República
das torturas, das milícias e das demolições
Diário da
cidade dos leilões de escravos
Ano 2 A.A.A.
Após o Apocalipse dos Angolanos.
Para um
exército de esfomeados, um exército de caixões.
Pelo andar
da fome até parece uma grande negociata de caixões.
Oh! Como é
belo contemplar a miséria e a fome, a principal maravilha de Angola.
Na guerra do
Vietname, quem a ganhou foi o rei do aço. Na guerra da fome quem a ganha são os
negociantes de armas e de caixões.
É preciso
salvar as crianças da fome. Na RDC já há vandalismo contra as igrejas
católicas. São três milhões que estão a morrer de fome e que estão a ser
abastecidos por uma ponte aérea. No Sudão do Sul são cem mil, dentro de um mês
serão um milhão, e dentro de alguns meses serão três milhões de famintos. E em
mais alguns países o cenário é mais ou menos idêntico. Em breve o flagelo
chegará a Angola, na África do continente da pandemia da fome.
Sobre as
crianças que sem misericórdia são abandonadas à fome: Eu vos amaldiçoo pelo mal
que me têm feito, e pelo mal que fazem às crianças.
Desvanece-se
a esperança, dela só resta uma ténue lembrança. Os dias passam como que
céleres, muito tristes, a aguardarem pelos momentos mais tenebrosos, cruciais,
mortais e nada mais, dos caixões aos montões. Do Novo Jornal, “A revisão da
legislação cambial e do sistema bancário nacional, anunciada pelo Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, para regular a movimentação de divisas,
deverá passar pela redução considerável de utilização de moeda física. Segundo
fonte do BNA, as operações com divisas deverão ser garantidas entre
instituições bancárias, sem que os clientes tenham acesso à moeda estrangeira,
como sempre aconteceu. "Vamos ser mais rigorosos na cedência de divisas.
Quem precisar de dinheiro poderá requerer uma transferência bancária interna ou
externa", explicou um dos administradores do banco central. A outra forma
de utilização de divisas prevê a massificação dos cartões de crédito para
"facilitar a vida", sobretudo, de quem viaja”.
Economista
Precioso Domingos na DW. “Até já existem rumores de que provavelmente o nível
de reservas internacionais que o país possui talvez não seja o que o Banco
Nacional de Angola (BNA) vai divulgando. E isso depois vai se evidenciando
também pela apatia do BNA em vender divisas.”
Homem que
arranja mulher maluca, francamente, com tantas mulheres que há por aí, também é
maluco, muito mais maluco que ela.
“Quando
nasci, perdi a maior parte da minha visão porque aplicaram um colírio errado
nos meus olhos. Na adolescência, fiquei totalmente cega e entrei em depressão
profunda.” – Paqui, uma mulher de meia-idade cujo marido também é cego.
(Despertai! Novembro de 2015)
Apesar das
apostas feitas, o reino das mentiras da energia eléctrica continua. Hoje, 15/02/17,
aqui na banda foram oito horas sem a tal popularmente chamada de luz.
O
alcoolismo, a grande aposta do muangolé. Um cunhado recebeu em kwanzas o
equivalente a três mil dólares do aluguer de uma casa. Ligou-me, só o faz quando
está bêbado, e sempre, claro, de conversa incoerente, pediu para passar o
telefone na irmã. Fiz-lhe sinal para quando ela acabasse de falar me passasse o
telefone. Pedi no meu cunhado um modesto empréstimo, uma vez que ele está
balado e nós na desgraça acentuada. Respondeu-me que “ não tenho nada que ver
com isso.” (!!!) Vai ser bebedeira de uísque todos os dias até o dinheiro
acabar, ou ele acabar com a vida, pois da última vez esteve quase. De salientar
que conheço muangolés que alugam as casas e que também passam a vida a beber
até morrer, como aconteceu a dois jovens que eram vizinhos. Quer dizer, vida de
muangolé é beber.
Disseram-me
que abriu aí uma igreja onde lá as mulheres grávidas, os seus filhos não
conseguem nascer.
Enquanto tivermos um governo de
capatazes de escravos, a nossa escravidão não terminará.
Louvo os taxistas porque com eles os
escravos de Luanda e arredores, leia-se Angola, fazem com que consigamos sobreviver
aos esclavagistas que nos governam.
Não parece, mas é a dura realidade:
Angola também tem um impressionante exército de bajuladores que obriga por
todos os meios a que haja também um exército de burros. E deste exército nasce
outro: o exército dos analfabetos, a matéria-prima de quem reina sem oposição.
Presidiárias da cadeia de Viana
estavam a receber cursos, de repente ficaram sem eles porque lhes estão a
exigir que façam relações sexuais. (In Revista da Manhã. Rádio Ecclesia,
17/2/17)
Como só temos políticos que falam da
boca para fora, de nada adianta ter esperança que isto melhore.
O Governo de Angola é muito jogador
porque aposta em tudo … e tudo perde.
E todas aquelas que destroem a
felicidade dos outros, que as portas do inferno se abram e as chamas as
devorem, mas antes disso têm que sofrer muito.
Só mesmo em Angola: quem emite
opinião contrária é porque é da oposição.
Como se pode falar de economia real
se ela é irreal.
Comício de um pai para a sua esposa
e filhos: “aqui, quem não votar no Mpla, mato-o, porque não quero perder o meu
emprego.”
O filho de uma madrinha de uma
vizinha queria viajar, mas foi proibido de o fazer porque não tem cartão de eleitor.
Aflito, já foi tratar de o obter. Aqui ponho uma questão: se ele não quer
tratar do cartão de eleitor, apesar de ser obrigatório, é porque não quer
votar, não vai votar, pelo que não se entende tal medida coerciva.
A corrupção não se altera,
actualiza-se.
Corruptos a lutarem contra a
corrupção?! De nada adianta ter esperança que isto melhore.
Sempre os mesmos, sempre a fazerem a
mesma coisa, sempre tudo permanece na mesma, excepto os esfomeados que não
param de aumentar.
Em conversa captada na rua ouvi que
as mulheres no São Paulo que guardam as coisas para venderem, decidiram também
deixar lá o dinheiro com receio do comité de especialidade dos assaltantes, a instituição
nacional dos assaltos, os bandidos que as esperam no regresso das suas casas.
Mas, segundo elas, os polícias assaltaram o quintal, ou quintais, e
levaram-lhes tudo. Algumas não suportando a perda do negócio, a única coisa que
lhes resta para sobreviver, desmaiaram. Quanto aos haveres e dinheiro nada há a
fazer, pois lei sem lei da sentença não se pode recorrer, não se pode defender.
19/02/17, 22.55 horas. Um pavoroso
grito masculino de pessoa adulta que durou alguns segundos, um grito antes do
estertor da morte? Não, não era nenhum filme por aí, porque a esta hora a
cidade fica uma cidade fantasma.
A mais velha tem sessenta e tal
anos, cortaram-lhe a água, vive num quarto andar e faz sacrifícios para a
carregar porque as suas pernas estão quase paralíticas, pouco falta. Vive da
caridade dos vizinhos prometendo que quando o seu marido, filho, só tem um, ou
irmãos, quando receberem pagará a dívida. Na televisão só falam do Mpla e dos
outros partidos não, até lhe sublimam que isso é fraude. Mas ela defende o seu
Mpla dizendo que quando os outros forem para o poder também farão o mesmo. Já
conseguiu o cartão de eleitor e apesar da miséria em que se encontra diz para
os seus mais próximos que vai votar no seu Mpla, no seu grande amigo.
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