quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Cavaleiro do Reino Petrolífero (24). vinha lançar em Jingola, o primeiro país do mundo, Ups alimentados a baterias



A vizinha de cima mandou uma criança pedir um fósforo para acender o fogão.
Tudo isto faz lembrar as aves de rapina que surgiram.
O vizinho das traseiras do prédio tem uma vivenda com cerca de vinte casais de pombos. Costumam circular à volta dos prédios, numa formação que lembra uma esquadrilha de pequenos aviões bombardeiros. Vi duas aves de rapina, que tentaram capturar um deles. Então os pombos diminuíram os seus passeios. No prédio da rua principal de doze andares, numa das varandas, alguns pombos costumavam lá poisar. Agora juntou-se mais uma… são três aves de rapina que os perseguem. Ficam no terraço bem escondidas, à espera.
Há pouco ouvi os sons que elas fazem quando caçam. Muito rápido, fui observá-las. Os pombos fugiram aterrorizados. Agora estão no pombal cheios de medo. Evitam sair. As aves de rapina esperam pacientemente um descuido. É para isso que funcionam. São como tubarões com asas que esperam a comida. Mas acho que qualquer coisa não funciona bem. Acabo de contar seis aves de rapina na varanda das traseiras. É a primeira vez que vejo isto. Voam baixo, sem medo, parecendo que me vão atacar. Será um desastre ecológico que aconteceu nas redondezas de Jingola? Não me surpreende, pois estão a destruir a vegetação para construírem tudo de errado que lhes vem à cabeça (?).
Notei que as rapinadoras descobriram uma alternativa. Antes do findar do dia voam das cavernas do prédio algumas centenas de morcegos. Observei que nos terraços dos outros prédios as aves de rapina poisam à espera do banquete… dos morcegos. Costumo amiúde observar o ataque que elas fazem para sobreviverem. Quando caçam uma vítima, voam para o terraço e preparam a mesa. Os talheres são as garras e o seu bico. É bom recordar que viver é apenas uma questão de saciar a fome.
Desejamos que a ONU aprove como lei: que todos os habitantes da Terra têm direito a três refeições por dia. Que não seja necessário o trabalho escravo para comer. Afinal a Terra é de todos. Quem inventou isso da fome foi quem roubou o que nos pertence. Todos temos direito a uma porção da Terra. Basta dividi-la pelos seus habitantes e dar a cada um a parte que lhe roubaram.
A Filda-Feira Internacional Jingola, organizada pela Expo/ Jingola em nada contribui para a economia reinante. Como disse o jornalista Américo Gonçalves, trata-se de uma actividade que serve para encher os bolsos de alguns tubarões. A preocupação deles é importarem, servirem de intermediários e receberem as comissões. Não desenvolvem a economia nacional. Devem ser demitidos e entregar tudo a quem de facto se interesse pelo bem-estar das populações.
Cerca das vinte e duas horas, o jovem desgraçado prepara-se para dormir no camião estacionado. Conseguiu arranjar uma camisa para cobrir o tronco nu, porque as noites esfriam. Cobre-se com um recém-chegado papelão grande e bem conservado proveniente de um qualquer electrodoméstico. Prepara a sua cama. Os gestos demoram-se. A meio do camião há uma corrente que segura os taipais. Pretende passar-lhe por cima mas tropeça e ouve-se o estrondo da cabeça que bate desamparada no tejadilho. Levanta-se a cambalear. Acho que deve ter bebido uma dose de gasolina. Poisa um pé num pneu e desce. Dois seguranças dum banco sem sistema cercam-no desconfiados. Ele pega numa pedra e atira-a contra uma porta metálica próxima. Ouve-se um estrondo. Um dos seguranças dá-lhe uma bastonada. A gemer sobe para o camião. Lentamente enfia o corpo na caixa de papelão. A parte que sobra do corpo tapa-a com outro papelão. Bons sonhos e boa-noite, jovem desgraçado da globalização petrolífera.
Em Londres os corpos das pessoas estão tão mutilados que se torna difícil saber de quem se trata. Lembro-me do maremoto. Pobres vitimas inocentes. Por vezes não consigo discernir quem são os verdadeiros terroristas. São os que nos governam ou a Al-Qaeda? Confesso que já não sei. Como será o dia de amanhã? Também não sei.
O Partido Socialista Jingola está em congresso. Vão gastar 50.000 a 100.000 dólares. O que me surpreende é que não sabem quanto vão gastar. Bom começo de propaganda política.
Filda Expo/Jingola dá emprego temporário a 2.000 jovens. Esta notícia merece supressão. Se estes acontecimentos fomentassem o emprego seria óptimo. Mas não. Em nada contribuem para a economia Jingola.
E este português que acaba de ser notícia…
Dizia ele muito convicto que vinha lançar em Jingola, o primeiro país do mundo, Ups alimentados a baterias que dariam para 24 horas sem energia da rede. Prometia que suportariam tal tempo dependendo das coisas que estivessem ligadas. Quanto menos coisas melhor. O Ups aguentaria mais tempo. Pela conversa entendi que não ligar nada seria o melhor. Mas quando as baterias estivessem descarregadas, ligava-se o gerador para as recarregar, esclarecia ele. Para que serve isto então, se não podemos prescindir do gerador?! O português não sabe, ou finge não saber, que os seus Ups já há muito se vendem em Jingola. Este português ainda não conseguiu sair do século dezanove.
Em Jingola tudo é comerciante, os estrangeiros abastecem regularmente o mercado. Portugueses vendem tintas, chouriço Sicasal, Incarpo e similares que reforçam a neocolonização. Em confraria governamental instalam-se e vendem o que já aqui se consome há muito tempo. A concorrência é sempre desleal, em Jingola nada é leal, tudo é ilegal. Apoiam-se nos amigos da corrupção que nos governam. Mais estrangeiros, comerciantes gatos-pingados vendedores de quinquilharias. Um deles alugou estabelecimento para vender sapatos que serve de disfarce para lavagem de dinheiro.
Na construção civil o português põe cimento, areia e água na betoneira. Também varre o chão. Puxa o balde de argamassa no guincho eléctrico. Veio de Portugal para fazer este trabalho com saudades colonialistas. Com tantos desempregados que aqui podem facilmente fazer este trabalho. E chamam-se… mão-de-obra especializada.
Os portugueses relançam a antiga moda no mercado de trabalho. Pedem-nos para trabalharmos e em paga sai um almoço. Nada mais. Que gatunice e aventureirismo impiedosos. No tempo colonial não era assim tão fácil roubarem. Agora sem controlo é espoliar à vontade.
Regra geral todos os estrangeiros chegam impiedosos e partem quando já têm o suficiente. Não dá para confiar, a África Negra é muito ingrata.
Os espoliadores nacionais e internacionais não se dão conta que produzem mão-de-obra que alimentam a Al-Qaeda e as outras redes de terroristas mundiais. E como tudo continua na mesma, a Europa e os EUA acabarão por sucumbirem (?).
Devido às frequentes, normais falhas de energia eléctrica, os incêndios da luz de vela são frequentes. Os bombeiros reportaram quatro incêndios em três residências particulares e um num contentor, tendo como origem chama de velas.
Na zona da rua do 1º Congresso da capital Jingola existe uma igreja de Indianos. Das 18 às 22 horas os moradores ficam, pode-se dizer, sem acesso às suas residências. Todo o espaço é ocupado pelos seus carros. Quando interrogados respondem:
- Esperar que indiano estar a rezar.
- Vamos queixar-nos à polícia.
- Poder ir, nós pagar bem à polícia!
Ontem houve ensaio de tumultos. Hoje ou amanhã espera-se uma grande contenda.
E tudo se mantém na mesma. Pessoalmente temo que o Politburo anti-republicano prepare um novo conflito para justificar a permanência eterna no poder. Não acredito que eles abandonem tudo o que têm. É tudo deles. A manutenção do terror político a manter-se conduzirá Jingola ao caos. Se não fosse assim não seria África. Nos próximos tempos tudo é possível acontecer. Não duvidamos do que o Politburo pretende. Adoram espoliações, tiroteios e campos da morte. Prevê-se que este ano seja muito quente, acalorado. O vírus do Politburo é muito mais mortífero que o Marburg.
O Politburo sobe no poder há quase cinquenta anos e a água e a luz descem. Foi este um dos prémios que ganhámos da independência. Pensámos e arriscámos as nossas vidas à espera que o colonialismo e a escravidão acabassem. Piorámos muito. A miséria e a falsa democracia estão conforme a Carta da ONU. A democracia hodierna resplandece como no tempo dos romanos contra as hordas bárbaras. Espelha-se no terrorismo internacional.
O filho conseguiu algum dinheiro. Pagámos a conta da luz. Agora é esperar pelo próximo mês. Temo que se um de nós adoecer, não sei como vamos fazer. Não temos dinheiro para medicamentos. Qual é o novo-rico que nos apoiará? Nenhum! Pelo contrário, desejam que todos desapareçamos.
As meninas, do que resta do apartamento de cima conseguiram uma electro-bomba para puxarem a água do rés-do-chão. Ligámos uma mangueira lá para cima e enchemos os nossos recipientes. 
O Cliente não atende o telefone de ninguém, excepto as suas amantes. Falei com o seu empregado e disse-lhe que vou escrever uma carta ao Marquês dos Cofres Gerais a denunciar as fugas ao fisco que os neocolonialistas internos e externos praticam.
A agitação grevista nos petróleos tende para uma situação gravíssima. Pelas exposições dos ouvintes na Rádio Oráculo dos republicanos, alguns com conhecimento de causa, o que se passa é como na propaganda comunista que antes era muito badalada. «Abaixo a exploração do homem pelo homem» … pura demagogia. Os trabalhadores Jingola são tratados como escravos. Não lhes aumentam os vencimentos. Recebem ameaças. Isto é uma grande baralhada pois que o Politburo afirmou que os salários para estrangeiros e nacionais tinham que ser iguais.
«Tudo o que fazem é secreto». Nada mudou desde a independência (?).
Voltando ao secretismo: A deputada do PLD, Partido Liberal Democrata, Marta Cristina, informou-nos exactamente sobre o secretismo. Os números apresentados pelo governo Jingola não são discriminados nas Cortes Gerais. Apenas falam dos totais, nada mais.
Voltando atrás no tempo, repenso no nome adequado da libertação para a nova opressão: PMLP, Partido Marxista-leninista Petrolífero.

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