As
almas caridosas lá vão
De
tanto sofrimento em vão
Ficam
os pérfidos de coração
À
espera da exoneração
Para
me libertar
Tenho
que acordar
Não
me deixam despertar
Os
sonhos realizar
Meio
século resistiu
O
trono dos intocáveis ruiu
O
vigilante da história decidiu
O
palácio dos dólares extinguiu
O
amor está na miséria
Já
não é coisa séria
Antes
era abundante
Agora
vende-se num instante
O
dia e a sua aurora
Estão
lá fora
Já
vão embora
Não
perdem pela demora
O
sol está a levantar
Crianças
famintas a acordar
Não
têm onde encontrar
A
fome tem que enfrentar
Muitas
dívidas a nos assombrar
Amarram
a nossa mente
Sem
forças para lutar
Dizem
que não somos gente
Que
ainda é propriedade pessoal
Um
grande vasto quintal
Que
de tão desigual
Ergue-se
vasto curral
O
tempo vai passando
Nós
de plantão esperando
A
crise económica agravando
O
dia de amanhã adiando
Tempos
novos a anunciar
Que
tudo vai mudar
Ordenam-nos
para confiar
Que
a miséria vai acabar
Antes
que enlouqueça
O
ministro aperta a cabeça
Antes
que tudo escureça
E
ninguém lhe obedeça
Imagem:
Sérgio Piçarra, Novo Jornal
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