sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nunca tão poucos destruiram tantos


Se fosse instituído o campeonato nacional da hipocrisia, quem o ganharia? Ela, a hipocrisia, é tamanha que já ganhou foro de poluição nacional.
Fazer manifestações contínuas de apoio incondicional ao grande e incontestado líder, no tempo colonial também se fazia o mesmo, sucediam-se manifestações de apoio pela continuação das também incontestadas chefias colonialistas.
O Jornal, O País, na sua edição do dia 10 de Dezembro noticiou que por mês morrem 24, vinte e quatro pessoas devido ao uso dos geradores. Entretanto, o fornecimento da energia eléctrica vai piorando, até ultrapassarmos o zero?
Parece que não existe ninguém capaz de colocar esta coisa no caminho certo. Na realidade está tudo muito incerto. Para onde vamos? Para a queda, sem alternativa.
Eis os apagões da nossa estatal energia eléctrica alternativa, ou como o Inferno também é futuro.
12Dez 09.01 até às 01.05 do dia 13Dez 11Dez 07.49-16.26 09Dez 18.14 até às 16.56 do dia 10Dez 07Dez 10.51 até às 08.19 do dia 08Dez 06Dez 10.44-10.54 05Dez 15.49 até às 01.57 do dia 06Dez 03Dez 12.25-14-06, 16.52- 18.03 01Dez 12.18 até às 12.43 do dia 02Dez
E quem de Angola quiser fazer/ o seu amor/ e nela conseguir sobreviver/ terá que comprar um gerador.
Mesmo sem luz, todos os meses está lá a factura para pagar o que não se consumiu. Perante tanta macabra idiotice, só nos resta o sorrir com escárnio da condição leninista da transformação, do grande apagão da nossa sociedade.
Os vinte dias da manutenção dos geradores da barragem de Kapanda ainda não terminaram? Estão a negociar mais vinte dias, vinte anos?
E pelas ruas circulando em andores ouve-se o pregão: «Comprem geradores! Acabem com a escuridão, minhas senhoras e meus senhores!»
Será que também é necessário importar estrangeiros para fundarem um partido da oposição? Já nada me surpreende. São demasiadas as nuvens que obscurecem o nascer do sol da oposição.
E essa dos e das mwangoles quando no telemóvel prometem-nos: «Eu já vou ligar, ligo-te daqui a pouco. » Pobres cretinos e cretinas que desconhecem que isso é mais uma tara mental.
Escuridão? Vote no partido da vela. É o Governo a trabalhar, a nos apagar.
Quando a vigarice se instala no poder, é até arder.
Quando o poder das trevas dirige um país, os dias ficam na mais tenebrosa escuridão. Quando o petróleo é muito bruto, os cérebros embrutecem. Os barris de petróleo, de redondos, ficam quadrados na vegetação dos pobres de espírito, mas ricos na riqueza dos caudais dos filões petrolíferos. E governar na escuridão é suma destruição. Este é o fruto colhido da plantação chinesa, brasileira e portuguesa.
É a manipulação da informação, para que não se saiba que reinamos na completa escuridão. Manter a população na escuridão, é o futuro desta nação. É uma governação com os fusíveis há muito fundidos, e até agora não substituídos. É edificante, gratificante, um governo governar, obrigar a sua população a viver na mais negra escravidão? Quando se está sem rumo, de todas as direcções surgem escolhos desmedidos, e não há como evitá-los. É o naufragar no lodaçal petrolífero. E mesmo na mais retrógrada escuridão, promete-nos sempre uma nova vida, o líder da nação.
Já nos resta a sobrevivência da ténue chama de uma vela. Governar é mentir, é o ludibriar, abandonar. Muito tempo no poder até morrer, e um filho segue no poder. Permanecer por longos anos na vigarice do poder, e disso não se dar conta, abdicar, é sem dúvida um caso de patologia irrecuperável. Trinta e seis anos mergulhados na escuridão, e que no próximo ano teremos luz, mais trinta e seis? Mas quem lhes disse que governar é não nos alumiar? Ser irracional é que é o normal?
Brevemente os problemas da água e da luz serão ultrapassados, melhorados, porque há grandes investimentos nestes sectores da economia indispensáveis para o bem-estar das nossas populações.
E se virem por aí algum dos partidos políticos ditos da oposição, digam-lhes para emergirem, para a continuação da escuridão. Algumas pessoas gostam de viver na escuridão, e desgraçadamente impõem-na a todos os outros viventes. Ao insistirem na negação da luz, e nas promessas da escuridão como energia alternativa, o Poder convence-se que nos faz um grande favor.
Se eu descrevesse aqui o que realmente penso, sinto, como milhões de outras pessoas em absoluto desprezadas, creio que se assustariam. É preferível não divulger tais cogitos, porque são demasiado terríficos, mortíferos. E uma boa governação faz-se com uma óptima escuridão.
O nosso glorioso partido da vanguarda revolucionária sem energia eléctrica, nasceu, nos escureceu, para governar até à eternidade. Não surpreende pois que os nossos incontestáveis líderes sejam eternos. Como partido de vanguarda, já resolvemos os problemas candentes da saúde das nossas populações. Não necessitamos de hospitais, ou algo que se lhes compare, porque na nossa república popular… ninguém morre. E mais conquistas surgirão, porque a nossa experiência de governação é inigualável. Avante, pois com os nossos queridos e imortais líderes. E com o apoio das nossas igrejas também dominaremos os céus.
O leninismo é por excelência a única forma de governo que permite governar em paz as massas. Porque neste regime não há descontentes, há pão, água, luz e trabalho para todos. Só este sistema político permite a felicidade duradoura dos povos. Perguntem ao povo angolano se está ou não feliz. Claro que está. E não é necessária essa coisa da democracia que só complica a vida das pessoas, onde toda a gente fala e ninguém se entende. Já viram o que é gastar milhões e milhões de dólares com partidos políticos? Poupa-se muito dinheiro, não é?! O nosso querido Estado e o nosso querido Líder, sempre cada vez mais sábio, não necessita ir a universidades e mais o nosso super-estimado Politburo, garantem-nos tudo o que é necessário e desnecessário para enfrentarmos a vida. E todos os que se opõem a esta mais que provada clarividência, o local indicado é nos canis, sim são piores que os cães, sem direito a pão nem água.
E o involuir da história repete-se a cada momento quando o meu alaúde se solta e me “trova ao vento que passa”. Afinal, para alguns o viver é perseguir indiscriminadamente o seu semelhante. O petróleo simboliza a catástrofe do purgatório humano/angolano. Esta ditadura anuncia, renuncia, inicia o vento Sul da amargura. Mobiliza-nos, já nos aprontamos na formatura da Liberdade! Ordena-nos, solta as nossas asas, porque o voo da democracia, se anuncia. Eis que as nuvens da inspiração descem sobre nós, e outra Excalibur renasce, floresce, e outro ciclo, outra Távola nos desperta. Os novos paladinos cavaleiros Arturianos libertam o Santo Graal, há muito prisioneiro na fraude da ditadura, que teimosamente perdura. Basta-lhe que leve vaia, o seu palácio caia, e tudo à sua volta se desmaia.
Luanda, mas que contemplação. Vi, na rua da Angop, Rei Katyavala, a Odebrecht a asfaltar a rua. Mas, e os esgotos? Taparam-nos, e quando chover com força, ou não, como será?! É sempre a mesma coisa, arranjar de um lado e destruir do outro.
A maioria das pessoas anda com a cabeça no chão, e claro, com os pés no ar. Uma pequena minoria, que se pode contar, anda com a cabeça no ar e com os pés no chão. Será devido a isso que a terra treme muito?
Uma das coisas mais bizarras que acabo de ver em Luanda, foi um, dos muitos e muitos descendentes da luta de libertação de Angola, com um saco de plástico nas costas, UNITEL, a vasculhar nos contentores do lixo algo que se coma, coisa aliás corriqueira por aqui, apesar dos milhões de barris de petróleo que despejam diariamente também milhões de dólares. É o progresso do apoio das democracias ocidentais à nossa mediocracia.
Amigo leitor, esta é demais sobre a cor preta.
Faz-me lembrar um livro que li do Isaac Asimov (1920-1992) onde recrio uma cena muito interessante: na escola, o aluno só escrevia e desenhava tudo com a cor preta. O professor preocupou-se, claro, chamou e falou com a mãe. Acharam por bem consultarem um psicólogo ou um psiquiatra porque a criança não estava bem da cabeça. Decidiram-se pelo psiquiatra. Pegaram na criança e lá foram. Chegaram no consultório do doutor, este olha para a criança e pergunta-lhe: «Porque é que desenhas e escreves tudo com a cor preta?» A criança respondeu muito naturalmente: «Porque é a única cor que tenho.»
Entretanto, o Executivo investe em larga escala num outro empreendimento de vulto: a perseguição e caça ao opositor político, onde em prisões superlotadas, os proibidos da liberdade de expressão e manifestação se encerram em prisões, que depois de lá saírem irão directos para o cemitério, pois que a intenção é acabarem com eles através da morte lenta, isto com o apoio incondicional dos amigos chineses, brasileiros e portugueses.
Cuidado ao se libertarem de um ditador, porque outros chafurdam na forja, como as serpentes venenosas a espreitarem, a aguardarem.
Porque será que o empresariado angolano/estrangeiro, salvo raríssimas excepções, prima pela vigarice/escravidão dos seus trabalhadores?

Imagem: primeira tentativa de lançar o homem na Lua.
Cartoon de Marc S.) maquinaespeculativa.blogspot.com



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