sexta-feira, 29 de agosto de 2014

15-20Ago14. República das torturas, das milícias e das demolições





Diário da cidade dos leilões de escravos

15 de Agosto
O vizinho indiano há quase duas semanas que chega por volta da meia-noite – drogado?, - e começa a gritar com a esposa, e pela gritaria percebe-se que surra a mulher, e a criança bebé de quase dois anos? A criança chora, grita de terror. Perguntado por um vizinho porque é que faz barulho e surra a esposa, ele respondeu que, eu não bato na minha mulher mas agora vou passar a bater-lhe. Bom, sabe-se que os indianos não dão qualquer valor às mulheres, tratam-nas como escravas, é vulgar violentá-las e até enforcá-las. É caso para dizer: o terrorismo também se instalou em Angola. É esta cooperação de cantina que vêm ensinar aos mwangolés.
Sendo um país de miséria para os mwangolés e de riqueza para os estrangeiros e para os consanguíneos do petróleo, é perfeitamente natural que essa miséria se espalhe nas ruas na tentativa de vender qualquer coisa – seja o que for – para sobreviver. E os assaltos estão na mesma linha de conta, estando preferencialmente direccionados aos estrangeiros fazedores da miséria, mas ninguém está incólume. Quem é lançado para a sarjeta da fome que mais lhe resta? E por mais Polícia que se empregue nada resulta. Quem combate a fome e a miséria não é a Polícia, é quem dirige esta tralha que ainda se chama Luanda, porque o resto de Angola parece que desapareceu do mapa.
Em tudo o que é canto os asiáticos instalaram-se e inauguraram cantinas. O absurdo é que alugam apartamentos caríssimos para viverem e com criadas mwangolés. Claro que esta actuação leva à suspeita de lavagem de dinheiro. O abastecimento das cantinas é feito por aí nos mercados paralelos. Há inconvenientes: quando estão a rezar fecham as portas e espere quem quiser. Produtos de carne não há, só de galinha. O pequeno comércio é assim dominado por asiáticos. Regra geral o comércio está nas mãos de estrangeiros colocando em perigo a soberania e a estabilidade política e social porque um país não pode – não deve – depender de estrangeiros.
16 de Agosto
O que se passa em Angola já não tem explicação, ultrapassou as raias do faroeste.
Acaba de ser exarado um decreto, no qual se plasma que ao lado de cada cidadão angolano deve estar um estrangeiro. Assim, os estrangeiros passam a segundo plano, não jogam mais na primeira divisão, isto é, o mwangolé passa a auferir os salários de 5.000 e 10.000 dólares em detrimento dos estrangeiros que passarão para o salário mínimo nacional.
O Denilson Django Mario perguntou-me: “ Mas não é contabilista? Respondi-lhe: E de que adianta meter-me com eles... nada! Pois se até uma portuguesa escreveu que também é contabilista... com alguma experiência. É pá! Angola, Luanda... não vale a pena. É o marasmo! Se até numa oficina de reparações auto fazem contabilidades. Não há ninguém que nos defenda, estamos entregues ao nosso azar. Enviei uma mensagem para um deles, narrei-lhe a minha experiência, nem sequer me respondeu. Isso são máfias. Isto está muito mau, cada vez pior. Um gajo nem sabe como é que isto vai acabar, bem é que não. Só se promove a mediocridade, e isso é uma grande desgraça.
Lamentos da Lwena: Antes da invasão chinesa e portuguesa... dos estrangeiros chegarem nós safávamo-nos bem, agora estamos na miséria, nem o mais elementar direito temos, o emprego.
E atingiram-se os objectivos há muito preconizados: os seres humanos foram substituídos por robôs.
17 de Agosto
Lisete Pote, no Facebook. “Cheguei a Luanda e a primeira aberração que vi foi no aeroporto.... muitos passageiros, poucos carrinhos para a bagagem, resultado... passageiros a discutirem por causa dos carrinhos... Acordo sem energia... do barulho dos geradores ja nem falo... saio... no restaurante uma demora infinita para servirem... ate a sobremesa...eu pergunto ... será que não vamos mudar nunca? Um dia imigro de vez!!!”
09.00 horas. Batem na porta com estrondo. A Lwena abre-a e : «Bom dia! Somos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e andamos a recolher donativos». E a Lwena com voz triste: «Não tenho nada, vão com Deus!»
18 de Agosto
Estamos na civilização das matanças, creio que nunca se assassinou tanta criança em tão pouco tempo. Autorizamos o puro nazismo para que nos conduza à sociedade das trevas.
E os seres humanos maldosos inventaram a fome para dominarem e humilharem os seus semelhantes, para que ficassem deles dependentes. A fome é a obra-prima das transacções humanas.
No Facebook: Isa Tajudine. “E com os assaltos violentos piorouuuuu ainda ontem em Benfica. As 24:00 um carro bloqueia uns amigos meus há mão armada sequestraram -os deixaram-os a +- 3 km do lugar do assalto, levaram lhes tudo telemóveis documentos e carro toca a fazer uma caminhada a pé até casa, graças a deus não ter sido pior . Até onde vamos parar???? Nem já no tempo da guerra acho que o melhor e voltarem a implementar o recolher obrigatório.”
Luzia BArtolomeu. “Enquanto esses bandidos tiverem tratamento de "SPA" na cadeia nunca teremos paz, As penas devem ser duras para eles terem medo de desafiar a lei como fazem. Estamos a viver aterrorizados, se saímos estamos em estado de alerta constante, se temos familiares na rua enquanto não chegam estamos preocupadíssimo. Tem razão ao dizer que nem no tempo da guerra vivíamos assim aterrorizados. Quando estou a conduzir e vejo 2 indivíduos numa moto se pudesse voava com o carro. Ninguém consegue viver assim; quando teremos PAz e andaremos sossegados na nossa Cidade? A capital tornou-se uma FAixa de Gaza com a bandidagem à solta.”
19 de Agosto
E depois dos desalojamentos forçados para as terras de ninguém dos empregos espoliados, montam-se às pressas capelas para que os sacerdotes das igrejas mostrem o caminho da salvação do Senhor. Mas não pregam a luta contra a corrupção, e assim se fecha o ciclo: Evangelizar é as vítimas da corrupção abandonar.
Não concebo, não posso aceitar que neste mundo se matem enxames de crianças como se fossem moscas, e os seus autores fiquem impunes.
Como é que os lordes do petróleo apagarão as chamas que atearam, com labaredas já quase incontroláveis.
Se fores amigo do petróleo, serás jornalista, escritor, poeta, e sobretudo um ferrenho bajulador.
Da sonolência de alguns dirigentes africanos em conferências: Não é por acaso que se diz que a África ainda não despertou do seu sono.
BES/BESA e o desastre económico. “Explica a Forbes que, após a separação do BES em dois bancos, com os investimentos portugueses em Angola a permanecerem no banco mau, o governo angolano encarou isso como um ato hostil, tendo a garantia soberana sobre o BESA sido cancelada. Agora, numa altura em que ainda há muita incerteza relativamente à forma como será gerida a situação do banco mau, ficam incertezas sobre como será resolvida esta questão, sendo certo que as relações económicas erigidas entre Portugal e Angola, através do Banco, poderão ter os dias contados.”
20.00 horas. O indiano está outra vez a dar surra na esposa, melhor, na escrava, porque as mulheres para eles apenas gozam do estatuto de escravidão. Creio que acabará por enforcá-la. 
20 de Agosto
Não são veteranos, são tiranos das lutas de libertação.
A Rádio Ecclesia noticiou que em Malange, um jovem de dezoito anos enforcou-se porque não tinha trezentos dólares para pagar o pára-choques de uma viatura estacionada na qual embateu.
Há dezoito dias sem cortes de energia eléctrica.

Imagem: autor desconhecido

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

DUPLA NACIONALIDADE





Tenho dupla nacionalidade
Não sabem com quem se metem
Sou angolano com muita vaidade
E português quando me acometem

Como o ebola é a dupla nacionalidade
Porque também surgiu repentinamente
Em Angola sou angolano de qualidade
Na tuga sou retrógrado sobejamente

Facilmente consegui a dupla e tu não
No avião para Luanda a embarcar
Quando lá chegar serei valentão
Outra vez os gentios vou desbravar

Dez mil dólares na Angola querida
Isso e mais alguma coisa garantido
Deixei para lá a minha tuga preterida
Em Luanda nasce mais um pervertido

O amor da branca trocarei por escura
Não sabem? Eu gosto muito delas
Entrego o meu corpo à sua frescura
Venham que vos espero suas cadelas

São muito quentes entregam tudo
São muito fáceis ao desejo da delícia
Vou fodê-las todas sou um sortudo
Com alguns dólares e muita malícia

Muitos mulatos por lá vou deixar
Saibam que detesto misturas de raças
À sua sorte os vou abandonar
Sou da raça superior das desgraças

Com dez mil dólares é fácil conquistar
As negras agora é que estão a dar
Preparem-se, vou-lhes bem explorar
A bunda delas vai arder, queimar

Com uma negra vou fingir casar
É mais fácil residente lá morar
Vou fazer a minha vida e lá ficar
Sou português hábil no ludibriar

A nossa riqueza fácil almejamos
Na nossa pobreza continuamos
E também na espiritual estamos
De novo os angolanos escravizamos

À nossa Angola ao nosso lar voltamos
Nos lordes do petróleo votamos
E aos angolanos miséria deixamos
Rendidos na nossa condição de amos

Imagem: autor desconhecido









terça-feira, 26 de agosto de 2014

O PARAÍSO PERDIDO A OCIDENTE (11)












Os clientes aumentam e o Frederico serve novos petiscos. Caracóis, caracoletas e camarão. Instala uma máquina que toca discos com os melhores êxitos do mercado. Para ouvir as músicas são necessárias moedas. A máquina não pára de tocar.
Um rádio técnico amigo convida-me para ir a casa dele ver a última novidade em som Hi-Fi. Coloca um disco com o quinto andamento da nona sinfonia de Beethoven. O efeito sonoro é de espantar. A partir daí a minha alma deixou de ser a mesma. Os coros de Beethoven perseguem-me constantemente como se o céu estivesse infestado de anjos. Mais tarde oiço o Maestro Vitorino afirmar na televisão que Beethoven está para além da própria música. O som invade os nossos lares. Com os Beatles é – pode-se dizer - o despontar de uma nova civilização.

Alguns dos meus amigos tentando seguir a onda da proliferação dos conjuntos musicais que surgem por todo o lado, criam conjuntos amadores à espera de uma oportunidade. Um deles tem manager. Mas apenas um dos componentes se esforça. Toca bateria quase todo o dia a imitar os Beatles. À noite reúnem-se no Frederico para fazer o ponto de situação. Ouvia-os e achava engraçadas as suas pretensões, porque os restantes membros do conjunto passavam o tempo no Frederico a falar de estratégias musicais. Claro que este conjunto e outros não demoraram muito. Creio que é necessário lembrar que John Lennon era um profundo conhecedor do folclore inglês.
As máquinas nos cafés e os equipamentos portáteis musicais iniciam a poluição sonora.

No Café do Frederico acontece uma coisa fora do vulgar. Aparecem os desenhos animados. O coelho, o pato e outras personagens da Warner Brothers, do Walt Disney. Durante poucos minutos de todos os dias o café enchia. Era risada. Uma grande alegria como nunca vi e imaginei. Quando surgiu a série americana de caubóis Bonanza, o café ficava tão cheio que não havia mais lugar para ninguém. Depois o célebre Zip-Zip que originou a que Lisboa parecia uma cidade abandonada aquando da sua emissão porque as ruas ficavam desertas. São nestes momentos que conheço dois personagens que irão influenciar a minha vida.

O Quitério tinha acabado recentemente o curso industrial. Pelas conversas que mantinha via-se que era erudito. Quando tomava a palavra todos o escutavam. Muito simples e humilde depressa despertou a minha atenção. Magro e baixo, com um bigode ligeiramente farto, rosto pequeno e olhos profundos, coxeava ligeiramente devido a um acidente com um tractor em Ataíja, Alcobaça, donde era natural.

O outro, o Mota era muito falador. Apresentava-se sempre impecável de fato e gravata. Alto e muito magro, de olhos largos, sempre barbeado e bem penteado. Sempre a perguntar ao Quitério qualquer dúvida que tivesse. Era muito agressivo e de carácter instável. Mudava de personalidade constantemente. Isso era devido a ser filho único, conforme confessava. Os meus pais exigem muito de mim, lamentava-se. Uma coisa tínhamos em comum: O recenseamento militar e a mobilização para uma das colónias ultramarinas. Era necessário queimar o tempo que faltava.

Nas tardes encontrava o Mota no café com um caderno a escrever. Escrevia muito. Com um chapéu e óculos sempre muito pensativo. Descobri depois que imitava o Fernando Pessoa, até na indumentária. Outros jovens universitários apareciam ocasionalmente, as conversas que mantinham grande parte delas não entendia. Mas com o tempo fui aprendendo muita coisa com eles. O Quitério disse-me que devia ler muitos livros. Como ele ia à Biblioteca Municipal do Alvalade regularmente, disse-me para o acompanhar pois que lá podia trazer três livros gratuitamente e ao fim de quinze dias devolvê-los.

E foi assim que descobri os Grandes Mestres da Literatura Universal. As obras de Jorge Amado li-as quase todas. Mas o autor que mais gostei e creio que li tudo o que publicou foi, William Somerset Maugham. De estilo simples e humilde, muito viajado, com profundos conhecimentos, hábil narrador, honesto, dizia que escrevia para ganhar dinheiro, que conhecia mal a língua inglesa e que o seu êxito se devia aos tradutores. Impressionava-me os desfechos das suas obras. O Fio da Navalha ficou na minha mente para sempre. A Biblioteca Municipal itinerante que funcionava num carro também me permitiu muita leitura, porque aparecia próximo da rua onde habitava.

O Quitério e o Mota com outros intelectuais tiveram a ideia de fundar uma biblioteca que funcionaria na casa de um deles, com jóia inicial e quotas mensais adquiriam livros. Na realidade quem teve a ideia foi o Zé Luís. Era ele o chefe. Destacava-se em tudo. No intelecto e cultura. Um gentleman de educação refinada. Muito educado para quem quer que fosse. Cumprimentava sempre com um leve inclinar de cabeça. Quando surgia todos nos levantávamos para o cumprimentar. Era directo e frontal. Tentei um diálogo com ele, na realidade queria impressioná-lo. Nos jornais lia artigos científicos, cortava-os e guardava-os, especialmente os do Eurico Fonseca. Avancei com Von Braun:
- Você sabe que li um artigo sobre o Von Braun?
Você era o tratamento que ele dirigia a todos. Acho que pretendia manter uma certa distância.
- Ah Sim? Então quem foi ele?
- Sem ele não existiriam foguetões, não seria possível ir à lua.
- Perguntei quem foi ele!
- Um alemão.
- Isso é cultura jornalística.
E como andava sempre com livros debaixo do braço, notei o seu olhar para eles.
- Muitos livros pouca sabedoria. Deixe de ler os artigos científicos nos jornais.
- Mas não tenho dinheiro para comprar livros científicos.
- Por isso mesmo deve ficar calado. Oiça as nossas conversas para aprender alguma coisa.
Envergonhado pedi desculpa e agradeci os conselhos. Entretanto ele perguntou ao Quitério se já tinha, O Fenómeno Humano, de P. Teilhard de Chardin, porque estava muito interessado em conhecer a sua personalidade. Fiquei muito atento à conversa e disse que também gostaria de o ler. Risada geral. Ler esse livro? Se nós não o entendemos quanto mais você. Depois insisti com o Quitério a sós que também gostaria de o ler, e o Quitério tranquilizou-me que só depois deles. Assim foi. 


José Quitério. Facebook



Luanda. Português encontra-se detido á mais de um ano no Centro de Detenções do km 32





Português encontra-se detido á mais de um ano e está no Centro de Detenções do km 32_ tem trinta e poucos anos, e chama-se NUNO FILIPE OLIVEIRA e está doente, a entrar em estado de demência.
Família não tem posses para ele regressar a Portugal.
Apela-se á Embaixada Portuguesa que faça alguma coisa pelo homem que certamente o nosso país de alguma forma o empurrou para lá.
 Orlando Gomes, confirmo a sua informação sobre o rapaz português que se encontra detido há mais de um ano e que está no Centro de Detenção do Km. 32. Tem trinta e poucos anis e chama-se Nuno Filipe de Oliveira e está doente, a entrar em estado de demência. Tive conhecimento deste caso esta semana, alertada por outros detidos e por um agente do SME que me pediu para eu ver se podia ajudar. A família não tem posses para ele regressar a Portugal e a Embaixada Portuguesa... Vergonhosamente é para esquecer. Tudo farei para o ajudar e enviar para Portugal. Mas é vergonhosa e revoltante o desinteresse e falta de apoio da Embaixada Portuguesa perante cidadãos portugueses em dificuldades e situações graves como está. Irónicamente, acabam por ser isso Angolanos a mostrar interesse e a procurar ajudar.
 A Embaixada Portuguesa é o espelho do (des) Governo e do quanto Portugal bateu no fundo, na falta de respeito pelos seus cidadãos...Infelizmente é a realidade! Este caso devia ser denunciado nas televisões portuguesas!
 e uma situação vergonhosa os políticos já não chega roubar os trabalhadores e ainda se esquece dos emigrantese vem um filho da p..t..de 1 ministro dizer EMIGREM so não aprece nenhum bin laden em Portugal para rebentar aqula escumalha toda
Portugueses em Angola