sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Senhor dos geradores


Nunca espero nada de um soldado que pensa. Bernard Shaw (1856-1950)
E de Malthus (1766-1834) que "os pobres vivem do esbanjamento dos ricos".
A criação do céu e da terra e de tudo o que neles se contém
No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro. In Génesis, 1,2,3,4 e 5.
E o Senhor dos geradores compreendeu a mensagem bíblica, que por sinal não é assim tão difícil, tão ocultista, tão para estudo como os leigos apostam. E vai daí, na sua mente fez-se luz. E sentindo-se que descobriu algo de novo na Bíblia, é sempre assim, como um enviado de Deus, que com Ele têm visões maravilhosas, veio-lhe uma ideia incrível, própria de grandes chefes, grandes líderes, sábios condutores de povos. E como uma centelha divina, mais uma, que lhe penetrou, iluminou no âmago do seu pensamento, eis que a verdade, mais uma vez, emergiu à superfície como talvez alguém em risco de afogamento e que conseguiu salvar-se por milagre, e de imediato chamando os permanentes publicadores de decretos, decretou-lhes: «Finalmente, descobri o modo mais simples e eficaz de iluminar a nossa pátria e a nossa população e demais comunidades… vamos importar geradores aos milhares, aos milhões. Apressem-se na criação das empresas nacionais necessárias, as do costume, e mandem carregar navios, aviões, os oceanos com geradores. A questão da energia eléctrica está definitivamente sanada. Se todos os problemas fossem como este, viveríamos no Universo em paz, em felicidade. Com geradores instalados nos terraços, nas varandas, no interior dos prédios, nas ruas, em todos os cantos e fora deles, a felicidade do nosso povo está garantida. Vendam-nos a crédito porque as eleições aproximam-se. Decreto que a partir desta data a felicidade e harmonia do nosso povo são um facto.»
E o PIB cresceu tremendamente, com a venda dos geradores, claro. Atingiu-se o que há muito se procurava em vão, o desenvolvimento económico e social. E todos os povos do mundo nos copiaram. Abandonaram os métodos tradicionais de energia eléctrica e vá de rompante para os geradores. Vivam os geradores e os seus mentores. Avante, povos de todo o mundo!
É evidente que estes gloriosos pressupostos não duraram, aguentaram muito, porque o que no princípio está errado, no fim sai erradíssimo, isto é, as habituais situações catastróficas dos erros crassos da governação, que só pensa no ambiente político e na corrupção a seu proveito. O sonho desmoronou-se porque eram incêndios, mortes e destruições constantes por todo lado. Nem ao menos se lembraram, parece que o mais importante dos governos é incendiarem as suas populações, da poluição porque o que interessa é vender, vender, morra quem morrer.
Pelos vistos desconhecem o fenómeno humano. O que por aqui se passa é a mais pura originalidade e naturalidade dos sentimentos humanos visíveis em todas as latitudes, longitudes, na terra, mar e ar. Quem não se sente humano, ou ainda não o descobriu, então que se ponha em debandada, isto é, estratégica retirada.
Há homens que fingem lutar pela democracia, e por isso mesmo se perdem nas nuvens e ninguém mais os encontra. Mas, pelo contrário, há homens que lutam, manifestam-se abertamente contra as ditaduras e nos abrem as portas da Democracia e da Liberdade. O seu lugar no Panteão da História da Democracia está assegurado, conquistado. Sem democracia e liberdade jamais haverá paz.
E o Senhor dos geradores encaminha-nos para o único degrau da escada partida, que ele partiu, que nos resta, o grande tombo final do catálogo da irreversibilidade do tempo.
Não necessitamos de políticos, podemos e devemos seguir o nosso futuro sem intermediários. Já viram os gastos para manter a classe política? Como se fossem sacerdotes das mais de mil e uma religiões que aqui fazem morada e dela não querem sair porque são os intermediários entre o Poder e Deus. O povo tem que decidir o seu rumo certo, e não caminhar no incerto rumo dos abutres.
E a campanha publicitária que o Regime faz a William Tonet, catapulta-o facilmente para se candidatar à Presidência da República, e além disso, se ele decide pela criação de um partido político, imaginem os estragos, isto é, a reviravolta que a política angolana ganhará.
Não há nenhum argumento que justifique a permanência no poder de quase quarenta anos. São inimagináveis os estragos causados nos nossos intelectos. Estamos parados, bloqueados no tempo da informação tal como o Club-K e o Angola24horas, sem saída para nenhum local, apenas a forçada, desesperada nomenclatura que estrebucha, sente no chão algo fugir-lhe, o desespero. Presos num túnel do tempo, num temporal sem bibliotecas inauguradas. É impossível manter por tempo indeterminado uma sociedade sob tensão política e social permanente. O seu motor explode, é inevitável. E nós como que ficamos, como que continuamos na selva?
E o futuro da Nação, o exército da prostituição infantil avança pelas ruas ainda não libertas da corrupção. Para quem não saiba, ou não se lembre, a corrupção extrema é a mãe do pai da corrupção. Um casamento perfeito.
E se a oposição o povo quer conquistar no seu seio deve morar, estar. Montem delegações em tendas à Zango, no centro, no interior dos bairros, no âmago da miséria. Então, todos os santos (?) dias centenas, milhares de factos políticos acontecem. É isto a democracia. Mais, na democracia as palavras de pouco valem sem acções, mas quando elas mostram factos então tornam-se muito valiosas. No fundo, é isto que faz a democracia acontecer, viver.
O que complica a vida é a complexidade e a bestialidade de alguns seres humanos. No fundo, não esquecer que ainda somos os animais há pouco saídos das cavernas, na verdadeira acepção da palavra. Basta olharmo-nos num espelho quando nos iramos.
Mais um plano diabólico do nosso poder das trevas? Sem energia eléctrica para acabar com a oposição e entregar mais ainda de bandeja Angola ao imperialismo chinês, ao subimperialismo brasileiro e safar Portugal e os portugueses da bancarrota? É o anátema do rebentar com tudo? As empresas mwangolés não resistirão a mais este diabólico plano de arrasar os que tentam salvar-se da hecatombe da centralidade leninista.
Os amantes do imperialismo interno não desarmam e utilizam o seu principal braço armado, os apagões, para destruírem as inúmeras conquistas obtidas com gigantescos esforços, isto é, sem pão, sem água, sem luz, sem mandioca, sem batata-doce, sem milho… SEM NADA!
Os nossos seguidores do imperialismo, catalogados como o inimigo número um de todos os tempos, o Nero da Humanidade, ousam como lhes é peculiar destruir, derrubar, dezenas e dezenas de postes de alta tensão que, mesmo com o esforço abnegado de todos, demorarão pelo menos metade de um ano, até Dezembro, se eles não os voltarem a destruir, e como são teimosos, não duvidamos que o façam. Vejam os enormes sacrifícios que esta Pátria bem-fadada tem que consentir para que um dia alcancemos a paz, a prosperidade e a felicidade do nosso povo. Não, não, felizmente não estamos sozinhos. Os povos amantes da paz e da liberdade prosseguem no auxílio generoso do internacionalismo proletário. Prova disso é o apoio que a classe operária e os seus partidos de vanguarda e os seus povos, que numa invasão popular internacionalista já quase cobrem toda a extensão da nossa querida Pátria. Eles são a nossa retaguarda segura, a nossa protecção no caso de alguma tentativa de golpe de Estado contra a nossa jovem Nação popular, como essas oposições que andam para aí disfarçadas de partidos políticos. Eles são os guardiães da nossa revolução. Não tentem mais uma vez oprimir-nos, ou verão a força descomunal de um partido comunista da classe operária em acção.
Vamos fazer mais uma manifestação de apoio ao nosso querido partido e seus santos líderes, os guardiões dos cofres da nossa jovem democracia popular.
E louvemos e glorifiquemos as mensagens das imagens do amor. Sem ele não subsistiremos, nada faremos e nesta Angola não venceremos. Deixem-se possuir pelo amor porque ele é sempre o vencedor. Amem as nossas mulheres e, sobretudo, amem-se.
Há um falso amor que usa tentáculos para nos prender, arrebatar. Quando mais tarde descobrimos o logro, sentimo-nos imensamente infelizes. Por isso, ama o amor, e não os seus tentáculos.
Em todos os momentos se desvendam perante os nossos olhos os segredos das mutações constantes que originam a vida. Tudo é composto de mutações, mas o amor não, é imutável.
Nos muros do amor as chamas dos desejos acorrentados invadem as nossas almas e os nossos corações sedentos, nunca saciados de amor.
A vida parou, abandonou-nos e o amor também. Para quê tecer considerações supérfluas, se o amor perdido jamais volta, jamais se reencontra.
Por todo o lado se vê o desespero daquilo em que acreditámos durante as aspirações das nossas vidas. Até no amor que não nos deixou sobras.
Oh! Como são vitalícios os inenarráveis caminhos, esconderijos do amor. Assim como as plantas crescem e florescem, assim o amar o amor se rejuvenesce.
Mulher angolana, minha deusa. A tua beleza arrasta-me até aos confins do Universo. Mas prefiro ficar contigo nos meus braços e nos limites da nossa amada terra.

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