segunda-feira, 26 de março de 2012

BWALA PRESS


E se a miséria fosse um partido político?
O que prova que a política não é uma ciência, mas a arte do embuste.
Durante milénios o ser humano inventou vários sistemas políticos e económicos para se manter no poder. Actualmente domina-nos com o seu mais recente invento: a democracia.

Escaparam vivos do assalto
Luanda, 14 de Março, cerca das sete horas. Duas motas rápidas param em frente ao minimercado Pomobel, próximo do largo Zé Pirão. Delas desmontam quatro jovens muito bem vestidos. Um deles vem com o telemóvel no ouvido, aproxima-se dos seguranças, entra no prédio ao lado, dá-lhe uma vista de olhos, espreita para dentro da Pomobel, aproxima-se de dois seguranças que estão em conversa com uma jovem funcionária da Pomobel que aguarda a abertura do estabelecimento. O jovem do telemóvel diz para alguém imaginário, que está tudo bem, isto é, ele está a fingir que fala, ele está a fazer reconhecimento ao local para iniciar o assalto, e de súbito um outro jovem encosta uma pistola na cabeça de um segurança e ameaça-o sem contemplações: «Não te mexas, senão disparo!» Suspeitando que a jovem era uma kinguila, puxa-lhe a pasta que afinal só tem quinhentos kwanzas, o vestuário do serviço e põem-se em fuga. E a jovem muito desalentada, desiludida pergunta aos seguranças: «Não fizeram nada, porquê?!» «Então não sabes?! Estamos desarmados! E mesmo que estivéssemos com armas, eles matavam-nos. Temos muita sorte de ainda estarmos vivos.» Diz o outro segurança: «Mas, eles não pareciam bandidos, estavam com boas roupas, pareciam clientes, ou o quê.»

Kinguilas assaltadas
Luanda. 09 de Março, cerca das 10.00 horas na zona da Discoteca Valódia. Assaltantes vindos de carro fizeram limpeza geral nas kinguilas. E tudo eles lhes levaram, lhes assaltaram.

Assaltos nos prédios
Launda, 09 de Março. Moradores dos prédios no São Paulo, junto à Rádio Ecclesia, estão a ser colocados, assaltados quando sobem as escadas. Os assaltantes fingem que vão subir como se fossem visitar alguém, mas na realidade param, e esperam para fazerem emboscadas aos moradores.

A alternância do poder
O jovem Nekas conserva a profissão que o Poder lhe decretou. Há quase quarenta anos que os mwangolés estão isentos de empregos, porque são subsidiados pelos rendimentos petrolíferos, só que até agora ainda não receberam nada porque as suas dotações têm sido sistematicamente desviadas, aliás como tudo o mais, de qualquer modo, empregos só existem para estrangeiros, então o Estado decidiu, e muito bem, a criação de milhares, ou milhões (?) de empregos para lavadores de carros. É um expediente fácil, não necessita de cursos nem de concursos públicos para admissão, e concede dignidade aos jovens mwangolés. O Nekas é lavador de carros praticamente desde quase que nasceu, como muitos órfãos, ele também o é, ficou assim devido à gloriosa guerra de libertação nacional, primeiro contra o colonialismo, depois contra o imperialismo e seus agentes internos, depois a favor da corrupção, e agora contra o povo. São dessas guerras que fabricam órfãos, mais nada. O Nekas, conseguiu na entrada de um prédio arrumar casa, isto é, uns vulgares papelões que lhe servem de cama, de lençol e cobertor. Dorme, conservando sempre um pequeno saco nas costas onde guarda as economias, que raramente lhe sobram pois que todo o dinheiro que consegue é para comprar aquele uísque dos saquinhos de plástico, e uma liamba de vez em quando que lhe arrastam para aquele paraíso de algumas horas.
O Nekas está em plena actividade laboral: na mão com um pano encharcado em água e um coche de detergente, estica o braço o mais possível, como se fosse elástico, se calhar até é, para conseguir atingir os locais mais distantes do carro. Esfrega, esfrega, vai esfregando. Pára, não está cansado não, olha para uma moradora do prédio onde ele tem a sua casa improvisada. Ela carrega, abastece o seu carro com as bagagens, comidas e bebidas para bater mais uma bruta praia. É amante, são muitas, muitas, de um bosse da Sonangol, que graças a essa condição conseguiu lá com muita facilidade um emprego. O apartamento ficou apenas por quinhentos mil dólares. E do seu apartamento descem mais coisas, incluindo o insulto da ostentação da riqueza. O Nekas não se contém e sabendo que as manifestações estão proibidas, e quando alguém tenta manifestar-se nesse dia chovem barras de ferro, mas ele não receia, manifesta-se, revoluciona: «Filhos da p…! cabrões de m….! vão para a p… que os p…. ! Eu vou votar no Samakuva!» A amante e o seu bosse preferiram colocar cadeados nas suas bocas, acabaram de carregar o seu carro e lá foram passear o luxo do esbanjamento da Sonangol na praia.

A limpeza no Banco Millennium Angola
Do nosso correspondente: 16 de Março, a meio da manhã.
Ouve-se uma voz muito agitada, alterada, como uma pessoa possessa pelo demónio. Abro a janela, mantenho-a sempre fechada devido ao gerador, ele é como este banco: tem ordens para nos matar. E o que vejo? Um branco, português, com três mwangolés, todos da TDA – Teixeira Duarte Angola, um mwangolé com uma mangueira dirige o jacto de água para um dos dez ares-condicionados para a sua lavagem. Os gritos demoníacos do português ouvem-se distintamente: «Aponta a mangueira para ali, porra!!!» E sempre na mesma toada: «Lava agora este, aponta-lhe a mangueira!!!» Um dos mwangolés retira o filtro de um ar-condicionado, passa-lhe com o jacto de água e o português: «Põe-lhe a mangueira agora por cima, agora por baixo.» Foi necessário importar um português para dirigir a lavagem de ares-condicioandos com uma mangueira, e aqui chegado, já é chefe, neste caso: chefe da mangueira da água? O Banco Millnenium Angola é da família TDA, Sonangol e Isabel Santos. Tem a sua sede em Portugal onde lava os dinheiros da corrupção de Angola, logo está muito à vontade para nos matar, com ou sem barras de ferro.

Banco Millennium Angola, um banco dos três crimes.
Este banco abriu uma agência na rua rei Katyavala, em frente à ANGOP, espoliou o terreno, instalou um super gerador nas traseiras do prédio e deixa-o ligado mesmo com a energia eléctrica da rede, o barulho é demais, e o fumo tóxico é mortal, 24/24 horas como convém a esta má espécie de lobisomens, que nada têm de gente, claro. Porque não mandar já lá as milícias com as suas barras de ferro e acabarem com a manifestação arruaceira deste banco? A nossa fonte garante-nos que para dormir têm que fechar as janelas, senão acorda-se morto. Com tantos biliões de dólares à disposição, a loucura é de tal ordem que só pensam em matar-nos? É só criminosos à solta?

Não acredito nas alianças populistas de Abel Chivukuvuku. Essas coisas das conferências de imprensa, é bonito falar na rádio, não dá, na rua é que dá, mas o povo cheira mal, e para quem está bem perfumado, não dá, fica deslocado. Um político tem que estar na frente das multidões, arrastá-las, comandá-las, sem isso nada feito. Alimentar alguns irresponsáveis que não tem noção do que é fazer política, ninguém lhes vai ligar, a não ser que façam comícios junto dos mercados putrefactos, e aí sim, as multidões das populações de vendedores acreditarão. Senão, ficam como os pintainhos perdidos que a mamã galinha por mais que se esforce não os encontra.
Estes são novos tempos, de políticos que demonstrem às multidões que estão com elas, ao lado delas. Fazer, ser político, requer inteligência e sobretudo audácia política, o que me parece não é o estatuto de Abel Chivukuvuku e dos seus palacianos. Esses discursos de 1992 de nada adiantam. O que necessitamos é de uma arma moderna que nos defenda e destrua as barras de ferro.
O ditador durante as dezenas de anos de usurpação do poder sempre garante que o bem-estar das populações subjugadas e espoliadas está para breve. Mas as suas forças policiais e políticas arremetem contra qualquer um que reclame pela simples falta de água, extenuando assim a miséria dos farrapos político-sociais, anunciando que o fim do ditador e dos seus bajuladores, sempre muito frágeis, velozmente se aproxima.
A luta contra o colono uniu Angola e os angolanos. Agora, profundamente unidos outra vez estão, contra a ditadura dos libertadores dos novos colonizadores.
Pelo intenso movimentar dos corruptos, em breve acontecerão mudanças na designação do xadrez político-mundial a saber: Organização das Nações Unidas da Corrupção, Estados Unidos da Corrupção, Comunidade Europeia da Corrupção, Mundo da Globalização da Corrupção, Organização da Unidade Africana da Corrupção etc, ?

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