sexta-feira, 28 de novembro de 2014

José Sócrates também vendia ovos





Antes de ti estávamos no fundo
Contigo mergulhámos no precipício
Conseguiste o fim do nosso mundo
Porque foste tu que lhe deste início

De Angola eras um grande amigo
E que mais tarde serias um mendigo
Agora estás na prisão do castigo
Estás num lugar seguro sem perigo

Hábil mestre da corrupção amada
Com os mestres de Angola cursada
Estes também se cantam na balada
Pouco tempo lhes falta para abalada

Ex/primeiro-ministro na prisão
Agora lá canta a sua canção
Tem o número 44 de campeão
E muitos seguem a sua religião

Afinal ele também vendia ovos
O grande segredo dos milionários
Que faz homens extraordinários
Exímios vendedores de povos

De Portugal saiu muito jovial
Em Angola mostrou-se genial
Muito democrático, imparcial
Nesta época nunca se viu tal 

Os corruptos são como a pedofilia
Os corruptos lavam dinheiros
Foram eleitos pela democracia
Os pedófilos corrompem traseiros

Nunca tal aconteceu em Portugal
Nunca se viu tanto marginal
Não, não, isto não é sazonal
Está institucionalizado, habitual

Em Angola não lhe serviu o estágio
Do pôr o dinheiro nos familiares
Ainda não estamos livres do contágio
Destas mentes muito epistolares

A vertigem do poder está presente
Faz muito político demente
Tão seguros de si e de repente
Mostram o que são, uma serpente

O poder é para os enriquecer
A prisão é para os prender
A população é para padecer
Afinal o poder faz enlouquecer


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Em Luanda o crime compensa





Luanda das obras chinesas que desabam
E das outras que nunca mais acabam
Grande magia, os tugas são angolanos
E os mwangolés extraterrestres marcianos

Luanda a cidade da morte dos geradores
Não dá para viver nos prédios aterradores
Os gases da morte deixam tudo gaseado
Da bandidagem dos assaltos tudo cercado
Do fumo do poder em pânico envenenado

E eis o hediondo e programado plano
Estrangularem-nos ano após ano
Para que dependamos dos estrangeiros
E aqui e ali só cheira a colonos corriqueiros

São muitos com o mínimo de poder
Que podem eliminar quem lhes apetecer
E o que verdadeiramente nunca sabemos
É a desgraça de quando água e luz teremos

A vida dos colonos está sempre a melhorar
Com o dinheiro que andam a nos roubar
E nos tentáculos desta diabólica governação
A intolerância política é a arma da dominação

Quando os estrangeiros não nos deixam viver
Nas nossas casas não conseguimos sobreviver
Defender-nos-emos com as armas a tinir
E quem está fora da lei tem que se punir
Não dá ver milhões a chorar e alguns a sorrir

Só os estrangeiros têm direito às cantinas
E do serviço sexual das nossas queridinhas
Os cafés e restaurantes são dos portugueses
A terra angolana já não é dos camponeses

Alguns da oposição não têm nada de santos
Prometem-nos palavras por todos os cantos
De um país que vive em permanente conjura
Qualquer está sujeito à tortura e à clausura

Na Angola, Sarl só o petróleo lhes interessa
No neocolonialismo matam-nos depressa
Somos cobaias humanas para experiências
Das actividades internacionais das potências

E ficaremos com um presidente chinês
Não muito depois um presidente português
E ajoelhados para o chicote outra vez
Submissos e órfãos do império da malvadez

A opressão chinesa e portuguesa
São já uma indubitável certeza
Dividem entre eles a riqueza
Para a população o PIB da pobreza






terça-feira, 25 de novembro de 2014

Luanda. Comandantes da Polícia Torturam Laurinda Gouveia



 


Rafael Marques de Morais
MAKAANGOLA.ORG

Um oficial da Polícia Nacional tirou o telemóvel a Laurinda Gouveia, de 26 anos, e outro deu-lhe uma bofetada. Arrastaram-na pelos cabelos, por poucos metros, até a um patrulheiro da Polícia Nacional. Laurinda cometera um crime de lesa-pátria ao tentar manifestar-se para exigir a demissão do presidente José Eduardo dos Santos. O que se segue é o seu calvário.
Estudante do segundo ano do curso de Filosofia da Universidade Católica e vendedora de churrasco, no passado dia 23 de Novembro, pelas 16h00, Laurinda Gouveia deslocou-se ao Largo da Independência, em Luanda, com mais três activistas. Enquanto os seus companheiros tentavam chegar ao monumento de Agostinho Neto, a jovem tirava fotos da “retaguarda”.
“O patrulheiro da Polícia Nacional levou-me para a Escola 1º de Maio [Instituto Médio Comercial de Luanda], junto ao Largo. Seis comandantes da polícia e oficiais à paisana do SINSE fizeram um círculo para torturarem-me, enquanto os subordinados assistiam”, conta Laurinda, ainda acamada.
“O comandante da Esquadra da Ilha de Luanda [inspector-chefe Manuel] disse-me: ‘Oh, sua puta de merda, você está aqui a fazer confusão.’ Desferiu-me um soco entre os olhos e os outros começaram a pancadaria contra mim”, explica a jovem.
Segundo a vítima, para que não se pudesse defender dos golpes, um dos oficiais algemou-a pelas costas. Os comandantes atingiram-na continuamente com mocas, porretes e cabos de aço, trocando entre si os instrumentos de tortura, à medida que lhe iam batendo.
 

 Laurinda Gouveia, torturada por comandantes da polícia, em dias mais felizes



Laurinda Gouveia urinou três vezes durante o espancamento. “Eu implorava por perdão. Um comandante disse-me ‘você não vai se mijar só, vai ter que se cagar aqui com a porrada’”, conta.
Passaram a assestar-lhe mais golpes de moca na cabeça. “Um oficial do SINSE perguntou-me se eu não o reconhecia. Eu disse que não. Então, mandou buscar uma barra de ferro. Pisou-me nas pernas e pôs-se a espancar-me com a barra de ferro nas costas. Ele dizia que a barra de ferro tinha gindungo”, revela a vítima.
Desesperada, Laurinda Gouveia rebolou para debaixo da viatura que se encontrava ao lado: “O comandante ordenou ao motorista para arrancar com a viatura e atropelar-me. Saí. Viraram-me de barriga para baixo e puseram-se a espancar-me no rabo com uma moca, durante muito mais de 50 vezes. Depois fizeram o mesmo nas plantas dos pés e de seguida na cabeça”.
Segundo Laurinda Gouveia, um agente da polícia filmou pormenorizadamente a tortura a que foi submetida. Conta ter desmaiado várias vezes durante as duas horas de espancamento ininterrupto.
“Um outro comandante agarrou-me pelos cabelos, começou a arrastar-me e mordi-lhe uma mão”, revela a activista. Enfurecido, “disse-me ‘não sei se tens sida, agora é que vais dançar!’. Esse comandante pegou num carregador universal de telemóvel, com várias saídas, e começou a açoitar-me nos olhos. Um outro comandante disse-lhe para ter cuidado para não estragar o carregador.”
De tão violenta pancadaria, Laurinda Gouveia acreditou que iria morrer ali mesmo: “Era para me matarem, mas um dos comandantes disse que essa porrada é apenas o princípio: ‘Se voltares aqui vamos te matar.’”.
“’Essa puta vende churrasco ali no Bairro Cassenda, agora vem para aqui a querer desestabilizar o país’, disse-me um dos oficiais do SINSE, fazendo-me ver que conhecia bem a minha casa”, denuncia Laurinda Gouveia.
Os “comandantes”, quando a jovem lhes parecia já moribunda, largaram-na defronte da União dos Escritores Angolanos, no Largo das Escolas, a menos de 300 metros do local de tortura.
Coincidência ou não, pelo local passou uma ambulância, que a socorreu e a transportou para o Hospital do Prenda. A mesma ambulância levaria também outro activista, cuja narrativa se segue.

Baixa de Kassanje – outra vítima de tortura

Oldair Fernandes “Baixa de Kassanje”, de 24 anos e técnico de informática, revive também os momentos de tortura por que passou quando, em companhia de Laurinda Gouveia e dois outros jovens, chegou ao Largo da Independência.
“Os três que tentámos passar a barreira policial junto ao largo fomos cercados por 20 agentes policiais. Foi o próprio comandante Francisco Notícias [comandante do Distrito da Maianga, da Polícia Nacional] quem me agarrou, enquanto cinco agentes do SINSE me agrediam com barras de ferro. Depois levou-me para dentro da Escola 1º de Maio”, revela Baixa de Kassanje.
Já no interior da escola pública, “mais de dez homens torturaram-me com barras de ferro e paus. Estavam com muita raiva. Desmaiei algumas vezes”, conta.
Num momento de distracção dos seus algozes, Baixa de Kassanje meteu-se em fuga e entrou para uma viatura-táxi, um Toyota Hiace. “Os agentes partiram os vidros do Hiace, mas o motorista foi corajoso e não parou. Levou-me até uma certa distância, onde achou que eu estaria em segurança, e deixou-me”, prossegue.
O activista acrescenta que o superintendente Francisco Notícias terá enviado a ambulância “para verificar se tínhamos morrido ou não”. A ambulância encontrou-o onde o taxista o deixara.
No Hospital do Prenda, passaram a noite a soro. Os activistas denunciam que não receberam qualquer tratamento médico, não lhes sendo sequer administrado um analgésico: “Puseram-nos no soro durante a noite, e foi tudo.”
Agentes do SINSE e da Polícia Nacional permaneceram ao lado dos activistas, tentando interrogá-los a ambos: “Estavam lá a controlar-nos, mas não respondi às perguntas deles. O Nito Alves, que estava lá a apoiar-nos, de vez em quando gritava com eles para se afastarem de nós”, conta Baixa de Kassanje.
Tanto Laurinda Gouveia como Baixa de Kassanje encontram-se acamados, temerosos e sem recursos para assistência médica adequada.
“O SINSE continua aqui a rondar a minha casa e a interrogar os meus vizinhos. Eles continuam a vigiar-me”, afirma Baixa de Kassanje.
Maka Angola contactou o Comando Provincial da Polícia Nacional em Luanda, para obter uma versão oficial dos acontecimentos. O encontro está marcado para a próxima quarta-feira, no referido comando.

A violência do dia anterior

No dia anterior, a 22 de Novembro, dois grupos de manifestantes, com pouco mais de 20 jovens cada, tentaram uma nova estratégia. O primeiro concentrar-se-ia no Largo da Independência e o segundo marcharia em direcção ao Palácio Presidencial, na Cidade Alta, ambos para exigirem a demissão do presidente. Pelo meio, surgiu um terceiro grupo de desmobilizados a reivindicar pensões.
No total, 12 dos jovens que se dirigiam ao Palácio foram perseguidos entre a Maianga e a Assembleia Nacional, por volta das 11h00, entre os quais Raúl Mandela, David Salei e Beimani Residentível. Não tendo chegado ao palácio, os jovens reagruparam-se no Largo da Independência, onde já se encontravam Red Miguel, Álvaro Binga, MC Life, Dago Nível Intelectual e outros.
A polícia não se fez rogada e deteve-os. Para além da surra aplicada a cada um dos detidos, com cabos de aço, bastonadas e pontapés, os agentes policiais levaram os jovens para fora da cidade. No município da Cacuaco, foram sendo libertados, um por um, a distâncias consideráveis, para que não se pudessem encontrar.
Segundo explicações de Osvaldo Manuel João ao Maka Angola, “os polícias tiraram-nos os telefones, ficaram com os nossos documentos pessoais e roubaram-nos todo o dinheiro que tínhamos. Quem ordenou a repressão no local foi o comandante Francisco Notícias”.
O jornalista Sedrick de Carvalho, que se encontrava ao lado do comandante Notícias, explica que inicialmente o comandante Notícias ordenara aos seus homens para não deterem nenhum activista. No entanto, viu agentes aos empurrões com uns jovens, e um destes a desferir um soco a um policial. Nessa altura, “o comandante ordenou o confisco do meu telemóvel e aí começou a pancadaria”, conta Sedrick de Carvalho, cujo telefone a polícia reteve por cerca de uma hora.
Em concertação com os jovens, um grupo de algumas dezenas de veteranos de guerra também tentou convergir nas imediações da Maianga para a marcha contra o palácio. “Como eles têm a técnica militar tentaram reagir contra a Polícia de Intervenção Rápida (PIR). Os Ninjas [PIR] não conseguiram humilhá-los [aos veteranos] como têm feito connosco, com pancadaria a torto e a direito”, desabafa Raúl Mandela. O activista explica que as forças de segurança não detiveram nenhum dos veteranos.
Segundo o seu testemunho, Raúl Mandela foi agredido por agentes policiais com barras de ferro, tendo ficado com o braço direito todo inflamado.
Mas há um outro detalhe curioso. O governo provincial autorizara uma marcha de professores, em comemoração do Dia dos Professores, e outra da juventude do MPLA (JMPLA) para a mesma hora. Os manifestantes anti-regime, segundo Raúl Mandela, iludiram a segurança vestindo camisolas da marcha dos professores, enquanto outros também vestiram camisolas e bonés da JMPLA, mas mantendo as suas reivindicações.
A estratégia oficial de realização de manifestações pró-regime para abafar as manifestações anti-regime foi malsucedida por causa da infiltração. “Quando a polícia se apercebeu, teve de acabar com todas as manifestações. Estávamos infiltrados”, conta Raúl Mandela.

Manifestações, ou jogo do gato e do rato

Desde 2011 que funciona assim: um grupo de jovens anuncia um protesto antigovernamental, as forças policiais e de segurança desdobram-se a detê-los, a torturá-los e a dispersá-los. No fim-de-semana passado, a 22 e 23 de Novembro, a tragicomédia repetiu-se. O que ganham os jovens com a provocação e o que ganham as autoridades com a repressão? Qual é o real valor da Constituição? Eis as questões que importa analisar.
No domingo, vários jovens revolucionários juntaram-se na romaria ao Cemitério da Sant’Ana, em Luanda, organizada pela CASA-CE e liderada por Abel Chivukuvuku, em memória de Manuel Hilbert Ganga. Foi o primeiro aniversário da execução do jovem activista da CASA-CE pela segurança presidencial, a 23 de Novembro de 2013. Essa marcha teve a protecção da polícia e decorreu de forma pacífica.
As tentativas de protesto antigovernamental são, invariavelmente, manifestações contra o presidente da República José Eduardo dos Santos. Desta vez, como em várias ocasiões anteriores, os jovens exigiam a sua demissão.
Porquê o foco sobre o presidente? A sua longevidade no poder, 35 anos, é apenas um pormenor. A questão fundamental é a Constituição de 2010, que aboliu o governo como um dos quatro órgãos de soberania. A nova Constituição consagra apenas três órgãos soberanos, o presidente da República, a Assembleia Nacional e os tribunais. Por sua vez, o presidente da República é o chefe do executivo, o nome dado ao governo que ele forma apenas como um órgão auxiliar do seu poder absoluto.
No entanto, o presidente sempre se assumiu como um líder oportunista. Se algo corre bem na governação, todos os louros são para si. O quotidiano da má governação, da impunidade, da corrupção, da falta de empregos não é da sua responsabilidade. É irresponsável de todo.
É nesse processo de negação sobre a realidade do país que o MPLA, a propaganda e a repressão servem de principais órgãos auxiliares do presidente.
Para o MPLA, estes jovens são a semente de forças ocultas que podem desestabilizar os seus 39 anos de poder em Angola. Para o MPLA, o angolano comum não tem pensamento próprio, não sente fome, não tem noção da realidade em que vive. O angolano que pensa, mas não coloca o seu saber ao serviço do MPLA, é perigoso, é um agente do mal. Hoje, a essência do MPLA é pouco mais do que uma associação de malfeitores dedicada à pilhagem do país, à destruição da cidadania, da moral e dos bons costumes que devem nortear a conduta de uma sociedade.
Hoje, patriota é aquele que apoia e vive de esquemas de corrupção, venera a incompetência, segue obtusos como o Bento Bento e aplaude delinquentes como o Bento Kangamba, a geração actual de líderes do MPLA.
A propaganda, difundida pela TPA, RNA e Jornal de Angola, os órgãos de informação do Estado servem para estupidificar o angolano comum. Aqueles que se recusam a ser estupidificados e exigem os seus direitos constitucionais, de forma plena, então, podem levar porrada à vontade. Não são bons angolanos.
Mas o que ganham os jovens com manifestações? Provam, sobretudo, a insustentabilidade democrática do regime. Como pode uma mão cheia de jovens marchar para o palácio e tirar o sono ao presidente, que tem um indescritível aparato de segurança? O medo que os principais dirigentes do país têm do povo é maior do que a confiança que depositam no seu aparelho repressivo.
E o que ganha o regime com os espancamentos? Dá continuidade à sua tradição de violência como forma de manutenção de poder. É uma fórmula que tem usado com indiscutível sucesso.
Há dois obstáculos que a sociedade tem de ultrapassar para fazer valer os seus direitos constitucionais de forma unida: a corrupção e a ausência de uma liderança visionária que possa mostrar ao povo o caminho do bem.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

24-29Out14. República das torturas, das milícias e das demolições





Diário da cidade dos leilões de escravos

24 de Outubro
Às 11.59 a energia eléctrica do PIB sempre em alta voltou, mas como sempre nunca se sabe por quanto tempo. Das 12.11 até às 17.58, outra vez na escuridão. Às 18.10 – este petróleo está mesmo muito mal – a luz apagou-se. Isto é mesmo magia, só pode.
Banco millennium Angola, o banco do estado falhado de Angola que nos mata com o seu gerador da morte. Quando sairemos do precipício de Angola?
Sem lei, não temos onde queixar-nos. É mentira, não há paz nenhuma. As pessoas continuam a morrer até gaseadas. Dantes era a guerra contra a Unita, agora é a guerra do petróleo. A guerra continua em grande força nesta república da morte e da guerra de Angola. O uso dos geradores tem que ser proibido nos prédios e obrigatoriamente substituídos por energia solar. Parece um filme de ficção científica ou de um país em guerra, porque só se ouve o barulho de geradores. É como se estivesse numa ilha cercado de fumo mortal por todos os lados. Mas não, como estamos no reino da morte, e quem governa factura, é gasear, é gasear. Obrigam-nos a respirar o veneno desta cidade perigosamente envenenada pelo fumo mortal do progresso económico e social dos geradores. Quantos mais cadáveres, mais desenvolvimento económico. E por isso mesmo estou rodeado de demónios. O inferno mora aqui. Uma grande desgraça acontecerá e quem sobreviverá? Estou cercado por monstros que me perseguem para me devorarem. Isto parece um laboratório onde cientistas loucos fazem experiências macabras com os nossos corpos. É uma sociedade onde reina a hipocrisia, onde não há nada que justifique ficar mais de dois dias sem energia eléctrica. Mas creio que estou errado porque Luanda vive permanentemente assediada por ciclones, terramotos e tempestades violentas. E assim facilmente se percebe que apenas teremos energia eléctrica ocasionalmente. Governar é aterrorizar. E desta histeria hipócrita jamais sairemos. Os portugueses inventaram o colonialismo e nós inventámos a hipocrisia. Não podemos viver de falsidades. Não existe coisa mais horrorosa do que aqueles por quem lutámos e aos quais lhes oferecemos o poder de bandeja, e depois como recompensa nos tratam como cães vira latas. É por isso que deixei de confiar nos partidos políticos. E tudo começa e acaba em tragédia.
25 de Outubro
Desde as 10.15 horas que o banco millennium Angola, na rua rei Katyavala faz o trabalho que lhe compete, matar-nos. Este trabalho é obra de portugueses da Teixeira Duarte, e como ao longo dos anos permanecem insensíveis, - quem mata é insensível - claro que os povos lhes chamam de brancos racistas. Estamos com as janelas e portas fechadas pois o fumo do seu gerador da morte é muito intenso. Apesar de uma vizinha já ontem, - tipo porta-voz – queixar-se que os olhos lhe ardiam – o primeiro sintoma de envenenamento – e que o seu neto de cinco anos respirava com dificuldade, - é capaz de já ter lesões pulmonares, pois este fumo é altamente tóxico – uma funcionária chefe do banco de nome Teresa, respondeu-lhe hipocritamente que: «Mas eu estava convencida que isso já estava ultrapassado.» E a vizinha acrescentou que os brancos nos querem matar. Outra vizinha falando de assaltos comentou: «Os brancos estão a ser muito assaltados.» E outra vozinha disse: «Não tenho pena nenhuma deles, isso ainda é pouco, deviam fazer-lhes muito pior, que Deus me perdoe!» As grandes revoltas começam com coisas pequenas.
As crianças e bebés precocemente morrerão vítimas deste hediondo crime na Luanda cidade dos horrores, à qual os portugueses chamam paraíso. Estão loucos, não têm noção do que dizem. Como pode um inferno ser um paraíso. Pobres coitados! Já vêm para Angola por mil e quinhentos dólares mensais aumentando as filas da miséria e da morte, vivendo sempre aterrorizados pelos assaltos, pelo caos que criam ao tentarem impor outro Portugal em terras africanas. Ganham o dinheiro que nos pertence dos empregos que nos espoliam. Sempre com a mania de que em Angola não há ninguém que saiba trabalhar. Exportar miséria e insucesso empresarial para Angola é a solução encontrada para quem no seu país não consegue safar-se. Em Portugal não têm ideias, em Angola tem-las em demasia.
Isto está tão podre, tanto da oposição como do partido que nos enterra tudo, que não adianta mais bater nas mesmas teclas. Angola é um estado falhado.
Às 10.15 horas a luz do petróleo chegou, por quanto tempo? Pois, das 14.14 até às 14.58, o inimigo destruidor deu cabo da nossa vida.
Luanda está a ser invadida por quadrilhas de malfeitores.
Comentário de um vizinho sobre a chaminé da morte do banco millennium Angola: estamos aqui há muitos, muitos anos, aguentámos muita coisa, não fugimos daqui, e agora chega aqui qualquer filho da puta e trata-nos como se esta merda fosse deles.
26 de Outubro
O saudosismo colonial de Jose Ferreira, no Portugueses em Angola:
“Em Angola eles nao perdem os passaportes , eles dizem que os perdem para ver se as pessoas pagam muito dinheiro para os ter de volta , é so gatunos no governo de Angola , a ver quem rouba mais seja policia ou simples cidadão tods a gamar os Brancos isso sim , me digam se eles perdem o dinheiro gamado aos Brancos , não perdem”
Há 26 horas. Banco millennium Angola, a instituição da morte: Há vinte e seis horas que o gerador do banco da morte nos massacra. Querem-nos matar! É na rua rei Katyavala em Luanda. Oh! Como é adorável o senhor da morte do petróleo. A invasão dos punhais sangrentos nesta cidade das trevas deixa rios de sangue que transbordam nas margens enraivecidas sedentas de vingança, de ódio. Os punhais da morte regressaram em força, e espetam-nos o racismo da decadente superioridade. Estes punhais da morte sedentos desejam outro Ruanda. Estes punhais da morte tudo fazem para que o retorno do colonialismo se anuncie vitorioso. Mas já punhais da vitória se erguem e apunhalam a corja invasora criminosa. Este petróleo é como um gigantesco cemitério de campas abertas que aguardam cadáveres. Este campo da morte está ao rubro. Neste campo de petróleo os barris não têm líquido, têm esqueletos vítimas da facturação do inferno.
CMTV. “Portugal sem bombeiros, os profissionais emigraram preferencialmente para os EUA, onde numa semana ganham o que ganhavam num mês em Portugal.”
Creio que um dos maiores erros do PR e da história de Angola, foi o PR ordenar a invasão de Angola por portugueses para que fiquemos burros, pois com eles nada temos a aprender, e isso só se explica talvez pelo gozo pessoal que o PR sente por nos ver outra vez na escravatura da Idade Média. Assim, Luanda virou a cidade dos acampamentos de ciganos. Apenas um exemplo: basta ver a actividade bancária exercida pelos portugueses, conseguiram transformar os bancos em cantinas bancárias.
Claro, e assim as quadrilhas do lixo português vêm para Angola. CMTV: “O banco millennium chumbou nos testes de estresse da Comissão Europeia.” Mas em Luanda não, nos testes da corrupção e da destruição das nossas vidas ninguém chumba.
27 de Outubro
“Há que aprender a navegar entre falsos amigos e verdadeiros inimigos.” Paulo Coelho
Se o MPLA teimar na exclusão social, de tudo, daqueles que nele votaram e apoiaram, enviando-os para a morte, até mata crianças como é o caso do gerador da morte do banco millennium Angola/teixeira duarte/sonangol. Pelos vistos o MPLA transformou-se numa sanguinária máquina da morte, apenas lhe interessando a divisão daquilo que nos pertence, os lucros do petróleo. Então que prepare as malas para uma longa viagem sem regresso do… inferno.
28 de Outubro
Da Lwena: em Angola já ninguém tem amor ao próximo.
Do Nosso Técnico: “os brancos ficam a tomar café e nós é que trabalhamos!”
Em Luanda o crime compensa.
O estilo dos discursos dos nossos politiqueiros e politiqueiras é idêntico na arte, na hipocrisia e no cambalacho. São apenas palavras que saem da boca e que o vento arrasta e deposita em lugares abandonados e que nem o lixo da história os conseguirá reciclar.
29 de Outubro
Bancos em Luanda. Depositamos o nosso dinheiro nos bancos de Luanda e quando o queremos, o dinheiro desapareceu e os bancos não se responsabilizam, pois de bancos só têm o nome. Destruam os corruptos.
Se em Angola está mais que provado que não existe jornalismo, porque é que insistem em chamarem-se de jornalistas?