sexta-feira, 6 de outubro de 2017

ILUSÕES




Para a Lúcia
Com muito amor

É quase meia-noite
O vento sopra com força
As folhas secas das árvores voam
Da chuva miudinha
O vento continua a soprar as folhas
Que perdidas se espalham
Nas crateras das ruas
É a crise que faz isso
Não ter valores não é da crise
É a mediocridade que o determina
Só os desfiles de armas têm valor
Os da paz não
A ética e a moral baixam-se
A perversidade eleva-se
Com valores tão baixos
A baixeza ergue-se
Perturba-se o silêncio da noite
É uma voz alcoólica
Que jura não beber mais
E também se ouve forte tossir
De alguém que jura não fumar mais
Mas tudo cai no vazio
Porque nos dias que correm
Ninguém respeita a honra
Parece que ninguém se lembra
De que lugar de palhaço é no circo
O som de um tiro
Fere o silêncio da noite
Tudo tão habitual, tão anormal

A mediocridade vê-se avançar
Sem que ninguém a ouse enfrentar
Parar
Os decretos-lei são para queimar
Ainda se ditam ordens
Mais desordens
Desde que dê para saquear algum dinheiro
É sempre porreiro
Serve bem ao aventureiro, justiceiro
Viver é enfrentar as injustiças
Dos abundantes esgotos
Onde nascem democratas putrefactos
Tantos revolucionários que vi
E nada senti
Deles fugi
Me afligi
São perigosos
Os presunçosos










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