01 A 04 de
Setembro de 2013. Diário da cidade dos leilões de escravos
01 de Setembro
Os que não têm ideias eliminam aqueles
que as têm.
Será que alguém
pretende embelezar as ruas de Luanda com cadáveres?
Confiar nesta
democracia totalitária que nos é imposta é confiar no Diabo.
Os meus
sentimentos de pesar vão para a população do Cacuaco, que ao votar massivamente
na UNITA sofre, resiste heroicamente às investidas do minoritário, que lhes
corta a água e a energia eléctrica, e como se não fosse suficiente ainda lhes
envia a barbaridade chinesa que lhes destrói as ruas, para que quando chover –
já começou – ninguém se possa deslocar. A ideia é transformar o Cacuaco numa
ilha, mais um pantanal. E talvez imitando os israelitas na Faixa de Gaza, o
minoritário parte-lhes as casas de chapas de zinco conseguidas com o esforço da
venda de qualquer coisa. A população do Cacuaco é uma população corajosa, como
os sitiados Cátaros.
Os meus
sentimentos de pesar vão para os jornalistas – de qual jornalismo? – dos
comprados, vendidos órgãos de informação sob o Politburo, da batuta do
minoritário. Os coitados não podem pisar o risco vermelho e preto sob pena de
serem bombardeados para a rua. É um jornalismo com jornalistas estatais, ao
serviço do Estado e da sua ideologia leninista. Só olham para um lado, pois têm
viseiras que lhes permitem isso. Jornalismo controlado por um só partido nunca
será jornalismo, porque quem nele trabalha jamais será jornalista, será apenas
um propagandista, um presidiário sem ideias, apenas com a ideia do
totalitarismo. Não são jornalistas, são sectaristas. E porque não cumpriram as
orientações do departamento de propaganda não terão emprego, a não ser o único
que lhes resta: o absinto, pois como não têm ideias próprias conseguem
sobreviver na selva militante. E entre eles há muitos escritores e poeta apenas
conhecidos na cidade dos militantes, porque fora dela não têm nenhum valor,
ninguém lhes liga, ninguém os lê. É o nosso lixo interno para consumo
palaciano.
Os meus
sentimentos de pesar vão para os portugueses que imitam a todo o custo a gesta
dos outros heróicos portugueses que desbravaram o mar, e conseguiram Angola
encontrar – não, não a descobriram – e que agora os tugas jogam o tudo por tudo
para manterem a soberania portuguesa da Angola ultramarina. Estão ultra
convencidos de que os tempos não se alteraram. As crianças continuam nas costas
das mamãs, a descoberta das paisagens exóticas das chuchas nuas, apetitosas. Da
miséria latente a cada sol nascente, tão tropical, tão feliz porque é um povo
que se contenta com tão pouco – e nós portugueses estamos aqui para os ajudar,
para os espoliar como nunca, pois o tempo de Salazar tinha regras – apenas têm
os assaltos como lei de sobrevivência. E cada português que chega – qualquer,
não há regras – é a diminuição até à extinção, até ao mais vulgar emprego que
nos resta, até que os tugas finalmente tomem conta de todo o mercado de
trabalho e então uma nova era de desgraça recomece, porque antes os tugas
chicoteavam porque Angola era deles, agora voltaram com o chicote psicológico
na Angola que já não é deles, e então esperam-se dias muito trágicos, de
contendas sem fim por um povo que luta pela afirmação de independência e
liberdade numa Angola que ainda não lhe pertence. Não, o povo angolano não é burro,
é demasiado paciente, mas quando ouve o soar das badaladas do relógio da
liberdade, ergue-se e liberta-se das cordas que o enforcam. E em coro os
gloriosos chineses de duvidosa tecnologia – é só aldrabar, clonar - escravizam
crianças porque a contenda assim o aprova.
Os meus
sentimentos de pesar vão para toda a população de Angola que não pode construir
casa própria porque alguém surge e a parte, a desaba como uma forte tempestade,
porque quem pode construir casas em Angola são os estrangeiros, e como ainda os
angolanos não beneficiam do estatuto de estrangeiro residente não têm direitos,
excepto os dos escravos.
Os meus
sentimentos de gratidão vão para o nosso querido presidente, José Eduardo dos
Santos, que nos garante esta paz, esta democracia e esta liberdade. Angola
atinge um desenvolvimento, uma evolução nunca antes sonhada graças à
clarividência de tão insigne filho desta Pátria abençoada. Com o nosso querido
presidente, muitas mais vitórias Angola conseguirá. O angolano é por vontade
própria um desportista. Façamos do desporto a alma do desenvolvimento. Onde
existe um angolano, existe necessariamente um futebolista, um basquetebolista,
um andebolista e um hoquista. E isto é garantia de um futuro de felicidade para
a nossa juventude. Viva Angola!
Eis um país que
só tem balanços positivos porque a miséria é extremamente negativa.
Muito fácil é
ganhar o campeonato africano de basquetebol, muito difícil - impossível - é
ganhar o campeonato do fingir que temos energia eléctrica, do fingir que temos
tudo, mas não temos nada. Aqui estamos sempre em último lugar. Que me
interessam essas coisas lúdicas se a miséria e a instabilidade - os assaltos -
me invadem, invadem-nos. Esta madrugada, três da manhã acordei, não foi por
causa do Afrobasquete, era uma mulher que chorava intensamente, gritava, porque
o seu consorte lhe surrava, surrava, e ninguém ligava porque estavam
concentrados, condenados no álcool da vitória do basquetebol. E quem continua a
ganhar o campeonato nacional e mundial da corrupção? E quem é o detentor
nacional e mundial do campeonato da miséria? E do arrasar de casas? E da
perseguição - e censura - só porque não se pode criticar os excelentíssimos
dinossáurios, as excelências do partido único? Angola não ganhou o campeonato
africano de basquetebol, perdeu-o... mais uma vez.
Como é possível
o maior partido da oposição não fazer uma manifestação em Luanda? Como é
possível manter-se na oposição sem manifestação? Assim, fica o menor partido da
oposição. A política e a religião deram a mão. Estão em peregrinação, em
comunhão.
Na verdade vos
digo, meus manos e manas, que o 27 de Maio ainda não acabou. Basta ver a
sujeição do abandono da população do bairro do Cacuaco e de todos os bairros de
Angola, e os que morrem à fome no Sul de Angola, e noutros pontos cardeais e
colaterais. O contínuo arrasar de casas tendo como compensação um campo de
concentração, a perseguição e morte aos opositores políticos.
Eis a imprensa
estatal dos jornalistas do partido único. O 27 de Maio ainda não acabou não,
porque as forças revolucionárias da liberdade continuam soltas, e fazem
julgamentos a qualquer um, ainda fazem julgamentos marciais.
E para quando a
auscultação dos problemas dos adultos da governação e da oposição?
Eis-nos de
regresso ao danado reino da podridão absoluta. Sempre na mira do mesmo
objectivo estratégico, a destruição da energia eléctrica que se apagou às 07.04
e voltou às 08.01, pouco depois às 10.41,adormeceu e despertou às 11.38. Às
11.41 fugiu para regressar às 22.47 horas.
02 de Setembro
Muito cuidado
mwangolés!
O Ministério da
Saúde de Angola, através da sua Inspecção-geral, divulgou um comunicado lido na
Rádio Ecclesia, em que alerta a população para a proibição de bwé de
medicamentos falsificados vindos de Portugal.
Em Luanda a
guerra química continua na Angola da República dos Geradores. A grande vigarice
persiste, tudo na mesma. Esta cidade é uma monstruosidade, só dá para futebol,
basquetebol, andebol e hóquei em patins. O resto? Não existe, é o viver como
selvagens. E outra vez nos apagaram das 12.59 às 13.40 e das 13.58 às 14.20
horas.
E quando em
Luanda um dia tivermos energia eléctrica, então sim, já poderemos pensar em
qualquer coisa. Porque dos militantes que vivem da venda de geradores, isso não
é futuro, e muito menos qualquer coisa da vida nova. E eles – tão cegos e tão
surdos – não pressentem o terramoto político e social que os espera.
03 de Setembro
Ao desligar uma
ficha macho – dessas da energia eléctrica – os pinos desfizeram-se. Made in
China. E também num computador de secretária a ficha de alimentação de vez em
quando desliga-se sozinha. Não há espaço de profundidade para a inserção da
ficha, etc, etc.
Que marasmo!
Outro apagão às 23.52 horas.
04 de Setembro
O apagão cessou
às 00.21 horas. E ninguém que desgoverna a energia eléctrica sofre nenhuma
sanção. A anarquia africana está omnipresente?
E para quando
uma auscultação à corrupção?
Eu acho que a
PGR devia de intervir com uma chamada de atenção ao vandalismo dos
comentaristas do Klub-k. Aquilo é só liamba, insultam, agem como vulgares
criminosos. Não respeitam nenhuma regra. Há que pôr fim urgente a este
vandalismo de pessoas de tão baixos instintos animalescos. Parecem ratos nos
esgotos.
Entretanto, os militantes da informação
continuam na sua fugaz arte – a nobre arte do boxe – do informar sempre com a
verdade. Informar é corromper as mentes. Claro que onde a corrupção comanda, a
informação desmanda.
Sem comentários:
Enviar um comentário