República das
torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade
dos leilões de escravos
13 de Janeiro
Não
me digam que isto também é chauvinismo. Há longo tempo que ando a acompanhar a
vinda de portugueses para Angola. E espanta-me a facilidade com que eles
conseguem emprego. Significa que já há corporações que dominam a vida do
emprego, especialmente em Luanda, quadrilhas de aventureiros que nem os
salários pagam aos mwangolés, agem como se isto já fosse deles. Como é
possível?! Evidentemente que não se está contra a vinda dos engenheiros e
similares para Angola, não é nada disso, muito pelo contrário, agora qualquer
um chega, e continuam a chegar, e devido a isso não conseguimos empregos, pois
está tudo em poder deles. Quem está por trás de tal monstruosidade, pois que os
mwangolés com que habitualmente converso dizem que isto é um tremendo risco,
porque, por exemplo, os assaltos vão aumentar, porque já somos muitos, muitos
milhares de desempregados cujo número o Governo não divulga, mantêm-se
cúmplice. E o mais curioso é que não vejo ninguém debater isso por aqui,
porquê?!
Mwangolés, entendam o que se passa
actualmente em Angola: “A colonização francesa na Argélia foi de povoamento, os
pieds-noirs, ganhavam ou compravam as terras expropriadas dos nativos, processo
esse regulamentado pela Lei Warnier de 1873. Segundo Sartre (1968 a,
p.27), “em 1850 o domínio dos colonos
era de 11 500 hectares. Em 1900 de 1 600 000; “em 1950 de 2 703 000”. Assim os
nativos vão sendo empurrados para as suas áreas mais improdutivas e desérticas,
sendo que os franceses desestruturavam a economia argelina: nas terras onde
antes eram plantados cereais para comer, os colonizadores plantaram videiras
para a exportação de vinhos. Sartre (1968 p, 27) afirma que: “ […] o Estado
francês entrega a terra árabe aos colonos para criar-lhes um poder de compra
que permite aos industriais metropolitanos vender-lhes seus produtos; os
colonos vendem aos mercados da metrópole os frutos dessa terra roubada”.”
Quantos mwangolés hoje fizeram trabalho
escravo? E nos próximos dias?
Filipa Câmara E Sousa.
“Boa tarde! Alguém sabe de empresas/agências que tratam da vinda de babás
asiáticas para Angola? Obrigada.” In Portugueses em Angola
O problema do
mwangolé é o seguinte: quando é nada, finge grande amizade para atingir os seus
objectivos, muito humilde saca tudo o que puder deles e depois quando alcança
uma boa posição, com três carros, uma bruta moradia, estadias no Dubai, etc, os
amigos? Despreza-os completamente! Esse mwangolé é uma merda e infelizmente é o
que abunda por aí. Estamos mal, muito mal, mas é isso a actual angolanidade.
Creio que o
melhor jogador do mundo é a nossa zungueira, que consegue driblar tudo o que é
farda que a persegue, remata-lhes e marca-lhes espectaculares golos.
14 de Janeiro
Estamos em 2014…
e há ainda quem faça fábrica de funji nos apartamentos dos prédios? E
destruindo se constrói um país?
Os “Portugueses em Angola” e a cura
milagrosa do paludismo? Glam
Deejay. “evitar chinelos e calçoes a noite... pois esses mosquitos so
atacam de noite.... e gostam particularmente de pés... abusar de ar
condicionado nos espaços fechados ... os difusores eletricos para espaços
fechados tb funcionam bem...
Agora, repelentes, ajudam mas ainda nao vi um realmente eficaz...”
Agora, repelentes, ajudam mas ainda nao vi um realmente eficaz...”
O trabalho escravo liberta o mwangolé?
Manos e manas! Esse trabalho escravo –
essa conquista da nossa independência – diminui ou aumenta a fome? Quantos
mwangolés morreram hoje de fome? E devido a isso – a fome – quantos enxames de
crianças aguardam por uma consulta médica para lhes diagnosticarem que o motivo
das doenças é a subalimentação, a fome?
Quantos estrangeiros e angolanos
proprietários ilegítimos das explorações petrolíferas transferiram avultadas
somas de dólares para as suas contas bancárias no estrangeiro? E quantos
angolanos, angolanas e as suas crianças hoje passarão fome sem um mísero
kwanza?
A escravatura em Angola está legalizada
ou não? Se sim, para quando a carta de alforria para os escravos?
15
de Janeiro
Sinto-me como o Robinson Crusoe,
náufrago numa ilha abandonado à espera que um navio chegue e me liberte para a
civilização, porque isto aqui de civilização não tem absolutamente nada! Terei
que me unir à multidão de assaltantes – além da corrupção, a única coisa que
funciona - para sobreviver?
Mas porque será que qualquer merda de
estrangeiro – que nem trabalhar sabe – chega aqui, rápido arranja emprego com
mordomias – esses pretos são macacos, dizem – e um gajo aqui com bwereré de
conhecimentos e experiência não consegue?
E como os portugueses desde Dezembro que
não pagam aos mwangolés, nem sequer têm a hombridade de lhes dizerem quando,
aliás mais mwangolés estão nessa insana escravidão, o jovem mwangolé conseguiu
desencantar algumas moedas para comprar pão. E amanhã? E um mwangolé mais
exaltado – como todos os mwangolés - furioso, que mais se pode desta merda
esperar?: «Porra! Esses gajos, eu vou lá ter com eles com uma pistola e
dou-lhes um tiro na cabeça!»
Jesus Cristo disse: Só a verdade nos
liberta. O mwangolé diz: Só a bebida nos liberta.
Descartes disse: Penso, logo existo! O
mwangolé diz: Bebo, logo existo!
16
de Janeiro
A actividade principal dos portugueses
em Angola consiste em não pagar os salários aos – como eles dizem – macacos
angolanos e outras sevícias para que eles se libertem da escravidão da fome. E
depois os gajos mandam colocar no Jornal de Angola anúncios: ABANDONO DE
TRABALHO, e logo em seguida pelos canais da renovação estalinista como em 1975,
mandam vir a corja estalinista para ocuparem os lugares vagos, dos tais do
abandono de trabalho! E ninguém tem coragem de denunciar mais estes abjectos
crimes praticados pelas forças do mal.
Logo que o Club-k-net noticiou a
demissão da direcção dos SME – Serviços de Migração e Estrangeiros, um
português ousado – honra lhe seja feita – lincou-o no Portugueses em Angola, no
Facebook. Creio que apenas lá esteve dois dias, e ninguém clicou gosto ou
comentou, num universo de 17.000 portugueses, os estalinistas portugueses que
administram esse sítio já o apagaram. A questão é muito simples: que pretendem
esses portugueses em Angola? O regresso ao comunismo ortodoxo? É assim que
começam os regimes totalitários: lentamente, uma pequena corja controla a
informação e depois transformam-na numa feroz ditadura. Mantenham-se atentos!
Comentário de uma mais velha: se nós
fossemos colonizados pelos franceses ou ingleses estaríamos muito evoluídos.
Então, os zairenses (da RDC) não são mais evoluídos que nós?
17
de Janeiro
E o gatuno que roubou a pasta da mais
velha, quase uma semana depois aparece-lhe e começa a falar de assaltos: «Mamã
fui assaltado!» «Eu também, quase há uma semana!» E o gatuno: «Mamã, te
roubaram a pasta que só tinha lá uma bíblia?» «Sim, é isso mesmo!» E o gatuno
foi de saída, e a mais velha fica pensativa e de repente uma faísca sacode-lhe
o cérebro: «Oh! Como é que ele sabe que a minha pasta só tinha uma bíblia? Oh!
Ele é que é o gatuno!»
E fez-se escuridão, desligaram-nos a luz
das 15.00 até às 19.02 horas.
18
de Janeiro
E os brancos na plantação ensinavam aos
escravos como se cortava e depois se preparava a cana do açúcar, mas não lhes
ensinavam como se libertarem.
Os homens brancos inventaram o trabalho
escravo para enriquecerem rapidamente. E alguns angolanos copiam-nos.
19
de Janeiro
Nuno Brito. “Para teres alguma páz
tens de fazer 100kms e ir para cabo ledo. E convém ir em grupo pois assaltos
vão existir enquanto a População passar fome.” In Portugueses em Angola
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