segunda-feira, 8 de setembro de 2014

28Ago-03Set14. República das torturas, das milícias e das demolições






Diário da cidade dos leilões de escravos

28 de Agosto
Maldito seja o homem que escraviza outro homem.
Novos tempos velhas desgraças.
Os pastores das igrejas – são tantos e tantas que não se conseguem contar – andam para aí a espalhar que se preparem que o fim está próximo, a qualquer momento acontecerá, e que ninguém sabe como será. E que nem Jesus sabe, só o pai dele, Deus. Por isso preparem-se que o fim está próximo!
Entretanto a democracia consolida-se. Na Rádio Ecclesia, os taxistas de longo curso queixam-se que a Polícia montou uma operação e exigem-lhes vinte mil kwanzas no Alto-Hama, próximo da província do Huambo. E mais, que no trajecto do Huambo até Luanda são vinte e três controlos da Polícia, e em cada um exigem-lhes dois mil kwanzas. Pessoalmente fico a pensar que afinal ainda estamos em guerra… muita guerra.
“Já agora, Felismino Refustedo, sou Angolano e pretendo fazer pareceria, sociedade ou representação para me dedicar a algum negócio, mas terá de ser um Sócio Português (ou outro) sério e honesto. (Não gostei da sua piada) .Aldrabões há em toda a parte.. Conheço um caso de um Português que tinha um estabelecimento aqui em Angola, que desapareceu, sem pagar a empregados, a fornecedores e impostos ao estado. Sumiu de um dia para o outro premeditadamente e não era por estar falido, já que se gabava de ganhar muito dinheiro nesse restaurante bem localizado.” Rui Gomes da Silva. Portugueses em Angola. Facebook
29 de Agosto
O chinês todos os miseráveis dias faz fogueira na placa da obra para cozinhar qualquer coisa para comer. Além da poluição cancerígena superiormente autorizada, que os retalhos das madeiras em combustão fazem, está a destruir a placa que depois desabará. É na obra do general Ledi, traseiras da Pomobel, Zé Pirão, Luanda. Os bichos tomaram posse de Angola.
Bom-dia, saqueadores de Angola!
Os especuladores imobiliários, a ralé que invadiu Angola com o concurso dos lordes do petróleo, são os promotores dos tumultos e das revoltas, depois lamentam-se, refugiam-se intitulando os mwangolés de selvagens, quando na realidade os selvagens são eles. Não se dão conta do zunm zunm que circula como uma bomba que certamente explodirá.
30 de Agosto
Só se ouve o barulho por todo o lado do martelar, furar e serrar. Significa que esta cidade está muito desenvolvida, amortalhada.
E assim, os partidos políticos são meros animadores de uma festa mórbida.
Não, não é, eles fazem o que querem, mas eles destroem o que querem. Angola é para destruir, sumir.
Exceptuando os militantes do petróleo, a política do emprego em Angola para o mwangolé é: se queres, queres, se não queres podes-te ir embora. Comentário de um mwangolé que mais uma vez foi ludibriado pelo seu patrão angolano e cipaios portugueses. Está com o salário em atraso porque o chefe foi para Portugal e “esqueceu-se” de pagar.
31 de Agosto
metade do mal que é causado neste mundo é devido a pessoas que querem se sentir importantes. Elas não querem fazer mal – mas o mal não interessa a elas, porque elas estão absorvidas na luta eterna para ter uma boa opinião de si mesmas.T.S. Eliot (1843 – 1919)
A Igreja é uma ditadura, e como tal sente-se como peixe na água nos regimes ditatoriais.
Mais um período de sofrimento, apagados, sem luz, das 06.43 às 07.23.
01 de Setembro
O que a oposição deve fazer - e nós - é lutar pelos seus direitos com todos os meios possíveis e imaginários, isso mesmo - imaginários – mas aqui é que reside o busílis da questão - é que os nossos wis não têm imaginação. Mais: imaginação é poder, não sabiam?
Não existe nenhum poder instituído que nos ofereça a liberdade, a nossa vida é a luta constante por ela.
Os que foram formatados nas nossas universidades do petróleo nunca terão imaginação, e por isso mesmo tombarão algures no chão.
02 de Setembro
Quando um português em Portugal pergunta a outro em Angola, como é, proximamente embarcarei para Luanda, como é a vida aí? O português em Angola muito satisfeito informa-o que, podes vir, aqui vive-se bem. É por isso que nós vivemos muito, muito mal.
Na tal empresa, aos portugueses – como sempre – já lhes pagaram e aos mwangolés não. Isto está eivado de racismo. É isto a tal nova vida prometida. Quer dizer que todos os caminhos da nova vida nos conduzem à escravidão.
Corrupção também é uma estirpe do ebola. E os corruptos andam à vontade, disseminam a epidemia em Angola, Portugal, etc., e não ficam de quarentena e nem sequer são desinfestados.
Quem quiser ficar desinformado que sintonize a Rádio Ecclesia, o califado da Igreja de Angola. Pois é! Estações de rádio também já eram. Viva a Coreia do Norte da informação de Angola. O demónio tomou conta da Rádio Ecclesia.
03 de Setembro
Temos que sempre importar porque a isso há que obrigar. Porque com a agricultura ninguém se importa. Pensar dá muito trabalho, estoira as cabeças. “Ai! Não sei o que tenho, a cabeça está-me a doer.” Parece um filme de desenhos animados. Cá em casa costumo comentar porque é que me impingem limão sem sumo e cebola muito velha de Portugal que já não sabe a cebola. Sem agricultura não há país, há a desordem plantada.
A mana Filomena – a miniempresária do minimercado de rua – esteve algumas semanas doente, até agora não se conseguiu apurar qual a doença, ebola não foi certamente, e ela faz-nos imensa falta por causa do kilapi. Claro que perguntamos constantemente, mas o que é que se passa com a Filomena? E alguém se encontrou com ela, e que ela disse que está bem, que está a pagar uma promessa na igreja da maiuia dela, está lá de serviço voluntário.
Formosa Kalandula no Facebook: “Mulher de atitude é aquela se levanta todos dias pra trabalhar e não depende de homem nenhum.”
A Lwena disse-me que um português – dos tais que se apresentam como grandes amigos do povo angolano – levou a sua mwangolé para Portugal. Lá, logo tratou da troca do amor da negra pelo amor de uma branca, que planta e cava batatas para o sustentar e mais à sua mulher branca. Entretanto, também segundo a Lwena, uma jovem mwangolé, quase nos trina anos, abandonou Angola e o bom emprego que tinha – trabalhava num banco – e foi com o seu marido chileno para o Chile, porque não lhe renovaram o contrato de trabalho.
Na tal empresa, faz dois anos que o mwangolé solicita o pagamento dos subsídios de férias, e os tugas gestores respondem que sim, que vão pagar, isto é: o não pagamento destes serviços serve para os tugas transferirem para Portugal as suas mensalidades. Sem dúvida que este Estado só protege malfeitores e incentiva a revolta contra os brancos, como se ouve por aí nas ruas. Os escravos têm o direito soberano de se revoltarem. Quem trabalha e o salário não vê, é escravo. PQP! Mas, há mais e pelos vistos generaliza-se. É que chegou-me ao conhecimento que uma empresa de consultaria tuga também pratica a mesma coisa, não paga! Vai ser um final feliz daqueles. Ai vai, vai!
Que merda é esta? Em quarenta anos de Luanda nunca assisti a uma cena destas. Acabo de saber que um limão NA RUA custa duzentos kwanzas porque não há limão! Com tantos projectos de agricultura… inclino-me que isto só pode acontecer devido aos milhares dos planos do desenvolvimento da nossa agricultura… do petróleo.

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