domingo, 10 de novembro de 2013

Em Roma sê romano, em Angola carregador de gatilhos




República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos
13 de Outubro
É tamanha a perseguição, a intolerância política a quem for da oposição com o emprego da violência gratuita que resvala para o precipício do tribalismo. Pois, minhas senhoras e meus senhores, o edifício Angola desmoronou-se de vez, nada dele mais restando. Amiúde, os portugueses tecem considerações maravilhosas do seu, a ocidente do paraíso da Angola da ingenuidade apalermada. Não é possível um país viver de escombros. As águas agitam-se, agigantam-se e engolem Angola. Angola perdeu-se na selva do tempo, do campo lavrado ideal para a rapinagem estrangeira, pois das ruínas nasce a riqueza fácil que alimenta os aventureiros, os saqueadores. E dos escombros na terra vagueiam rostos pasmados de fome, enquanto multidões de chineses e portugueses pastam. De repente os famintos erguem-se e decidem purificar a terra, e declará-la livre, e limpam-na e nela voltam a semear a sua cultura, as suas culturas.
“Micaela Alexandra (para) Mendes Juliana Fernandes, eu estou cá a pouco tempo pois o meu marido aceitou um desafio profissional cá e posso dizer que a questão da segurança não é tão má como ouvimos em Portugal. Claro que depende também da zona em que vives. Em Talatona - Luanda Sul acabas por ter uma vida muito semelhante a que tens em Portugal, por exemplo e esta cá uma enorme comunidade de Portugueses. Fala-se já em quase 300 mil Portugueses em Angola. Estamos em todo o lado mas confesso que de uma forma muito mais individualista pelo que a solidão acaba por ser uma realidade algumas vezes. Este é um repto que lanço aos meus compatriotas que cá estão. Que tal um encontro entre os Portugueses?” In portugueses em Angola.
Desta corrupção não beberei.
14 de Outubro
Manuel Paulo, locutor, na Rádio Ecclesia. «Cristina, (pausa), da Inglaterra, (longa pausa) foge-me o nome!» Ele queria referir-se à Cristina Kirchner, presidente da Argentina.
15 de Outubro
Em saudação ao discurso do PR no Parlamento na abertura do ano legislativo, levámos com um corte de energia eléctrica das 06.07 às 06.24 horas. Logo depois, outro, das 06.30 até às 21.16 horas.
A nossa principal preocupação é a garantia, a promoção da venda de geradores. Nós temos – custe o que custar – que ultrapassar os níveis de poluição de Pequim. Isso mesmo: obter a liderança mundial da capital da poluição. E para isso promovemos uma campanha de cortes massivos – das massas – da energia eléctrica à população de Luanda. A nossa palavra de ordem é: quanta mais miséria, mais desenvolvimento. Comprem-nos geradores meus senhores! A garantia de uma vida muito saudável, da felicidade no seu lar, é um gerador comprar, a trabalhar. Os geradores são necessários e urgentes. Contactem já os nossos agentes.
O PR ao “atirar-se”, ao denunciar as intimidações do Ocidente, tendo como fundo a corrupção, muito particularmente atingiu Portugal num desafio frontal de fim da cooperação estratégica – sanções – leva-me à conclusão que Angola voltará aos tempos da guerra fria, a entrega de bandeja outra vez, desta vez ao comunismo chinês? É que suspeito que por trás disto esteja a mão invisível da China. Uma vez que a actuação chinesa em Angola já é sem dúvida alguma neocolonialista, seguimos para outro conflito Mpla-Unita, isto é, agora: Mpla-contra o povo angolano?
Até estou de acordo com os pontos de vista do PR sobre o neocolonialismo ocidental, mas entre este e o chinês prefiro o outro, porque o do chinês é para nos clonar, e obrigarem-nos a consumirmos o lixo que produzem.
De qualquer modo a política não é para ingénuos. A propósito, já antes referi que a ponte aérea para evacuar os portugueses para Angola, ordenada superiormente pelo PR, era uma arma secreta para utilização quando necessária, e o momento chegou e ele serve-se dela, utiliza-a: criar problemas a Portugal com trezentos mil portugueses que se encontram em Angola. No tempo colonial até à altura da independência em 11 de Novembro de 1975, eram cerca de quinhentos mil se a memória não me falha. Quem é ingénuo nunca pode ser político.
Um arquitecto disse-me sob anonimato que as vivendas que os chineses constroem, vivendas de luxo, todas têm problemas de construção, vigarice. Quando acabam a obra, o comprador instala-se e logo tem problemas. Tem que partir uma parte da vivenda, para não a partir toda, pois isso fica muito caro. Tudo o que é chinês não oferece nenhuma garantia, é como atirar dinheiro para o lixo. Os chineses fazem o que querem e o que lhes apetece, como se fossem os donos de Angola, é que na realidade são-no devido à total impunidade das suas acções. Porque é que o PR não denunciou a cooperação com a China? Porque só o faz em relação ao Ocidente, e de modo particular aos pobres portugueses que estão metidos entre dois fogos, o emprego em Angola e o desemprego em Portugal?
Os portugueses em Angola – cerca de trezentos mil – devem fazer uma manifestação de apoio ao PR, José Eduardo dos Santos, pelas suas recentes declarações sobre o fim da cooperação estratégica entre Angola e Portugal?
Entretanto, já há duas semanas que prossegue a inundação na rua da Liga Africana. É tubo de água rebentado. Creio que mais uns dias, ou nem tanto, a rua comece a abater. Em Luanda não temos nenhuma empresa de fornecimento de água?
16 de Outubro
Mas, porque é que o Minoritário nunca fez um tratado de cooperação estratégica com o povo angolano?
Em saudação a mais um dia de miséria, fomos contemplados pelo nosso Poder da felicidade com mais um corte no abastecimento – tenho a certeza que esta palavra não existe no dicionário da governação, a não ser a do abastecimento pessoal dos cofres do Estado - da energia eléctrica, alguém sabe o que isto é?, das 13.04 às 17.14 horas.
17 de Outubro
Mais um corte de energia eléctrica das 09.19 às 11.46 horas.
A roupa mais bonita para vestir uma mulher são os braços do homem que ama. Para as que não tiveram essa felicidade, eu estou aqui. Yves Saint Laurent, (1936-2008).
Quanta mais civilização mais destruição.
18 de Outubro
Hoje, mais um ataque na energia eléctrica. Os sabotadores da nossa economia não petrolífera tudo fazem para que não saiamos da miséria. Assim, os nossos imperialistas internos desligaram-nos a luz das 13.31 às 14.49 horas.
Paradoxo: quando a economia está de rastos, de tanga, os governos costumam atirar para o desemprego milhares e milhares de trabalhadores, e como se esperam posteriormente protestos violentos, esses governos investem nas forças policiais e militares em força, recrutando mais polícias e modernizando os equipamentos para uma repressão eficaz. É ou não um esbanjamento de dinheiro que deveria ser aplicado na criação de postos de trabalho? Um paradoxo.
19 de Outubro
O prédio – ou o que parece ser, nesta cidade nunca se sabe – já está preparado com o segundo andar para nele aterrar o betão, se for chinês, e de certeza que o é, era uma vez um prédio. É de manhã, já anunciada de calor. Três chineses e cinco mwangolés observam os detalhes da construção de uma escada do primeiro para o segundo andar. Perante tão numeroso grupo de pessoas para tão mínima empreitada, uma mais velha comenta: «Como está difícil arranjar emprego, todos fazem o mesmo trabalho.» À tarde, bem acesa de calor, a prevenir que as chuvas estão aí em força, treze mwangolés, três trabalham, os outros, uns estão sentados e outros encostados. Um mwangolé perspicaz – que os há, pois com certeza – pede explicações a um mais velho residente na área que de pronto esclarece: «Dos dez, uns sentados e outros encostados, esses são chefes.»
Comprei uma caixa, dessas com dez espirais do fumo chinês, marca (?) S.T, para afugentar mosquitos que devido ao calor agora nos invadem em força – tudo e todos invadem Angola – ao soltá-las só se aproveitaram duas, as outras oito desfizeram-se em pedaços. Mas, porquê obrigar-nos ao consumo do lixo, da miséria chinesa exportada para Angola? Porque não se denuncia esta miserável cooperação chinesa dos tempos da Idade Média? È isto que é bom para Angola? Arruinar Angola e os angolanos é o mais importante?   
20 de Outubro
O Ocidente ensinou-nos a corrupção, dizem por aí. Então, e o Ocidente também não ensinou na criação dos tribunais da luta anti-corrupão?  
O Governo português está refém de Angola? Os governantes portugueses e o povo português em geral são empregados do Governo angolano?
Imagem: autor desconhecido


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