LUANDA
AQUI JAZ
A ÁGUA
E A ENERGIA
ELÉCTRICA
1975 – 2012
PAZ ÀS SUAS ALMAS
A Protecção das crianças
Protecção das
crianças com milhares de geradores que lhes lançam nuvens densas, intensas de
mortandade, que elas respiram e que a morte as enlaça nesta Luanda, a cidade do
martírio, a cidade-cemitério.
O assalto ao chinês
Luanda. A acção
decorreu no dia vinte e dois de Agosto nas imediações da Discoteca Valódia,
próximo da Sagrada Família. Um gatuno, que até agora não conseguiu saber, nem
nunca saberá o que é dinheiro do petróleo, cheirou um chinês, estes mwadiés
amandam bwé de feitiço, e detectou que ele carregava basta pasta bwé de bala.
Então, inicia o assalto, mas um polícia atento interveio e deu-lhe um tiro numa
perna. É caso para comentar que este nosso police tem muita acertaria, mas
mesmo assim o gatuno despetrolizado conseguiu fugir.
A fuga da miséria para a outra miséria
Luanda, 25 de
Agosto. Eleições. Notícia acabada de chegar na nossa redacção diz que muita
gente já está a vender os seus bens.
A escolta da paz e da democracia
Luanda, mais ou
menos sete horas da manhã do dia 11 de Setembro de um cacimbo que nunca mais
acaba, até o clima se corrompeu. Estou na casa de banho nas actividades
matinais da manutenção do meu corpo, porque isso do lugar-comum da pressa e
descurar o corpo para não perder tempo depois tem consequências funestas.
Primeiro tratar do nosso corpo e o resto que se lixe. Vale lembrar a célebre
máxima: só nos lembramos da saúde quando estamos doentes.
Ah sim, a escolta,
pois, já estava na fase dois da manutenção corporal, na higiene dental, quando
oiço o habitual som aterrador das sirenes que pelo barulho musical me levaram a
pensar que era a escolta CRP – Comboio Rodoviário Presidencial. Oh! É o
presidente de todos os angolanos a estas horas já na rua em actividade de
batalha campal, presidencial? Ué, não pode, abandonei a casa de banho mais
rápido que a minha velocidade, e com travagens bruscas para não chocar com os
móveis consegui chegar à varanda para ver o meu querido presidente passar. Vi
as primeiras motos, mas de imediato me desiludi porque eram aquelas motos que trazem
dois police de farda escura. E mais me desiludi porque afinal era a escolta dos
presos para julgamento. No total eram cerca de oito veículos e todos com
sirenes. Agora pergunto: o porquê de imitarem a escolta presidencial? E porque
fazem mais barulho que a escolta do PR que quando circula são para aí uns vinte
veículos? É caso para comentar, quando o pai não sabe educar os filhos, estes
na tentativa vã de o imitarem só fazem asneiras, burricadas.
A Filó
A Filó é de Benguela, decidiu-se e fugiu da paz e da democracia. Para
sobreviver refugiou-se em Luanda, e criou num passeio da via pública uma
empresa de venda de frutas e verduras. E como esta actividade não necessita do
tal guichê único de empresa, em menos de um minuto nasce mais uma empresária
dos passeios.
É sexta-feira e a Filó está aflita, parece que não conseguiu nada vender e
quando chegar em casa não haverá o que comer. Ela carregou a sua banheira,
subiu as escadas do prédio mesmo em frente da sua empresa e bateu na nossa
porta. Mal entrou desbobinou: «Tenho aqui banana pão, olha em Luanda está
difícil, é só ver a Antónia, ela não está a vender banana pão assada.» «Filó, e
estes dois pepinos?» «Cada um é cem kwanzas.» «O quê, um pepino tão pequenino,
tinha cerca de dez centímetros de comprimento, a Lwena, a minha esposa,
refilou-lhe que isso assim não dá, não pode ser, é um abuso.» Então veio o acto
da consumação: «Também há falta de pepino, os carros não estão a vir de
Benguela por causa das eleições.
Conversa no Táxi, dois dias depois do infausto eleitoral.
No táxi revive-se o
afresco da pintura do sapateiro eleitoral. Várias jovens entumecidas seguem os acordes
da kizomba eleitoral e a mais espevitada sobressai-se: «Porra! Mas agora quando
votamos sai sempre burla?!» E o motorista: «Mas vocês votaram em quem?» E elas
em uníssono: «Nós votámos no CASA.»
O mistério das sirenes
Luanda, domingo 21
de Outubro, 12.50 horas
Dois batedores da
Polícia de Trânsito, um, depois o outro, super rápidos, desbravam caminho,
abrem novos mundos ao mundo da desgraça, da anarquia instituída, muito
estridentes como lhes compete por lei. Pelo aparato é com toda a certeza alguém
muito importante, quem será?! Os olhos ficam atentos à espera do cortejo que
será vasto a tão tonitruantes sirenes. Mas um pormenor salta: é que a rua está
deserta, melhor, de vez em quando circula um carro, portanto não se compreende tamanha
azáfama. A personalidade tem que ser necessariamente alguém muito importante, o
presidente?
E a frota automóvel
aproxima-se veloz, devem ser para aí umas dezenas de carros, e começa a contagem
deles: um, dois, três, quatro… jipes de vidros fumados… e uma carrinha de caixa
aberta com cerca de uma dúzia de sacos plásticos escuros, desses vulgares
utilizados nas compras. Alguém consegue desvendar este mistério? (será que
transportavam kumbú?)
O fumo tóxico do neocolonialismo
E depois não há
regras. O vizinho coloca um tubo de escape e envia o fumo para o outro vizinho
ao lado. Outros são a barulheira intensa. Até nisto, e em tudo o mais, não há
regras. A única lei que funciona com êxito é aniquilar o próximo.
Por exemplo, o
gerador do português da Teixeira Duarte SA, no terraço encostado ao edifício da
Angop lança toneladas de fumo, porque ele sabe que em Luanda, em Angola, não há
lei, incentiva-se o crime, e assim ele goza de impunidade.
E com o fumo dos
geradores, o Invencível Minoritário é também o grande promotor do cancro em
Luanda. E assim o Invencível Minoritário prossegue com a sua infindável
destruição de Luanda.
A política dos geradores do Invencível Minoritário
O Supermercado
Alimenta em Viana, foi-se, desapareceu nas chamas. Volatilizaram-se vastos
milhões de dólares. Sem a energia eléctrica da rede não adianta investir em
grandes, nem em pequenas superfícies porque serão pasto das chamas dos
geradores do Invencível Minoritário.
E onde será o
próximo grande ou pequeno incêndio?
E o que é que o
INADEC – Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, tem a dizer sobre a Idade
Média em que estamos, sem água nem luz’ Não dá né? O INADEC é todo
partidarizado?
Para reparar uma
estrada o governador de uma província de Angola depende do Governo Central.
Tudo depende dele, do Governo Central, até nós, claro, isto é ou não é um
Estado leninista?
José Severino
Segundo, José
Severino, presidente da AIA, 15 de Outubro na Rádio Ecclesia, para que não
acontecesse o actual desastre, foram avançadas pela AIA a proposta de grupos
térmicos para a estação de água de Kifangondo e Kikuxi, que naturalmente não
foram aceites pelo Poder. Igualmente também centrais térmicas para resolução do
desastre da energia eléctrica, que o Poder também não aceitou. Talvez José
Severino desconheça que o Poder não aceita sugestões de ninguém, pois ele é
demasiado clarividente. Entretanto, José Severino afirmou que devido a estes
dois desastres, os preços subirão astronomicamente, o que não será novidade. Também
afirmou que mesmo depois do nível normal da água na barragem de Kapanda, os
apagões vão continuar. Caminhamos para uma sociedade canibal?
Para concluir nada
melhor do que a resenha lúdica dos cortes de energia eléctrica. Com tanto
“bombardeamento” dirigido, concentrado sobre a barragem de Kapanda… não há
barragem que resista. Luanda, a cidade com biliões de petrodólares e sem
energia eléctrica. Apagões Outubro:
30Out 07.42-20.28 horas do dia 31Out, 27Out
10.34-09.36 do dia 28Out, 26Out 07.36-23.29, 25Out 07.49-06.00 do dia 26Out,
24Out 17.18-00-28 do dia 25Out,23Out 07.56-17.31, 22Out 13.21-14.43, 21Out
10.41-00.20 do dia 22Out, 20Out 13.06-03.51 do dia 21Out, 19Out 07.35-17.03, 18Out
08.29-11.18, 15Out 18.55- 06.00 do dia 18Out, 14Out 07.24-10.50, 13.20- 09.21
do dia 15Out, 12Out 00.58- 05.36 do dia 13Out, 10Out 08.45-1746, 08Out 08.45-22.40
do dia 09Out, 07Out 20.10-20.42 06Out 06.15-09-05, 04Out 13.10-14.07, 03Out
12.24-19.24, 02Out 15.56-01.26 do dia 03Out
Sem comentários:
Enviar um comentário