E
no petróleo desta devastada cidade
Não
é possível viver com tanta maldade
Quadrilhas
de crianças na mendicidade
Assaltam-nos,
exigem-nos caridade
Mas
este petróleo está com muita vaidade
No
degredo do orçamento da probidade
Onde
já ninguém sabe o que é a verdade
Este
petróleo é a desgraça desta cidade
Não
podemos honrar compromissos
Porque
o petróleo faz disso omissos
E
nós de cabeças baixas, submissos
Como
os blocos de gelo estaladiços
E
pelas manhãs na selva ao despertar
Não
sabemos se conseguimos levantar
E
os exércitos da repressão enfrentar
E
se mais outro dia o luto nos levar
Porque
será que só o petróleo jorra
E
tudo o mais é desgraça que nos torra
E
no naufrágio petrolífero tão abrasador
São
as violentas leis do nosso violador
As
marchas da morte invadem as ruas
As
populações perderam tudo, nuas
Por
aqui não há nada que se aproveite
E
isso constitui o nosso maior deleite
E
deste petróleo nasce a pobreza
Nos
barris dos petrodólares a beleza
A
infelicidade instalou-se é de saudar
Espoliaram-nos
o direito de sonhar
Nesta
terra em ninguém se pode confiar
Os
nossos olhos não se cansam de chorar
Viver
sem solidariedade e educação
É
a vitória da imprensa da intoxicação
Quando
nos bate à porta a falsidade
Vinda
da fortaleza da cumplicidade
Como
a constituição incumprida
Pelos
náufragos do petróleo, pútrida
Perante
a lei somos todos iguais
Mas
no petróleo muito desiguais
Na
pobreza do petróleo mortais
E
na riqueza restam os imortais
E
nesta barcaça do petróleo desolada
Da
massa cinzenta contaminada
Eis
os náufragos da terra calcinada
Da
crónica da miséria anunciada
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