A
fartura ao pé da fome
Raramente
se dá bem
Quase
sempre quem tem, come
À
custa de quem não tem
A
fome, a dor, a tristeza
São
– por nossa infelicidade
O
preço por que a pobreza
Paga
a sua honestidade
Há
tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência
Quem
prende a água que corre
É por si próprio enganado
O ribeirinho não morre
Vai correr por outro lado
Sei que pareço um ladrão
Mas há muitos que eu conheço,
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço
Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles vejam
O que os homens são no fundo
Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia
Uma mosca sem valor
Pousa co'a mesma alegria
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria
Sou um dos membros malditos
Dessa falsa sociedade
Que, baseada nos mitos,
Pode roubar à vontade
É por si próprio enganado
O ribeirinho não morre
Vai correr por outro lado
Sei que pareço um ladrão
Mas há muitos que eu conheço,
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço
Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles vejam
O que os homens são no fundo
Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia
Uma mosca sem valor
Pousa co'a mesma alegria
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria
Sou um dos membros malditos
Dessa falsa sociedade
Que, baseada nos mitos,
Pode roubar à vontade
Nós
não devemos cantar
A um deus cheio de encantos
Que se deixa utilizar
P'ra bem duns e mal de tantos
Veste bem já reparaste
Mas ele próprio ignora
Que por dentro é um contraste
Com o que mostra por fora
A um deus cheio de encantos
Que se deixa utilizar
P'ra bem duns e mal de tantos
Veste bem já reparaste
Mas ele próprio ignora
Que por dentro é um contraste
Com o que mostra por fora
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