Todos a roubaram-se e
na feitiçaria a matarem-se, brevemente, Angola como nação sucumbirá. Aliás já
se nota a intolerância desses traços bem visíveis no desprezo que cada um
retribui ao outro. A solidariedade desapareceu, evoluiu e actualmente substitui-se
pelo ódio mortal. Catalogado pelo menor motivo de qualquer episódio de
feitiçaria. Até o negócio se diz que foi enfeitiçado. Quando não se consegue
que o negócio ande, culpa-se a idosa mais próxima, porque foi ela que trocou
uma nota de cinquenta kwanzas. E o MPLA já não governa, é a feitiçaria que o comanda.
E ai de quem nela e nele cair.
Ma Yuan
prepara-se para sair.
Akalesela faz-lhe um resumo
final:
- Os
corruptos e os espoliadores são louvados. Os que
lutam e os que trabalham são desprezados. Os preguiçosos
e medíocres espreitam a sua oportunidade.
O meu pai
ensinou-me para me afastar dos políticos e dos feiticeiros.
Ma Yuan já está na
porta de saída, despede-se com malícia:
- Akalesela, sabes…
és muito interessante.
Kakulu-Ka-Humbi
perde a cabeça:
- O
kamburi ketu kalê ni nzala. (O nosso carneirinho não está com fome)
Antes da porta se fechar, Ma Yuan vê uma tarântula
a passear. Estremece:
- Ai meu Deus!
Akalesela sente-se animado com o primeiro cliente e trova para Kakulu-Ka-Humbi, gaba-lhe mais
alguns atributos:
- Sois altiva e imponente
como uma águia.
Ela sorri de satisfação. Caminha na direcção
do alaúde, entrega-lho e suplica-lhe:
- Por
favor, melodia-me a minha majestade.
Doce
cavaleiro, as noites são longas
como
este cavalgar de desgovernar tão longínquo
Já
nada mais esperamos
desesperamos,
nadamos nestes oceanos de feitiço
neles
afogados, no refogado amor
Estás
prisioneira na torre guardada por
seculares guardas
e há quase meio século
acorrentada
Sou fiel na tua
espera, no sonho
doutro coração que
é já teu
O cavaleiro eterno
não sai do castelo do seu poder
Lá estão os nossos
corações presos sem esperanças.
Ele deixou-se adormecer. Pouco depois acordou
sobressaltado. Pediu-lhe socorro:
-
Vai-lhes dizer para
fazerem pouco barulho,
que queremos dormir.
- Já lhes falei,
e ainda fazem pior. Dançam como uma manada de elefantes
furiosos. Acho que
o tecto vai desabar.
- Vamos
dormir no ginásio,
naqueles dois colchões
de espuma estreitos.
Ela lastima-se:
- Etu
ki tu atu azediua etu. (nós não somos pessoas felizes)
Ele esmorece:
- A política e o poder são duas coisas
que condizem muito
bem a quem
delas faz uso. Os políticos
são muitos, a concorrência
é elevada. E são sempre poucos os lugares vagos
no poder.
Ela ouve barulho lá fora,
espreita à porta da varanda
e contenta-se:
- A única coisa que funciona até
ao momento é o carro
da recolha do lixo.
Akalesela levantou-se
muito cedo, ela continuava a dormir. Bebeu café e
foi para o computador.
Colocou o CD da enciclopédia World Book
da IBM. Procurou pela mitologia africana e elucidou-se:
Uma variedade larga
de mitologias desenvolveu-se entre muitos povos que
habitam na África a sul do Saara. Algumas destas mitologias são simples e primitivas. Outras são
organizadas de modo complexo.
A maioria dos povos
africanos adora características
proeminentes da natureza,
como montanhas,
rios, e o sol.
A maioria destes povos
acredita que quase
tudo na natureza
contém um espírito.
Alguns espíritos
são amigáveis,
mas outros
não são.
Espíritos podem viver
em animais,
plantas, ou
objectos inanimados. Os adoradores rezam ou
oferecem presentes aos espíritos para ganharem o favor deles e obterem benefícios
particulares.
As formas de adoração
aos antepassados fazem parte de muitas mitologias
africanas. Muitos africanos
acreditam que depois
da morte, as almas
dos antepassados renascem em coisas vivas ou em
objectos. Por exemplo, os Zulus recusam matar
certos tipos
de cobras porque
eles acreditam que
as almas dos antepassados
vivem nelas. Os rituais mágicos têm um papel principal nas religiões tradicionais de África. Os feiticeiros têm grande influência entre muitos povos africanos
porque se acredita que
eles têm poderes
mágicos. Muitos
africanos usam encantamentos para se protegerem dos males.
De acordo com
várias mitologias africanas, muitas divindades moram em
casas temporárias na terra
chamados fetiches. Fetiches
variam de simples pedras a imagens
esplendidamente esculpidas. Alguns grupos africanos
acreditam que fetiches
protegem-nos dos feitiços do mal e que lhes trazem sorte.
Os Ashantis compõem o grupo nativo maior no
Gana, um
país pequeno
na África ocidental. Em muitas formas,
a mitologia dos Ashantis ilustra a mitologia africana
em geral. Muitos
Ashantis acreditam que
um deus
supremo chamado Nyame criou o universo. Nyame encabeça um
grupo grande
de divindades, em
que a maioria
descende dele. Algumas destas divindades
servem como protectoras de aldeias específicas ou
regiões. Outras representam características geográficas. Os Ashantis consideram os
rios como
a característica geográfica
mais sagrada.
Eles também
associam muitas divindades com ocupações
específicas e artes, como cultivar e trabalhar o metal.
Só entre as divindades
dos Ashanti, à deusa da terra, falta um fetiche específico. Os Ashantis acreditam que
a própria terra
é o fetiche da deusa da terra.
Um grupo
de feiticeiros supervisiona a adoração
de fetiches. Os Ashantis acreditam que os feiticeiros deles possuem certos
poderes especiais.
Por exemplo,
de acordo com
eles, os feiticeiros podem persuadir um fetiche para falar pelos lábios de um ser humano, um médium. Um feiticeiro normalmente
serve como médium
para o fetiche.
Entretanto, ela
aproxima-se com alguma cerimónia:
- Dormiste bem? Olha, já sabes bem como é, tens o chá
com bolachas.
- Isso é comida para mulheres.
- Claro meu querido, tenho que
manter as minhas
garras esbeltas.
- Não há um pacote desses das sopas
rápidas?
- Não.
- Temos quiabos?
- Sim.
- Faz um caldo. E
desinteresso-me por garras alimentadas por
alimentos estrangeiros, ainda por cima
importados.
- Não sou produto
nacional para
venda exclusiva
a estrangeiros, como
as outras manas fazem.
Ele preferiu emudecer.
Ela sentiu que
devia retirar-se. Ele voltou a teclar, desta
vez na feitiçaria:
Feitiçaria está geralmente definida
como o uso
de poderes mágicos
que se admite influenciarem as pessoas e os fenómenos. Neste sentido,
conhece-se como a feitiçaria
fez parte do folclore
de muitas sociedades durante séculos.
Desde o meio-1900, a feitiçaria também
recorreu a um conjunto
de convicções e práticas
que algumas pessoas
consideram uma religião. Seus seguidores
às vezes chamam-lhe, a Arte,
ou a Religião
Velha. Porém,
muitas pessoas, cristãos
particularmente conservadores,
não consideram a feitiçaria
uma religião.
Convicção na feitiçaria existe no mundo
e varia de cultura. Historicamente, as pessoas associam feitiçaria
com o mal
e normalmente consideram uma bruxa como alguém que usa magia para
prejudicar outros,
causando acidentes, doenças,
azar, e morte. Porém, algumas sociedades
acreditam que as bruxas
também usam magia
para fazer bem,
enquanto executam tais
acções como enfeitiçando para
obter amor, saúde, e riqueza.
As pessoas ao redor
do mundo continuam praticando feitiçaria, enquanto
reivindicando usar a magia para
o bem ou para o mal.
Ao contrário, esses que
praticam feitiçaria como
seus seguidores
só acreditam em
magia praticante
para propósitos
benéficos, não
para prejudicar. Eles adoram uma divindade masculina com aspectos femininos,
mas eles
enfatizam a fêmea, ou
Deusa, o lado da divindade.
O termo bruxa vem da palavra wicca do inglês antigo que é
derivado do wic de raiz germânica que
significa alterar ou
mudar. Acredita-se que
uma bruxa muda
ou possa mudar
acontecimentos usando magia.
Hoje, a palavra
bruxa pode ser aplicada a
um homem
ou mulher.
No passado, foram chamados também os bruxos masculinos, de feiticeiros.
Como funciona a feitiçaria
Acredita-se que as bruxas são os mestres
do mundo sobrenatural
no folclore ao redor
do mundo. Elas
suplicam supostamente e comandam espíritos. Elas
podem invocar espíritos
especiais que
ajudam a chamar familiares
que levam a forma
de animais particularmente
gatos, cobras,
corujas, e cachorros.
Em algumas sociedades
tribais, envolve um
tipo de feitiço
com quem
a bruxa está familiarizada. Neste tipo de feitiço, a bruxa instrui o familiar
a levar a cabo
tal instrução
como entregando um
feitiço a uma vítima.
Algumas culturas acreditam que
as bruxas têm o poder
de se transformarem em animais. Este poder
para mudar a forma delas permite-lhes viajar secretamente até
se aproximarem. Também é dito que as bruxas podem voar. Elas podem voar sob o próprio
poder delas, utilizando ferramentas
como vassouras
ou ancinhos,
ou em
animais mágicos.
Supõe-se que elas podem controlar o tempo. Elas às vezes são culpadas por
tempestades que
danificam habitações ou colheitas.
Imagem:
Ermelinda Freitas
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