domingo, 27 de maio de 2012

A REPÚBLICA DAS MAIS-VALIAS



Angola é só para os estrangeiros, nós já não temos direito a nada.
No Inverno ganhei ódio/ E juro que o não queria/ Qualquer dia/ Qualquer dia. (José Afonso 1929-1987)
Com as carnificinas já institucionalizadas, a carnificina da energia eléctrica, da água, do desemprego, da corrupção, etc., etc., agora temos a última decretada carnificina que consiste em grupos de milícias devidamente institucionalizadas, que se atiram sobre grupos de cidadãos indefesos e os agridem até os deixarem em poças de sangue. Pretende-se para Angola uma solução Síria com o apoio da China, Rússia, Brasil e Portugal, mas isso aqui não seguirá avante. Significa que Angola agora é um Estado-Carnificina e um Estado-Louco? Uma mais-valia.
Luanda dos apagões, uma mais-valia.
Um Estado leninista caracteriza-se pela não satisfação dos anseios das massas populares, daí a sua morte lente, inexorável. As forças leninistas de ocupação insistem na sabotagem da energia eléctrica.
Ai do Estado que abandonar até à cegueira os seus cidadãos, porque nas chamas do vulcão será imolado. Esta ditadura já tropeçou nas areias-movediças, e nelas se afogará. O petróleo deste túmulo é leninista. A extrema miséria do leninismo é a nossa felicidade. E em Angola se edificará uma pátria de geradores. Desaparecer com a energia eléctrica não é ser inimigo da paz? Os amigos do petróleo são nossos inimigos. E Luanda assim tão contaminada de geradores, mais parece o maior acampamento de campanha do mundo. Uma mais-valia.
Nunca tantos incompetentes geraram tanta energia da desgraça. Quando o Governo é corrupto e gangster, nunca teremos água nem energia eléctrica. Se o Governo é só para o petróleo, muita miséria e morte nos esperam. Se o Governo está no desespero, a metralha voará sobre nós. Quando o Governo impõe a corrupção na medicina, ai das nossas vidas. Quando o Governo nos inunda de chineses e se vende a estrangeiros, só nos resta uma saída, o desemprego, e daí o roubo para sobrevivermos. Quando o Governo é irresponsável, que dizer dos cidadãos. Quando a classe religiosa dirigente se faz ao petróleo, os crentes oram pelo rápido regresso de Jesus Cristo à Terra, porque o fim de Angola está mais que próximo. Uma mais-valia.
Só nos faltava mais esta: é frequente, paranormal, nos jovens, eles e elas, quando de um ou mais compromissos, falham-nos e invariavelmente desculpam-se: «Esqueci-me.» Tá-se mal, tá-se, tá-se. Até que já mudei o nome de uma amiga minha para: Esqueci-me. Não será também por isto que o processo eleitoral se inviabilizará? Uma mais-valia.
Claro que não é a oposição que inviabiliza o processo eleitoral. Todos sabemos que a corrupção radical tem imensos interesses nisso. Onde já se viu um país como Angola, pai e mãe da epidemia da corrupção mundial organizarem eleições? Então a corrupção generalizada não é o acto mais que provado da inviabilização de qualquer processo eleitoral? É evidente que quem fica a ganhar mais 32 biliões de dólares, são os mesmos corruptos de sempre. E por favor não nos façam de parvos. A corrupção e os corruptos são uma doença de fácil transmissão, de viciação na contagem dos votos. E com o apoio chinês, brasileiro e português, a corrupção do voto… é certo. O que se pretende é a imposição de uma férrea ditadura para açambarcarem Angola só para eles, espoliarem. Também uma mais-valia.
E os constantes, alarmantes cortes, apagões no fornecimento da água e da energia eléctrica, também fazem parte do pacote da estratégia da desestabilização da oposição para a inviabilização das eleições?
Mais um a Sul, num prédio, corte furioso de ferros sempre com rebarbadora. Mais um mwangolé exercita-se na nobre arte do corte. E a Norte, o chinês desperta para o corte. Luanda é uma oficina muito barulhenta, ferrugenta. Isto é uma república dos cortes, cortam-nos tudo. Mas, o mano Bento Bento não acaba com isto, porquê? Então, não temos dias consagrados ao descanso? Governar é isto? Nos infernizar? Onde estão os tais fiscais da poluição sonora? E o chinês corta, serra, retalha Luanda. Recordo-me aqui há uns poucos anos, quando os nossos corruptos juraram que os chineses ao escavarem as ruas para nelas colocarem novas condutas de água, que não mais ela nos faltaria. Pois, é precisamente o contrário. Corrupto é mesmo assim. Afinal as condutas são para uso exclusivo dos seus prédios e torres que nos sugam a energia eléctrica e a água.
E amanhã reinicia-se mais um dia da nossa existência anormal, da anormalidade de outra semana, e nas próximas, permitiremos que assim seja?
Quem não denuncia a corrupção, é o quê? É corrupto. Um corrupto pode afirmar que todos os bens que adquiriu, e não são poucos, são o esforço do seu trabalho honesto? E por isso mesmo, os corruptos esforçam-se como ratos na proibição de manifestações, e a elas reagindo de modo desumano. Enquanto existir corrupção, é válida, bem-vinda a manifestação.
Na verdade vos digo meus irmãos e irmãs, que andam para aí algumas figuras públicas, dessas quase ultra defensoras da democracia, mas que na verdade não o são, andam disfarçadas de democratas. Exteriormente vestem-se como democratas, mas interiormente não passam de vulgares ditadores.
Não é por acaso que nos consideram o mais hilariante símbolo da idiotice humana, e porquê? Como é possível um Regime, campeão mundial da corrupção, os seus tribunais julgarem e condenarem alguém? Não é possível, é?! Sem justiça recorremos a quem? A toda a condenação ilegal, e no entanto aceitamos viver assim, reclamamos, reclamamos, e disso não passamos.
Com o incumprimento, a violação, o desrespeito integral da CRA, desprezo na sua totalidade, as leis não funcionam, atropelam-se como acabamos de assistir a todo o momento, claro, Constituição com corruptos nunca funciona, significa que Angola não tem, ou é como não existisse Constituição? A Lwena, acaba de mo demonstrar: «Angola é só para os estrangeiros, nós já não temos direito a nada.»
Uma coisa me intriga: porque é que os outros partidos políticos da oposição não manifestaram o interesse na organização de uma manifestação contra a tentativa de fuzilamento com barras de ferro desferidas contra Francisco Lopes do BD – Bloco Democrático, Ongs, sociedade civil, etc. Parece que não, mas a mais horrível das hipocrisias, é a hipocrisia da pornografia democrática.
Cristão é a pessoa ou crente que sente-se à vontade para praticar pecados, na certeza que Deus lhos perdoará?
O prédio ao lado já foi, está sem luz, o cabo eléctrico já deu o que tinha a dar. Daqui a mais algum tempo seremos nós. E assim se vão largos anos de uma vida quase inútil? Com tantos planos e projectos irrealizáveis por causa das faltas constantes de energia eléctrica. Assim não dá, a corrupção destrói as nossas vidas e logo, os nossos futuros, e mais grave, o futuro dos nossos filhos. Consentimos na educação de crianças que depois serão também corruptas.
E depois da Idade da Pedra, surgiu a Idade do Ferro, depois a Idade do Bronze, e finalmente o culminar da civilização humana: a idade das Barras de Ferro.
Em Angola existem alguns poetas, escritores e intelectuais, muito poucos. Os outros são os resíduos e refugos da produção petrolífera.
E no lugar da estrela, da roda dentada e da catana, da bandeira de Angola, não será preferível retirar estes símbolos e no seu lugar colocar barras de ferro?
Alguns fazem aproveitamento político da situação, outros fazem aproveitamento dos lucros petrolíferos exclusivamente depositados nas suas contas bancárias dos seus bancos.
Vale mais um poeta e um escritor honestos, do que uma multidão de poetas e escritores corrompidos pelos 32 biliões de dólares, que eles não sabem poetar nem narrar. O petróleo é a sua fonte de inspiração. Poetas, escritores e intelectuais que cantam os feitos do sangue das barras de ferro. Este petróleo está muito ensanguentado, quem o limpará, purificará?
«Angola é dos poucos países que conheço, onde até os intelectuais festejam a violência e a repressão havendo mesmo alguns que nunca tiveram problemas em "sujar as mãos com a massa”. Depois arranjam as justificações do costume e na maior das calmas vão para casa acabar de escrever mais uns poemas de amor... » In Reginaldo Silva. Uma mais-valia.








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