A vizinha de cima mandou uma criança
pedir um fósforo para acender
o fogão.
Tudo isto faz lembrar as aves de rapina que
surgiram.
O vizinho das traseiras do prédio
tem uma vivenda com
cerca de vinte casais
de pombos. Costumam circular
à volta dos prédios,
numa formação que
lembra uma esquadrilha de pequenos aviões
bombardeiros. Vi duas aves de rapina,
que tentaram capturar
um deles. Então os pombos diminuíram os seus passeios.
No prédio da rua
principal de doze andares, numa das varandas, alguns pombos
costumavam lá poisar.
Agora juntou-se mais uma… são três aves de rapina que os
perseguem. Ficam no terraço bem
escondidas, à espera.
Há pouco ouvi
os sons que
elas fazem quando
caçam. Muito rápido, fui observá-las. Os pombos
fugiram aterrorizados. Agora estão no pombal cheios
de medo. Evitam sair. As aves de rapina
esperam pacientemente um descuido. É para isso que funcionam. São como tubarões com asas que esperam
a comida. Mas acho que
qualquer coisa
não funciona bem.
Acabo de contar seis
aves de rapina
na varanda das traseiras.
É a primeira vez
que vejo isto.
Voam baixo, sem medo,
parecendo que me
vão atacar.
Será um desastre
ecológico que
aconteceu nas redondezas de Jingola? Não me
surpreende, pois estão a destruir
a vegetação para
construírem tudo de errado que lhes vem à cabeça (?).
Notei que as
rapinadoras descobriram uma alternativa.
Antes do findar do dia voam das cavernas do prédio
algumas centenas de morcegos.
Observei que nos
terraços dos outros
prédios as aves de rapina poisam à espera do banquete… dos morcegos.
Costumo amiúde observar o ataque
que elas
fazem para sobreviverem. Quando
caçam uma vítima, voam para o terraço e preparam a mesa.
Os talheres são
as garras e o seu
bico. É bom recordar que viver é apenas uma questão de saciar a fome.
Desejamos que a
ONU aprove como lei: que todos os habitantes da Terra têm direito
a três refeições
por dia.
Que não
seja necessário o trabalho escravo para comer. Afinal a Terra
é de todos. Quem
inventou isso da fome foi quem roubou o que
nos pertence.
Todos temos direito
a uma porção da Terra. Basta dividi-la pelos seus habitantes e dar
a cada um
a parte que
lhe roubaram.
A Filda-Feira Internacional Jingola, organizada pela Expo/ Jingola em nada
contribui para a economia
reinante. Como disse o jornalista
Américo Gonçalves, trata-se de uma actividade que
serve para encher os bolsos de alguns
tubarões. A preocupação
deles é importarem, servirem de intermediários
e receberem as comissões. Não desenvolvem a economia
nacional. Devem ser
demitidos e entregar tudo
a quem de facto se interesse
pelo bem-estar
das populações.
Cerca das vinte e duas horas,
o jovem desgraçado
prepara-se para dormir no
camião estacionado. Conseguiu arranjar uma camisa para cobrir
o tronco nu, porque as noites esfriam. Cobre-se com
um recém-chegado papelão grande e bem conservado
proveniente de um qualquer
electrodoméstico. Prepara a sua cama. Os gestos
demoram-se. A meio do camião há uma
corrente que segura
os taipais. Pretende passar-lhe por cima
mas tropeça e ouve-se o estrondo da cabeça que bate
desamparada no tejadilho. Levanta-se a cambalear.
Acho que deve ter
bebido uma dose de gasolina.
Poisa um pé
num pneu e desce. Dois
seguranças dum banco sem sistema cercam-no
desconfiados. Ele pega
numa pedra e atira-a contra uma porta metálica próxima. Ouve-se um
estrondo. Um dos seguranças
dá-lhe uma bastonada. A gemer sobe para
o camião. Lentamente enfia o corpo na caixa de papelão. A parte
que sobra
do corpo tapa-a com
outro papelão.
Bons sonhos e boa-noite, jovem desgraçado
da globalização petrolífera.
Em Londres os corpos
das pessoas estão tão mutilados que se torna difícil saber de quem se trata.
Lembro-me do maremoto. Pobres vitimas inocentes.
Por vezes
não consigo
discernir quem
são os verdadeiros terroristas.
São os que
nos governam ou
a Al-Qaeda? Confesso que já não sei. Como será o dia
de amanhã? Também
não sei.
O Partido Socialista Jingola está em
congresso. Vão
gastar 50.000 a 100.000 dólares. O que me
surpreende é que não
sabem quanto vão
gastar. Bom começo de propaganda
política.
Filda Expo/Jingola dá emprego
temporário a 2.000 jovens.
Esta notícia merece supressão. Se estes acontecimentos
fomentassem o emprego seria óptimo. Mas não. Em nada contribuem para a economia Jingola.
E este português que acaba de ser notícia…
Dizia ele
muito convicto que vinha lançar
em Jingola, o primeiro país
do mundo, Ups alimentados a baterias que
dariam para 24 horas
sem energia da rede. Prometia que suportariam tal
tempo dependendo das coisas que estivessem ligadas.
Quanto menos
coisas melhor.
O Ups aguentaria mais tempo. Pela conversa
entendi que não
ligar nada
seria o melhor. Mas
quando as baterias
estivessem descarregadas, ligava-se o gerador para as recarregar, esclarecia
ele. Para que serve isto então, se não podemos prescindir do
gerador?! O português não
sabe, ou finge não
saber, que os
seus Ups já
há muito se vendem em Jingola. Este
português ainda não conseguiu sair do século dezanove.
Em Jingola tudo é comerciante,
os estrangeiros abastecem regularmente o mercado. Portugueses vendem tintas, chouriço Sicasal, Incarpo e similares que reforçam a neocolonização. Em confraria
governamental instalam-se e vendem o que
já aqui
se consome há muito tempo.
A concorrência é sempre desleal, em Jingola nada é leal, tudo é ilegal.
Apoiam-se nos amigos da corrupção que nos governam. Mais estrangeiros, comerciantes
gatos-pingados vendedores de quinquilharias.
Um deles alugou estabelecimento
para vender sapatos que serve de disfarce
para lavagem de dinheiro.
Na construção
civil o português põe cimento, areia e água na betoneira. Também
varre o chão. Puxa
o balde de argamassa
no guincho eléctrico. Veio de Portugal para fazer este trabalho com saudades colonialistas. Com
tantos desempregados que aqui podem
facilmente fazer este
trabalho. E chamam-se… mão-de-obra especializada.
Os portugueses relançam a
antiga moda no mercado
de trabalho. Pedem-nos para
trabalharmos e em paga
sai um almoço.
Nada mais.
Que gatunice e aventureirismo impiedosos.
No tempo colonial não
era assim
tão fácil
roubarem. Agora sem
controlo é espoliar à vontade.
Regra geral todos os
estrangeiros chegam impiedosos e partem quando já têm o suficiente. Não dá para
confiar, a África Negra é muito ingrata.
Os espoliadores nacionais e
internacionais não se dão conta que produzem mão-de-obra que alimentam a
Al-Qaeda e as outras redes de terroristas mundiais. E como tudo continua na mesma, a
Europa e os EUA acabarão por sucumbirem (?).
Devido às frequentes, normais
falhas de energia eléctrica, os incêndios da luz de vela são frequentes. Os bombeiros reportaram quatro
incêndios em
três residências
particulares e um num contentor, tendo como origem chama de velas.
Na zona
da rua do 1º Congresso
da capital Jingola existe uma igreja de Indianos. Das 18 às 22 horas
os moradores ficam, pode-se dizer, sem acesso às suas residências.
Todo o espaço
é ocupado pelos
seus carros.
Quando interrogados respondem:
- Esperar
que indiano
estar a rezar.
- Vamos queixar-nos à polícia.
- Poder
ir, nós pagar bem à
polícia!
Ontem houve ensaio
de tumultos. Hoje
ou amanhã espera-se uma grande contenda.
E tudo se mantém na mesma. Pessoalmente
temo que o Politburo anti-republicano
prepare um novo
conflito para
justificar a permanência
eterna no poder.
Não acredito que
eles abandonem tudo
o que têm. É tudo
deles. A manutenção do terror político a manter-se conduzirá Jingola ao caos.
Se não fosse assim não seria África. Nos próximos
tempos tudo é possível acontecer.
Não duvidamos do que o Politburo pretende. Adoram espoliações, tiroteios e
campos da morte. Prevê-se que este ano seja muito quente, acalorado. O vírus do Politburo é muito
mais mortífero
que o Marburg.
O Politburo sobe no poder há quase cinquenta anos e a
água e a luz descem. Foi este um dos prémios que
ganhámos da independência. Pensámos e arriscámos as
nossas vidas à espera
que o colonialismo
e a escravidão acabassem. Piorámos
muito. A miséria e a falsa democracia estão conforme a Carta da ONU. A
democracia hodierna resplandece como no tempo dos romanos contra as hordas
bárbaras. Espelha-se no terrorismo internacional.
O filho conseguiu algum dinheiro. Pagámos a conta da
luz. Agora é esperar
pelo próximo mês. Temo que
se um de nós
adoecer, não
sei como vamos fazer.
Não temos dinheiro
para medicamentos.
Qual é o novo-rico que nos apoiará?
Nenhum! Pelo contrário, desejam que todos desapareçamos.
As meninas, do que resta do apartamento de cima conseguiram uma electro-bomba para
puxarem a água do rés-do-chão.
Ligámos uma mangueira lá para cima e enchemos os nossos recipientes.
O Cliente não atende o telefone de ninguém, excepto as suas
amantes. Falei com
o seu empregado
e disse-lhe que vou escrever
uma carta ao Marquês dos Cofres Gerais a
denunciar as fugas
ao fisco que os neocolonialistas
internos e externos praticam.
A agitação grevista nos petróleos tende para uma situação gravíssima. Pelas exposições
dos ouvintes na Rádio Oráculo dos republicanos, alguns
com conhecimento
de causa, o que
se passa é como
na propaganda comunista que antes era muito
badalada. «Abaixo a exploração do homem pelo homem» … pura demagogia. Os trabalhadores Jingola são tratados
como escravos.
Não lhes aumentam os vencimentos. Recebem ameaças. Isto
é uma grande baralhada pois
que o Politburo afirmou que os salários para estrangeiros e nacionais
tinham que ser
iguais.
«Tudo o que
fazem é secreto». Nada mudou desde a
independência (?).
Voltando ao secretismo: A deputada
do PLD, Partido Liberal Democrata, Marta Cristina, informou-nos exactamente sobre o secretismo. Os números
apresentados pelo governo Jingola não são discriminados nas Cortes Gerais. Apenas falam dos totais, nada
mais.
Voltando atrás
no tempo, repenso no nome adequado da libertação para a nova opressão: PMLP,
Partido Marxista-leninista Petrolífero.
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