecemo-nos dos anseios da Natureza, isso sim, é onde reside a vida, o nosso destino e o amor. Sim, alguém sincero é como a Natureza de uma mulher que se ama, como o pulsar de um profundo sentimento correspondido.
Ó princesas acasteladas nas montanhas das nuvens das vossas ameias. Libertem-me desta ditadura, deste dragão que me usurpou o trono principesco. Ah! Como desfaleço nesta jangada desfeiteada há quase quarenta e dois anos não renovada, à deriva. O meu olhar perde-se neste lugar. Mas, eis que desperto, ávido de forças, sinto finalmente o Sul arrastar o vento deste Norte sem liberdade.
Raramente vejo passar a brisa diária que me rodeia, e a marítima adivinho-a ao longe, mas sinto-as nos teus olhos perdidos, no vaguear longínquo das estrelas-do-mar. De andar cambaleante mas não ferido, e ainda não perdido. Não, não! Os pecados não se apagam no inferno, a terra testemunha-os. Não conseguimos sair dos anos 70… os relógios não deixam, de asfixiados no tempo das folhas poeirentas, deitadas ao vento. Mas o seu verde memoriza-nos. A estação aguardava o comboio e ele não parou, admirou-se da beleza da paisagem. É um comboio humano. Quando os momentos de alegria se perdem, ganha-se uma lágrima de tristeza.
A questão que se coloca é: será que o chefe dos Lordes vai impor continuamente a repressão feroz ao seu povo, o qual o elegeu, com o apoio dos países neocolonialistas que nos invadem como ratos, e que até das traseiras dos prédios, numa destruição inédita, e numa desordem combinada, fazem estaleiros e oficinas. Este poder está demasiado destrutivo. Se assim persistir, o poder do chefe dos Lordes vai-lhe fugir.

Para os de preconceito racial:
Se os negros não existissem, também o continente africano não existiria, e o mundo também não.

Pelos discursos que se perdem no ar, o chefe dos Lordes está muito deslocado, ele não está em Jingola, está algures perdido num país imaginário, que de parecenças com Jingola não tem absolutamente nada. A paranóia é o principal sintoma de um ditador antes do seu deitar final.

Porque é que o ditador escolhe, prefere sempre o diálogo das balas, do metralhar dos seus canhões contra manifestações pacíficas de populações indefesas, como morticínio, como o único meio de comunicação? A resposta é muito simples: o ditador é surdo, mas, escuta sempre a conversa da morte. 
Porque será que em Jingola se instituiu um regime de terror, de tal modo que se prende qualquer pessoa pelo motivo mais fútil, por exemplo: uma mamã esfomeada que tenta vender cigarros para que os seus filhos não morram de fome, e não se prende nenhum corrupto, muito pelo contrário, ainda se dizem empresários de sucesso?
Quando se fala de manifestações, ouve-se publicitar amiúde pelos donos da riqueza petrolífera, que Jingola não é a Tunísia, o Egipto ou a Líbia. Mas omitem intencionalmente que Jingola também não é a China, a Coreia do Norte ou a Guiné Equatorial.

Os bancos são muito confiáveis e prestáveis. Têm sempre um caixão depositado… à nossa espera. E onde há um banco, também há corrupção. O banco é sempre o chefe da família da corrupção. E onde há muita corrupção também há muitos lucros bancários.

Parafraseando:
Ai meu petróleo, meu petróleo
não há cor igual à tua
ai meu petróleo, meu petróleo
que dás miséria a milhões de jingolanos
não há cor igual à tua
há sim! A cor da tua ditadura

Para onde olho só vejo criminosos. Eles conseguiram acabar com a justiça. Aguardamos pela chegada de um xerife que imponha a lei e a ordem. Enquanto tal não acontece, cada um faz justiça pelas próprias mãos.

Sim! Não se faz tudo num dia, mas os corruptos em alguns minutos resolvem tudo e mais alguma coisa.

E um regime eleito democraticamente condena jornalistas por denunciarem os corruptos. Mudam-se os tempos muda-se a democracia. Até os bancos são democráticos e financiam as eleições das democracias corruptas. A ditadura bancária é a nossa desgraça.

Quando um presidente da república se move no seu país protegido por pelotões de guerreiros como que à espera de inimigos invisíveis, lembrando uma qualquer invasão que pára a vida da cidade há dezenas de anos sitiada. E os seus subordinados imitam-no até ao exagero, pois estas coisas conduzem os extremos da crueldade, então, gradeamo-nos na democracia do estado de sítio. E para dele nos libertarmos, do estado de sítio, a História da Infâmia sintoniza-nos no tempo, porque o espaço já é desnecessário.
Que tétrico é notar que, quanto mais os preços do petróleo sobem, também o investimento na prospecção dos caixotes do lixo lhe é proporcional. Como são abundantes os ratos humanos que extraem lixo para se alimentarem da produção onshore. Quanta mais abastança mais miséria se promove. Então, quem alimenta a fogueira das revoluções?!

Receio que sigamos os caminhos do inferno. E com a experiência bélica que temos, que leva ao desprezo pela vida, acredito que o ensaio do purgatório já cá mora. Quando a paranóia da ditadura se instala, ressuscita o rei Leónidas e os seus 311 espartanos.
Não sei como conseguem despojar mais os espoliados que já nada têm. Mas obtêm rendimentos, são os inventores da excelência da maldade. E todos têm que obedecer à sua vontade. Afinal a história dos tempos é a história das ditaduras. E à sua passagem até as plantas mirram, secam. Sai-lhes do olhar tanta perigosidade que nada à sua volta lhes resiste. E depois, que desplante, laçam-nos com discursos que foram eles que nos cederam, nos implantaram a democracia. Ainda há por aí quem não acredite no demónio?
Esporeei a minha montada furiosamente porque no castelo dos vultos sombrios, estava lá a minha amada, não sei se acorrentada, ou já violada. O ditador do dia e da noite raptou-a, e encastelou-a. E pavoneia-se pelos campos que nada têm de verde, que a minha donzela lhe foi prometida para saldar uma antiga dívida de escravidão. Ele, como não sabe, nunca saberá, que a democracia já acabou (?) com tal vexame, compôs uma trova maldita de glorificação aos ditadores. E ameaça que quem ousar atacar, com o meu amor vai acabar. Oh! Mas estes tempos ainda não acabaram?
Para toda a doença existe uma terapia, e onde isso não acontecer, há que não desfalecer. A terapia da alma é uma maravilhosa alternativa. Sim, o alternar é a chave da ditadura do amar. E nos silêncios das nossas almas irrompem jasmins com imortais, gloriosos perfumes. Um jasmim é sempre a melhor terapia. Os ditadores são incansáveis no apetite de jasmins de sangue. É por isso que se dizem amiúde imprescindíveis e que os povos debaixo dos seus exércitos são os mais felizes do mundo.
Só espero que não maltratem, que não odeiem os jasmins. Mas que estranha, bizarra sensibilidade. Oh! Agora a culpa é dos jasmins. Nunca uma planta tão perfumada foi tão odiada. Já há quem pretenda inventar, ou parece que já inventou, uma arma de raios laser para queimar, arrasar os jasmins para sempre. Há quem também não durma, se aterrorize com pesadelos nocturnos e diurnos. Especialmente acordar com uma manifestação de toneladas de jasmins na cama. Os ditadores já andam de casa em casa, de porta em porta, na caça implacável dos que teimam no cultivo de jasmins. Então não sabem que as ditaduras, ainda como algumas bactérias resistentes aos antibióticos, decretaram o Fahrenheit dos jasmins? Dizem que esta ideia genial veio de um cónego petrolífero, também grande adepto das proibições de manifestações.
Passei ao acaso e vi a clínica Natureza. Acerquei-me para a cumprimentar, mas parecia dolente, doente. Não entendia o torpor clínico, tão sem natural, anormal. Até o esverdeado tolhia, mas afinal que acontecia? Próximo, um pequeno grupo de crianças que dançavam ao som de uma orquestra celestial, que como a água de um rio nascia nas suas pequenas cabeças. E então compreendi o desalento da clínica Natureza: é que as crianças nunca mais adoeceram, e assim deixaram de frequentar a clínica, e ela sentia-se muito só, triste, muito abandonada, como as pessoas idosas.

Será que outro mausoléu se erigirá? Desta vez em honra do guia imortal Assad?
Sim, presentemente as nossas vidas são parecidas com túmulos. Todos os nossos esforços têm sido em vão no evitar da queda triste das folhas das árvores que nos rodeiam. A Primavera saúda-nos, o Verão abrasa-nos, o Outono murcha-nos e o Inverno arrefece-nos. Se existisse uma só estação no ano, os nossos sentimentos cairiam, tal como as folhas murchas que dizem adeus às suas mães árvores. Perante o gelar do tempo, porém, o amor aquece-nos.

Imagem: super.abril.com.br

1 comentário:

  1. Quando somos maravilhosos, os dias também o são. Perante tanta imperfeição humana, resta o amor, que nos une até à eternidade. Não compreendo como nós humanos vivemos tão ausentes, tão desconsolados, como se perdidos num deserto. Mas, resta-nos sempre um rosto feminino angelical que nos convida, nos impulsiona, nos revive o doce amor.
    Perseguimos a perfeição, isto é, o amor. ADORÁVEL.MAGNÍFICOS, TUA SENSIBILIDADE E VERDADES AQUI EXPRESSAS SÃO SIMPLESMENTE SUBLIMES. OBRIGADA POR PARTILHA-LOS COMIGO

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