quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Quando a alguém lhe falta inteligência salta-lhe logo a violência





República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos
29 de Outubro
A governação à africana presenteou-nos com mais um corte no exíguo orçamento da energia eléctrica. Assim, fomos abandonados às 10.39 e recuperados às 11.36 horas.
Enquanto os partidos políticos da oposição persistirem na campanha de desestabilizar o partido Minoritário – não o deixam pensar, desviam-lhe as atenções para a corrupção – teremos a luz aos trambolhões, o que para nós povo (?) ainda é um merecedor luxo.
Há que incentivar a população conforme o conceito leninista de que cada cidadão é e deve sentir-se necessariamente um comprador do seu gerador. Nem só de petróleo e diamantes vive esta república de geradores. Amigo leitor, incentive a poluição e morra canceroso mais a sua família e amigos. Está à espera de quê? Vá já comprar o seu gerador.
Viver, liberdade, é a nossa luta constante contra corruptos, mafiosos, desonestos, demagogos e fanáticos religiosos. 
Enquanto as chefias africanas continuarem a dirigir os seus países como chefes de tribo, não se despirem do tribalismo, a África não terá sucesso – nunca será colorida, pelo contrário, muito esmorecida – apenas retrocesso.
E a corrupção vira-se contra os corruptos.
Deus escreve por linhas tortas, e os corruptos também.
Quando as ideias se colam no nosso cérebro e não se reflectem na prática, não têm nenhum valor. São a modorra do exercício intelectual, passatempo dos abundantes programas dos políticos e religiosos, televisivos e radiofónicos.
Quando os corruptos estão no poder, decretam que a corrupção é legal e tudo o mais é ilegal, incluindo uma falsa democracia com partidos políticos que se deixam adormecer como ovelhas na presença do lobo mau. E quem declarar que esse poder tem que ser fiscalizado, logo surge o decreto das masmorras. Pois, onde a democracia se canta com armas, os intelectos democratas tornam-se ilegais, militantes da luta clandestina.
E mais outro… apagão das 14.15 às 15.05 horas
Estou a construir uma jangada para navegar, rumar a Lampeduza, a ilha da salvação. Se quiserem aproveitar, tenho lugares disponíveis. A viagem será muito perigosa.
Bastou um pouco de chuva e esta cidade ficou arrasada. E quando chover um, dois, três dias como em muitos países?
A luz foi-se às 21.36, pouco depois despediu-se novamente às 23.18 horas, não se sabendo quando voltará. Será que nunca? Os fundamentalistas tudo fazem para que não tenhamos energia eléctrica.
30 de Outubro
A maldita luz chegou às 22.59 horas.
Consultei o meu saldo no multicaixa e vi que a empresa com que trabalho já creditou o meu salário. Mas o meu cartão multicaixa – essa invenção que desgraça a vida dos angolanos – está caducado. Então, vou para a baixa de Luanda – porquê tudo concentrado na baixa de Luanda como no tempo colonial? – Dirijo-me à entidade bancária que trata desses assuntos e lá recebo um Pólo Norte – será que esses dirigentes bancários são pinguins? «Não temos cartões!» Gelou-me um deles. E agora, como recebo o meu salário? Ninguém me deu atenção porque os pinguins mergulharam no gelo, no seu passatempo preferido. Ainda gritei mas em vão: «Ó pulhas! Então não sabem que o salário é sagrado? Que não se deve brincar com isso?» Este abismo bancário é fácil de desvendar: para justificar a avalanche de portugueses e os esquemas da nomenclatura que exercem sobre o sistema bancário para efectuarem as suas transferências para o exterior, usam duas contas: a sem sistema e a sem cartões. A banca está dominada pelos portugueses, o PR JES disse que anualmente transferem para Portugal milhões e milhões de dólares, como se a banca esteja apenas ao serviço de portugueses. Contra os crimes políticos aplica-se logo a lei dos crimes contra a segurança do Estado e contra os crimes de natureza económica nada se faz sentir. Como é que querem que acredite no Governo que há muito nos desgoverna? Depois surpreendem-se com as posturas de levantamento popular, de revolução, de incitação à violência, pois se este governar é para ninguém descansar, nem ao menos cochilar. E assim vai a nossa vida: portugueses nos bancos ao seu exclusivo serviço – como podem ser quaisquer outros estrangeiros – e chineses que serram ferros e martelam pequenas chapas dia e noite como na Idade da Pedra, as endireitam e enviam para a China, pois daqui tudo sai e nada entra, excepto a miséria internacional e a escravidão. Angola é a capital mundial dos serventuários do crime.
Será que os chineses também vão comer mwangolés como se fossem cães e gatos? Pouco falta, não é?
31 de Outubro
E Deus vagueia no espírito do homem que o inventou.
Pelo contínuo barulho aterrador das sirenes que todos os dias invadem Luanda – já lá vão muitos anos - não tenho dúvidas nenhumas de que Luanda está, continua em guerra.
02.14 horas. Ouve-se o grito de sofrimento, de tortura, forte e prolongado de uma mãe, acompanhado dos choros de medo de crianças. O que se passa? É o habitual. O marido – muito naturalmente em estado de embriaguez, esta sociedade está bêbada, drogada – dá-lhe de presente uma selvática surra para lhe provar que é um forte macho e que a razão do seu viver está na surra que dá nas indefesas, na carne para machão. E como batem até matar, ela não deve escapar. É mais uma mártir ao serviço desta infindável, infernal revolução leninista. E como já não há ninguém que escuta a voz destas moribundas é bater até desfazer. Ó pobres corpos que nasceram, e precocemente morreram. No Governo não há ninguém que tenha compaixão? É só corrupção?
Deus é o mais perigoso, letal invento que o homem inventou?
Num país a desabar, tudo o que se constrói, desaba.
01 de Novembro
Tipicamente português: os portugueses vão chegando do êxodo, sobem as escadas do prédio, passam pelos e pelas vizinhas mwangolés, não cumprimentam, olham para baixo a fingir que não há ninguém pelo caminho, como se tivessem viseiras nos lados dos olhos como os burros. Pobre gente de baixa índole ainda com o complexo do colonizador.
Mais um prémio de jornalismo deles e sempre para eles. É o jornalismo da corte. Por exemplo: a Rádio Ecclesia tem bons jornalistas.
02 de Novembro
África, o continente dos tiros.
Em Roma sê romano, em Angola atirador.
A África é um reino, onde os seus súbditos andam sempre aos tiros, o tal, a raça acaba com a raça? Um futuro demente como chumbo que faz com que o africano se volatilize. Já está cansativo e repetitivo. É péssimo quando uma pessoa deixa de acreditar na governação africana porque é tiroteio por todo o lado, enxameado. O investimento retrai-se, chegam as aves de rapina, e é o adeus.
Os nossos camicases nos carros deles: Isso está a generalizar-se, porque aqui na rua das sirenes vi um de arrepiar, acelerou, eram cerca das 22.30 horas, e como um míssil voou sobre o cruzamento e prosseguiu viagem rumo ao inferno. Isto está de meter as mãos na cabeça. Pode-se dizer que não dá para viver, apesar dos estrangeiros garantirem que isto é bom e do melhor, porque transferem o nosso kumbu para os países deles.
Cemitério do Alto das Cruzes, Luanda, dia de finados: um senhor tocou na campa do seu defunto familiar, de repente sai de lá um bruto enxame de abelhas que começam a atacar tudo o que é pessoa, que espavoridas abandonam o cemitério. Os bombeiros foram chamados para intervirem.
De arrepiar, sete horas da manhã: vejo dois carros parados quase no meio da estrada com a música a berrar o mais alto possível. Saem jovens, eles e elas, bem embriagados. Dois jovens dançam em pose sensual para as suas namoradas, elas fogem-lhes, não lhes prestam atenção. Claro que saíram de alguma festa – tudo serve de pretexto para festejar – depois arrancam nos seus carros em alta velocidade de exibição alcoólica. Sem dormirem, embriagados, será que chegarão vivos aos seus destinos? Que vítimas inocentes também perecerão das suas loucuras?
E Armando Guebuza, presidente de Moçambique e do partido Frelimo, tal como Hitler, encetou um Blitzkrieg (guerra-relâmpago) contra a Renamo, o partido da oposição. Tal como Hitler, também será vencido, pois sonhar com essas coisas das guerras-relâmpagos cheira a Tribunal de Nuremberga, agora TPI.
Imaginem um país inundado pelo mar da corrupção com prémios de literatura e de jornalismo instituídos. Quem são os beneficiários destes prémios?

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