domingo, 4 de março de 2012

Reflexões zoológicas e teológicas


É necessário que clarifiquemos bem as coisas: nacionalistas não são os membros da nomenclatura, somos todos nós, o Povo angolano.
Neste oásis petrolífero há mais prisões que universidades. E quase quatro dezenas de anos de promessas de que a nossa vida vai piorar. Nesta floresta petrolífera/carbonífera de corpos petrificados, de vultuosos gastos em estádios de futebol que já parecendo ruínas arqueológicas de um reino há muito extinto, mas bem preservado, no tempo aprisionado. Parafraseando o poeta de que já ninguém se lembra: Contra milhões de esfomeados ninguém combate, e quem o fizer será vencido. Seremos por vontade própria um Estado da mediocracia em África e um exemplar cemitério para todos os opositores políticos?
O Governo abandona os seus filhos na miséria, e quando as mamãs nas ruas tentam vender qualquer coisa para que eles não morram à fome, o Governo oferece-lhes forças fiscalizadoras que lhes nacionalizam a miséria que lhes resta. Porque a miséria também é propriedade privada. E o GPL – Governo da Província de Luanda, na voz do seu actual chefe da fiscalização: que vai haver mão pesada sobre os vendedores ambulantes e fixos no centro de Luanda. Que é uma vergonha. E para a corrupção? Mão leve, levemente. Porque esta área de Luanda é ocupada maioritariamente por estrangeiros? A miséria incomoda-os? E há que deportar os vendedores para os seus locais de concentração, que é a Angola que lhes resta?
E quem é o vencedor da edição deste carnaval da corrupção, da miséria, da falta de água, de energia eléctrica? Ninguém sabe?
Nenhum convicto democrata usurpa o poder. A ditadura quando nele se senta confisca as populações e promove-as a rebanhos. Investe desmesuradamente em prisões para que os tresmalhados nelas se acomodem. Do poder a ditadura nunca se isenta, mas obriga-se à sua ausência forçada. Quanto mais isolada se encontra, brama que a imposição da democracia pertence-lhe… perdeu a noção da realidade.
Como acabar com a fome?!
Compra-se um quilo de fome para uma semana, locais de venda não faltam, são o que demais existe. Comem-se setecentas gramas e ainda sobram trezentas. O problema da fome está resolvido. Oxalá que todos os problemas fossem assim de tão fácil resolução. A fome combate-se com a fome.
Há pouco, meditabundo, sobressaltei-me com uma chamada de atenção na minha mente. Fiquei na dúvida se devia ou não partilhar com vocês, porém decidi-me. Está bom, podem-me chamar de pessimista. Mas pelos acontecimentos de desumanidade que grassam pelo mundo, cada vez me convenço mais de que caminhamos irremediavelmente para o suicídio colectivo?
Oração da manhã: Hoje, 26.02, a água subiu um coche, se fosse petróleo subiria sempre, e comecei a minha oração matinal: Senhor! Fazei com que em Angola todos os dias de todos os anos sejam de campanha eleitoral. Obrigado Senhor pelo milagre concedido. Ámen.
E que sobretudo nunca pensem com a força, pensem amiúde com a cabeça.
Vejo uma nuvem de pó no horizonte, uma nova Tchavola se aproxima, se confirma.
Mas, se “nós” há quase quarenta anos erramos catastroficamente, como as profecias dos Maias, porquê persistir nos mesmos erros? É vontade divina? Eleitos por Deus? Insubstituíveis? Responsabilidades acrescidas? Mandato internacional? O poder do petróleo é invencível? A nossa miséria é diferente? A nossa corrupção é o segredo do nosso êxito? Fome… é a política do moderno desenvolvimento? Campos de concentração são a chave para a abertura das portas do desenvolvimento sustentável?
E com uma só voz não se resolvem problemas, muito pelo contrário, multiplicam-se. E depois, quem os soluciona?
Para que a nossa vida siga normalmente o seu curso, nunca devemos depender apenas de meia dúzia de pessoas, mas sim de um colectivo, fazer parte dele.
Hum! Tenham muito cuidado comigo: É que já consegui um bom emprego na EPACA – Empresa Partidora de Casas de Angola. Bazem, lamento imenso mas, já sabem como é, cumpro ordens superiores em nome do patriotismo. Partir casas é um dever revolucionário.
Com tantos generais no Poder, significa que nós, população, somos soldados, um exército?
Num ambiente de total e completa corrupção, é possível falar de ética, transparência e não-violência?
A flor é a cama da abelha. (Do meu neto com cinco anos.)
A recusa do não acesso aos arquivos da CNE aos partidos da oposição é como ter contas bancárias em paraísos fiscais?
Quem é que vai fazer, ou chefiar, a auditoria ao ficheiro eletrónico da CNE? A nossa nomenclatura?
Garantiram-me que a nossa política será integrada no nosso Girabola. Será verdade?
Sermos livres e independentes é partirem-nos as casas e atirarem-nos para a rua sem nada, zeros, porque as empresas de construção civil da especulação imobiliária, são tantas, tantas, que ninguém as consegue contar, são mais que bebida. E desejam, oprimem, que isto acabe bem? Não! É impossível. E que Angola não é o Norte de África? Pois não! É, será muito mais horrível?
25.02 08.56 Horas. O jornalista, não consegui ouvir o nome, do jornal Independente, resume na Rádio Ecclesia as matérias jornalísticas. Mas, como ruído de fundo ouvem-se gritos horríveis. Será que estão a torturar alguém?
Que nos interessam as Leis, se nenhuma funciona, nenhuma se põe em prática? Claro, que a Lei da corrupção e do Far West funcionam perfeitamente.
Oração da noite: E que meu deus EUA, livra-nos do regime sírio, iraniano, chinês, russo, norte-coreano, angolano, etc. Ámen!
Aos milhões de desempregados e excomungados petrolíferos
A EPACA – Empresa Parte Casas de Angola, EP, devido às inúmeras solicitações para partir casas por essa Angola afora, ou adentro, deixando-se levar na corrente das exigências futuristas do modernismo das novas centralidades, recruta milhares de desempregados. Robustez física e falta de amor ao próximo, especialmente com crianças sem futuro nesta Nação e atiradas para o olho da rua, são condições preferenciais de admissão. Sob o lema: Vamos todos partir Angola, isto é, as suas casas, caminhemos no rumo incerto da nova, nossa vida.
Publicidade: Atenção beneficiários das casas partidas: A EPACA – Empresa Parte Casas de Angola, EP, tem para venda imediata tendas a preços de concorrência. Aproveite, estoque limitado. A procura é superior à oferta.
Acabo de ouvir na LAC – Luanda Antena Comercial, que a Sonangol pela primeira vez acaba de pedir um empréstimo internacional de quatro biliões de dólares para financiamentos. Penso que não faz sentido algum a Sonangol contrair empréstimos, porque ainda há pouco tempo informou que não havia problemas, porque os cofres estavam inundados. Tá-se na falência técnica? Financeira?
Porque não se altera a designação da actual República de Angola, para: República das Tendas de Angola?
E o nosso candidato pelo partido do petróleo na campanha eleitoral: «Primeiro o petróleo, segundo o petróleo, terceiro o petróleo, quarto, sempre o petróleo.»
E tudo os bancos lavaram.
Há governos que constroem casas para os seus povos, outros governos destroem-nas.
E exclamava o rei para o seu ministro dos Assuntos Secretos: «Ah! Se eu pudesse acabar com a Internet e o Facebook!» E o ministro, como que atacado por uma súbita luz de uma lâmpada incandescente: «Meu rei, e o Club-k?»
O nosso maior perigo, é que nadamos num mar de corrupção sem bóias de salvação?
Dúvida: a RNA - Rádio Nacional de Angola, emite para Angola ou para a Coreia do Norte?
Oração da noite: E fazei com que Senhor, que os nossos novos-ricos mandem para os contentores do lixo, os nossos Kero supermercados populares, restos de comida e outras coisas boas para nós prospectarmos como os cães, que por sinal já não se vêem andar nas ruas. Será que os chineses os comeram? Senhor, nem só de pão vive o homem, porque nós estamos abençoados pelo lixo que nos é concedido neste latifúndio petrolífero. Ámen.
Os partidos políticos defendem os nossos interesses, ou os deles?
Quanto mais rezamos mais a nossa vida se complica, mais a governação nos atormenta. Não é melhor acabar com as rezas? Deixar de perder tempo e utilizá-las em algo mais útil? Como por exemplo, organizar manifestações?
Oração da tarde: Senhor, fazei com que eu seja filho do nosso PR, e tenha direito a um cochito de tudo o que eles têm, isto é, Angola. Senhor, porquê só os filhos do PR têm tudo e nós nem uma sobra? Obrigado Senhor, pensa nisso. Ámen.
P.S. Senhor, é verdade que quando eles aí chegarem vão para a inferneira? Ou já Te corromperam e espera-os um palácio celestial?




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