quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Trova da Corrupção que Passa


Adaptação para a nossa corrupção
da Trova do Vento que Passa
de Manuel Alegre

Pergunto ao corrupto que passa
pela corrupção do meu país
e o corrupto cala a desgraça
o corrupto nada me diz.

Pergunto aos petróleos que levam
tanta Tchavola descampada
os corruptos não me sossegam
levam tudo desta terra desolada.

Levam tudo desta terra desolada
ai Tchavolas do meu país
sem pátria, sem luz e água
para onde vais? O líder nunca diz.

Se a fome desfolhas
morres sem país
e o bando dos quatro
que morrestes pelo teu país.

Pergunto ao corrupto que passa
porque nos rouba o pão
Tormento - é tudo o que nos deixa
quem vive na corrupção.

Vi florir os verdes dólares
nos leitos revoltados
com tão poucos amos
e tantos trabalhadores espoliados

E o corrupto não me diz nada
e o líder diz nada de novo
Vi minha pátria renegada
nos cadáveres sem braços do povo.

Vi-me pária na bandidagem
dos navios-petroleiros no mar
como quem deseja fugir
mas é obrigado a ficar.

Vi navios-petroleiros de ouro
(apátridas sulcando águas)
perdi a minha pátria, desertou
(verdes dólares, desgraças, mágoas).

Há quem te queira neocolonizada
e são demasiados os atrelados
Eu vi-te espoliada, tchavolada
nos corruptos braços desgovernados.

E o corrupto não me diz nada
mostra-me, na ditadura insiste
Vi os mártires sem pátria
sem eira nem beira, tudo triste.

O corrupto nunca diz nada de novo
fala à Nação tudo omitindo
nas razias ao povo
vejo minha pátria se esvaindo.

E as noites à luz de vela
sem governantes, sem país
peço notícias ao corrupto
e o corrupto nada me diz.

Mas há sempre uma vela
que alumia a nossa desgraça
há sempre um democrata
que canta ao corrupto que passa.

Mesmo na noite mais escura
na ditadura da espoliação
há sempre um mártir que insiste
que se revolta contra o camaleão

que diz basta, não à escravidão.

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