No
rosto a miséria estampava
Nas
costas o filho carregava
A
mãe possuída pela loucura
De
muitos anos de amargura
Vai
de caminhar inseguro
Na
incerteza do futuro
Como
pneu com furo
Como
fruto não maduro
Quando
da família afastados
Sentimo-nos
sós, abandonados
Por
fantasmas assaltados
E
outros perigos inesperados
A
intolerância ofusca a mente
No
passado e no presente
Que
se vê, apalpa, sente
A
tragédia que se consente
Como
na selva perdidos
Por
monstros perseguidos
Em
buracos de breu escondidos
Até
perdermos os sentidos
Neste
campo semeado de fome
Faminto
não dorme
Nos
caixotes do lixo come
Caça
ratos que consome
Este
remar contra a maré
Faz-nos
perder a fé
Beber
chá de café
E
ir trabalhar a pé
A
apetência por destruir
Faz
o futuro ruir
A
esperança fugir
Sem
alma deixa-se de sentir
Arrastados
pela maresia
Que
nos persegue noite e dia
Irreconhecível
está a alegria
De
mais uma noite fria
As
sementes lançadas
Dos
pedófilos ejaculadas
Nas
crianças violadas
Pelas
leis caducadas
As
empresas estão a falir
Da
crise não se vai sair
As
divisas estão a cair
O
futuro está a fugir
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