13
de Dezembro
14.45 horas. O “terror negro”. Com trinta
graus de temperatura à sombra, as milícias do GPL – Governo da Província de
Luanda, sempre na perseguição das camboenhas, porque dos grandes peixes como os
pungos não se atrevem, pois Neptuno protege-os, defende-os com o seu tridente,
uma jovem aí para os seus vinte e cinco anos, perseguida de outros mercados
onde vendia a miséria do petróleo, abancou num passeio nas proximidades da Liga
Africana e no chão fez uma passarela de sapatos. Mas o “terror negro”
prepara-se para a emboscar. Advertida por transeuntes que o “terror negro” se
prepara para lhe violentar a mercadoria, a sua sapataria da moda, ela entra em
pânico e dá uma louca corrida parecendo judeus na fuga de um campo de
concentração Nazi. Consegue embrulhar muitos sapatos mas vários ficam para
trás, e uma jovem caridosa apanha-os nas calmas e faz-lhe a entrega. Será que a
vendedora votou na CASA-CE ou na UNITA?
Mas os constantes cortes no fornecimento
de água, luz e Internet em Luanda, não se consideram actos de difamação e
injúria à população, porquê? Creio que o Mwangolé há muito que perdeu a noção
do que é um ser humano. E colocar as pessoas na expectativa também não é crime
de injúria e difamação? Vejam como se destrói um país… nas calmas.
Entretanto, vendedoras abandonam o
mercado (?) Panguila por motivos de segurança: via estreita, muitos acidentes,
camiões dos chineses que carregam areia espalhando-a na via. As vendedoras levantam-se
às quatro horas da manhã e regressam às catorze. As vendas não vencem os
custos. Regressam em multidão para o mercado do Kikolo. Mais um desaire, um
fiasco, uma fraude para o Partido UPPC - Um Pouco de Paciência e Compreensão.
Nunca vi tantos intelectos enlatados.
E como é deveras bonito acordar às seis
horas da manhã sob o som do serrar ferros e do martelar em chapas metálicas. E
embalado pelo ribombar das sirenes das escoltas diárias, mais uma praga que
assola a cidade, melhor, o que dela ainda não se arrasou, pessoalmente já não
sei, porque ao ritmo da destruição actual, até ao fim deste ano, apenas
restarão nostálgicas poeiras.
E não é a cepa torta, mas todo o vinhal,
todo o campo de vinho.
Angola já não é um país, é um templo
religioso em cima de um vulcão petrolífero.
Também diria que estas apanhas de uvas
das cepas tortas, civilização dos imbecis e canalhas, deve-se a que já não se
sabem alimentar, isto é, será, estou convicto que sim, da comida enlatada? É
que tudo vem em latas e em embalagens liofilizadas. Os nossos gloriosos tempos
dos momentos intelectuais apagaram-se. Nem uma réstia se desenlatou.
Os amigos chineses do Partido, UPCC - Um
Pouco de Paciência e Compreensão, fazem tudo o que querem na Angolanidade
deles. O diâmetro do rolo de papel higiénico, antes com 4,5 centímetros de
diâmetro, já está nos cinco. Pouco falta que ao comprarmos um rolo de papel
higiénico, ele traga apenas uma ligeira fatia de papel enrolado. Mas isto não é
a entrega de Angola ao desbarato? Isto não é ultrapassar os limites impostos
pelo neocolonialismo? Afinal Angola não passa de um estúpido e ilegal rolo de
papel higiénico chinês?
14
de Dezembro
Angola avante, revolução! / pelo Poder
Popular!/destruímos o trabalho/ e o homem novo a naufragar.
E nos acordos da cooperação chinesa,
técnicos chineses já formaram vários quadros angolanos na especialidade do
corte de tubos de ferro e bater em chapas metálicas com um martelo. Esta
técnica dominada pelos chineses passa para o domínio angolano, uma mais-valia.
E quem quiser serrar tubos de ferro, chapas metálicas com um martelo, os
chineses deve contratar, pois só eles dominam estas técnicas.
Curso de corte e de martelar chapas
metálicas:
Terá início mais um curso de corte de
tubos de ferro e martelar em chapas metálicas. O curso será ministrado, como
sempre, por técnicos chineses. As cargas horárias serão ilimitadas. Prevendo-se
um grande afluxo de participantes, as aulas teóricas e práticas serão no
estádio da Cidadela. Os preços de inscrição são uma verdadeira pechincha,
apenas mil dólares para a sua inscrição.
Observação: os alunos far-se-ão
acompanhar por uma rebarbadora, um martelo, tubos de ferro e qualquer chapa
metálica.
15
de Dezembro
A vela de cera chinesa desfaz-se em
pouco tempo, tal e qual como o Partido, UPPC - Um Pouco de Paciência e
Compreensão, e há sempre o perigo de incêndio.
Afinal, no assalto à Pomobel, os jovens
assaltantes não roubaram dinheiro, só comida. Tá-se mal, tá-se tá-se.
A grande barulheira continua. Sete da
manhã, o vizinho do apartamento de cima escuta música, claro, com o som muito
elevado. Deve estar bêbado, coisa mais natural neste mundo imundo de Luanda,
com a agravante que tem uma criança de poucos meses. Mas não há respeito por
ninguém, é assim a cultura actual bantu, é a lei dos fora-da-lei, a continuação
da aberração sem futuro à vista da nação, de um povo que tende a desaparecer.
Depois de provavelmente pelas 01.00
horas da manhã, a Net foi-se.
No prédio em construção do general Led,
ou destruição?, os trabalhadores mwangolés andam a imitar os chineses, imitam
qualquer um como os papagaios, mas que imitação mais grosseira, trabalham todos
os dias, sábados, domingos e feriados. Até no dia da independência. É pá!
13.26 horas. Os três geradores
gigantescos arrancam, o fumo intenso entra pelas janelas.
De repente dei-me com esta: Angola,
Moçambique, Portugal etc, são a história de um suicídio?
16
de Dezembro
Apesar das chuvas intensas, a barragem
de Kapanda ainda não tem água suficiente. Afinal, para que serve Kapanda? Uma
barragem da propaganda leninista? Viva a democracia dos geradores. Qual será o
próximo PT, posto de transformação que se incendiará?
12.43 horas, iniciou mais um apagão. A
luz retornou às 12.43 horas.
Há empresas de segurança que ficam
quatro meses sem pagar, ou mais, e só pagam um mês, não dão comida. Os
seguranças fogem e essas empresas admitem outros e o ciclo anterior repete-se.
Não são só, não eram, os colonos/brancos, estes tipos também são hábeis no
tráfico humano de escravos.
A água veio de manhã cedo, e durante o
resto do dia não apareceu mais.
17
de Dezembro
Continuamos sem água.
18
de Dezembro
A água chegou de manhã cedo e depois não
voltou mais.
19
de Dezembro
Segundo a minha fonte: 00.20 horas,
selvajaria no prédio em construção (?) do general Led. Quarenta anos depois a
imposição do Poder Popular permanece actual. Não deixam ninguém dormir. È
martelar, serrar ferros e madeira com serra eléctrica, imaginam o barulho, não
é?! Esta espécie de indivíduos estão perdidos no tempo da grande selvajaria,
isto é África, apenas como única alternativa de futuro, a selvajaria mais
primitiva. Basta ver na cor amarelada do pilar rectangular, o que significa que
só tem areia e cascalho. Aquilo vai desabar. Têm mais dois pilares só com areia
e cascalho. As traseiras de três prédios estão fechadas. Quando chove ou não,
não há escoamento das águas. O largo e a rua também foram fechados. Se houver
um incêndio? É uma grande desgraça. É a ilegalidade na selvajaria do petróleo,
e não se faz a demolição porquê?! É do general Led, nas traseiras da Pomobel,
Zé Pirão.
O general Led disse-lhes, para os
moradores dos prédios: «Vocês têm os dias contados!»
As falhas na Internet continuam, mais
parecem os apagões da barragem de Kapanda. Aqui na banda já há dias que a energia
eléctrica está restabelecida, mas há quatro dias que um gerador num terraço de
um primeiro andar trabalha noite e dia. Será vaidade, tipo eu tenho um
gerador?, ou há muito dinheiro para gastar proveniente de fontes duvidosas
petrolíferas, ou é da máfia chinesa?
Internet, cerca das doze horas… foi-se.
E as sirenes das escoltas dos intocáveis
não param. Oh!, como tudo é epidémico nesta cidade.
20
de Dezembro
Continuamos sem Net. Será que um camião
chinês derrubou a antena da Angola-Telecom? A máfia chinesa roubou a antena e
já está na China? Vou outra vez escutar no meu rádio de ondas-curtas o que se
passa pelo mundo.
A água chegou… sim temos luz, por
enquanto.
19.24 horas. O provedor TVCabo repôs a
ligação à Internet. Não se sabe o que se passou. Talvez um “drogado” com um
portátil fez alguma experiência e deu cabo de tudo?
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