03
de Maio
Trabalhadores da
Paviterra na província do Bié estão há oito meses sem salários. (Rádio
Ecclesia.)
Os assaltos
durante o período de engarrafamento têm vindo a somar pontos preocupantes nas
estradas de Luanda, sob olhar silencioso da polícia nacional que nada faz. As
mulheres representam as principais vítimas deste processo
que muitas vezes acaba com sessões de espancamentos ou até mesmo em mortes. Troços
como a Deolinda Rodriques, 21 de Janeiro, estrada da Samba, Comandante Gika,
Avenida de Portugal, Avenida Brasil são os mais aliciados pelos marginais e
onde se assiste assaltos com tanta regularidade. Os praticantes destes actos
são jovens, que na maior parte das vezes, se fazem acompanhar das conhecidas
“moto rápidas” e com armas de fogo e brancas. Eles batem no vidro da viatura
com tamanha agressividade e ao meio de ameaças e ofensas exigem tudo de valor
que a pessoa tiver em sua posse. In Domingos
Bento de Faia. Facebook
Luanda. Cacuaco.
3 meses sem água
Hoje lá tive que
dar os meus ricos 10.000Kz por 1 cisterna. A EPAL anda a fazer concorrência à
EDEL, só fazem mer..
Estou a pensar
ir “chatear” a sra administradora Rosa Janota, será que me vai devolver o
dinheiro da água? Tenho factura. Veremos, mas que lá vou… vou mesmo. In
Ermelinda Freitas. Facebook.
04 de Maio
Quisemos comprar
peixe, mas as quitandeiras disseram-nos que hoje não saiu peixe do mar.
Afinal Angola
importa cacusso da China? A empresa é a Hygiene procurement, Holdin Limited. www.hphlimited.com
Empresa com
escritórios em Lisboa. Uma empresa que vende tudo. E sabem quem são os sócios?
Não é difícil de adivinhar: Banco BPA Europa, Banco BIC, BPI, Byblos Bank,
Commerzbank, Standard Bank, e o famigerado millennium bank. Claro que isto
cheira a grande trampa, como os bancos estão na falência, decidiram-se pelos
negócios escuros. Aguardemos que Rafael Marques de Morais se pronuncie.
Luanda, onde até
os semáforos do trânsito automóvel não funcionam. Nada funciona, excepto a
conversa política do nada se resolve. Já cansa, esgota, ouvir há uma eternidade
de anos sempre os mesmos lamentos, e disto não se passa. Pobre gente, pobre
povo.
05 de Maio
O conflito na
Síria faz-me lembrar quando Hitler invadiu a Polónia. Ninguém ligou. Eram
conversações para aqui, para ali e Hitler desprezava, ganhava tempo, avançava,
assassinava, exterminava impunemente, até que…
Mais barulheira
no prédio - o habitual, o mwangolé só sabe fazer barulho – mais um vizinho que
parte paredes para alugar o apartamento, que coitados, dos apartamentos, já
estão tão velhos, a caírem aos bocados. É necessário que mais prédios desabem
para a equipa especuladora imobiliária do Poder entrar em acção? Por vezes
penso que isto é um campo de treino de terroristas internacionais.
Como é possível,
prédios a caírem aos bocados e neles se façam obras de vulto no seu interior e
se aluguem apartamentos? Isto não é o anunciar de mortes antecipadas?
06 de Maio
E na entrada do
prédio - não sei se assim se lhe pode chamar, porque de parecença com um prédio
há muito que já não tem nada – ouve-se um grito assustador, desses que há muito
já estamos habituados, essas coisas não se sabe quando acabarão, e quem o sabe?
Ninguém!
«Ai! Escapei de
morrer!»
Luanda, Largo da
Rua das Sirenes, cerca das vinte e uma e trinta horas. A jovem vizinha, vinte e
quatro anos de idade, estaciona o seu carro, e de súbito, é sempre assim, dois
jovens gritam-lhe: «É assim que estacionas o carro? Não vês que está mal
estacionado?» E ela cai na armadilha, e um dos jovens lança-lhe a habitual
mensagem consagrada na constituição da gatunagem, de pistola em punho: «Estás
colocada, não te mechas!» Mas porque é que será que esta gatunagem não tem
imaginação? Sempre repetitivos como a nossa classe política? Levaram-lhe o
computador portátil, desses dos mais caros, e o saco com alguns valores,
documentos pessoais e outras coisas diversas, tralhas próprias de mulheres.
Depois os seguranças foram ao local do infortúnio e por sorte encontraram o
saco abandonado. Só levaram o computador que depois venderão por duzentos
dólares para beberem uns copos, conforme discurso abalizado de uma mais velha,
que mais acrescentou: «Os assaltantes agora estão divididos em áreas de
actividade, uns assaltam só mulheres, outros roubam carros, etc.
Mas, há uns
meses passados, a UNITA disse que faria manifestações de Cabinda ao Cunene, se
não se realizassem as eleições autárquicas, e que em Maio faria também
manifestações pelo desaparecimento dos jovens, Alves Kamulingue
e Isaías Cassule.
07 de Maio
A energia
eléctrica enviou-nos para as velas chinesas às 19.13 horas. Regressou às 19.33
horas.
08 de Maio
Os ciclos dos
apagões mantêm-se, destruidores, outra vez das 09.04 às 10.16 horas. É
necessário incentivar a venda de geradores e deixar-nos todos às escuras.
Quinze horas e
trinta e nove minutos. Sempre também outra vez, na constante actividade do
partir paredes doutro mau vizinho. Nunca sonhei com tanta estupidez sob a face
desta terra.
Não há
intelectos para reverter as inúmeras situações negativas que se nos apresentam.
Há alguns intelectuais que de vez em quando dão uma dica depois de um sono de
hibernação, claro, outros, dois ou três, são verdadeiros revolucionários, mas
não conseguem mobilizar as massas, porque todos os dias, noites e dias, estão
preocupadas a carregar água, a venderem qualquer coisa para sobreviverem e a
defenderem-se dos constantes assaltos, a que já não se consegue resistir.
Portanto neste ocidente nada de novo. Na realidade não existem intelectos
políticos, apenas intelectos bibliotecários.
17.43 horas. Um
avião passou por aqui a tão baixa altitude que pensei ia chocar contra os
prédios. O barulho foi assustador, instintivamente baixei-me ao recordar-me do
11 de Setembro nos EUA. Que se teria passado? O avião perdeu altitude devido a
avaria? Não sei se era um avião de passageiros, mas pelo estrondo dos reactores
era um desses aviões grandes.
09
de Maio
Entretanto, há nove dias que o banco
millennium Angola prossegue na sua missão evangelizadora, na matança de
crianças e adultos pelo fumo cancerígeno do seu gigantesco gerador. Coisa já
provada, mas como em Angola ainda estamos no período da ceifa de vidas humanas,
a impunidade e o à-vontade com que se mata neste país são dignos do actual
regime sírio. É isto a civilização ocidental, depois lamentam-se do terrorismo
que já lhes sacode as portas com força. Assim é-me difícil ver como se vencerá
tão perdida batalha. E a cada dia tudo se descontrola, e não existe ninguém com
vontade de endireitar o que há muito anda torto. Não, não, isto não está nada
agradável de se ver. O perigo espreita-nos, ronda-nos como feras.
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