República das torturas, das milícias e das
demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos
Ano 1 A.A.A. Ano do Apocalipse dos Angolanos.
E que, parece que não, mas há o risco, se é que
ele já não está omnipresente, de toda a classe política cair no ridículo.
Dos noticiários: O banco Sol informa que
vai conceder créditos aos professores para compra de carros, casas e bens de
consumo. E que não é necessário avalista. Mais de metade dos africanos não
acreditam nas eleições. A direcção de vendas da Unitel informa que não estão a
importar telemóveis por falta de divisas. Angola tem reservas internacionais
líquidas para oito meses de importação.
Seis horas de pânico e tortura no "Zango
das Demolições". O Zango é uma zona em guerra. Militares armados atacam
residências, roubam bens, espancam homens e mulheres e destroem residências em
nome da "Pátria" que dizem defender. A ordem de demolições é da ZEE,
(zona económica especial) mas os militares acrescentam à missão um rol de barbaridades.
Uma equipa do NJ caiu numa "emboscada" e foi detida durante seis
horas. In Novo Jornal
Na Rádio Despertar: militares do PCU (posto de
comando unificado) no zango de Viana, além de arrasarem casas, roubam dinheiro
e obrigam as mulheres a despirem-se para as violentar.
“José Eduardo Agualusa receia prejuízos para a
comunidade portuguesa em Angola com a presença de partidos portugueses no
congresso do MPLA. Com a África do Sul no tempo do “apartheid”, quando se
apoiou o “apartheid” até ao fim. Isso não beneficiou nada a comunidade
portuguesa, pelo contrário, prejudicou imenso a comunidade portuguesa, que
ainda hoje é vista como uma comunidade que apoiou o “apartheid”. A longo prazo,
esta atitude não beneficiaria em nada a comunidade portuguesa, que hoje já não
é vista com bons olhos em Angola. É vista como uma comunidade que sustenta o
regime. Há muita gente em Angola que vê os portugueses como oportunistas,
pessoas que vão apenas em busca de negócios, tentando fazer dinheiro rápido e
esse tipo de apoio ao partido no poder. o que acontece é um agravamento diário
da situação social. Os dias actuais são muito perigosos, o que pode acontecer a
seguir é muito perigoso. Até há pouco tempo era muito difícil escutar vozes
dentro do próprio partido a contestar José Eduardo dos Santos. Tudo isso são
sinais de grande descontentamento. Eu não tenho dúvida nenhuma que José Eduardo
dos Santos vai cair, a dúvida é como vai cair.” (In José Eduardo Agualusa, em
entrevista à Rádio Renascença.)
Quando um cão ladra os outros também ladram.
Sempre apresentando as mesmas políticas no mesmo
engenho, isso revela falta de imaginação da oposição. Angola vai terminar,
ficar no caos à africana.
Entretanto vivemos a paz dos ratos de esgoto.
A macacada a dirigir e os carneiros a aplaudir.
Nos currais os porcinos, nos galinheiros os galináceos, e nos imensos
chiqueiros a chiqueirar, embrenham-se na propaganda pseudo-intelectuais que
desaguam nas lixeiras do infortúnio das coisas banais.
Uma vizinha para a outra, “hum, hum, se
estivermos doentes e formos parar a um hospital e não tivermos dinheiro,
deixam-nos morrer.”
Angola é como um imenso jardim infestado de
plantas daninhas, para o qual urge contratar um excelso jardineiro que se
encarregue de as limpar. Há muito trabalho e quando no jardim as plantas
daninhas desaparecerem, então as flores libertas desabrocharão e a beleza do
hino democrático cantarão.
Para alguns há sempre dinheiro, para milhões há
sempre um pardieiro.
Oposição que dorme o Mpla leva.
Uma vizinha disse que esteve quase toda a manhã
a espairecer na porta do prédio e não viu ninguém entrar no banco
Millennium-Atlântico na Rua Rei Katyavala em Luanda.
Uma reportagem do Novo Jornal sugere que a moeda
nacional, o kwanza, está como o dólar, sumiu. O que também sugere que a banca
está no lugar que lhe compete, na bancarrota. Mais reportou o Novo Jornal que
as empresas estão em maus lençóis porque não conseguem levantar dinheiro dos
bancos, e os trabalhadores só com sorte conseguem levantar os seus salários. E
que há comerciantes que amontoam kwanzas. O que significa que ninguém deposita
dinheiro nos bancos porque eles não são de confiança, são bancos da maiuia, do
desgoverno.
Angola atingiu finalmente a grande derrocada.
Angola é por excelência o país do saque dos eleitos por Deus e dos
estrangeiros. Angola ainda é o paraíso do nadar no enriquecimento fácil. Angola
está abandonada no centro do furacão. O rebanho de Angola – a sua população –
está também em poder dos vampiros da Igreja e das igrejas que não se cansam do
banquete da corrupção. Entretanto, o português Paulo Portas veio a Angola para
fazer negociata com a sua empresa de construção civil. E os comunistas
comodistas/comunistas do PCP-partido comunista português, apostam outra vez na
incitação à violência, pois o PCP é a aposta segura da política da terra
queimada. São como um supermercado que só vende incêndios. O PCP é por
excelência o partido dos mercenários portugueses, hábeis construtores da
destruição. O PCP está sempre solidário com a miséria e a fome dos povos. Entre
ele, a Igreja e as igrejas não existe diferença nenhuma, pois o que lhes
interessa é chupar o sangue fresco da morte. São a Bíblia do sangue e da
pólvora. Os patronos dos cemitérios.
E que destino esperará quem insiste na aposta de
partir casas, atirar para a rua sem eira nem beira, pessoas a dormirem ao frio
e na muita humidade e atirar para a morte crianças indefesas perante o silêncio
dos direitos humanos da comunidade internacional. Que além de lhes saquearem os
bens, dispararam na cabeça de uma criança de catorze anos matando-a atrozmente,
mostrando que a vida em Angola não tem valor. Porque isto faz lembrar a notícia
publicada no Brasil de que num acidente de viação morreram quatro pessoas… e um
negro. Militares envolvidos em operações especiais de partir casas a esmo,
pilharem os bens, roubarem o dinheiro, violentarem mulheres conforme
denunciaram na Rádio Despertar, o que sugere que Angola foi vítima de um golpe
de estado militar silencioso.
Enquanto no VII congresso do Mpla eternamente no
poder se publicita que a sua principal preocupação ao longo de quarenta anos
foi e é o bem-estar da população, a hipocrisia e a corrupção governam, fazem
como que Angola desaparecesse do mapa.
Não há dinheiro, é necessária austeridade,
controlo dos gastos, dizem repetidamente os que naufragaram a nação. Mas há
muito dinheiro para lançar fogos-de-artifício na cidadela desportiva em
homenagem a mais um aniversário do PR José Eduardo dos Santos. É de acrescentar
que só em comemorações por toda a Angola para este festejo, gastam-se mares de
dinheiro que multiplicados por dezenas de anos dão um astronómico saldo de
dinheiro que daria para tirar Angola da fome em que se encontra. Então, há ou
não dinheiro? Com o marasmo da oposição tudo indica que corruptos unidos jamais
serão vencidos. Quer dizer que a estratégia para a saída da crise resolve-se
com fogos-de-artifício e muitas laudas festas. Quem não sabe fazer mais nada
além disto, é o jamais visto, inacreditável. Mas, quando é que Angola sai da
Idade Média? Quando? Jamais? Aqui governar é de dinheiro se inchar.
Os mesmos que nos naufragaram, para o abismo nos
atiraram, são os mesmos que nos vão levar para a superfície nos salvar? Não!
Vão ainda mais nos esfomear, até os ossos nos vão tirar.
A fome é quem mais ordena.
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