quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O cavaleiro Mwangolé e Lady Marli na demanda do Santo Graal (05)


E de repente dei-me a contemplar a beleza da minha companheira Marli. Apesar de olhar para ela, o meu pensamento estava muito longe, num outro planisfério da minha mente, como num mundo perdido que de repente se revelasse dentro de mim, e refugiei-me na força incontida do amor.
Os dias de sol florescem e rejuvenescem as fortalezas do nosso amor. Onde existem seres humanos, há sempre alguns que confiam na sinceridade do amor. A nossa luta, a nossa esperança, são sempre as risonhas primaveras anunciadas no piar dos chegados pardais na nossa janela, na busca de algo para sustento, e também, porque não, do nosso eterno amor.
As velhas árvores contemplam-nos no jardim da nossa infância, na companhia das crianças que aprendem a viver. Não percamos a esperança dos dias sem amor. Plantar o amor, eis o nosso futuro, eis a nossa colheita. O amor é o poder do nosso segredo.
As multidões desorientam-se porque perderam, não sabem o rumo do amor, e mortificam as nossas almas. Temos de conseguir agarrar a última carruagem do amor, antes que removam os seus carris. Pensemos, renovemos os gestos e as carícias do amor. Há sempre tempo para tomar uns goles de amor.
Quando nos damos conta, verificamos que a maior parte dos nossos pensamentos vão para o amor. Amar não é morrer, é viver. O amor é o nosso exército, a chave dos nossos êxitos.
Quando contemplo os campos regados de sol, ondulados pela suave e convidativa aragem, e o plantio sobrevoado por quantidades de insectos e passarada, é mais um hino de amor que recomeça.
Os nossos olhares ainda não se cansaram dos horizontes arrebatados pela angústia da indecisão do amor. Este é o real Universo do nosso sofrer. Quantas surpresas ainda mais nos esperarão neste tempo do amor em vão? A coisa mais preciosa que existe no ser humano é um sorriso de amor. Nele tudo se transforma em beleza. Um olhar terno é o segredo do viver.
Seremos eternamente sábios quando o amor penetrar fortemente nos nossos corações. Temos uma luz forte que nos guia, nos mostra o caminho do nosso interior. Mas é fundamental que ilumine profundamente o nosso coração. Sem ele, o amor, tudo será em vão.

Depois surgiu-me a imagem cândida de uma criança que suspensa de um baloiço numa árvore, enlevada por uma terna névoa, parecendo um sol de neve transparente, talvez um anjo da guarda que a empurrava, balouçava.
Como posso aceitar as lições de moral da igreja, se as crianças à sua guarda ela os mancha com o demónio da pedofilia, que é o seu desastre ecológico?

E os meus pensamentos perseguiam-se, corriam uns atrás dos outros.
Jingola parece a guerra do Vietname envenenada com napalm. As coisas não se fazem num dia, nem em quase quarenta anos de ditadura. E onde houver um terreno, lá está o poder para o espoliar.
As judiarias que constantemente nos acometem, são tantas, tantas, e tão imensas, que fazem com que o nosso ódio se acumule, se concentre, e inevitavelmente acabe por explodir como numa visão de uma poderosa bomba atómica.
Os libertadores libertaram-nos, agora chegou o momento deles nos libertarmos.
É por isso que se interessam e preservam muito a África, o seu rebanho dilecto, da eleição do obscurantismo secular. O terreno fértil da sua espoliação. O deus da África negra nada tem de branco.
Dos cinco cavaleiros do apocalipse, quatro são: a miséria, a fome, a guerra, a peste. O quinto é a Igreja.
Na verdade vos digo meus irmãos, que o céu está infestado de padres pedófilos e de outros que vendem os seus crentes apenas por um litro de petróleo.
Quando a incompetência, a irresponsabilidade e a corrupção teimam na eternidade do poder, a população está condenada à morte? Quanto mais tempo no poder, mais a podridão se alastra, e o cheiro torna-se insuportável de tão nauseabundo.
Quando se houve muito estardalhaço das escoltas policiais, buzinas sempre estridentes no dia-a-dia deste caos irremediável, são os nossos governantes muito apressados, estressados, muito preocupados na resolução dos problemas do nosso sofredor e infeliz, mártir povo.
Os mares estão infestados de tubarões e isso não nos impede de navegar. Jingola é um desses oceanos, e isso não nos impede de lutar. O petróleo exalta os ricos e desespera a revolta dos miseráveis.
Os corruptos são como os alcoólicos. Juram que nunca se corrompem e os alcoólicos também. O álcool comanda a vida. O taxista vinha a cento e cem à hora, é mesmo assim, expressão popular, e voou para o seu eterno lugar. A paz é o que o álcool chama!
É lugar-comum ouvir os lamentos de grande parte dos governantes, de que os problemas de Jingola são muito difíceis e complicados. Quem diz isto não está preparado para assumir os desafios do combate que o espera, não tem competência, e como tal o melhor que tem a fazer é colocar o lugar à disposição para que seja substituído por alguém competente, isto é, que queira e saiba trabalhar. Mas infelizmente não é assim, porque estamos enredados num torvelinho de nada resolver, mas tudo complicar.
Sem contabilidade não há gestão, e por mais volumosas que sejam as receitas petrolíferas, os milhões de dólares desaparecem misteriosamente, como convém dar a entender pela manipulação da informação. E depois aparecem as tais, sempre as mesmas contas bancárias muito gordas, para pagar a compra de veículos limpa-neve onde não a há, e porta-aviões?
Meca tem o seu muro das lamentações. Jingola é o país das lamentações, porque todos se lamentam, não se passa disto, ninguém é capaz de fazer nada. Os tempos mudam, as pessoas de Jingola não.

Sem comentários:

Enviar um comentário