sábado, 26 de novembro de 2011

Se fazemos tudo na trapaça, o que é que querem que o estrangeiro faça? No fundo é um mero primitivismo.


OS DEPORTADOS DOS TRÊS CONGOS
Angola é o terceiro Congo.
Deportados! Bem-vindos ao inferno democrático! Ao campo de concentração de Angola. Uma paisagem local e universal onde todos os oprimidos se desencontram. Nunca pensei ver tanta maldade. De tal modo que a realidade ultrapassa a imaginação do inferno. É verdade, a África negra é um gigantesco campo de concentração.
«Mas não encontro quem possa substituir-me. Cerro fileiras para salvar a Pátria. Santos Costa põe a tropa de prevenção e os "craveiristas" acovardam-se, não respingam. Na campanha eleitoral de 1949 um dos meus dissera "daqui não saímos, nem a tiros, nem a votos". Não o digo mas penso o mesmo. Quem controla os cadernos eleitorais e as mesas de voto ainda somos nós e em 1958 quem ganha as eleições para a Presidência da República é o Almirante Américo Tomás, obviamente. Não posso deixar de rir...
A Nação está devastada. Não sei se terei forças para reconstruí-la. Ainda faço uma alteração constitucional: a eleição para a Presidência da República não será mais por sufrágio directo, mas por sufrágio orgânico. Casa arrombada, trancas à porta...»
In António Oliveira Salazar http://www.vidaslusofonas.pt/salazar.htm
Até parece que a nossa vida é assistirmos complacentes, cúmplices com o tempo da morte dos nossos semelhantes. Quanto mais velhos ficamos mais pessoas que conhecíamos lembramos. São a nossa companhia diária, de quase todos os momentos. Lembramo-nos deles, porque não mais lhes podemos falar. Mas mesmo assim continuam ao nosso lado. Mudos, mas eternamente vivos, despertos.
É desalentador confirmar que nos quase cinquenta anos de independência, o povo angolano ingressou no campeonato sem estádios de futebol da miséria mais aviltante, revoltante. Quando pouco antes da independência, a propaganda do poder já catalogava: «E assim o nosso povo continua na miséria.» Ultrapassou-se este obstáculo com um salto gigantesco para a mais infame escravidão e descarado desprezo. Agora podemos afirmar: e assim o nosso povo continua no campo de concentração à espera da câmara da morte, da fome esgazeada.
Se fazemos tudo na trapaça, o que é que querem que o estrangeiro faça? No fundo é um mero primitivismo.
Depois, esta democracia é muito barulhenta, recordista mundial da poluição sonora. É muito obrada, preocupada em falar nas rádios e escrevinhar nalguns jornais, desses da oposição. Mas, não existe oposição política. Apenas alguns pardais, gatos-pingados daqueles de ver a banda passar. Notam-se facilmente, intelectualmente porque soam como um sino a rebate, não é?! Não é não! Parece que numa hora de entrevista dizem para aí mil e tal vezes, não é?! Normalmente são todos doutores, licenciados em qualquer coisa. Poetas com um livro, a cheirar a poesia bolorenta. Adorar, espalhar vaidade engravatada num bruto jipe para apresentarem um ar de novo-rico… na miséria moral e intelectual. Mobilizar a população para uma manifestação impossibilita-se. Porque o povo está farto de conversas, deseja acção, coisa que o intelectualóide não consegue não. Normalmente repete-se até à exaustão. E não se dão conta que já ninguém os quer porque se tornaram insuportáveis. Não se apercebem que estão num solilóquio. Com tanta vaidade, tristeza de intelectualidade, a ditadura do poder avança epidémica. Se os intelectuais não vierem paras as ruas lutarem, a ditadura avançará imparável. E com gatos-pingados nunca se construirá nação. É notável a dispersão de cargos do intelectual: empresário, deputado, jornalista, escritor, poeta, jurista, analista político, doutor, docente universitário, consultor de qualquer coisa, etc.
E os cães ferozes à solta exterminarão os negros? Como monstros que atacam traiçoeiramente. Isto não é Luanda, não é Angola, é o inferno. E a ocidental democracia, onde está ela? Nos poços petrolíferos e diamantíferos. Mais uma tragédia se anuncia. Angola está retalhada, esfarrapada. O lixo é mais valioso que a população. E avantaja-se o receio que os mesmos angolanos de sempre no poder e a sua estrangeirada exterminem os negros para pilharem à vontade. Isso já aconteceu antes, porque não agora?! E bate certo porque o actual poder conluiado com estrangeiros já lança esquadrões da morte contra a indefesa população, ou ataques muito desproporcionados.
O feitiço do Ruanda uniu-nos quando abracei a minha querida amiga Tatiana Rusesabagina. Resta sempre a lembrança da Ocidental matança Que as guerras dos negros só a eles pertencem. Têm o direito ancestral adquirido de se matarem como bem entenderem. É a guerra deles, é entre eles. Que se matem, que óptimo! Exterminarem-se! Quantos mais melhor porque incomodam muito. São desvios da civilização, convertidos à força, à forca do cristianismo. Como sempre os Brancos fugiram. Deixaram, abandonaram nas ruas feitas de pó, que não se comoviam perante o necrotério. Cemitério ao ar livre com improvisados, massacrados, esquartejados. Assim ficaram os corpos, e os seus restos abandonados. Desprotegidos, entregues ao sol que no solo os requeimava, os decompunha. Tudo tão irreal, como sementes lançadas à terra sem estar lavrada. Agricultores loucos que plantam cadáveres e aguardam que nasçam plantas para renovar, continuarem a matar. Estimular o ódio para que sirva de pretexto ao genocídio. E depois apelidá-lo de Estados Bárbaros. Antes eram as cruzadas para libertar Jerusalém, agora são para libertar Negros. E todos os dias há Cruzadas negras, matanças de pagãos. Cadáveres espalhados, habituados porque perderam a importância, ganharam o desprezo da abundância. Os três congos são um Ruanda diário. Os campeões da democracia são perenes na convivência, conveniência, apoiam as ditaduras amigas que garantem a sua sobrevivência. É como a literatura militante que defende o passado. Obscurece o presente, elimina o futuro. Somos nómadas, passamos o destempero a fugir dos tiros, das catanas e dos pneus de fogo. Somos alimento para chacais, hienas e abutres. E os partidos políticos partem-se na mama da dinheirama. Há muitos brilhos nos três congos, mas os sonhos permanecem escuros, muito obscuros.
Nunca pensei ver uma coisa assim, num país dito independente. Militares da UGP-Unidade da Guarda Presidencial, policia anti-terror, polícias com cães e muitas outras feras humanas assaltarem populações para arrasarem tudo. E o mais grave: proíbem a imprensa de entrar nas áreas destruídas. Isto é um hediondo crime. Onde está o Ocidente que não denuncia o que se passa? O silêncio ocidental é cúmplice deste atroz crime. Angola, particularmente Luanda, estão a saque. O lixo do poder humano mora aqui.
Os brancos diziam e lembram sempre: correram com os brancos, são independentes. Agora, guerra é entre os negros. E os proletários de todo o mundo vencerão esfomeados. Não é imaginável que a civilização actual regredisse. Assim, caminhamos para onde? Para o não significado da vida humana? Onde quem quer que seja, mata o outro a bel-prazer? Caminhamos para uma humanidade sem sentido? Sem futuro? Sem fim à vista? Creio que o que se pretende é instaurar mais um reino universal da maldade das trevas. De violentar bebés? Crianças? De destruir por puro prazer? Impor o reino da bestialidade é preciso! Então já não como seres humanos, apenas vulgares bestas tresmalhadas… e nos devoramos. Acho que é um vírus desconhecido, o causador desta catástrofe cerebral. Já não existem pessoas, apenas rostos cadavéricos que deambulam desesperançados. Um mundo de milícias armadas, por todo o lado espalhadas, com governos inoperantes de generais a brincar aos países.
«E, sem dúvida, trata-se de um país muito rico, (a RDC) com minas de zinco, de cobre, de prata, de ouro, do agora cobiçado coltán, com um enorme potencial agrícola, pecuário e agro-industrial. Que lhe faz falta para aproveitar os seus incontáveis recursos? Coisas por agora muito difíceis de alcançar: paz, ordem, legalidade, instituições, liberdade. Nada disso existe nem existirá no Congo por bom tempo. As guerras que o sacodem, deixaram de serem ideológicas (se alguma vez o foram) e só se explicam por rivalidades étnicas e cobiça do poder de chefes e chefitos regionais ou a avidez dos países vizinhos (Ruanda, Uganda, Angola, Burundi, Zâmbia) para se apoderarem de um pedaço do pastel mineiro congolês. Mas nem sequer os grupos étnicos constituem formações sólidas, muitos se dividiram e subdividiram em facções, boa parte das quais não são mais que bandos armados de foras-da-lei que matam e sequestram para roubarem.»
In Mario Vargas Llosa http://www.elpais.com/
Há vários anos, Carlos Contreiras do PRA, Partido Republicano Angolano, afirmou que as fronteiras do Norte e do Sul estavam a descoberto.
Que interesse obscuro há em deixar a situação evoluir até tal estádio? Para ter argumentos? Para invocar um possível conflito com os vizinhos? Mais uma guerra dos diamantes, agora ao desbarato, de sangue? É que as empresas diamantíferas são dominadas por generais. O país está a ser invadido. Significa que Angola será dominada lentamente por outros povos. Angola não consegue controlar as fronteiras. Militares e polícias nas fronteiras quase sem condições cobram qualquer coisa para sobreviverem. Depois cantar-se-á que o país está a ser invadido, apela-se ao patriotismo (?), que a Pátria está ameaçada. Pouco ou nada resultará porque o povo perdeu a identidade cultural. A que lhe resta é a genuína identidade da miséria nacional e social. Evoluíram, são nómadas. Democracia com generais no poder é possível? Claro que não! Continuamos, teimamos em não nos afastarmos de 1975. A máquina marxista-leninista permanece intocável, inquebrável. Não há ninguém que lhe toque? Que lhe quebre? É impossível viver com generais no poder. Os generais de Esparta impõem, militarizam a democracia. Quer queiram quer dissimulem estamos oprimidos por uma junta militar.
Mas, não se cansam de tanta conversa? Já chega, já estamos cansados, agora queremos acção, não é? Não sei qual é o gozo que dá à FAMÍLIA, destroçar, afundar Angola. Ainda me recordo de outro empresário angolano sempre nascente que disse peremptório em 1992. «Agora já não precisamos mais dos portugueses e dos outros estrangeiros para nada.»
Tanto alarde pela austeridade que a crise económica e financeira mundial provocam na governação. E que as populações sempre são as vítimas, as cobaias do laboratório do poder. Invocam constantemente que não há dinheiro, só mais fome. Mas os governantes continuam a viver na luxúria. A austeridade só afecta os governados, os governantes não. São eles, sempre os mesmos… os pobres dementes. Bancos sem dinheiro são bancos? Em Luanda são! Porque são da FAMÍLIA e para generais da junta militar. E o melhor investimento em Luanda continua a ser as fábricas de cerveja. A principal matéria-prima é a água e esta é de borla. É o chamado lucro fabuloso.
Somos carne inumana no matadouro nacional. O tempo vai passando e vamos adorando o exibicionismo dos nossos intelectuais de pacotilha. Um por nenhum e todos por nenhum. Todos isolados, no pântano mergulhados. Escrevem, oram sempre o mesmo palavreado e já está. Vejam-nos deleitados na sua vã e vil magnificência. São os melhores dos piores do mundo. Incapazes de mudarem o que quer que seja do estado e dos estádios actuais das coisas. Estão simplesmente insuportáveis, condenáveis. E assim não futuramos nos nossos três congos.
Imagem: soldados mirins Congo 300x246 Um Paradoxo Social: Drogas e Violência
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