quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O prazo de validade deste Poder expirou





República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos
19 de Novembro
Uma jovem de vinte e um anos vive com o seu marido em casa dos sogros há dois anos. Tem um filho com quase dois anos, os sogros, avós, tomam conta da criança, neto. Nestes dois anos a única conversa com o sogro é: bom-dia, boa-tarde e boa-noite. Já lhe foi chamada a atenção, mas não adiantou, continua na mesma. Dizem que ela é mesmo assim. Esta jovem bate bem?
20 de Novembro
Na Rádio Ecclesia debate-se o tema sobre o elevado número de mortes nos cemitérios de Luanda e arredores. Um técnico de saúde foi peremptório na explicação: «É a extrema pobreza. » No cemitério do Benfica são mais de cinquenta funerais, disse outro técnico. Ainda outro técnico disse que são mais de cem funerais diários. Estamos perante mais um genocídio silencioso?
Parafraseando Agostinho Neto: E contra milhões de manifestantes ninguém combate. E quem o fizer será vencido.
21 de Novembro
Segundo a Rádio Ecclesia, a empresa Franks International, subsidiária da Sonils, do grupo Sonangol, mais de quatrocentos trabalhadores angolanos estão em greve a partir de hoje por tempo indeterminado. O salário mínimo é de quarenta e três mil kwanzas, eles exigem o dobro. Queixam-se de maus tratos e insultos. Contactado, o director - que pelo atavio linguístico parece português - sobre a exigência salarial, respondeu impreciso, com uma espécie de grunhidos e desligou o telefone ao repórter da Rádio Ecclesia. Enfim, assim prossegue a cavalgada da escravidão dos mwangolés na defesa da liberdade e riqueza dos estrangeiros.
22 de Novembro
A anarquia dos cortes na energia eléctrica não pára, assim tivemos mais um apagão das 04.50 até às 05.21.
Parafraseando: povo mole em ditadura tanto lhe bate até que fura.
Tiranos a governarem são um perigo para a Humanidade.
Manifestação em recinto fechado é a mesma coisa que encerrar animais num estábulo.
O auge da tirania atinge-se quando o tirano vende a sua população aos estrangeiros como mercadoria escrava.
Só a manifestação nos liberta.
Vejo fumo por todo lado – por toda a cidade? – o que se passa? Já fechei portas e janelas. O fumo intenso sai aí na zona próxima da LAC - Luanda Antena Comercial.
E mesmo sem Internet e outras comunicações, venceremos! A manifestação do dia 23 de Novembro
é um gigantesco passo para a tão ansiada liberdade e independência do povo angolano.
Horripilante! Angola é como os campos de concentração nazis onde os seus comandantes, como passatempo disparam ao acaso nas cabeças dos prisioneiros.
Oh! Mas quanta ignorância destes continuadores da revolução. Então já não ligam aos ensinamentos do guia imortal Agostinho Neto? É burrice danada, e assim vão perecer? “Alguns de nós poderão desaparecer, alguns de nós poderão ficar na primeira esquina”. Não é isso que lhes vai acontecer? NÃO?!
Festança de jacarés na manifestação de 23 de Novembro, para que os estrangeiros continuem a chicotear, a escravizar os mwangolés? Com o “já está tudo calmo”, os escravos regressaram às plantações para gáudio dos seus fazendeiros patrões. Só que não sabem uma coisa: quanto mais chicote mais as costas dos escravos rejuvenescem, e quem é que acredita que: “já está tudo calmo” pois que a revolta dos escravos é permanente.
E depois deste campo de batalha, que foi a manifestação do dia 23 de Novembro, sim, infelizmente uma vulgar manifestação consagrada na constituição (?) é considerada como uma confrontação, alguns outra vez pereceram – sim, outra vez angolanos pereceram – e já não estarão mais no nosso convívio. Como sempre ficam os vivos e será que os merecem?
Embora pareça que não, mas as mais retrógradas leis da escravatura pendem sob nós, como um pêndulo sempre pronto para decapitar as nossas cabeças.
Não consigo esquecer o modo brutal, extremamente repressivo, sem respeito pela vida, da dignidade humana, como o presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, detido como um vulgar delinquente, e o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, que – pode-se dizer – escapou da morte. É assim que neste reino se tratam os adversários políticos? Não há o mínimo de cortesia? De respeito? De educação? De cavalheirismo? Pois, minhas senhoras e meus senhores, Angola acabou, virou pasto de jacarés, e estes têm ordens para nos devorarem.
24 de Novembro
E outro corte, ficámos sem energia eléctrica das 05.56 às 16.24 horas.
Quando uma guarda presidencial mata a bel-prazer nada tem de presidencial, é apenas uma milícia privada. E quando é assim, naturalmente que a Polícia e demais forças similares e o exército – por mais que custe dizê-lo – também são milícias privadas. O Estado e a vida dos cidadãos também são propriedade privada, aniquilada.
25 de Novembro
E se os cidadãos decidirem criar milícias privadas para se defenderem da grande matança das milícias governamentais? Porque não pensaram nisso?
26 de Novembro
Estou-me a lembrar quando amanhã às dez horas sair o cortejo fúnebre do jovem - mais um e quantos mais? - vítima da ideologia petrolífera, dirigente da CASA-CE Manuel Hilberto Ganga, morto pela guarda presidencial. Em 1974/75, fui no cortejo fúnebre de Pedro Benge e de mais cinco – se a memória não me falha – outras vítimas da intolerância racial colonial. Fui na marcha silenciosa desde a Liga Africana para o cemitério de Santana. Eram milhares de pessoas, foi um cortejo impressionante. Agora outra vez, como se não fosse possível sairmos desse tempo? Constitui incredulidade como Angola é incapaz de se libertar dos fantasmas desse tempo. E o silêncio cúmplice dos estrangeiros, pois que, “as coisas já estão calmas” como se a morte dos mwangolés fosse um campeonato de funerais.
Ontem no São Paulo, a Polícia roubou todo o negócio das mulheres comprado nos armazéns - uma nota daquelas - as festas do Natal e Ano Novo aproximam-se e então como é regra todos os anos, os polícias e fiscais roubam tudo o que puderem sob o olhar agora silencioso das milícias que nos governam.
27 de Novembro
Eu não tenho medo da expansão do Islão, tenho é muito receio da expansão da corrupção.
Até na Sonangol espoliam empregos? É pá! Isto está mesmo muito fodido. Segundo fonte credível, na Sonangol os portugueses e brasileiros aliaram-se e estão a correr com os angolanos de lá. 
Portugueses alugaram um apartamento, puseram-no muito bonito e agora realugaram-no a outros portugueses. Negócio à portuguesa em Angola, não é?!
Os protestos (no Brasil) foram fruto da democracia. Dilma Rousseff.
28 de Novembro
Uma só televisão, uma só rádio, um só jornal e uma só voz, um país de cegos, surdos e mudos. É isto a que alguns chamam democracia.
Minhas senhoras e meus senhores! Manas e manos! Bros and sistas! Há o propósito declarado de fazer da oposição um cemitério, reduzir a átomos tudo o que é, e o que não é oposição. Como é que é? Em que ficamos?
29 de Novembro
Coitados dos portugueses, pobres, deserdados da fortuna, que de Portugal voam para Angola, como Moisés que conduz o seu povo perseguido pelo Faraó para o Maná da terra prometida. E aqui desembarcados, de bolsos vazios, pois em Portugal é a lei da miséria quem mais ordena, logo colocam anúncios bem elucidativos da sua paupérrima condição social. Desempregados, na miséria, como conseguem o dinheiro para de imediato viverem principescamente? “Alexandra Leitão. Ola Boa Tarde a todos! Brevemente estarei em luanda a trabalhar, alguém me sabe dizer onde e como adquirir serviços de internet e televisão para a minha futura casa?”
Quem tem medo do Islão?

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