Governar é muito
fácil, basta ter um
povo analfabeto.
Os estrangeiros que por aqui se instalam parecem
refugiados. Muitos continuam a chegar com a mesma ideia, sempre na busca da eterna
árvore das patacas.
Kituta: um amigo meu teve um acidente, o causador fugiu-lhe. Foi à esquadra
da polícia mais próxima, disseram-lhe para apresentar queixa
numa outra esquadra. Acho que eles
estavam a gozar. Os assaltantes estão piores que as piranhas do nobre Epok. Levam portas
e janelas. Levam tudo e quem não tiver dinheiro leva nos cornos. Quando o gerador, por exemplo, de um hospital avaria, não se pode fazer nada. Fica-se à espera que as peças
venham do estrangeiro. O vice-rei dos Exércitos aflige-se. As tropas
aderiram à Associação dos Alcoólicos Petrolíferos e aos ensinamentos
do Grande Feiticeiro.
Não queremos saber do líquido
negro e da política para
nada. Como
bem nos iluminou o rei: Queremos é comida!
Que nos
interessam as democracias se passamos fome?!
Que nos
interessa a luta contra
o terrorismo internacional se passamos fome?! Pelo contrário, ele fortalece-se. No reino
tudo o que nos prometem é mentira… é tudo
tão triste.
Ninguém confia em ninguém.
Conseguimos um feito notável.
A propensão para o roubo. Oh! Como sofremos do complexo
do colonizado. Os dez milhões de dólares que
o reino garante que vai utilizar para apoiar as vendas, não são para desenvolver
a economia. Quem
consome, quem vende, são as empresas
dos nobres. Estão aflitos
porque não
vendem. Porque nós vamos distribuir o
petróleo e os diamantes pelos generais, tal e qual como depois da Morte de
Alexandre o Grande. Podem chamar-lhe Nova Somália se quiserem, mas é isso que
vai acontecer. Acaso o resto da outra África (!) não está demasiado
igualitária?!
Quituta: O nosso
segredo da vida
resume-se apenas em:
nos segredos
de um homem e de uma mulher. Este reino
é muito engraçado.
Compraram vacas reprodutoras ao Brasil por três mil dólares e na Argentina por
mil e quinhentos. No nosso vice-reino
mais a Sul as vacas custam quatrocentos
dólares. Fizeram bom negócio. Estes nobres são
negociantes de vanguarda. É o
colonizador a redescobrir o colonizado.
Como disse António Aleixo:
Vêm da serra um aldrabão
vender sêmea por
farinha
passados tempos
já diz
esta rua é toda minha
Temos que saber escolher: ou gatos ou ratos.
Prefiro gatos para
caçar os ratos no único
reino do mundo
onde roubar
não é crime.
Os estrangeiros têm que
ser vigiados. Antes
de chegarem devem-se conhecer os seus antecedentes
criminais. Olho para lá do horizonte e o que vejo?
Os Povos de todo
o mundo revoltados contra
os impérios. Estes impérios que teimam
na sobrevivência a ferro e fogo. Que subjugam o mundo na teoria das duas
democracias: uma interna e outra externa, a da fome. São
os nossos eternos inimigos. Vejam as águias deles a voarem bem
alto, depois
descem com muita
rapidez para os seus objectivos habituais. Acabarem com as nações. Eles querem
lá saber de democracia nos outros povos. Então o senhor de Angola mandou derrubar
a cidade de Luanda e mandar construir outra nova para nela colocar os senhores
do petróleo. Porque o dinheiro é tanto, tanto que não sabem como o gastar. E
eles não se deram conta porque estavam ocupados em grandes orgias e maratonas.
Deleitados nos banhos de dinheiro que não foi utilizado no desenvolvimento
social, na extinção da fome dos Petrofamintos.
Ah Kituta! Meu tesouro escondido à espera de ser descoberto.
Hei-de descobrir o teu
esconderijo. E toda
aquela campina… faz-me lembrar
aquela árvore que
vi... e a derrubaram para construírem mais um condomínio.
Princesa Kituta: Minha leve
areia fina
acariciada pelo desaguar
da água do Rio
Kwanza. O teu pai
abandonou-nos, não sabemos porquê. A continuação
deste caos fará com que
o nosso reino se parta aos bocados. Ficará como
a Somália? Como o Sudão? Como a RDC, e
tantos outros exemplos?! Sempre a
ouvirmos música em
mono, quando
o estéreo é melhor?!
Se os estrangeiros aventureiros e os
seus amigos internos não forem expulsos,
não haverá presidente
actual ou futuro
que os aguente. Já
se assassinam entre eles.
A seguir serão
os nossos intelectuais. Facilmente
moverão as suas influências
internas e externas, e teremos uma desestabilização permanente.
Os republicanos da União Total
querem cinco mil
dólares por mês.
É um crédito
que os leva
ao descrédito. É a democracia
do feitiço. A chefia
não se impõe, nasce naturalmente.
Ninguém se esqueça que cada esfomeado é um
revoltado. Como existem milhões e milhões
de esfomeados, é fácil colocar
um cartaz
no meio deles assim:
RECRUTAM-SE TERRORISTAS. Quem aceita passar fome?
Angola parece que
não faz parte
de um continente.
Parece uma ilha, um
buraco que
surgiu de um universo
paralelo da fita
de Mobius. Onde tudo
permanece sem paralelo
noutro lugar. Desafia
as leis da física
mais elementares.
É necessário enunciar uma
nova teoria.
Mas, para quê perder tempo com
Angola?! Só as forças
do feitiço o sabem. Só
os poderes do Grande
Feiticeiro podem desvendar
este extraordinário
feitiço. Angola está irremediavelmente enfeitiçada. Angola
está como um pedaço de um
continente, onde
alguns abutres
negros debicam pedaços de outros milhões
de abutres negros.
Temos que fazer
uma revolução verdadeira e retirar Angola da lista da Peste Negra da Idade Média. Temos
que nos
libertar dos ratos, destes causadores
dos nossos males. Eliminando-os acabam-se com
as pestes. E virá a Liberdade.
Este reino petrolífero não é o Iraque, nem o Afeganistão e muito
menos o Irão. Um reino,
um país,
ou nação
bem organizados para
funcionarem necessitam apenas de: drogados, prostitutas, alcoólicos,
feiticeiros, esfomeados e alguns políticos?! Assim mais
guerra será certa.
Ela está sempre anunciada. Porque só vai existir um candidato às eleições.
O mesmo de sempre.
Meu Rei! Para
sobrevivermos é muito simples: Queremos empregos
dignos e reformas da velhice também dignas. Subsídios das vendas do petróleo e dos
diamantes. E as vendas a crédito que não existem! Não queremos ser
escravos para
sempre. Outra
vez no colonialismo
e escravidão. PORRA!!! ESTAMOS A MORRER À FOME!!!
F I M
A Proporção Divina
Eis a essência do germinar das lápides estiradas,
atiradas ao abandono. Reencontradas nas cavernosas, cavernas escusas, depois
iluminadas pela alta voltagem inofensiva do sublime amor.
A história humana é o calvário, purgatório, martírio
do amor da proporção divina nas listras zebrais, equilibradas entre o amar e
viver Condenámo-nos à nascença a amar, mas recusamos, teimamos em odiar Não é ser, é ter
alguém para confiar, divino em que acreditar Temos que apreender a dizer não, a
este faz-tudo de amar clonado em vão. Evitemos que os vendedores revendam o ardor
da paixão. Não podemos resumir esta contenda nos gestos augurais das vestais
continentais.
As plantas ondulam porque amam o vento. Se este
faltasse, o ódio reinaugurar-se-ia de verde amarelecido.
As asas do estímulo vivencial, são código genético
desconhecido, que nos faz voar, perfumar, o aroma para amar. E quem isto ousar
proibir, será proibido. Os sensores do amor quando activados ficam
desordenados. No futuro serão bloqueados, porque perigarão os instrumentos
sensíveis das naves interplanetárias. Será imaginado, recriado um longínquo
planeta amoroso, para amantes eternos. Os circuitos do amor desafiam as leis e
a velocidade física. Não há, não haverá máquina que calibre a sua invisível
intensidade. Porém, ele esforça-se e tem mais que força, perenidade para viajar
pelo infinito do Universo. Deixai que os sedentos bebam da sua água pura, para
que a impureza da poluição das águas não cause pandemias, e aconteça a sua
extinção. Apenas um minuto de imensidão amorosa, vale milhões de anos
planetários. Para quê lutar, se estamos sempre presos nos tentáculos das areias
movediças, acariciantes, desse eterno sentimento. Tudo se extingue, parece em
vão, o amor não! O amor tem muitas pernas, mas quatro estão sempre presentes:
duas femininas, e duas masculinas. O útero da deusa mãe aguarda o seu
convidado, e os pés dos amantes movem a escala Richter.
Promete que amarás o amor, e nunca te cansarás da sua
tentação. A diferença que existe entre o rico e o pobre, é que o pobre é rico
de amor. E o rico vive na pobreza espiritual à procura do amor. A plenitude
virá quando soarem as badaladas cardíacas, rítmicas do relógio bioquímico do
nosso coração. Não haverá tormenta que nos domine, que nos separe, porque
estamos acorrentados, desmaiados nesse sem sentido, perdidos nos outros
sentidos.
Que sejam santificados os mártires do amor, e que nos
próximos tempos um salmo planetário seja cantado na cosmologia. E dos suicidas
infelizes apenas porque amaram… serão edificadas estátuas de beijos com luz
estelar aos viajantes espaciais com a inscrição:
AOS INFELIZES DO AMOR TERRENO QUE APENAS AMARAM
Cegos, surdos e mudos! Não sentem o cheiro que paira
no ar? O Politburo não se apercebe da grande confusão que vai vir, explodir? Já
não dá mais para continuar assim. É hora de dizer BASTA! A tanta espoliação e à
venda de Angola a estrangeiros. Não foi para isto que lutámos. Enquanto vós do
poder viveis na descarada riqueza, a nós só nos resta a miséria extrema
imposta. Isto não dá para mais aguentar, percebem?! E também está difícil para
as amantes.
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