segunda-feira, 25 de abril de 2016

DIÁRIO DE UM FAMINTO (09)



O vizinho foi ao banco para levantar dez mil dólares para pagamento de mercadorias. O banco disse-lhe que não tem dinheiro. O vizinho disse ao banco que o dinheiro era dele, mas o banco não lhe ligou, lhe desprezou. O vizinho anda bem chateado, porque afinal os bancos assaltam assim o nosso dinheiro como se fossem vulgares assaltantes. Que diferença pois, há entre os bancos e os bandidos que nos assaltam a todo o momento? Creio que nenhuma!
Funcionários da embaixada portuguesa em Luanda que recebem os seus salários em euros, na banca também não os conseguem levantar. Vivem dificuldades, há que pôr tudo a nadar na fome. Isto está muito feio, está sim senhor.
Outro vizinho foi no banco, – mas em Angola existem bancos?, e se existem para que servem?, – o coitado queria viajar para a África do Sul, chegou e quis levantar dois mil dólares, o banco não aceitou, recusou. Ele teve que pedir dinheiro emprestado para conseguir viajar. Mas caramba, a mana Isabel não teve nenhuns problemas em transferir duzentos milhões de euros para comprar a empresa Efacec em Portugal.
Também outra vizinha – pelos vistos isso é geral – não conseguiu levantar os seus quinhentos dólares, porque lhe recusaram.
Que me perdoem, mas creio que os verdadeiros delinquentes são os bancos, protegidos por outros delinquentes superiores.
Os dólares e os euros que estão nos bancos de fingir são propriedade exclusiva de uma família e dos seus amigos, e nada mais ninguém pode exigir ou reclamar. Mas isto traz consequências desastrosas para a actividade bancária, porque ninguém ousa confiar nos bancos de mais uma república das bananas.
E um fiscal avisou que as kinguilas que se cuidem, porque está para sair um decreto que condenará com três anos de prisão quem exerça a actividade ilegal de cambiar divisas nas ruas. Esta repressão abrange chineses e portugueses? E as desgraçadas das kinguilas que ficarão desempregadas, – este país é também uma república do desemprego – com os seus lares destruídos, com mais filhos para as ruas da fome, mais delinquência, mais assaltos mortais ou não. A formação profissional é-lhes negada porque em Angola isso não existe, ainda ninguém se lembrou disso. Há que dar formação profissional a essas mulheres que de repente são atiradas para o desemprego, como mais uma multidão de casas partidas e de desalojados sem indemnização.
E das medidas anunciadas para a estratégia para salvar a crise, nenhuma funcionará porque até hoje – uma caterva de perdidos anos – nenhuma funcionou, e é claro que nenhuma funcionará porque estamos debaixo do nada funciona. Alto! Há sempre uma coisa que funciona: a doce e saborosa amiga corrupção.
Perante o encerramento dos jornais semanários devido à esperada falência do sistema que os suporta, não podemos, não devemos permitir que fiquem apenas três órgãos de informação, a saber: o Jornal de Angola, a Rádio Nacional de Angola e a Televisão Pública de Angola.
E continuaremos a fazer de Angola um canteiro de obras, disse o chefe dos chefes.
Angola é muito bonita mas perante o caos que vivemos, que temos, está terrivelmente feia.

A Igreja e os rios de dinheiro que lhe fluem, impunes, isentos de impostos, excepto o imposto divino
Uma das coisas mais fáceis da vida é ganhar dinheiro muito facilmente, explorando a crendice dos pobres analfabetos através das falsas promessas que a religião lhes oferece. E neste aspecto a religião é a sublime nefasta líder. São rios de dinheiro que fluem impunes porque os governantes fecham os olhos, mas as mãos não, porque estão repletas do dinheiro dos analfabetos que acreditam em qualquer demónio disfarçado de pastor de Deus.
Educar a população no analfabetismo é o meio mais eficaz de conduzi-la para a morte.
Nuno Dala está em greve de fome, e nós também, pois estamos solidários com a crise que nos foi decretada pela chuva da impostura tanto da oposição como da governação.
Quando vem um novo ano, as pessoas inventam coisas para ludibriarem as suas almas, mas esquecem-se, ou fingem esquecer, que o dia de ano-novo é um dia como outro qualquer.
Sempre a lutar contra as desilusões da vida. Como a batalha perdida de mostrar aos selvagens os gestos de nobreza que ainda restam em alguns seres humanos. Mas, creio que é demasiado tarde porque mais uma chuva de metralha mundial, outro granizo da morte paira sob as nossas cabeças, sobre as famílias, mais céu tingido de explosões se pressente no horizonte claramente. E densas nuvens de fumo obscurecem os nossos olhos. Mais uma carnificina mundial se apronta.
Esta pocilga humana em que acreditei, e onde tudo foi por água abaixo, no esgoto ainda não se esgotou.
Há quarenta anos que estou aqui a viver no sofrimento de todos os dias, quando podia muito bem estar na casa dos meus pais, a viver com eles, com os meus irmãos, irmãs, restante família e amigos. Ajudem-me a sair desta tortura.
Eis mais um episódio da escravidão neocolonialista, ou colonialista, pois parece que isso nunca mais vai acabar. Fiscais da Ingombota na zona do Zé Pirão, em Luanda, aterrorizaram uma grávida – mas isto que interessa pois se todos somos para abater - já em estado adiantado, ela na fuga lembrando as torturas dos nazis, caiu desamparada. Ela vende chouriço, mas agora está com dificuldades de locomoção, queixa-se de dores. As suas clientes já lhe disseram para ir ao hospital. Mas que estranha coisa esta, porque nenhum fiscal até hoje ousou atacar um corrupto.
Oposição em Angola? Partidos políticos da oposição? É apenas exibicionismo, vaidade, palavreado oco, vazio, repetitivo, cansativo, doentio.
Oiço amiúde que o governo é uma palhaçada, mas os partidos políticos da oposição também o são.
Será possível que ninguém oiça o barulho do navio Angola a afundar?
O governo diz que constrói e que a oposição destrói. E o pouco que faz, a oposição nada é capaz porque é ineficaz.
Devido à crise, nos lares, elas abandonam os maridos, trocam-nos por outros. E eles também fogem, abandonam os lares. Pobres crianças entregues à sorte dos dias, abandonadas no deserto sem vida.
A crise: depois de dez anos, a esposa entra em casa com outro, dirige-se para o marido e diz-lhe: «Olha, este agora é que é o meu marido, já nos conhecemos há seis anos. Não te quero mais… tu não fazes nada… já não estou mais para te aturar!»
A corrupção vencerá!
A angolanização das empresas petrolíferas consiste no despedimento massivo dos trabalhadores angolanos, para que os estrangeiros mantenham os seus empregos. Estava em preparação a substituição dos estrangeiros por angolanos, mas o que acontece é o contrário. É mais uma mentira desta república das mentiras.
Entretanto, bajulando os pintos vão piando, e sem asas inúteis voos vão alçando.



domingo, 24 de abril de 2016

DIÁRIO DE UM FAMINTO (08)



O meu partido político é a miséria e a fome.
A fome, segundo Angelina Jolie: “O mundo precisa de atitudes, não de opiniões. Opinião nenhuma mata fome ou cura doença.”
Há um plano diabólico para exterminar a população angolana e no seu lugar colocar chineses, portugueses e outros estrangeiros. Só assim se explica a intensa mortandade que paira sobre os angolanos. Como exemplo, Rafael Marques de Morais disse que em cinco horas contou na morgue de um hospital em Luanda, não se conseguiu saber qual, 235 cadáveres.

Os apetites e os vícios coloniais dos partidos políticos portugueses,
o seu saque, a sua escravidão e o colonialismo. Fiquemos muitos atentos e vigilantes nos portugueses do PSD, CDS-PP e PCP, porque rejeitaram a moção de condenação dos partidos políticos do PS e do Bloco de Esquerda, apresentada no Parlamento português. O que interessa é manter o saque desordenado de Angola, a crueldade, o morticínio de crianças, a escravidão e a preservação do colonialismo. Ao assim procederem agravam a situação política e social já muito difíceis, precárias, cadavéricas do que resta do tecido social do espectro angolano. Ao apoiarem a mortandade dos hospitais/matadouros, a miséria total e completa, a fome generalizada, a imposição da civilização do homem branco, que diz que sem ele os autóctones de Angola não conseguirão edificar seja o que for.
Ao apoiarem o inferno político e social, o caos económico, a política da terra queimada, o incremento do ódio aos portugueses que fortalecerá o risco das antes suas actividades precárias e as suas integridades físicas. Pois onde não há moral há muitas perdas e danos. Basta dizer que já os portugueses correm sérios riscos de serem assaltados como vítimas preferenciais quando saem às ruas pelas famintas quadrilhas de assaltantes que eles criaram ao espoliarem os angolanos dos seus empregos.
Entregar de bandeja Angola aos chineses e aos portugueses numa altura em que Angola atravessa um dos momentos mais difíceis e conturbados da sua história, a condenação sem provas e prisão de presos políticos, coloca em risco a actividade diária e as vidas dos estrangeiros.
Entre chineses e portugueses não há nenhuma diferença porque o que conta é a expropriação indevida dos bens dos angolanos e das terras que já lhes deixaram de pertencer porque já tudo lhes foi vendido pelo poder outra vez colonialista.
Outra vez o saque do tempo colonial atinge o seu auge. Como hordas de cães raivosos que perseguem os autóctones porque o que interessa é enriquecer sorrindo perante o que se pode considerar a extinção do povo angolano. Este exemplo é mais do que suficiente: a empregada de uma vizinha disse que no bairro Benfica onde mora, arredores de Luanda, acabaram de morrer em quatro casas quatro vizinhos, um em cada casa, e as suas duas filhas uma de oito e outra de doze anos acabam de falecer. A filha de doze anos recebeu alta dos cuidados intensivos do hospital onde estava internada, porque apresentava melhorias, estava salva, afinal ludibriaram a mãe, porque dois dias depois faleceu. Ela disse que faleceram de febre-amarela, mas creio que foram vitimadas pela epidemia da malária e da corrupção. Sim, a corrupção é que nos mata. O PSD, o CDS-PP e o PCP apoiam o desvio de quatro milhões de dólares do ministério da saúde, e não me admira nada que esses partidos recebessem a sua comissão. Ao apoiarem a corrupção de Angola, mais tarde acabarão como José Sócrates. Mas porquê só José Sócrates se o PSD, CDS-PP e PCP estão imundos de tanta sujidade da corrupção de Angola e não há em Portugal ninguém que lhes limpe as mãos? Onde pára a justiça portuguesa dominada por estes partidos políticos?
Saquear Angola e apoiar a dizimação da população angolana conduzirá tal ciganada ao fim inglório que merecem. Ao atiçarem o fogo vão-se queimar.
Para eles riquezas, para nós miséria e fome. Corruptos, FORA DE ANGOLA!
Os teimosos mórbidos torturam-nos e acabam vitimados pela sua teimosia. É como um filho jovem muito teimoso que se lhe grita continuamente para não fazer isto ou aquilo porque poderá partir um braço, uma perna, a cabeça, morrer, etc., mas ele não liga, e isto também é tortura. Ele não ouve ou finge que não ouviu.
E tal como Robinson Crusoe, do escritor britânico, Daniel Defoe, (1660-1731). Estou nesta ilha infestada de canibais, aguardando por um navio que me leve de volta para a civilização.

Corruptos portugueses apoiam incondicionalmente os corruptos angolanos.
Um segurança disse que fora do hospital, não se conseguiu saber qual, um jovem gritava por socorro, gritava, gritava, até que acabou por falecer completamente abandonado sem assistência médica.
E as cadeiras partidas pelos fiscais da ingombota, onde se chega ao ponto de roubar os sacos com as compras de quem tiver o azar de estar a descansar ou a falar com alguém na porta de casa ou do prédio. Isto é que é digno da acusação de associação de malfeitores e não os presos políticos. Mas não, só a selvajaria é válida. Ah! Angola que caminhas nos trilhos da destruição, da miséria e da fome e assim deles jamais sairás.
Uma vizinha bem chateada porque há não sei quanto tempo depositou, ela disse que guardou, quinhentos dólares num banco. Não os consegue levantar porque o banco diz-lhe que não tem dinheiro. E ela abespinhada a dizer que guardou o dinheiro no banco com medo que o roubassem. Ela lamenta que afinal é a mesma coisa, não adianta guardar o dinheiro nos bancos porque eles também são gatunos, piores que eles. É melhor guardar o dinheiro em casa, no nosso banco popular, o banco do garrafão.
Não surpreende pois que a Europa esteja debaixo do fogo da epidemia terrorista, pois se ela os fabrica em série, em incontáveis modelos de fabrico.

República do apocalipse de Angola
Vamos todos combater o mosquito da corrupção.
Quem está neste poder só tem direitos, não tem deveres. A população – isso ainda existe, e como tal, por quanto mais tempo?, só tem deveres, não tem direitos, aliás, direitos nem sabe o que é isso porque ao longo de quarenta anos ainda ninguém lhe ensinou o que isso significa.
O comunismo está de regresso, com muita força, triunfal, já nos bate à porta. As leis favorecem o poder vigente. A miséria e a fome são a imposição, a fonte de inspiração do petrificado poder. Extinguindo-o, a miséria e a fome também naturalmente se extinguem. E onde há presos políticos há miséria e fome. E quanto mais estas coisas se denunciarem, mais presos políticos serão enforcados, fuzilados.
Enquanto os órgãos de informação estiverem partidarizados jamais haverá democracia e muito menos paz. Muita miséria e fome, muitos presos políticos. Nesta epidemia de corrupção, a paz é corrupta, de exclusão.
Tudo não passa de uma república das mentiras, porque se inunda de presos políticos, e os corruptos são guindados para altos cargos. Quanta mais corrupção, mais os corruptos se elevarão, e presos políticos inventarão. Por isso não dá para acreditar nesta república da desgraça nacional.
Entretanto, bajulando os pintos vão piando, sem asas, inúteis voos vão alçando.


sexta-feira, 22 de abril de 2016

DIÁRIO DE UM FAMINTO (07)



Aurelio Marques; Embaixada de Portugal em Luanda é o espelho do nosso país. Que mais se pode dizer! !!!
A caça às divisas: Hoje, 29 de Março de 2016, na Sistec junto ao largo Primeiro de Maio, os bandidos assaltaram as kinguilas e limparam-nas, nem uma nota lhes deixaram para recordação.
Creio que a oposição em Angola é a emenda pior que o soneto.
Vejo multidões de famintos desesperados pela chegada da independência, e ela que tarda, como se jamais acontecesse. E que doentes, carcomidos pela fome, já moribundos vão para os hospitais, sabendo de antemão que nada nem ninguém os salvará da morte porque a corrupção é a instituição da foice da morte. E uma princesa diz que doará alguma coisa, parco da sua mina de ouro de Angola, como se hospitais e as mortes vivessem de doações, e a imensa comunidade portuguesa em Angola aprova, bate palmas à princesa da moderna Idade da Pedra, diz-lhe bem-haja porque com isso aguardam privilégios para as suas transferências bancárias, para o saque das divisas que rareiam. Até há quem questione porque é que as casas de câmbios não podem transferir divisas directamente para Portugal. E saúdam a condenação dos presos políticos com esgares odientos, felicíssimos pelas suas almas que lhes garantem por mais algum tempo as suas transferências bancárias porque os presos políticos vão apodrecer na prisão, que morram lá definitivamente então, são o lixo de Angola e como tal devem apodrecer na prisão.
E uma mãe dos jovens presos políticos disse que o ministro da saúde é acusado de desviar quatro milhões de dólares, e por causa disso quase que toda a população morre, - pouco falta - e não é preso, nada lhe acontece porque a lei só protege os que roubam e persegue, não aceita, não contempla quem é honesto.
Este é um governo de cleptómanos e para cleptómanos.
E lá vão os jovens outra vez para a prisão, o coitado do jornalista e professor universitário Domingos da Cruz vai com oito anos e seis meses de prisão. Outro jornalista, Sedrick de Carvalho do Folha 8, vai também com quatro anos de prisão, e muitos mais com acusações inventadas como se isto fosse outra Coreia do Norte. Presos por apenas lerem um livro, sim, aqui não se podem ler livros, só se podem ler aqueles que forem escritos pelo grande líder e seus correligionários. Pois é, só que não há nenhum livro escrito por eles, nem nunca haverá porque não sabem escrever. Um corrupto não escreve, corrompe e deixa-se corromper. Uma pátria de corruptos é uma pátria de presos políticos.
Quase uma vintena de crianças brincam no que chamam de parque infantil do jasmim, porque antes lá viveu um de flores brancas, perfumadas, e que depois tudo desapareceu, restando um inacabado edifício do espectro da morte imobiliária porque o petróleo já não dá para sustentar o exército de corruptos, porque o preço do barril baixou a níveis de já não dar para sustentar tanta escumalha. Mas as crianças não se preocupam nada com isso, e aos saltos e berros sob as ruínas brincam aos ditadores e aos presos políticos. Uma delas, um menino de oito anos está com um caderno da escola e imitando o processo dos 15+2 lê um texto imaginário: «Vá, parem todos e escutem o que tenho para vos ler, é uma história de vampiros muito maus, desses que comem mesmo pessoas de verdade. Este livro tem o título de, Como Conseguir Manter um Ditador Indefinidamente no Poder. E puxando pela sua imaginação finge que lê. Um ditador permanece eternamente no poder porque ninguém lhe faz oposição. Isso de oposição de fingir não dá. Oposição sem líderes é como uma casa sem água e sem energia eléctrica. Creio que Angola está condenada a viver eternamente numa ditadura.» Outra criança também de oito anos de idade finge que é um preso político e apresenta a sua defesa. «Nós presos políticos num país onde a justiça quem nela manda são corruptos, e os partidos políticos da oposição passam-nos a bola deles porque eles não sabem jogar e muito menos – é a ideia que se tem – não entendem nada de política porque se limitam a enviarem comunicados para os órgãos de comunicação social, reduzidos a um ou dois, a Rádio Despertar e o jornal Folha 8, tal como faz a CEAST. Isto não é política, é apolítica. O marasmo político é de tal desordem que seria muito bem-vinda a criação de outro partido político que de facto defenda os seus eleitores, e que não ande a brincar aos partidos políticos como os actuais da oposição.» Mas os esbirros da inquisição vigiavam as inocentes crianças. Desvairados caíram-lhes em cima, confiscaram-lhes tudo, os brinquedos, prenderam-nas e fizeram um relatório rápido aos seus chefes inquisidores onde ressaltavam que conseguiram abortar um golpe de estado, mais um acto preparatório de golpe de estado contra o Superior Inquisidor. As crianças foram sumariamente enjauladas, julgadas e enviadas para as santas fogueiras da inquisição. Mas a sua queima está suspensa porque os interrogatórios do tribunal especial de menores da inquisição, diz que elas serão eternamente julgadas por serem consideradas crianças altamente perigosas, uma associação de malfeitores infantis.
Há muito que a embarcação Angola navegava apenas comandada por ordens superiores, apenas uma voz. Tempestades cada vez mais violentas iam-lhe abalroando as frágeis estruturas. Uma tempestade extremamente violenta obrigou-a a adernar e viu-se forçada, condenada ao naufrágio político e social. A literatura foi proibida, apenas se podiam ler livros dos vates da inquisição oficial. Tudo o mais era considerado subversivo e atentatório aos bons costumes da classe inquisitorial. Não havia prisões que chegassem para tantos presos políticos. Até a sua designação de país foi alterada para, República dos Presos Políticos de Angola. Facilmente se via que terrível acontecimento surgiria. Inevitavelmente a condenação internacional se fez presente. Mas invocava-se a soberania descaradamente, desgraçadamente. Sabiamente se ordenou o definitivo enterro da democracia num cemitério clandestino, que muito dava nas vistas devido ao aparato das forças de defesa e segurança.
O suicídio político, social e económico está mais que presente, fartamente evidenciado. Mas a corte de bajuladores como pintos, muito pia que assim é que está bem, porque até já há uma muito bem estruturada estratégia para a saída da crise. Evidentemente que é da crise deles, porque foram eles – são sempre eles – que a provocaram, ficando muito a leste da população, que até mudou de nome para, mortos ambulantes. Aliás foi oficialmente declarada a extinção da população. Até parece que Angola do mapa desapareceu. Tão mal dirigida, tão abissalmente perdida.
Há muito que se decretou que a corrupção em Angola é considerada legal. Também os rombos sistémicos do erário público são considerados legais. Claro que o enriquecimento fácil é considerado a obra-prima do grão-mestre da governação. O mais longevo do poder, um campeão.
O incêndio atearam, as chamas alastraram, não as apagaram, elas se elevaram, como Nero cantaram, e finalmente pelas chamas acabados, derrotados, definitivamente sitiados, escorraçados, emparedados. Esta praga vai acabar, silenciar. Até as nossas almas venderam.
“Jose Vieira: Boa tarde amigos. Tenho kwanzas para vender em Portugal, alguém interessado? Agradeço respostas.”
Entretanto, trinta empresas chinesas estão na mega campanha de recolha do lixo de Luanda. Significa que no mínimo são trinta milhões de dólares.
Creio que a questão não é ver, sentir as pessoas, mas ver, sentir as coisas.

E esta, hem! Afinal os amigos de infância são inimigos.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

DIÁRIO DE UM FAMINTO (06)



António Guterres, ex/primeiro ministro de Portugal, veio a Angola na prática do saque político para pedir apoio para se candidatar a secretário-geral da ONU. Em troca apoia a miséria, a fome, os hospitais/matadouros e o incremento das acções contra os presos políticos. É muito triste ver mais um português a fossar na lama rodeado e aplaudido por corruptos.

A feroz mortandade de epidemias e da fome, é a perplexidade da política do não te rales, do quem morreu, morreu.
Ao apelarem à população para que reivindique os seus direitos contra os actos da péssima governação, os partidos políticos da oposição (PPO) demitem-se das suas funções, porque é a eles que compete o papel de dirigir e defender os seus eleitores que neles votaram. Por exemplo, os PPO têm muito medo de convocar manifestações, e sem elas não há democracia. Passar as suas responsabilidades para os seus eleitores, isso é oposição incipiente, de fraca liderança ou apenas vaidade de dirigir. Outro exemplo: creio que há pouco empenho na luta da denúncia contra a fome. Oposição que apenas pretende colocar o seu presidente no poder, e que se está marimbando para os seus famintos eleitores, faz lembrar estranhamente a actuação do espectro do partido no poder. Portanto, passar a bola para a população significa que a oposição não funciona, tem medo. Basta ver o fraco apoio que os PPO dão aos presos políticos. Nesta terra já a ficar ensombrada de fantasmas tudo se confunde com igrejas e confrarias.

Os hospitais/matadouros de Luanda
Quantos mais mortos menos eleitores.
Anúncio colocado à entrada dos hospitais/matadouros: ANIMAIS/PACIENTES, SEJAM BEM-VINDOS AOS NOSSOS HOSPITAIS/MATADOUROS. A EFICIÊNCIA DA NOSSA MORTE SAÚDA-VOS.
Esta cidade é obra de carniceiros.
O comité de especialidade dos carniceiros dos hospitais/matadouros está reunido para implementar a morte do que já chamam os campos de extermínio da população angolana, tal como a solução final nazi. O carniceiro-chefe auto-eleito ressalta que - uma prática constante, as eleições são de fingir, e a oposição aceita-as, aceita tudo o que é ilegalidade e depois vem com versos choramingas para ludibriar o eleitorado – a avidez por cadáveres é intensa, porque há que alimentar um exército de governantes vampiros. O carniceiro/chefe diz que isso é fundamental, importante para apoiar a terra, fertilizá-la para a estratégia contra a crise da diversificação da economia. Os cadáveres são o garante do desenvolvimento da agricultura. O comité da morte exulta, porque mais e mais animais/pacientes vão chegando à solução final e logo sumariamente abatidos pelo pelotão de fuzilamento dos cuidados intensivos.
É por isso que não existem medicamentos, só corrupção.
Depois da reunião terminada com a habitual ovação ao arquitecto da descomunal catástrofe angolana, dizem que Angola está a morrer, mas não, já morreu, os carniceiros lavam as mãos, há quarenta anos que o fazem e não há nenhum produto no mercado que consiga desencardir as suas mãos de tanta corrupção acumulada. Os carniceiros levantam as mãos para o voto secreto, culpando as intensas chuvas como as degoladoras das mortes. Assim como uma espécie da derrota do exército nazi atribuída ao intenso frio do inverno russo. Quando na verdade foi uma catastrófica derrota devida à irresponsabilidade do comandante-chefe nazi, tal e qual como em Angola. E os animais/pacientes chegam como nas câmaras de gás nazis. A morte abraça-os e dá-lhes a extrema-unção. A morte está felicíssima por estar em Luanda, pois cadáveres não lhe faltam.
Quantos mais mortos memos eleitores.
No ar sente-se o medo, a angústia, o horror de adoecer. As crianças são o alvo principal da morte, pois famintas e esqueléticas, a morte prefere-as porque indefesas não dão preocupações de maior. Um animal/paciente antes da despedida final disse para um carniceiro que do TPI – Tribunal Penal Internacional não escaparão, porque mais este genocídio está mais que provado e documentado.
E os bajuladores de Cabinda ao Cunene cantam hinos de louvor, que estão solidários com a carnificina conduzida pela eterna sábia liderança, e que a matança está devidamente controlada, como sempre. E a Igreja e as igrejas possuídas de corrupção demoníaca lavam as mãos, afirmam que isso se deve à crise religiosa. Sem dinheiro, inundados de corruptos e logo de famintos, a morte é certa.
Muitas mortes, menos eleitores. É isso que a parva da oposição tem que ver, que decidir, porque oposição cega afunda a democracia. Mas pelos vistos não adianta, não se espera nada de novo. Isto é África onde ninguém sabe resolver problemas. Onde os estrangeiros dominam sob a protecção de uma minoria nacional, é nisto que dá, neste entretanto da crise: “Jorge Augusto: Boa tarde. Estou a procurar um carro até 3.000.000 kz, semi-novo, automático. Se conhecerem alguém por favor informem-me. Obrigado!”

Parece que o tribalismo africano está bem vivo em Angola.
Os angolanos da Unita, como outros quaisquer filiados num qualquer partido da oposição, compareceram nos hospitais/matadouros de Luanda. No matadouro municipal do hospital Central de Luanda, no matadouro municipal do Hospital Josina Machel, no matadouro municipal do Hospital Américo Boavida, etc., para doarem sangue. Mas o Mpla recusou-lhes esse elementar direito à vida. Creio que o Mpla constituiu-se também num comité de especialidade das células das testemunhas de Jeová. Ao recusar a doação de sangue dos militantes da Unita, o Mpla atiça o ódio tribal, a “guerra” fratricida entre o Norte e o Sul de Angola. O Mpla quer a todo o custo incendiar o conflito tribal do que ele chama de sulanos. Parece que o que se pretende é criar um rastilho que lhe sirva de pretexto para aniquilar os sulanos, e sem eles, com a sua aniquilação ganhar a ilusão de outra corrupta eleição. Angola segue os trilhos da destruição africana e pouco lhe falta para outra espécie de Nigéria, ou mais um dos vários países africanos que apostam na luta fratricida. O lema para a África pode-se resumir assim: Em África bem destruir é bem governar. Em Angola e na África a vida não tem nenhum valor e por isso mesmo, é matar, matar! E como militantes promovedores do ódio das populações, incluindo o mais terrível, o ódio tribal, creio que no futuro próximo tudo o que seja Mpla será destruído. Pois, pois, chamem-me de maluco.

Com a energia eléctrica aos trambolhões, asfixiados pelo fumo mortal dos geradores, como o do banco millennium na rua Rei Katyavala, que funciona como uma câmara de gás nazi, isto do matar e depois não querer ser morto é demais, como nos regimes em que a vida humana não tem nenhum valor, corrupção conforme os ensinamentos da santa mãe igreja. Miséria, fome, desemprego massivo, salários de miséria, hospitais/matadouros. Não se pode comprar nada porque os preços estão elevadíssimos. A qualquer momento corremos o risco de sermos assaltados. Saque de Angola generalizado. Nas empresas os trabalhadores são tratados como escravos, atingindo o cúmulo nas empresas chinesas. Excepto a nomenclatura ninguém mais se pode manifestar O degradante julgamento de presos políticos com hilariantes acusações. Lixo por todo o lado. Mortes, mortes e mais mortes por todas as esquinas como os novecentos dias de Leninegrado. Música com o som muito alto que nos impede de dormir e de nos arruinar a saúde, de nos matar. Selvajaria total e completa, etc. Então não querem que as pessoas se revoltem? Claro que as pessoas têm o direito de se revoltarem, de se manifestarem. Estão todas as condições criadas para uma revolta. E quando Angola tiver partidos políticos da oposição talvez as coisas mudem.

“A diferença entre uma ditadura e uma democracia, no que diz respeito à corrupção, é que numa democracia os corruptos nem sempre conseguem dormir, com receio de que polícia lhes entre em casa a meio da noite, enquanto numa ditadura são as pessoas honestas que não conseguem dormir — com receio de que a polícia lhes entre em casa a meio da noite”. (José Eduardo Agualusa)

terça-feira, 19 de abril de 2016

RESOLVE-SE TUDO … A TIRO



Na Huíla numa manifestação
Dois estudantes foram feridos a tiro
Reivindicavam o aumento das propinas
Às crianças tudo o que merecem, tiros

E os presos políticos foram a desterrar
E a oposição de cabeça no ar
Tem medo de se manifestar
E de tudo o que a faz amedrontar

E quem a fome reivindicar
Muitas armas virão a disparar
Na tentativa vã de silenciar
O que não se pode calar

A miséria intelectual
Deste fado sobrenatural
Desta gente sem igual
Da falta de intelecto proverbial

Juntos num campo despovoado
A Igreja não fala do seu pecado
Talvez disto só reste um ducado
Oh! Como está tudo tão malvado

Ai esta oposição
Que nos finta como o governo ladrão
Não luta contra o cheiro da corrupção
Não queremos outro poder fanfarrão

Tais políticos já não suporto mais
Vamos dizer adeus aos jornais
A mortandade prossegue nos hospitais
E os políticos com caras de pardais

Obrigar impostos onde não há dinheiro
Como se a população fosse joalheiro
Mas se o governo é rendeiro
E grande latifundiário, fazendeiro

O dinheiro está nos paraísos fiscais
Do Panamá e muitos mais
Esconder a mortandade dos hospitais
E a corrupção dos superiores oficiais

A oposição não tem nada de credível
É uma oposição inútil
Os seus políticos deviam ficar calados
Já não se suportam tamanhos enfados

Desligo o rádio e a TV quando falam
Porque mudos devem ficar
Tamanho sofrimento é escutar
A quem perdeu a noção de informar












sábado, 2 de abril de 2016

A CORRUPÇÃO NÃO MANDA, COMANDA




É obra de corruptos esta nação
Não há crise não
Não há corrupção
Há boa governação

Que seria desta nação
Sem corrupção
Ela é o potente motor
Da desgraça do estupor

O pai da nação saudemos
Mas como se já não o queremos
Da fome ele é o grande arquitecto
Lhe seguirá no poder o filho dilecto

E do povo se fez grande matança
E o poder faz festança
São mentiras da oposição
Que não querem a boa governação

Esta nação foi a família que a comprou
E para os seus filhos é um grande feito
Para o povo nada se deixou
Tudo lhes pertence de direito

Nesta crise há quem
Se safe bem
Que o digam os estrangeiros
Que também sugam os nossos dinheiros

Nos bairros é só funerais
Sem medicamentos nos hospitais
Crianças morrem como vendavais
Isto está demais

A fome grassa
As vidas despedaça
Neste país da trapaça
Este poder é lança que nos trespassa

A fome segue em grande escalada
O presidente está de abalada
Depois da nação violentada
Resta uma grande cagada

A farsa dos presos políticos é hilariante
Os preços continuam a subir
A fome não é nada preocupante
Angola na lama está a cair

Os hospitais estão em estado de coma
Neste país da morte
Não há nada que se coma
A selvajaria está de grande porte