República
das torturas, das milícias e das demolições
Diário
da cidade dos leilões de escravos
Ano
1 A.A.A. Ano do Apocalipse dos Angolanos.
Creio
que o alvo principal da lei de imprensa é para silenciar, retirar de cena e
exclusivamente encerrar a Rádio Despertar, Rafael Marques de Morais, William
Tonet, Carlos Rosado de Carvalho, o Club K e mais alguns que procuram
igualá-los. Pretende-se acabar com o jornalismo em Angola, o qual creio que até
agora nunca existiu, voltar ao tempo do uma só voz, em definitivo do tudo se
resolve a tiro. Creio que por trás disto esteja a imposição chinesa do
silenciar as suas actividades para que possa saquear e eliminar o que lhe
apetecer e bem convier. Dá a entender que Angola vai outra vez ficar isolada do
resto do mundo, assim uma espécie de cidade proibida, sempre sob a bênção da
Igreja e das igrejas que para se manterem, facilmente se vendem ao demónio. Entretanto
a miséria e a fome alargam vastos horizontes. A Igreja e as igrejas esclarecem que
isso é a vontade de Deus. E que ninguém pode criticar os governantes que foram
eleitos por Deus. Isto é pecado e Deus dá o merecido castigo. Deus
não tem dó nem piedade dos críticos do regime. Angola está à disposição de Deus
e dos militares. A queda do preço do petróleo é um castigo de Deus porque os
muangolés abandonaram a Igreja e as igrejas, e como agora na miséria e na fome
estão a abarrotar, talvez o Senhor se compadeça e faça subir o preço do
petróleo. Mas para isso acontecer têm que pagar elevadas multas, isto é, os
dízimos, para que os sacerdotes levem vida folgada, faustosa, porque Deus
encoraja, gosta muito dessas coisas.
Considero
impressionante a actividade dos partidos políticos da oposição que esgotam o
tempo a falarem de eleições e de mais uma fraude eleitoral que já está no papo,
o que é correcto como actividades partidárias. Mas, sobre a fome que dizima a
população não se pronunciam, ou muito raramente o fazem. E isto é muito
importante, mais que o acto eleitoral.
No
Hospital Geral de Luanda, uma criança de quatro anos morreu por falta de
assistência médica. A enfermeira de serviço estava a ver um filme no
computador. (In Rádio Despertar.)
Quem
será hoje vítima da pena de morte? Quem será hoje fuzilado? Quantas crianças
serão premiadas com uma bala na cabeça? Este é o único direito que lhes resta.
Vivemos sempre no receio que os nossos filhos sejam abatidos como animais
ferozes. A instabilidade é de tal monta como se vivêssemos dependentes de feras
sanguinárias.
E
a intolerância política não é só do Mpla, porque opinei de modo desfavorável no
Facebook a dois partidos da oposição e fui contemplado com o partido político
da exclusão. Deixaram de aparecer no meu sítio, deixaram de comentar ou gostar.
Claro que proximamente serão retirados da minha lista de amizades. Esta
democracia é uma coroa de espinhos. Está tudo tão incipiente que nada garante
poder olhar em frente. Onde se olha e vive para trás nunca haverá paz. Angola e
a África negra continuam no mar de lama, que no tempo confundem-se com dois
poderes, o poder civil e o poder militar, o que leva a que não se saiba quem
dirige, e daqui surge as ordens superiores. Creio que quem dirige Angola é o
partido dos demolidores. Até comandantes da polícia se envolvem na usurpação de
terrenos. O caos é total e não há salvação para tal. Apenas funciona a pena
capital. A situação não está nada boa, está muito má. Angola já não faz parte
do mundo dos vivos. Angola é mais uma fábrica da fome no continente da fome. E
os fazedores de guerra aguardam ansiosos pelo seu retorno, porque isso faz-lhes
desabar volumosas comissões. E pelos nefastos desenvolvimentos, faz acreditar
que Angola só vive da lei do tiro. A miséria e fome galopam e os assaltantes
vão no seu encalço. E no ministério da fome e da miséria o balanço é sempre
satisfatório, pior dizendo, o saldo é sempre positivo, porque as receitas da
miséria e da fome são astronómicas porque são as mercadorias que mais se
vendem. Um exemplo que deve ser seguido por todos os países. Na economia
moderna chegou-se à conclusão que a chave do desenvolvimento económico e social
é a produção em grande escala da miséria e da fome. E onde a Igreja e as
igrejas (Ii) se intrometem não haverá, não poderá haver eleições livres e
justas, tal intromissão faz lembrar a Idade Média. Onde Ii estão só se vende
corrupção, maldição, destruição e diabolização. Ii são o principal inimigo da
oposição porque o partido de Deus é partido único, logo antidemocrático. A
principal força da fraude eleitoral chama-se Ii. Se a oposição “eliminar” estas
duas forças políticas, a Ii, a oposição vencerá folgadamente as eleições. Não
olvidem o que a Igreja fez no Ruanda!
Mas
também o grande problema é o elevadíssimo índice de analfabetismo, e com isso a
degradação, a não solução do que quer que seja. O analfabetismo não resolve
nada, só complica, corrói como os ratos. E isto convém à Igreja e às igrejas
porque ficam no seu ambiente natura, ideal. Quantas mais igrejas mais miséria.
Há
padres que andam por aí nas ruas a pregar o evangelho com música de fundo tão
ferozmente elevada e aos gritos que mais parece festas de bêbados e de
drogados. Desceram tão baixo que até fazem de Deus outra colossal lixeira,
daquelas que engolem ruas. É só lixo.
O
PARTIDO MARXISTA-LENINISTA DA VANGUARDA DA CLASSE OPERÁRIA E CAMPONESA
Do
modo que o sistema está montado, os partidos políticos da oposição, a
Assembleia Legislativa, a democracia, o OGE, etc., tudo isso é para fingir que
existe democracia parlamentar, mas na realidade não existe, é tudo, incluindo
as instituições, de fingir, fazendo com que os partidos políticos da oposição e
demais órgãos democráticos não existam. Existem apenas no papel para ludibriar
a comunidade nacional e internacional.
Assim,
com ou sem a presença da oposição no parlamento, não faz diferença nenhuma
porque a oposição está lá para enfeitar. Portanto, a oposição faz figura de
urso. Assim, o cenário eleitoral que se avizinha é a esmagadora vitória do
Mpla, com o fortalecimento dos mesmos de sempre. O parlamento voltará, votará
no circo e a pachorrenta oposição continuará como os palhaços de ocasião na
mais estrita mansidão.
Já
não existe credibilidade, há super impopularidade. Vi-me a meditar que o VII
congresso do Mpla tem cerca de três mil pessoas para sustentar, convidados,
etc. Se multiplicarmos os custos de cada pessoa vezes quatro dias, despesas de
deslocações e estadias que envolvem alimentação, etc, pagamento das passagens
aéreas, empresas de prestação de serviços etc., aos altos preços que não param
de subir, da pior maneira que a vida está, isso dá um custo astronómico. E
medito ainda que a miséria e a fome que se atravessam em larga escala, o
desemprego, o sobreviver numa autêntica selva, isto não está nada bom, está
muito péssimo, e é assim em todo o país. Tanta ostentação de luxo e riqueza sob
o olhar silencioso de tanta pobreza. Então… há crise para quem?! Claro, só para
nós para eles não. A TPD, televisão do partido no poder, transmite dia e noite
em directo as imagens do VII congresso. Quando olho para as imagens sinto-me
teleguiado para a Coreia do Norte, porque estranhamente, ou coincidente, em
tudo a ela nos queremos assemelhar. Quer dizer, prossegue a opulência da classe
dirigente e a população retrocede indigente, sempre debaixo da cor vermelha
para nos infundir terror.
Não
parece, mas esta crise é como um incêndio de grandes proporções.
Insisto,
quantas mais igrejas mais miséria.
A
vitória da fome, ou, nunca tão poucos destruíram tanto e tantos.
O
crime da crise é só para nós.
Parafraseando José Afonso (1929-1987). Angola de
miséria plena, a fome é quem mais ordena, nas masmorras das tuas cidades.
E nas ruínas deste castelo, vejo-me forçado por
fantasmas políticos, rodeado. Sem credível oposição os fantasmas vencerão.
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