domingo, 31 de dezembro de 2017

Ficam os pérfidos de coração à espera da exoneração



As almas caridosas lá vão
De tanto sofrimento em vão
Ficam os pérfidos de coração
À espera da exoneração

Para me libertar
Tenho que acordar
Não me deixam despertar
Os sonhos realizar

Meio século resistiu
O trono dos intocáveis ruiu
O vigilante da história decidiu
O palácio dos dólares extinguiu

O amor está na miséria
Já não é coisa séria
Antes era abundante
Agora vende-se num instante

O dia e a sua aurora
Estão lá fora
Já vão embora
Não perdem pela demora

O sol está a levantar
Crianças famintas a acordar
Não têm onde encontrar
A fome tem que enfrentar

Muitas dívidas a nos assombrar
Amarram a nossa mente
Sem forças para lutar
Dizem que não somos gente

Que ainda é propriedade pessoal
Um grande vasto quintal
Que de tão desigual
Ergue-se vasto curral

O tempo vai passando
Nós de plantão esperando
A crise económica agravando
O dia de amanhã adiando

Tempos novos a anunciar
Que tudo vai mudar
Ordenam-nos para confiar
Que a miséria vai acabar

Antes que enlouqueça
O ministro aperta a cabeça
Antes que tudo escureça
E ninguém lhe obedeça

Imagem: Sérgio Piçarra, Novo Jornal








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