Porque é que fazer amor em público é
considerado imoral, passível de prisão? Mas os animais fazem-no e achamos muito
natural. Quer dizer que os muros da vergonha do amor ainda não se demoliram.
O estridente (deixou de suavizar-se)
pardal nas nossas góticas janelas
no murchar da morte das obras alquebradas,
condecoradas
que nos sucumbem na poluição desta
convencional civilização
o nosso futuro já foi de betão
agora é de escravidão
E aflitos caminhamos, não!
no amor tropeçamos
Sonho sempre no voo das altas montanhas
a pairar no meu voar
desperto esforçado, aterrorizado
um caçador humano/desumanizado
mira-me, atira-me a matar
Cansamo-nos de procurar nos caminhos
exteriores
porque os nossos interiores
continuam desconhecidos
ainda ninguém lhes cantou um salmo
de suspiros, de amores
Dantes a chama do amor não se apagava
porque o amor a alimentava.
Hoje somos incapazes de garantir o
combustível que mantenha o que resta dessa chama. O amor apaga-se, não se paga.
Houve um tempo em que o amor impunha o
poder, o seu esplendor. Hoje, o amor adulterou-se tanto, que de tão corrompido
que está, falam naturalmente os dois, o corruptor e o corrompido do amor.
Dantes as portas do amor abriam-se
espampanantes, libertavam-se dos gonzos. Agora fecham-se hermeticamente porque
já não existe nada nem ninguém para amar.
Não deixem o amor entregue à sua sorte…
dos safáris.
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