Gastei
uma quantia considerável com tudo o que era
necessário para a Jandira assegurar
o seu futuro.
Confesso que
o meu orçamento
ficou apertado. Passaram seis meses e tudo
corria normalmente. Todos
os dias quando
chegava, a primeira coisa
que fazia era
dar-me um beijo
longo e profundo
nos lábios.
Sentia-me muito feliz.
Tinha encontrado finalmente
o verdadeiro amor.
Mas, algo
estranho surgiu. Ela
aparecia e dizia-me apenas:
-
Estou no meu período fértil.
Retirava
alguma comida e saía apressadamente. Nos
dias que
se seguiram afirmava mais ou menos a mesma coisa. Decidido a investigar o que realmente
se passava, interroguei-a:
-
Jandira, parece-me que já não és a mesma pessoa.
-
Porquê?
- Porque me
desprezas assim? Porque
não me
dás atenção?
-
Ando muito ocupada com os estudos. Depois de acabar as aulas vou para a
biblioteca, ou para a casa das minhas amigas estudar. Aos sábados de manhã e à
tarde também. Aos domingos de manhã vou à igreja, e à tarde faço revisão dos
estudos para que segunda-feira quando chegar na universidade tenha a matéria
bem assimilada.
Eu
sabia que ela estava a mentir. Prometi a mim mesmo que nos próximos dias
descobriria toda a verdade.
Havia
dificuldades de estacionamento
devido a uma grande
festa. Deixei o carro
longe, e vim por
um caminho
não habitual,
muito mal
iluminado. Um par
de jovens abraçava-se e beijava-se ternamente. Nada
de invulgar. Já
estava a afastar-me e oiço uma voz familiar:
-
Vamos para outro lado, se alguém me vê aqui posso arranjar problemas.
Senti
o coração disparar. Era a voz da Jandira. Parei, e meti-me entre os carros
estacionados. Escolhi um bem próximo do local onde ela estava. Fingi que estava
a apanhar um objecto que caiu no chão. Esperei uns momentos para ter a certeza.
Até que a jovem ficou de frente para mim. Não tinha dúvidas. Era ela.
Jandira
chega a casa,
beija-me e desculpa-se:
-
Estou no meu período fértil.
-
Acho que hoje te divertiste muito.
- Eu? Acabo de chegar, estou
cansada, hoje estudei muito.
-
Estudaste relações amorosas?
-Ando
tão ocupada que
nem tempo
tenho para isso.
-
Quem era aquele que estavas a abraçar e a beijar?
-
Abraçar e a beijar?! Onde?!
-
Na rua… vi-te claramente.
-
George, queres arranjar
problemas. Não
era eu.
Devia ser uma parecida comigo.
No
outro dia
fui bater-lhe à porta. Atendeu-me a prima dela. Disse-lhe que
queria falar com
a Jandira. Ela informou-me:
-
A Jandira está lá em baixo.
Agradeci,
retirei-me e decidi descer. Cheguei à rua, olhei para todo o lado. Não havia sinal
dela. Um jovem
vizinho com
quem de vez
em quando
trocava impressões, e já tinha namorado com
todas as jovens que
aqui habitavam, estava encostado à entrada do prédio.
Era a pessoa ideal para me ajudar:
-
Boa noite jovem.
-
Boa noite vizinho.
-
Por acaso viste a Jandira?
-
Não respondeu, mas apontou para um local próximo.
A cerca de dez metros havia uma pequena
escada com
quatro degraus que
dava para um estabelecimento. A porta
era suficientemente
larga para esconder o corpo das pessoas. Lentamente
caminhei na sua direcção. A Jandira
estava de mão dada
com um
jovem. Estavam muito
encostados um ao outro.
Ela passava a mão
pelas calças no local
do seu sexo.
Ele esfregava-lhe a vagina.
Parei junto a eles e fingi que estava a observar a
montra. Ela viu-me. Senti o sangue gelar-lhe o corpo.
Ficou sem ar.
Parecia que ia desmaiar.
Afastei-me calmamente e aguardei nas escadas que ela subisse. Não
demorou muito tempo.
Ela sabia que
eu a esperava. Senti uma raiva imensa.
Apetecia-me dar-lhe duas chapadas na cara:
-
Jandira?! Está tudo terminado entre nós.
-
Não me faças isso!
-
Faço sim senhor! Não passas de uma cabra vulgar!
-
Aquele é o meu primo. Não posso estar com um primo? És muito ciumento.
Não
havia mais nada
a falar. Retirei-me a ouvir
o seu choro.
Pouco depois
bate-me à porta. Vem acompanhada da sua prima e inicia a sua defesa:
-
George… é um primo dela, perdoa-lhe.
Já
não tinha
mais dúvidas. Estas duas são muito
perigosas. Vou já livrar-me delas. –
Pensei.
-
Rua, rua! Fora daqui!
Lembrei-me
do jovem vizinho.
Tornei a descer. Estava no mesmo
local sozinho.
Fiz-lhe uma proposta:
-
Queres petiscar e beber alguma coisa?
-
Quero, obrigado vizinho.
Fomos
para um restaurante próximo. Não me apetecia
comer. Fiz um
esforço. Encomendei duas sandes de carne
e duas cervejas. Ele
não se sentia muito
à vontade. Acho que
estava desconfiado. Era
a primeira vez
que o vizinho
o convidava. Já íamos na terceira cerveja.
Acho que era
o momento oportuno:
-
O que é que sabes da Jandira?
Ficou
assustado. Talvez a pensar
que iriam surgir
problemas. Tranquilizei-o, dizendo-lhe que não era nada com ele.
Entendeu claramente. Mostrou um sorriso
tranquilo:
-
Ela queria namorar comigo mas eu não aceitei.
-
Isso foi há quanto tempo?
-
Há uns três ou quatro meses.
Senti
a intranquilidade no meu coração. Preparei-me para sensacionais descobertas.
Disposto a saber
tudo em
pormenor, fiz-lhe uma oferta tentadora:
-
Dou-te cem dólares para
me contares
tudo o que
sabes. Tens que prometer
guardar segredo.
-
Cem dólares? Está bem vizinho. Mas o que é que quer saber?
-
Tudo.
-
Está bem… a minha
mãe trabalha
nos bilhetes
de identidade. Há um
mês, ela
apareceu em casa,
a pedir a renovação do bilhete
de identidade do seu
namorado.
-
Do seu namorado? Qual namorado?
- Um deles, não o
conheço.
-
Um deles?
-
Ela tem muitos. Costuma ficar à noite ao pé do prédio com um deles.
-
Anda sempre com a sua prima…
-
Sim. Andam sempre as duas. Cada uma tem o seu namorado e…
-
Mas ela anda a estudar ou não?
- Vizinho, ela
finge que anda
a estudar. Só
quer é dar
nas vistas. Passar
por menina
rica, a ver
se arranja algum
filho de ministro
ou deputado.
De manhã quando
sai, ao fundo da rua
está sempre um
dos namorados à espera
no carro.
-
Então também sabes que ela vai estudar todos os dias com as suas amigas.
-
Olhe vizinho, uma vez
à tarde fui acompanhar a minha
namorada. Encontrei-me com ela, estava
a sair de uma casa
de prostituição, dessas que não dão nas
vistas. Tá a ver,
não é vizinho?
-
Sim, estou a ver muito bem. Ela disse-me que nos fins-de-semana vai à missa, na
Igreja da Sagrada Família.
- Vizinho, isso é
mentira. A igreja
fica à direita do prédio.
Ela e a prima
vão em
frente, e costumam parar
aí nos
lados da Cuca.
Uma das minhas namoradas que é amiga
delas, é que me
contou isso. Elas
fazem broche e recebem o que os clientes
lhes querem pagar.
Quando vão
à igreja é para marcarem encontro
com um
homem. Aí
não dão nas vistas.
Algumas vezes quando
voltava das festas às cinco da manhã,
encontrava-me com ela.
Enquanto o vizinho
fica a dormir, ela
e a prima saem e ficam o resto da noite com os seus namorados de ocasião.
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