quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Três consequências da desvalorização da moeda que muitos economistas se recusam a aceitar





(Resenha)

1. Aumento dos preços
Essa é a consequência mais imediata e mais visível.
Uma moeda fraca, longe de afetar exclusivamente os preços dos importados, afeta também todos os preços internos, inclusive dos bens produzidos nacionalmente. Isso é óbvio: se a moeda está enfraquecendo, isso significa, por definição, que passa a ser necessário ter uma maior quantidade de moeda para adquirir o mesmo bem.

Mises.org.br.

Essa é a definição precípua de moeda fraca: é necessária uma maior quantidade de moeda para se adquirir o mesmo bem que antes podia ser adquirido com uma menor quantidade de moeda.
Não tem escapatória: moeda fraca, carestia alta. Sem exceção.
Não são apenas os preços dos produtos importados e das viagens internacionais que ficam mais caros. Bens produzidos nacionalmente também encarecem, pois as indústrias produtoras certamente utilizam insumos importados ou, no mínimo, peças importadas.
Já em países ainda em desenvolvimento, dotados de governos bagunçados e políticos insensatos, o câmbio não flutua; ele afunda. E junto com ele vai o padrão de vida da população.
Não tem escapatória: moeda fraca, carestia alta. Sem exceção.
Uma simples firma que utiliza computadores e precisa continuamente de comprar peças de reposição vivenciará um grande aumento de custos.
Pior ainda: os preços dos alimentos são diretamente afetados pela desvalorização da moeda.
2. Desestímulo aos investimentos
Além de ser o meio de troca, a moeda é a unidade de conta que permite o cálculo de custos de todos os empreendimentos e investimentos. Se essa unidade de conta é instável — isto é, se seu poder de compra cai contínua e rapidamente, principalmente em termos das outras moedas estrangeiras —, não há incentivos para se fazer investimentos.
Quando investidores investem — principalmente os estrangeiros —, eles estão, na prática, comprando um fluxo de renda futura. Para que investidores (nacionais ou estrangeiros) invistam capital em atividades produtivas, eles têm de ter um mínimo de certeza e segurança de que terão um retorno que valha alguma coisa.
Mas se a unidade de conta é diariamente distorcida e desvalorizada, se sua definição é flutuante, há apenas caos e incerteza. Se um investidor não faz a menor ideia de qual será a definição da unidade de conta no futuro (sabendo apenas que seu poder de compra certamente será bem menor), o mínimo que ele irá exigir serão retornos altos em um curto espaço de tempo.
3. Desindustrialização
O primeiro grande problema é que, no mundo globalizado em que vivemos, vários exportadores são também grandes importadores. Para fabricar, com qualidade, seus bens exportáveis, eles têm de importar máquinas e matérias-primas de várias partes do mundo. Uma mineradora e uma siderúrgica têm de utilizar maquinário de ponta para fazer seus serviços. E elas também têm de comprar, continuamente, peças de reposição. O mesmo vale para a indústria automotiva, que adicionalmente será prejudicada pela redução da oferta de aço no mercado interno (dado que agora mais aço está sendo exportado).
Se a desvalorização da moeda fizer com que os custos de produção aumentem — e irão aumentar —, então o exportador não mais terá nenhuma vantagem competitiva no mercado internacional.
E o motivo é óbvio: câmbio desvalorizado significa moeda com menos poder de compra. Moeda com menos poder de compra significa renda menor para a população e preços em contínua ascensão. E renda menor em conjunto com preços em contínua ascensão significa que a demanda por bens de consumo diminui.
A desvalorização cambial faz com que haja um aumento generalizado dos preços. Consequentemente, a renda real das pessoas diminui. Com a renda em queda, as pessoas consomem menos. Consequentemente, as vendas do comércio diminuem e os estoques se acumulam.
Ato contínuo, a primeira medida dos comerciantes será a de diminuir a encomenda de novos estoques. Se há geladeiras, fogões, televisões e móveis se acumulando nos armazéns das lojas, então a encomenda de novos estoques será suspensa.
Logo, os fornecedores — o setor atacadista — reduzirão suas encomendas para as indústrias. E as indústrias, por sua vez, reduzirão sua produção.

Yonatan Mozzini 27/08/2015 19:36
Uma pequena aula de lógica para keynesianos e desenvolvimentistas, que sofrem de baixa acuidade intelectual, com sete passos claros para eles não se perderem: 1. Desvalorizar é o mesmo que depreciar; 2. Depreciar é o mesmo que perder valor econômico; 3. Perder valor econômico é o mesmo que perder poder de compra; 4. Perder poder de compra é o mesmo que adquirir menos insumos; 5. Adquirir menos insumos é o mesmo que gerar menos produção; 6. Gerar menos produção é o mesmo que permitir menor consumo; 7. Permitir menor consumo é o mesmo que diminuir o padrão de vida. Agora é só colocar "moeda" nessa linha raciocínio e se obterá a resposta sobre a valorização ou desvalorização da moeda ser boa ou ruim para a economia.
Leandro 28/08/2015 12:23
Bons pontos, Pedro. De fato, a desvalorização é uma política por meio da qual a população do país, ao perder seu poder de compra, subsidia os ricos importadores estrangeiros. É incompreensível que a esquerda defenda essa redistribuição de renda às avessas: dos pobres dos países pobres para os ricos dos países ricos.
"Imprensa foi feita pra não informar"; "Na guerra quem vence é a mentira".

Imagem: Sérgio Piçarra. Semanário EXPANSÂO.


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