sábado, 28 de maio de 2016

O SUBMARINO ANGOLA (02)



Já está na hora do não acreditar.
“O que a África necessita é de instituições fortes, e não de homens fortes.”
“Houston, temos um problema.”
E o nosso submarino Angola lá vai, cai, desgovernado se esvai, ai, ai!
Este nosso submarino não tem escapatória, nem ninguém que lhe abone uma promissória. Este nosso submarino é a nossa nota vexatória.
O submarino Angola sem rumo vai para onde? Vai mergulhando, se afundando, nos abandonando, de presos políticos se enfardando. 
O submarino Angola foi construído para preservar a paz, a reconciliação nacional, a democracia, o bem-estar das populações, o fim da mortandade das crianças, o fim da miséria e da fome. O submarino Angola é a esperança dos dias melhores que já surgem no horizonte do nosso oásis bíblico. O submarino Angola foi abençoado por Deus, o nosso Deus, nada mais dele tendo a exigir ou reclamar. 
Aqui, algures na Ingombota, há trinta dias que estamos sem interrupções de energia eléctrica. A água não falta, apesar de amarelada, isso deve-se às intensas chuvas, mas isso não significa que seja imprópria para consumo. Que Deus abençoe o ministro da energia e águas, João Baptista Borges.
E nesta república do tudo tão efémero, depois do reforço da cooperação com a China, há seis dias que estamos sem água na zona da Igreja Adventista do Sétimo Dia, na Rua rei Katyavala, em Luanda, e que se estenderá por outras zonas, não existindo informação que o confirme. Não se sabe o que aconteceu, ninguém diz nada, como parece ser a agora reforçada normalização da praxis da instituição da imposição do comunismo chinês. Sim, os chineses estão a orientar os trabalhos da água mas ela desapareceu, que pelos vistos foi desviada para a China. Cada vez pior, sem soluções porque creio que já não temos massa cinzenta, - será que alguma vez a tivemos?, - está muito bolorenta. Do partido no poder é só sofrer e da oposição é o ficar sem solução. Angola acabou. 
Patriotismo é libertar os presos políticos e nos seus lugares colocar os corruptos. Enquanto um corrupto não for preso, os argumentos da governação nada valerão. E as leis da Igreja se incendiarão.
O mais importante é saquear. Vamos saquear Angola.
O que é a África? É um gigantesco campo de refugiados, de esfomeados. A África é o continente onde cada ditador faz a sua chacina.
O grande erro de Samakuva na entrevista à TPA – Televisão do “Partido” de Angola: Depois de vinte anos, Samakuva, como uma aparição do além, invadiu os nossos ecrãs, quase todo o tempo de uma hora de programa a falar de eleições. Acontece que nem um momento se referiu sobre os presos políticos. E isto é grave, muitíssimo grave. Torna-se muito difícil aceitar uma Unita assim, que se esquece dos presos políticos. Creio que apenas quer a todo o custo substituir uma ditadura por outra, não dá. Mas que estranha democracia.
Há uma comissão de reestruturação do banco BPC-Banco de Poupança e Crédito. Isso significa que o BPC faliu. Então a bolha bancária vai rebentar nos outros bancos. É isso que costuma acontecer, não é?!
Tudo o que sou devo-o ao meu pai e à minha mãe, pois foram eles que me geraram.
E as crianças muangolés brincam com os seus carros. E as crianças gritam que os carros dos bandidos são muitos e os da polícia apenas três.
Uma receita terrorista? Um libanês de uma pisaria junto à Igreja Adventista do Sétimo Dia, na rua rei Kayavala, levanta pelo pescoço uma criança muangolé de quatro anos, deixa-a numa cadeira e depois exclama triunfal: “Isto faz com que o menino fique forte.” Os pais juraram que nunca mais ali irão com os seus filhos.
Os efeitos da crise: no minimercado Pomobel na rua Rei Katyavala: a batata rena e a banana vendem-se com baratas. As batatas e as bananas estão inundadas de baratas. Prenúncio do horrível futuro que aí vem. As baratas vencerão.
Entretanto oiço o som triste de um piano. E penso no que aqui faz uma pessoa ficar alegre. Nada, absolutamente nada.
Esta expectativa é como o início de uma batalha, onde se faz por adivinhar a estratégia do adversário.
E o submarino Angola lá vai sem rumo. O seu casco tem inúmeros contactos com as superfícies montanhosas, rombos na superfície económica que de tantos já não dão para reparar. Vai metendo água, tudo se improvisa, se resolve durante alguns dias, meses, mas as soldaduras dos rombos regressam como as obras descartáveis. No submarino Angola repara-se aqui e depois surge outro rombo ali. O submarino Angola é como o asfalto das estradas, hoje está muito operacional, amanhã está na evaporação total.


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