segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O amor está como os safaris para caçar seres humanos, a tal caça grossa





Porque é que fazer amor em público é considerado imoral, passível de prisão? Mas os animais fazem-no e achamos muito natural. Quer dizer que os muros da vergonha do amor ainda não se demoliram.

O estridente (deixou de suavizar-se) pardal nas nossas góticas janelas
no murchar da morte das obras alquebradas, condecoradas
que nos sucumbem na poluição desta convencional civilização
o nosso futuro já foi de betão
agora é de escravidão

E aflitos caminhamos, não!
no amor tropeçamos

Sonho sempre no voo das altas montanhas
a pairar no meu voar
desperto esforçado, aterrorizado
um caçador humano/desumanizado
mira-me, atira-me a matar

Cansamo-nos de procurar nos caminhos exteriores
porque os nossos interiores
continuam desconhecidos
ainda ninguém lhes cantou um salmo
de suspiros, de amores

Dantes a chama do amor não se apagava
porque o amor a alimentava.
Hoje somos incapazes de garantir o combustível que mantenha o que resta dessa chama. O amor apaga-se, não se paga.

Houve um tempo em que o amor impunha o poder, o seu esplendor. Hoje, o amor adulterou-se tanto, que de tão corrompido que está, falam naturalmente os dois, o corruptor e o corrompido do amor.

Dantes as portas do amor abriam-se espampanantes, libertavam-se dos gonzos. Agora fecham-se hermeticamente porque já não existe nada nem ninguém para amar.

Não deixem o amor entregue à sua sorte… dos safáris.

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