segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Este petróleo é o nosso mar de chicotes que nos açoita






Neste mar apedrejado de hipocrisia
Onde reinam senhores dissolutos
Sente-se o cheiro da paralisia
E da podridão dos corruptos

Os legítimos escroques de Portugal
Vêm para Angola tal e qual
Rebentar o tecido empresarial
Não pagam salários, isto é legal

Angola e os angolanos vêm ajudar
E qualquer um pode emigrar
Assim torna-se mais fácil saquear
Domésticas e costureiras a trabalhar

Vêm com o macabro plano
De escravizar o angolano
Se der para aguentar mais um ano
Isto é fácil para quem é cigano

Faz o teu trabalho mwangolé, faz
porque chegado o fim do mês
salário? kumbu?, não o verás

Os antigos, abandonados combatentes
Apátridas na pátria dos estrangeiros
Perecem pelos senhores inconscientes
Resta-lhes o sobreviver como bandoleiros

Até há discriminação nos obituários
Os senhores do petróleo são a Nação
Os estrangeiros vivem, têm salários
E os macacos angolanos? NÃO!

Os que pensam que nos dominam
Por mais quanto tempo? Uns dias?
Implacáveis as nossas vidas arruínam
Como nas tenebrosas melodias

Até nas ruas oprimem o sobreviver
Querem uma Luanda colonial
Já ninguém mais pode vender
Nesta Luanda portuguesa celestial

Cada tuga à toa que aqui vê a miragem
É mais um emprego que nos desvia
A miséria exporta-se, é a garimpagem
Nesta Angola onde tudo se surripia

É o sonho colonial vigente
Outra vez em Angola presente
Na alma dessa inglória gente
A vil cooperação deprimente


Quando é que deixamos de jogar na quarta divisão e passamos para a primeira?

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