República das torturas, das milícias e das
demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos
Ano 1 A.A.A. Ano do Apocalipse dos Angolanos.
Angola só tem reservas
líquidas para 205 dias de importação.
“O mundo civilizado tornar-se-á nada mais do que uma pilha
de cadáveres?” Papa Bento XV (1854-1922) referindo-se à Primeira Guerra
Mundial, e que até aos dias de hoje não necessita de comentários.
Eis
como a suprema selvajaria do ser humano atingiu o auge na Primeira Guerra
Mundial, onde era normal usar gás que matava aos milhares. Comandantes
incompetentes tinham por competência enviar os seus exércitos para a morte aos
milhares. Na guerra de trincheiras morria-se aos milhares com a chamada
doutrina da ofensiva, que consistia em ordenar que soldados e oficiais
morressem aos milhares. Foram milhões de mortos. Mas mais tarde veio o supremo
invento de destruição em massa, a arma nuclear que mata milhões de seres
humanos e tudo o mais que os rodeiam, não fica nada vivo.
Quando sinto saudades dos entes queridos que na
sua jornada eterna onde há muitos anos que eles e nós não nos vemos, e que
viajam por aí, nunca se sabe onde estão, excepto na morada do nosso coração.
Pai, mãe, irmãos, filhos, outros familiares e amigos, que quando vivos estavam
presentes na maravilha de ser humano. E depois deixamos de os ver para sempre,
restando o intenso amor da sempre carinhosa recordação da sua presença que nos
consome, faz chorar, ferir de extrema saudade o nosso coração. Nascer, viver,
morrer, como uma passagem de nível de comboios: pare, escute, olhe. Creio que a
vida não tem nenhum sentido.
Um povo quer-se altamente burro para que
seja presa fácil da Igreja, das igrejas e de outras ditaduras.
João
Kalupeteka, candidato à presidência da CASA-CE, disse num debate televisivo na
TV-Zimbo que “eu estou aqui para apoiar o candidato Abel Chivukuvuku.”
Os inquisidores do
comité de especialidade dos jornalistas da TPA, entrevistaram, massacraram Abel
Chivukuvuku, que não esteve bem porque repetiu as mesmas palavras dos discursos
que nos adormecem, a corrupção, a má governação… o verbo encher. Nem uma
palavra sobre os presos políticos. Acho que se distraiu. Creio que se espalhou
quando respondeu à pergunta sobre como acabar com a bandidagem, Abel respondeu
que para acabar com isso tem que se urbanizar e depois acabar com a fome. Acho
que não é bem assim, porque primeiro tem que se acabar com a doença epidémica
que nos governa, depois criar empregos, o resto virá naturalmente. Sem produção
interna e com a corrupção a dirigir, não há salvação.
E contra milhões de famintos ninguém
combate, porque famintos não combatem, isto é, combatem permanentemente contra
a fome, morrem num combate extremamente desigual, morrem de fome.
Custa-me a entender isto: a oposição diz
que o registo eleitoral tem muitas irregularidades. E que a população deve
fazer o registo em massa… quer dizer, massivamente irregular?
E sobretudo não façam publicidade no jornal
Folha 8, Rádio Despertar, façam-nos de proscritos porque eles não são
angolanos, não são patriotas porque estão ao serviço da democracia.
No mercado dos congolenses, em Luanda, 21
de Setembro de 2016 pelas onze horas: o cacimbo continua, não quer sair de
Luanda, quer-se também apegar ao poder. Os fiscais aderem aos corpos das
vendedoras como rémoras, por causa da fome que nos governa, partem-lhes as
bancadas de venda e exigem-lhes dinheiro, saqueiam-lhes as coisas mais
contribuindo para que a fome eternamente se mantenha como o poder. O que parece
ser uma representação dos antigos combatentes que combateram para edificar não
a independência, mas a dependência da miséria, lamentam que, “o banco BCI não
tem dinheiro para pagar aos antigos combatentes.” Algumas vendedoras gritam
exasperadas que, “não vamos votar no MPLA, vamos votar na UNITA!” Mas tudo
indica que o voto será em vão porque os consagrados no poder numa santa união
com a Igreja e as igrejas, já têm garantida a votação do eleitorado por maioria
absoluta, e daí os desmandos deflagrados sobre a martirizada população.
Um cidadão, alguém sabe o que é isso?!,
entrevistado pela Rádio Despertar, disse que no Cacuaco, arredores de Luanda, o
administrador ordenou a demolição de trezentas casas devido a que antes disso acontecer,
uma delegação da Unita esteve lá em contacto com o seu eleitorado, e que as
casas foram demolidas por vingança.
Algures numa paragem de táxis, uma mais
velha prepara-se para apanhar um, mas um cidadão benevolente, só pode ser
desses das igrejas que ainda pregam o amor ao próximo, diz-lhe para não apanhar
esse táxi porque ele é dos bandidos. Isto é, táxi dos bandidos é aquele que o
motorista e pelo menos dois bandidos se fingem de passageiros e quando ele está
bem lotado os bandidos então ordenam-lhes: “passem para cá os vossos telemóveis
e o dinheiro!”
E como manda a lei da escravidão, há por
aí empresas que despedem trabalhadores sem indemnização, e outras que não pagam
o subsídio de Natal e o subsídio de férias. É o que se chama a “emepelização” de
Angola.
A saída para a crise de Angola é esquecer
o petróleo, inclusive dele se abster, o melhor mesmo é não contar com ele, como
se não existisse. O melhor mesmo é trabalhar no duro como os alemães fizeram
depois da Segunda Guerra Mundial. Mas para quê pensar em quimeras.
A Igreja de Angola vive na intensa luz da
corrupção, e o papado nada faz para que ela se demita, para a condenar. Isso
sugere que a Igreja de Angola, e por extensão a Igreja de África não existem,
apenas estão aqui e na África para saquear em nome de Deus.
Para o ser humano ludibriar, dinheiro do próximo
sacar, inventou uma coisa a que deu o nome de Deus. E à conta disso essas
tempestades enchem-se do dinheiro alheio. E quando se aliam a governos
corruptos numa parceria estratégica político-religiosa, ah, então é o fim da
humanidade. Onde a igreja e as igrejas estão, surge o mar da desolação. A
Igreja e as igrejas são o demónio que usurpa a terra, que aniquila as nossas
vidas. Esta é a república das demolições onde tudo é demolido, mas onde se
conserva e defende tudo o que é corrupto. Até hoje nenhum corrupto foi
demolido. É assim que a Igreja e as igrejas têm permissão para dizimarem povos.
Na verdade vos digo meus irmãos que essas actividades religiosas têm um
comportamento de polícia secreta, assim tipo uma Gestapo oficiosa. Evangelizar
é pois semear para os frutos do inferno apanhar.
Esta Angola mais parece uma ilha cercada de
campos de concentração religiosos por todos os lados.
Em tudo o que fizeres, ou aguardares por
decisões, conta sempre com a maldade humana, aqui então é o fim, e não terás,
não serás surpreendido por desgostos.
Jornal de Angola e TPA, os símbolos da liberdade
de imprensa.
Os governos ditatoriais são como os padres que
dizem que na Igreja não há, nunca houve pedófilos. Como os alcoólicos que dizem
que não bebem. Como os que fumam que vão já deixar de fumar. Como os gatunos
que dizem que não roubam. Como os corruptos que dizem que o não são. Os
governos do autoritarismo dizem constantemente que são democráticos.
Um mais velho já quase nos sessenta anos está
com problemas de saúde porque faz alguns anos que partiu um braço que foi mal
curado e necessita de uma intervenção cirúrgica, mas o médico não o quer operar
porque o sangue está cheio de álcool.
De um amigo português recém-chegado de férias em
Portugal: “os cigarros SL estão a ser carregados de Angola e vendidos em
Portugal.”
Poema de um poeta muangolé para a sua amada: “És
a única flor no árido deserto de Angola.”
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