quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O Cavaleiro Luaty e Mana Laurinda na Demanda da Santa Corrupção (11)



E entretanto os exércitos de famintos vão-se multiplicando na África, o continente dos famintos, dominada por famílias, tribos que tudo fazem para permanecerem eternamente no poder perante uma oposição de palavras. Uma oposição que apenas pretende o poder, está certo, não digo que não, mas perante tanta miséria que se transformou em fome, não podemos viver de palavras mas sim de acções concretas. Quem tem medo do poder instituído que dê o fora e o entregue às organizações civis competentes numa primeira fase e instaure a democracia. Longe da Igreja e das igrejas que só destroem Angola e os angolanos.
Já não se pode falar de banca em Angola: “Luis Almeida. Uma vergonha, se querem que nós os Portugueses nós vamos embora digam e ficam com a chinesada, farto. Martinho existe pessoas a passar fome sr Governantes quer Angolanos quer Portugueses metam mão nesta falta de respeito por quem trabalha.
Fernandes José Pereira. A falta de respeito é tanta que eu acrescento uma situação que se passou hoje comigo no banco estatal onde me dirigi para levantar kwanzas e resposta pronta da funcionária da caixa, não temos dinheiro??????fiquei boquiaberto mas???????? muito me apetecia dizer e dar azo a raiva que me vai na alma mas fico-me por aqui. A todos festas felizes.
Bruno Pedro. Tenho transferências para pagamento de mercadoria importada que já estão no banco à mais de 1 ano... BIC e Standard bank são os piores culpados.
Fernandes José Pereira. Para que conste infelizmente não há um único banco em condições em Angola
Fernando Ferrão. Em Novembro, quando vim embora, comprei alguns dólares na rua ao pé de Alvalade e foi-me dito que estavam a trabalhar para o gerente do banco
Carlos Botelho. No final de Abril dentro do Banco Bic trocaram-me dólares ao preço da Candonga e tinha que passar junto ao Gerente para trocar, mesmo ao lado dele só com o biombo a separar.
Ricardo Selas. O que mais me entristece é que a maioria dos bancos nisso são de origem portuguesa! e estão a dificultar as remessas para Portugal a prejudicar as empresas e trabalhadores!...
Milton Rocha. Esta merda tá uma grande palhaçada...pouca vergonha esses funcionários dos bancos...eu no BPC até a tomarem pequeno-almoço estavam-me atender...”
Igrejas do demónio. A religião das igrejas não é a salvação das nossas almas, é a salvação dos sacerdotes corruptos. Domingo, 13 de Dezembro de 2015, na rua Rei Katyavala, em Luanda, aconteceu talvez um dos episódios mais reveladores da falsa religião, dos demónios disfarçados de embaixadores de Deus. São catorze horas, uma tarde que dir-se-ia estar sob recolher obrigatório, pois o trânsito era quase inexistente. Antes pela manhã o céu inundou-se de nuvens bem atestadas de água que não tendo onde despejá-la, decidiram que Luanda era o melhor lugar. Durante quase uma hora não era chuva, era dilúvio, castigo de Deus como apregoam as pobres almas corrompidas pelas igrejas. De repente a rua inunda-se de carros desses de luxo, os tais do tal modelo topo de gama que decerto vieram directa ou indirectamente dos fundos especiais do petróleo precocemente extintos e que depois no futuro os arqueólogos ao escavarem no projecto, vamos descobrir as ruínas do petróleo de Luanda, lá encontrarão certamente vestígios dos tecidos desses sacos e reconstituirão o modo de vida dos corruptos deste tempo. Estacionam ilegalmente, isto é, desde um minimercado nas proximidades até para lá da igreja adventista do sétimo dia, encostados aos carros estacionados. Ninguém pode sair pois os sacerdotes e suas famílias no interior da igreja decerto oram ao senhor Deus que inspire o seu eleito para que os sacos secretos do dinheiro não acabem e algum lhes sobre, pois nada melhor do que servir a um deus corrupto, pois povo analfabeto é muito fácil de dominar, espoliar. Ninguém queria acreditar porque era a primeira vez que tal acontecia. Um ou outro morador com o seu carro com tracção às quatro rodas subia para o passeio e conseguia escapar da divina emboscada. Mas tal sorte não teve uma jovem com o seu carro não preparado para tais aventuras. Notava-se bem que ela estava angustiada e tinha muita pressa de escapar da emboscada. A pobre coitada buzinou, buzinou mas nenhum sacerdote ousou, responder aos seus apelos se dignou. Ela protestava verbalmente mas em vão. Conseguiu motivar um segurança faminto, pois até esse momento ele ainda não tinha sido sorteado com o envio da comida diária. Ele disse na jovem que esses carros estacionados eram da igreja. Ela muito apressada para lá foi, e não tardou muito porque com ela veio o que parecia um sacerdote que chegado ao local do enclausuramento do veículo da jovem parou e chamou-lhe a atenção que, tem que ter civismo, que não é assim que se abordam as questões. E repetia, melhor, disparatava sob a corrupta inspiração divina que ela não tinha dotes de civismo. Mas ela não estava para ouvir sermões de sacerdotes do demónio e gritou-lhe para tirar o carro que ela queria sair. O sacerdote escudava-se na podridão da sua bíblia, até que um vizinho gritou: “Igrejas do demónio! Igrejas do demónio!” O servidor da corrupção divina ouviu bem, não demorou e logo o seu carro tirou e a jovem dali debandou. E os sacerdotes de mais esta igreja do petróleo só retiraram os seus carros quando eram dezassete horas. Decerto que esta igreja está inscrita no comité de especialidade das igrejas do petróleo. Como é possível uma irrisória igreja ter poder ditatorial. Só mesmo num país de faz de conta tal é possível. Significa isto que religião é destruição. Angola atingiu tal nível de mediocridade religiosa que pode-se dizer que a religião prepara, infla os corações para que os tumultos sejam um facto consumado. Com a religião a apoiar o país para ele desabar, por este andar não admira nada que a exemplo da Gâmbia, Angola se declare também um estado islâmico, ou até melhor, um estado chinês, o que para isso pouco falta. Mais alguns meses e veremos Angola em poder do saque chinês. Todos os caminhos de Angola vão dar à confrontação. E com políticos de lamentos não há transformação da sociedade. As igrejas do demónio todos os dias disparam o seu canhão da religião da destruição. Creio que se em Angola não existisse religião as nossas vidas seriam bem pacíficas, pois onde a religião se instala, vem a intriga, a corrupção, a escravidão e o analfabetismo. Deus é um invento dos seres humanos corruptos para destruir nações e subjugar os seus povos. Angola parece governada por uma tribo que não aceita mudanças, preferindo o viver na obscuridade do tempo do poder da feitiçaria.
Mas, afinal em que época estamos? No tempo de Al Capone? Texas City? Estamos no tempo das seitas políticas. No CAOS-corruptos angolanos organizados em sociedades: Gustavo Costa no Expresso: “Chineses, libaneses, malianos e senegaleses fazem, todos os dias, nas ruas de Angola, transações de milhões de dólares. E se, à cautela, o governo preferiu não arriscar, na proposta de orçamento para 2016 a previsão da taxa de câmbio continua a subir o número de bancos internacionais que decidiu congelar a sua condição de correspondentes dos bancos angolanos. A crise de tesouraria agora atinge também os kwanzas e há ministérios que não pagam os ordenados dos funcionários há dois meses. Em muitas cidades do país, em diversos bancos, os angolanos deixaram de poder levantar dinheiro através do sistema multibanco como resultado do entesouramento levado a cabo pela máfia chinesa. Remessas não controladas de dinheiro passaram igualmente a ser enviadas, de forma ilegal, para a China, a partir do aeroporto 4 de Fevereiro. Hoje, em tempo de penúria, a par dos chineses e libaneses, quem manda no mercado cambial informal são também os comerciantes malianos e senegaleses, que montaram o seu “banco de dólares” a céu aberto, no bairro do Cassenda. “Aqui são feitas, em poucas horas, diversas transações que, de uma assentada, atingem o milhão de dólares e, o que é estranho, é que a polícia sabe disso mas não intervém...”, revelou ao Expresso Victor Moreira, morador naquele bairro. Noutro extremo, os angolanos com necessidades de adquirir mercadoria na China, adiantam os kwanzas em Luanda aos chineses e estes, sem qualquer interferência bancária, disponibilizam a moeda chinesa no seu país... “Nesta senda, estamos a ser todos cúmplices da vergonhosa transformação de Angola numa gigantesca ‘lavandaria’ de dinheiro.”

Exércitos de famintos angolanos, não posso desejar-lhes um feliz Natal porque a Igreja e o seu partido fundamentalista apostaram que a fome é a única via que nos traz a felicidade.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Os presos políticos dos violadores da constituição



Entretanto a oposição
Continua na hibernação
O descalabro desta nação
Se anuncia sem remissão

Os famintos da corrupção
Arrastam-se em vão
Confiaram na Constituição
E agora para onde irão?

Os violadores da Constituição
Promovem o caos generalizado
É só fome na eterna governação
Da decadência deste Estado

Quando a fome se generaliza
É natural pilhar estabelecimentos
O tumultuar se formaliza
O que trás actos sangrentos

Os presos políticos serão acusados
De mais actos tão malvados
Os corruptos serão inocentados
E os bajuladores jubilados

A intranquilidade aumenta
Já nada se aguenta
A fome não se sustenta
A desgraça nos arrebenta

Vamos comer aonde então?
No fundo soberano não
É dos filhos e do patrão
E para nós nem um tostão

A ocasião faz o ladrão
É só meter a mão
E de muitas ocasiões
São abundantes os burlões

Nestes dias de imensa tristeza
Temos a absoluta certeza
Que isto só serve para a realeza
E não dá viver na incerteza

Pela fome a população perece
Dizem que tem o que merece
Que no nosso deus acreditou
E que ele a abençoou

Nunca é tarde para recomeçar
Quando tudo está a acabar
Os corruptos ficam a ganhar
E pela fome estão a nos matar

Imagem: Setenta anos da Coreia Do Norte. ELPAIS





sábado, 26 de dezembro de 2015

O PARAÍSO PERDIDO A OCIDENTE (20)



Já estava completamente restabelecido, e alguns colegas que vieram ver-me disseram-me que tive sorte porque adoeci no fim da especialidade. Caso contrário teria que a repetir. Aliás esse era o meu receio. Como havia um enfermeiro que nos facilitava a vida a troco de uma gorjeta apeteceu-me beber cerveja, que aqui era a Super Bock, que podíamos afirmar era a cerveja nacional do Porto. Também pedi um prego. Quando a encomenda chegou, depois de comer e beber senti-me quase como novo. Impacientemente aguardava o dia da saída, o que aconteceu. No regimento fui informado dos últimos acontecimentos. Dentro de poucos dias acabaria a especialidade. Depois disso seria enviado para outro local. Entretanto veio a ordem de mobilização. O meu destino seria Angola. Mas antes faria parte de uma companhia que já estava a ser formada em Santa Margarida.

Dupla ironia do destino. Santa Margarida ficava próximo do Tramagal. Antes enviei uma carta à Belita. Aparentemente mostrou satisfação, mas eu mantinha as minhas reservas. Apesar de tudo era minha prima. Dir-se-ia que a proximidade era para me despedir dela. A outra ironia era o Mota para Moçambique, o Quitério para a Guiné e eu para Angola. Será que a Pide sabia do nosso relacionamento e enviou cada um para um local distante para que não pudéssemos estar juntos? Ou foi apenas mera coincidência? Talvez que nunca o saiba.

Mais quinze dias de campo a viver em tendas para nos prepararmos – como diziam – para a guerra em Angola. Despedi-me da Belita e do seu namorado, que sabedor da nossa relação não a deixava um só momento. Ele evitava falar comigo. Na presença da minha tia durante um momento em que estivemos sós, ela chamou a atenção da Belita dizendo que não gostava nada dele, e que me preferia. Que não iria dar muita atenção a esse homem porque era muito maldoso.

Acabadas as despedidas o navio Vera Cruz estava atracado, à nossa espera para mais uma viagem rumo a Angola. Fui promovido a 1º Cabo radiotelegrafista devido aos testes finais. Antes fui à praça do Cais do Sodré e comprei uma grande quantidade de caracóis pequenos e grandes, - as caracoletas - os orégãos e uma caixa de camarão que pessoalmente cozinhei para todos, como sendo a despedida final.
O meu pai e a minha mãe faziam questão de ir ao embarque. Recusei e expliquei que isso me entristeceria muito. De facto quando o Vera Cruz lentamente iniciou as manobras para se libertar e encontrar mais espaço para navegar, uma multidão na amurada saudava com lenços brancos agitados ao vento, no que era correspondida por outra em terra. Isto fez-me lembrar os navios bacalhoeiros que partiam na sua faina para a pesca do bacalhau.

Soube depois que o destino em Angola era São Salvador do Congo. Mas não era verdade. Por motivos de segurança quando se questionava o nosso destino a resposta era essa. Confesso que gostaria de ver os meus pais em terra. Não resisti e as lágrimas vieram-me aos olhos. Será que nunca mais os verei? Uma grande tristeza se apoderou de mim. Quando voltaria a ver a minha acolhedora casa? Os meus irmãos e irmãs? Os meus amigos? Enfim, tudo abandonado pela força das circunstâncias. Até quando? Mas que mal fiz eu? Apenas pretendia estudar. Ler muito e com isso satisfazer as minhas dúvidas constantes. Sentia-me muito feliz com isso. E para onde ia não existiam livros.

Os dias passavam e o Vera Cruz prosseguia a sua rota. A bordo nada havia de realce a assinalar. A rotina era confrangedora. Um dos nossos furriéis informou-nos que quando chegássemos à zona do Equador sentiríamos a mudança devido ao calor. De facto assim foi. O calor instalou-se a bordo. Quanto mais navegávamos mais sentíamos o desconforto, devido à humidade que se colava nos nossos corpos. Luanda estava próxima.


CAPÍTULO IV
A GUERRA


Luanda, Angola 9 de Agosto 1971

Atracámos. As escadas fazendo lembrar uma ponte levadiça desceram. Enquanto poisávamos em terra, algumas senhoras do Movimento Nacional Feminino ofereciam-nos um estojo composto de um isqueiro, que era famoso pelo nome –Ronsom da picada – um pincel e um tubo com creme para a barba e algumas lâminas que cortavam tudo menos a barba. Depois de uma curta viagem até ao Grafanil ficámos à espera do MVL-Movimento de Viaturas Ligeiras, efectuado por civis que em camiões nos levariam ao destino. As camas eram de cimento quase ao ar livre. O desconforto era evidente.

Os camiões chegaram. Mais uma viagem. O destino era Quibala do Norte. Fui num camião junto com a minha bagagem. Arranjei um local para me sentar em cima da carga. Instalei-me o melhor que era possível. Parámos no Caxito. Fiquei surpreendido com a quantidade de crianças que nos pediam algo. Atirei-lhes com alguns pacotes de bolacha da minha caixa de ração. Prosseguimos viagem. A paisagem até ao destino tinha capim muito alto. Vi pela primeira vez os misteriosos embondeiros. O asfalto já terminara, passámos por mangueiras cujos ramos batiam na viatura. Aproveitei e colhi muitas que ia comendo pelo caminho. Agora eram picadas que constantemente faziam baloiçar o camião. Continuar sentado tornava-se um incómodo. À medida que penetrávamos pelo mato denso comecei a pensar que estávamos em terra de ninguém, porque não se divisava nenhuma habitação nem ser humano. E se rebentasse alguma mina? Ou podíamos ser atacados porque este local era ideal para isso. Instintivamente segurei com mais cuidado na G3. Concentrei-me nos barulhos e nos movimentos da vegetação. A viagem nunca mais acabava. Ia literalmente todo partido. Muito cansado. Finalmente chegámos. Durante um horrível ano esta seria a minha nova casa.

Imagem: Fiorella Matteis


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O REI DO PETRÓLEO (15)



RCE - República dos Comités de Especialidade, algures no Golfo da Guiné.

Mas, quanto aos tímidos, e aos descrentes, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos devassos, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte. (Apocalipse 21)
A Rádio Despertar noticiou que no Panguila, a Polícia despejou das suas residências dezenas de cubanos e portugueses. O despejo foi acompanhado pelo saque dos bens. O Panguila dista 31,8 quilómetros a norte de Luanda. 
Mais onze horas sem energia eléctrica. A miséria e a grande fome festejam o acontecimento enquadrado nos festejos natalícios do nosso grande obreiro. Quanto mais uma pessoa luta para vencer a miséria e a fome, mais eles tudo fazem para que a nossa derrota seja certa.
Não parece, mas o tribalismo já está com força, e não vale a pena escondê-lo. A miséria e a grande fome fazem bruto, selvagem tribalismo e odiento racismo. Assim teremos: o MPLA dos quimbundos, a UNITA dos ovimbundos, etc. José Eduardo dos Santos, Presidente dos quimbundos e Isaías Samakuva, Presidente dos ovimbundos.
Outra espécie de ebola paira sobre Angola. Preparem-se para os dias muito difíceis que aí vêm. Mas se nós já estamos há um ror de anos nos dias muito difíceis, que dias mais difíceis serão esses? Na verdade serão dias impossíveis! Já sei! É a morte pela fome. É a fome generalizada como a peste negra. Mas para eles tudo correrá como antes, os palacianos continuarão a viver no luxo e na opulência escudados pela fortaleza da corrupção.
A UNITA vai engolir o MPLA. O MPLA que se cuide. Neste momento a UNITA está bem organizada e disciplinada. Com estas duas condições e mais os intelectuais que possui, o MPLA não os tem, foram todos corridos ou afastaram-se, a UNITA constitui, é um forte poder, mas que facilmente irá por água abaixo porque quando não se vêem resultados as pessoas cansam-se.
A oposição canta que em 2017 vai haver mudança com a derrota eleitoral do PRVP. Oh! Como são muito ingénuos, para o PRVP não haverá derrota eleitoral porque ele mais uma vez – todas as vezes – vai-lhes dar a volta, sempre com a percentagem dos noventa e tal por cento, e se for cem por cento que ninguém duvide de tal façanha. Isto é: até 2017 não haverá eleitores porque estarão mortos devido à miséria e à grande marcha da fome e da prisão de toda a oposição também acusada de tentativa de golpe de estado. Pobre coitada da oposição tão cândida como uma criança.
Polícias e militares das forças armadas angolanas, fardados e mascarados, transportados em viaturas sem matrículas arrasam residências e espoliam terras.
E o Rei do Petróleo lá está na reunião do seu conselho da revolução. Já trás com ele um decreto que não necessita da aprovação do seu conselho superior da magistratura do seu generalato. Ele não tem nenhuma dúvida de que a lei deve ser sempre exercida por generais, porque só assim se garante a fortaleza dos pilares da revolução. E que uma revolução deve permanecer no tempo e no espaço, ou por qualquer coisa parecida. Portanto, sem generais não há continuação da revolução, há estagnação. A população deve viver permanentemente sob o militar bastão que é o bastião da repressão. Grande defensor da lei da bala e dos massacres, o Rei do Petróleo pensou e obrigou a que o OGRP, Orçamento Geral do que Resta do Petróleo, cativasse todas as receitas para a manutenção da repressão. E logo por unanimidade se aprovou o decreto-lei por silenciosa maioria absoluta, na realidade só houve um voto, o do Rei do Petróleo, no qual o teor principal rezava que: quem criticar o Grande Obreiro apanhará seis meses de prisão em cela solitária na qual será submetido às mais diversas torturas, de acordo com a inspiração vigente dos verdugos. Foi anotado que a cooperação dos especialistas torturadores norte-coreanos seria desnecessária, porque eles comparados com as torturas em vigor na
PRVP, deixavam muito a desejar. De facto e de jure era facto assente que os especialistas da PRVP eram considerados os piores do mundo em matéria de tortura, e muitas outras ditaduras surgiam na PRVP para refrescarem os seus métodos de trabalho. E já havia uma divisa: sem tortura não há ditadura.
Na mesma sessão do seu conselho privado e restrito – apenas a alguns generais de extrema confiança residentes permanentes no palácio – o Rei do Petróleo decretou aprovar os acordos gerais de cooperação da corrupção com todos os países do mundo.
Também foi aprovada a resolução em forma de decreto presidencial da Grande Marcha da Fome.
Foi lembrado aos presentes que o GEOS, Gabinete Especial das Ordens Superiores, coordenaria todas as actividades necessárias ou desnecessárias sobre as actividades da população e muito em especial da oposição. Nomeadamente, a sua ostensiva vigilância. O Rei do Petróleo tinha a certeza absoluta que os da oposição conspiravam permanentemente para o derrubar, mas na prática eram uns paspalhos que não faziam mal a uma mosca, e que apenas reagiam como crianças quando se lhes muda a fralda. Portanto, dela nada há a temer, bastam umas ameaças e os democratas (?) da oposição acabam com a democracia fugindo como os cães com o rabo escondido nas pernas. Durante o seu mesozóico poder, o Rei do Petróleo provou sem necessidade de fórmula matemática que a oposição na PRVP não servia para nada, não tinha nenhuma utilidade, nem sequer para moço de convés. Como sempre a reunião do conselho da revolução terminou com uma desnecessária grande ovação.
E o GEOS entrou em acção demolidora. Demolidora porque demoliu as residências dos líderes da oposição, dos defensores dos direitos humanos, das associações e de tudo o que fosse oposição, declarada ou não. Isto como início, porque pouco depois logo seriam caçados nas ruas como cães vadios abandonados pelos seus donos, carregados para o canil municipal e lá abatidos.
A melhor, ou a pior das missões de rotina foi quando o comando supremo do GEOS decidiu que as crianças de rua seriam presas sob suspeita de ligações ao grupo dos quinze mais um e mais duas. E de repente nas ruas deixaram de se ver crianças. Quando alguém falava das crianças de rua agora sem rua, os militantes do PRVP infiltrados nos aglomerados populacionais diziam que as crianças foram transportadas para centros de acolhimento infantis, para a formação da criança nova. Era um vasto edifício com escolas, universidade, piscina, cantina escolar, biblioteca com acesso à Internet, parques infantis, campo de jogos, bwe de professores, etc. O gigantesco edifício tinha reservatórios de água e brutos geradores para que nele tudo funcionasse normalmente.
Passadas poucas semanas as ruas voltaram a encher-se de crianças. Quando interrogadas sob o seu desventurado regresso, uma delas elucidou que os dinheiros destinados às despesas do grande edifício foram desviados pelo CECO, Comité de Especialidade da Corrupção. 
No cumprimento do decreto do Rei do Petróleo, agora também chamado Grande Obreiro, a marcha da Grande Fome avançava para o seu destino final, a morte. As tropas do GEOS transportavam em camiões os cadáveres dos esfomeados que espalhados pelas ruas se juntavam a cães e gatos abandonados porque os seus donos não tinham comida, e a solução era enviar os seus animais de estimação para a Grande Marcha da Fome. E assim os corpos inertes da população subjugada, melhor, sitiada durante quarenta anos acabavam na libertação final de mais uma grande revolução estalinista. Só alguns da nomenclatura restavam vivos, como sempre. A Marcha da Grande Fome terminou, porque já não restava população. Os estrangeiros regalavam-se com o facto, e desabafavam: «Finalmente, livres dessa macacada! Agora já podemos retornar ao saque dos bons tempos! ANGOLA É NOSSA!»


sábado, 19 de dezembro de 2015

O Cavaleiro Luaty e Mana Laurinda na Demanda da Santa Corrupção (10)



Caminhando para o triste fim do continente da fome. Há cerca de duas semanas a lata de atum de 185 gramas estava a duzentos kwanzas, parecia que se manteria nesse preço. Poucos dias depois subiu para duzentos e cinquenta kwanzas, também durante alguns dias parecendo que nesse preço assim ficaria. Mas, ó espanto, há quatro dias numa cantina já estava a trezentos e noutra bem próxima a trezentos e cinquenta kwanzas. No dia anterior o montinho de carapau estava a mil kwanzas, hoje já custa dois mil. Esta da alface creio que é o máximo, aconteceu no minimercado Pomobel na rua rei Katyavala. Habitualmente ficava pelos trezentos kwanzas, hoje passou para setecentos. Um vulgar chouriço que antes, pode-se dizer, tinha um valor “irrisório” hoje também no mesmo minimercado ficou pelos setecentos kwanzas.  
Nota-se claramente que não há a mínima preocupação em salvar a população, e sem ela não há nação. Ganhámos foros de dizimação.
Num país que julga presos políticos, no mercado do Quicolo, no Cacuaco, arredores de Luanda, é hábito os polícias logo de manhã bem cedo mandarem parar os carros que circulam nessa área e cobrarem aos condutores cem kwanzas, como se fosse uma espécie de taxa. E assim a justiça está a aterrar para jamais voo levantar.
O cavaleiro Luaty continuava, o seu protesto lavrava a quem o encarcerava. Mas daí não obtinha nenhuma mais-valia porque a justiça estava uma razia. Nas mãos do Grande Inquisidor jazia. De facto e de jure a nação estava em agonia. Como resposta aos protestos de inocência que toda a gente via, inclusive a grande movimentação internacional de condenação, só a justiça se mantinha no seu rumo inalterável fora-da-lei. Um carcereiro chegou na cela do cavaleiro e disse-lhe que o seu pedido foi bem considerado pelo director da prisão que o agraciou com a sua clemência, como mandam os ditames da justiça. E mostrou-lhe um comunicado vindo do gabinete do Grande Inquisidor, pois que sem ele nada é possível, até para fazer filhos é necessária uma sua autorização especial, uma vez que, convém recordar, foi eleito pela Igreja e pelas igrejas e demais organismos e países guardiães da corrupção internacional. A propósito disto, já se conjecturava o grande prémio internacional da corrupção a Angola pelos seus valiosos contributos e incentivos neste domínio, que diga-se de passagem não existe em mais nenhuma parte do mundo. E o carcereiro leu o comunicado:
Gabinete do Grande Inquisidor para os assuntos dos golpes de Estado.
Comunicado
Convindo aclarar e legalizar a situação do golpista cavaleiro Luaty, este gabinete reunido especialmente para esse efeito, deliberou conforme a lei em vigor e de acordo com a sua mãe Constituição, e mais juízes do gabinete na sombra deliberaram o seguinte: Único: o cavaleiro Luaty viu a sua pena comutada e substituída para a prisão solitária onde nela permanecerá por tempo indefinido. Convém notar que este acórdão será objecto de mais severidade se o réu assim o merecer, isto é, se o entender.
O gabinete do Grande Inquisidor
Como sempre não havia nenhuma assinatura, não vá o diabo tecê-las.
“Angola é um país maravilhoso.” É sim senhor, as sanguessugas que o digam, mas para presos políticos não.
“José Emanuel. Boa tarde, recebi uma oferta para trabalhar em Angola numa escola básica. Quais as condições para aceitar? Agradeço a vossa ajuda.
Liliana Santos. Com apenas uma viagem a Portugal e com visto ordinário, deve ponderar bem se quer embarcar nessa aventura... Mas também é verdade que se estiver desempregado e sem perspectivas de outras oportunidades, 3 meses de experiência (validade do visto ordinário) não matam ninguém. E eu continuo a dizer que Angola é um país maravilhoso, à parte de todas as dificuldades actuais!
Filipa Almeida. Procuramos Candidatas Portuguesas que estejam em Luanda, educadoras de infância/ professoras para trabalhar como nanny interna. Temos vários pedidos de famílias locais. Salário 3000€ pagos em euros. Enviar cv para: nannyportugal@nannyportugal.com
Maria Luisa Figueira Figueira. E professores portugueses a residir em Portugal?
Nuno Ferreira Mendes. Também podem vir... É comprar o bilhete, alugar casa... e já estão a residir em Angola.”
Entretanto a gigantesca lavandaria de dinheiro lavava os dólares que desapareciam misteriosamente dos bancos, que juravam a pés juntos que não os tinham, dólares do banco central não recebiam. Claro que não, porque no banco ao ar livre do bairro Cassenda em Luanda, próximo do aeroporto internacional 4 de Fevereiro, lá estavam eles… em poucas horas aos milhões capitaneados por chineses, senegaleses, malianos e libaneses.
Na solitária, o cavaleiro Luaty conseguiu arranjar amizade com um rato. Tentou com algumas baratas mas desistiu porque as sacanas lhe sugavam o corpo nas partes mais húmidas. Assim quando recebia a sua comida confeccionada não se sabe onde e por quem, sempre sob a suspeita de envenenamento praticado sob a forma de morte lenta, o nosso lutador da liberdade e democracia a sua vida a encurtar via, porque a comida que os seus familiares traziam não era autorizada sob a alegação de que poderia conter alguma arma escondida. Amigos ou quaisquer outras pessoas também estavam superiormente não autorizadas, consideradas como persona non grata, ou personae non gratae.
A TGI, Televisão do Grande Inquisidor, insistia que vivíamos no paraíso porque amiúde passava imagens de sonho, de extraordinária beleza, de rostos de crianças e adultos nos mais diversos domínios da vida diária onde se mostrava um povo que vivia na extrema felicidade. Aquilo era mesmo o paraíso bíblico, não se via o mínimo sinal de miséria, de fome. Parecia que as pessoas eram todas abastadas, nadavam na riqueza. Mas quando se olhava para fora do ecrã arrepios percorriam as nossas almas, ao ver nas costas das mães que como que vagueavam nas ruas com criancinhas carregadas expostas ao calor infernal e à chuva que incessantemente caía como um castigo divino anunciando a vinda do Senhor, conforme acreditado e jurado pelos crentes da Igreja e das igrejas, na actual quase vã tentativa de vender alguma coisa, porque conseguir ganhar cem kwanzas era um milagre. Pareciam almas condenadas à morte por qualquer punição inventada a exemplo dos presos políticos. A fome campeava por todo o lado e a cada dia mais se agravava, e muito longe estava quem a poderia solucionar. Nos muitos palácios onde a classe dirigente residia apenas se discutia e se autorizava a política partidária, fazendo finca-pé dessa actividade o slogan: o mais importante é destruir o povo.
O CAOS, corruptos angolanos organizados em sociedades, puseram-se em todos os seus campos, especialmente na imprensa televisiva, falada e escrita. Era um lamiré daqueles, o CAOS ordenou a criação de subcomités para mais facilmente atacar os presos políticos, os partidos políticos da oposição e demais opositores e críticos especialmente aqueles que não eram do seu agrado. Que os presos políticos eram os culpados pelas chuvas diluvianas que faziam desaparecer o que restava da antes considerada cidade mais bela de África. Que também eram os culpados da fome e da miséria. E que os actuais e baixíssimos preços dos crudes petrolíferos que originaram a devastadora crise económica que faz com que Angola desapareça a exemplo dos demais países africanos, também aos presos políticos lhes é atribuído, porque eles receberam vastas somas de dólares para desestabilizarem Angola, o seu governo e o mais grave, o seu presidente. Contas feitas, os presos políticos são bodes expiatórios de dezenas de anos do fingir que se governa, a disseminação da miséria e da fome vigentes que arrasará – já arrasa – de vez a nação angolana.
E eis que surge junto a um dos portões fortificados da cidade sitiada por estrangeiros e pela nomenclatura, a mana Laurinda.

Imagem: Imagem: Setenta anos da Coreia Do Norte. ELPAIS


sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Sedrick de Carvalho, o preso político das celas da morte



Sedrick de Carvalho o invencível
Sedrick de Carvalho o inesquecível
Sedrick de Carvalho o inamovível
Sedrick de Carvalho o incorruptível

Ganhou foros de grande notoriedade
Pela sua demonstrada seriedade
É um dos aclamados heróis desta cidade
Jovem mas revelando muita maturidade

A corrupção crê na sua invencibilidade
No império da lei da sua maldade
Mas tudo se lhe afigura debalde
Apesar da estrangeira cumplicidade

Não, não somos divergentes
Os pontos de vista são coincidentes
Os métodos é que são diferentes
E por isso nos chamam insurgentes

O saque em Angola está consumado
Não, os chineses vêm na parte final
A lavandaria o chinês têm renovado
Como é fácil lavar dinheiro nesta capital

Os presos políticos nas celas estão
Nas celas da morte da pena capital
Para o fuzilamento do pelotão
No julgamento sem formal acusação

Há banco que lava dinheiro ao livre ar
E a Polícia sabe mas deixa andar
No mesmo prato lá vai comissionar
Na extrema miséria há que aproveitar

A fome muito tempo vai ficar
A população vai dizimar
Nada mais há a esperar
Muitos corpos há para enterrar

Viva Angola e a sua lavandaria
Dinheiro é só para o partido
Para os estrangeiros e companhia
E de todos os que têm corrompido

Os corruptos pilham a nação
Os presos políticos jazem na prisão
Dos actos preparatórios de rebelião
Não vai preso nenhum mandão

Sedrick de Carvalho o herói nacional
Os outros presos políticos também
De antemão condenados pelo tribunal
Da intolerância política como convém


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Angola. “Lavandaria” de dinheiro a céu aberto



Alguns comerciantes acumularam moeda estrangeira em tempos de ‘vacas gordas’ e agora aproveitam a situação para ganhar dinheiro
SIMON DAWSON / GETTY IMAGES

Chineses, libaneses, malianos e senegaleses fazem, todos os dias, nas ruas de Angola, transações de milhões de dólares

EXPRESSO

Depois dos bancos americanos terem fechado a torneira, a ‘mina’ de dólares em dinheiro fresco secou e a economia angolana padece, agora, de uma inesperada ‘gripe’, sem fim à vista, a curto prazo.
O mercado paralelo continua, entretanto, a driblar a crise e os seus agentes esfregam as mãos de contentes, arrecadando lucros astronómicos com a venda, a preços especulativos, da moeda norte-americana.
Cada vez mais asfixiado com a brusca queda do preço do barril de petróleo, o Banco Nacional de Angola (BNA) foi obrigado a reduzir, na primeira semana deste mês, para 66% a injeção de divisas nos bancos comerciais.
E se, à cautela, o governo preferiu não arriscar, na proposta de orçamento para 2016 a previsão da taxa de câmbio continua a subir o número de bancos internacionais que decidiu congelar a sua condição de correspondentes dos bancos angolanos.
E sem dólares para garantir a importação de matérias-primas, algumas empresas como a Refriango e a Cuca foram obrigadas a encerrar diversas linhas de produção mas outras como a EKA, segundo fonte do Ministério da Indústria, podem mesmo vir a encerrar.
Para contornar esta situação, o presidente do banco BIC, Fernando Teles, defende que “Angola deveria importar mais euros, rands sul-africanos e até dólares namibianos”.
Indo mais longe, o economista Victor Hugo acha que “mesmo que venha a ocorrer alguns constrangimentos numa primeira fase”, o recurso “à moeda chinesa poderá ser também uma saída”.
Depois da experiência com a Namíbia, alguns observadores levantam reservas à fiabilidade do acordo que vier a ser assinado com a China.
Os namibianos decidiram recusar receber mais kwanzas e exigem, agora, que Angola transfira dólares para as suas contas contra a acumulação, nos seus cofres, de enormes quantidades de moeda angolana, que “não sabem o que fazer deles”.
“O acordo monetário firmado, neste domínio, entre os dois países, fracassou redondamente”, reconheceu uma fonte do BNA.
A crise de tesouraria agora atinge também os kwanzas e há ministérios que não pagam os ordenados dos funcionários há dois meses. Em muitas cidades do país, em diversos bancos, os angolanos deixaram de poder levantar dinheiro através do sistema multibanco como resultado do entesouramento levado a cabo pela máfia chinesa.
Mas, no meio desta tempestade, em contraste com a redução da oferta dos bancos comerciais, assiste-se a uma continuada e triunfal presença de dólares no incontrolável mercado paralelo.
DONDE VIERAM OS DÓLARES?
Afinal, de onde vem o poder deste mercado para ditar as regras de jogo em torno da moeda norte-americana? Com o mercado empanturrado de dólares em tempos de vacas gordas, chineses e libaneses aproveitaram a bonança para recusar pagamentos por ordem de transferência bancária ou por via de cartões eletrónicos.
“Só aceitavam dinheiro vivo em kwanzas ou dólares”, revelou aoExpresso o empresário de construção civil, Fernando Cardoso.
Com os armazéns abarrotados de kwanzas, chineses e libaneses facilmente compravam dólares a preços duas vezes e meia inferior ao que se pratica hoje no mercado. Dólares que, por portas e travessas, eram retirados, de forma ilícita, de alguns bancos por alguns dos seus funcionários para serem canalizadas para as casas de câmbio ou diretamente para a candonga.
E os garimpeiros de diamantes provenientes da África central e oeste não deixavam também de acumular somas significativas de dólares, que lhes permitem hoje controlar, na rua, o mercado cambial.
Remessas não controladas de dinheiro passaram igualmente a ser enviadas, de forma ilegal, para a China, a partir do aeroporto 4 de Fevereiro. “O porto de Luanda, através dos navios que traziam mercadoria diversa, era também outro corredor por onde vazavam as divisas”, disse uma fonte da capitania do porto.
Hoje, em tempo de penúria, a par dos chineses e libaneses, quem manda no mercado cambial informal são também os comerciantes malianos e senegaleses, que montaram o seu “banco de dólares” a céu aberto, no bairro do Cassenda.
“Aqui são feitas, em poucas horas, diversas transações que, de uma assentada, atingem o milhão de dólares e, o que é estranho, é que a polícia sabe disso mas não intervém...”, revelou ao Expresso Victor Moreira, morador naquele bairro.
Noutro extremo, os angolanos com necessidades de adquirir mercadoria na China, adiantam os kwanzas em Luanda aos chineses e estes, sem qualquer interferência bancária, disponibilizam a moeda chinesa no seu país...
“Nesta senda, estamos a ser todos cúmplices da vergonhosa transformação de Angola numa gigantesca ‘lavandaria’ de dinheiro” — disse o economista Jeremias Silvestre.


O Cavaleiro Luaty e Mana Laurinda na Demanda da Santa Corrupção (09)


Todos os actos desta governação anunciam que o seu fim está próximo.
Um ditador faz loucura e caos.
Em Angola julgam-se presos políticos acusados de nenhum crime. Dizem que é um regime democrático que está em pleno gozo das suas funções. Entretanto a corrupção está no pódio como grande vencedora. A miséria e a fome também. As potências democráticas fecham os olhos e nos corredores apontam que assim é que está bem, que assim é que se faz a estabilidade em África. Esta é a receita para o incremento do terrorismo, do qual parece que a Europa não se consegue desenvencilhar, porque quem apoia a corrupção e as ditaduras que lhe dão origem, no fundo também é terrorista sem o saber.
Cimeira China (rapina) - África. Ah… os chineses é que vão resolver os problemas das populações porque os dirigentes africanos demitiram-se, estão no circo das figuras decorativas. O saque da África exacerba-se. Dá claramente a entender que os dirigentes africanos resolvem os problemas de África vendendo os seus povos aos estrangeiros. E por isso mesmo África é o continente da miséria, da fome e da escravidão.
Não há nenhuma ditadura que seja derrotada em eleições democráticas. Esse é o erro dos incipientes partidos políticos da oposição.
Um europeu comentava para um amigo também europeu: «Porra!, estes gajos estão a destruir tudo e pelos vistos nem um caco sobrará.» E o amigo replica-lhe: «É pá, isto é deles… eles é que sabem qual é a melhor maneira de destruir um país.» E o outro: «Pois, isso é a mesma coisa que dizer-lhes que não têm noção de moral, de abnegação, de viver em sociedade E o amigo segue o discurso habitual da civilização ocidental: «Olha, eles não têm noção de nada. São bêbados, preguiçosos, gatunos, a única profissão que sabem, e nisso são peritos, é roubar. E então agora está demais, uma epidemia, de tal modo que a qualquer hora do dia e da noite até das varandas dos prédios vêem-se assaltos ao vivo. Em suma, esta gente não tem noção de propriedade. Estão numa regressão incrível, como se o tempo para eles parasse. Mas tens muita razão, porque o petróleo Brent já está nos quarenta dólares o barril e o outro petróleo, o Brent WTI nos trinta e sete dólares. Sim, de facto tens muita razão, estão no país deles… a brincar aos países. Sem nenhum plano governamental para a saída da crise do petróleo, a fome será o verdadeiro governante. Os preços continuam a subir todos os dias e em face disso já se ouve o tocar a finados por este país e pelo fim deste povo. O caos é o dia-a-dia de Angola. Farsas de julgamentos de presos políticos é muito fácil, deixar que Angola seja o primeiro país do mundo em mortalidade infantil, isso é muito fácil. Governar na corrupção é muito fácil, trabalhar com honestidade é muito difícil. E finalmente Angola virou pasto de ratos. Submeter as suas populações à deportação para os inúmeros campos de concentração, obrigando-as ao suplício da fome, eis a solução final encontrada desta governação completamente desorientada, desordenada. Não podemos deixar que os maldosos triunfem porque, que será de nós, das nossas famílias, dos nossos filhos, dos nossos netos. Na bandeira, a cor preta é a cor da morte e a cor vermelha é o sangue que a alimenta. A cor amarela é a dos prostrados pela fome.»
Apesar das manifestações democráticas a denunciarem a loucura do julgamento sem acusação dos presos políticos, o cavaleiro Luaty continuava na prisão de alta segurança considerado como um terrorista cérebro da Al-Qaeda em Angola. Também lhe enfiaram a acusação do desvio das notas de dólares para os terroristas internacionais do Médio Oriente. E também como prova das suas actividades, excertos de filmes do James Bond, onde o cavaleiro Luaty aparece como agente secreto na adulteração da imagem do célebre agente do MI5. Mas perante tamanha infantilidade do regime angolano que teima na montagem de falsas provas, convicto do poder dos seus biliões de dólares do petróleo, só que isso acabou-se e agora sem dinheiro a única solução é a venda de Angola aos governos mercenários amigos que agora – é de pasmar - lutam contra o colonialismo. Não temos amigos, melhor, os nossos verdadeiros amigos são a miséria, a fome e a morte. E nas noites somos caçados pelo CAOS, corruptos angolanos organizados em sociedades. Já não há pessoas, só monstros. É típico da má governação exigir dinheiro à população que não tem. Então se o governo não tem dinheiro – está na condição de Estado falido – a população vive em palheiros, como é normal num governo autoritário, exige-se dinheiro a quem vive da fome. Não dá para falar, pensar em justiça num país minado pela corrupção.
Países democráticos que apoiam ditaduras corruptas, também são corruptos, e também, claro, fabricantes do terrorismo internacional.
Na sua peregrinação universal, a princesa Bel parece cativar o mundo para mais um abençoado prémio, – tudo o que é desgraça aqui vem parar – da princesa mais corrupta do mundo e logo por tabela o país mais corrupto do mundo. Esse prémio será uma notabilíssima distinção da Transparência Internacional. No dizer do jornalista angolano Rafael Marques de Morais na Rádio Despertar, espera-se que a princesa Bel compre a Transparência Internacional, tal como fez com a revista Forbes. Honra e glória à princesa Bel pelo seu extraordinário empenho e zelo na construção da mulher nova de Angola, porque isso do homem novo, alguém ainda se lembra, sabe o que isso é? Sem tal abnegação e espírito patriótico esta pátria jamais seria conhecida além fronteiras. E como tal, no mundo de hoje a corrupção não manda, comanda.
Luaty ainda se deixou inundar, como se numa máquina do tempo estivesse a viajar. Porque, como é possível assistir a tal pesadelo de homens das cavernas, da Inquisição em plena Idade Média, e como tal torturado, privado do seu bem mais elementar, a liberdade de pensar, de expressar, de opinar. Será que quem governa Angola veio numa máquina do tempo, num tempo em que a vontade de um só homem, de um rei tirano, tem o poder de vida e de morte dos seus súbditos? Matar a seu bel-prazer? O cavaleiro estava convicto que sim, porque pelo seu procedimento esta gente não é, não pode ser normal. São invasores que se estabeleceram à força, que pilham e aniquilam populações.
Na prisão, o cavaleiro não tinha direito a leituras. Só tinha acesso à literatura dos escritores e poetas petrolíferos, - dos grandes mestres da literatura universal nem pensar, isso é tabu - cuja leitura não continha nenhuma mensagem, apenas os feitos dos revolucionários, sempre os mesmos, que glorificam e endeusam o seu chefe máximo, o Grande Inquisidor. E de televisão, tinha a do Grande Inquisidor que mostrava sempre um país de maravilhas onde tudo e todos viviam no êxtase da felicidade. Também tinha acesso a uma rádio e a um jornal pasquim diário, que inventavam notícias, melhor, deturpavam-mas, como por exemplo, que no próximo ano um projecto agrícola estaria terminado. Tais pasquins faziam-lhe voltas no estômago, de tal modo que lhe apetecia vomitar.
O incrível era o não dar valor à comunidade internacional que condenava e apelava a que se libertassem os presos políticos, pois a farsa já não se podia esconder. E o cavaleiro lembrou-se do Uganda no tempo do Idi-Amin que assim também procedia. Então estava claro que as coisas em Angola assim a continuarem, tal como Idi-Amin assim também acabarão.

Se tivéssemos uma oposição de verdade tais diatribes que nos caem como que vindas do mais profundo do inferno, nunca seriam possíveis. Uma coisa é certa: a oposição fala, fala, fala, e o poder não lhe liga, ri-se. Se a oposição não mudar de táctica, mas qual quê, pois se lhes falta o essencial, a massa cinzenta que está manietada, não iremos lá. Ainda mais que Isaías Samakuva foi reeleito presidente da Unita, o que significa que a miséria e a fome vão perdurar, pois nada se resolve a lamentar. 

domingo, 13 de dezembro de 2015

Os presos políticos são culpados



Já não suporto ver
As crianças a sofrer
Porque elas vão morrer
Os presos políticos são culpados

Sem ninguém para as socorrer
Já nada têm para comer
Estão a desaparecer
Os presos políticos são culpados

Os presos políticos julgados
Pelo erário público ultrajados
Por corruptos condenados
Os presos políticos são culpados

O petróleo era o mar de riqueza
Sem ele é o deserto da pobreza
Mas isso não afecta a realeza
Os presos políticos são culpados

No reino dos criminosos se pode matar
Mais presos políticos há que inventar
Neste país onde não se pode protestar
Os presos políticos são culpados

Assim governa a imbecilidade
Que ordena a mortandade
Com a maior naturalidade
Os presos políticos são culpados

A nação atingiu o cume fatal
Vitimados pela pena capital
Só nos resta a fuga Ocidental
Os presos políticos são culpados

A imprensa deles dá-nos maravilhas
Como maravilhosas ilhas
Sem esperança das nossas filhas
Os presos políticos são culpados

A nossa vida está muito atrasada
Muito, extremamente barbarizada
Há muito esta nação está adiada
Os presos políticos são culpados

O petróleo da fome está acabado
Ele e mais este reinado
Fazem este país adiado
Os presos políticos são culpados

A população está na mendicidade
A população está na orfandade
A população está na mortandade
Os presos políticos são culpados

Imagem: autor desconhecido






terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O Cavaleiro Luaty e Mana Laurinda na Demanda da Santa Corrupção (08)



Imagem: Os quinze jovens acusados de tentativa de golpe de estado em Angola. Quando os salteadores do erário público matam o povo à fome, inventam golpes de estado. O fim está próximo.

Extracto do filme de 1968, com o título original, Dark of the Sun, versão portuguesa, Os Mercenários, também conhecido por, O Último Comboio do Katanga. Com Rod Taylor, Yvette Mimieux e Jim Brown nos principais papéis. Pode-se dizer que o filme ilustra a actual situação de Angola e da África em geral. O filme inicia com um cartaz no aeroporto da capital: Republique Democratique du Congo: um funcionário dos serviços de estrangeiros europeu olha para um passaporte também europeu e pergunta: “É a sua família?” “Não... os Simbas… todos mortos pelos Simbas.” “Pode passar, senhor. Próximo!” “Atenção… atenção… fiquem onde estão. Fiquem longe… da passagem e do portão. Serão avisados quando os aviões estiverem prontos. Fiquem onde estão. Não fiquem na passagem. Repito, não fiquem junto ao portão. Atenção! Fiquem onde estão!” “Capitão Hansen, soldado da Força de Paz das Nações Unidas. Vou ficar com suas armas.” “Capitão Curry, Força Especial do Congo. Não vai ficar não. Este aqui é o sargento Ruffo.” “Nenhum mercenário passa aqui com armas. Eu tenho minhas ordens. Estas são minhas ordens do Presidente Ubi em pessoa. Bem, capitão, não vai querer um tiroteio num lugar como este? Cheio de civis.” “ E desde quando assassinos estrangeiros como você, se preocupam com civis?” “Você mesmo, capitão está longe de casa. Agora leia as ordens e abra caminho. Bem quietinho.” “Deixe-os passar.” “Quero lhe apresentar o sr. Delage representante das minas belgas.” “A sua mina está pronta lá? Uma mina de cobalto?” “De diamantes, mas o mais importante são as pessoas.” “Quanto em diamantes?” “50 milhões de dólares em diamantes.” “ Meu caro, capitão… os mercenários são uma espécie de… homens de negócios como eu.”
Anúncio do governo de Angola: compre fome, à venda em qualquer lugar, a todos acessível.
Frases célebres do cavaleiro Luaty:
Porque é que Angola é o único país do mundo que não tem fundo de desemprego? A resposta é muito simples: em Angola não há desempregados.
Angola atravessa uma situação extremamente grave, porque o comité de especialidade da morte persegue os seus cidadãos e nenhum lhe escapa.
Miséria é também ter muitas mulheres e muitos filhos. E por isso mesmo já se escutam alguns terríficos episódios, porque quando a fome é insustentável a primeira coisa que se costuma fazer é despachar as crianças para o inferno, porque ele está sempre ávido dessas coisas das ditaduras da fome. Mas brevemente se tomará conhecimento de coisas cada vez piores, como canibalismo?, veremos.
É noite, um casal pega no seu filho de poucos meses de idade, leva-o para uma estrada, lá o abandona. Um carro vem passa-lhe por cima. Parece que o condutor nem se apercebeu do que aconteceu. Ou apercebeu-se mas preferiu manter-se em fuga como se nada tivesse acontecido.
Uma mãe veste uma fralda no seu filho de tenra idade que já consegue caminhar. Deixa-o ir por aí até que a criança entra num estabelecimento. A mãe foge satisfeita pelo dever cumprido.
Creio que Batista Borges é o único ministro que funciona, que mostra trabalho, que gosta de trabalhar. Da energia eléctrica neste mês de Novembro já a acabar, foi muito bom, apenas com dois cortes de curta duração. Da água pode-se dizer que também não houve problemas.
Embora não sendo da área desse ministro, aqui na célebre - célebre porque antes era rua das escoltas - rua das Sirenes nunca até ao momento existiram amontoados de lixo. A recolha sempre se faz regularmente.
O importante não é o que hoje vou comer. O mais importante é o que amanhã comerei. E como este governo nunca pensa no dia de amanhã…
O mais horrível disto é ver, ter a absoluta certeza de não ter futuro. Então é o lutar para daqui debandar.
Devidamente especializado pelo CAOS, corruptos angolanos organizados em sociedades, entrou já na sua fase derradeira o projecto, vamos matar todos à fome.
Quando olho para o céu de Luanda vejo outro céu.
Depender do petróleo é como a Igreja que depende de Deus.
A fome é a nona maravilha de Angola.
Com cinismo, hipocrisia e corrupção não se constrói nenhuma nação. Este é o meio mais eficaz de a destruir. Por isso não vale a pena perder tempo.
O projecto, a quinta de Angola, está numa situação extremamente grave, porque por todo o lado a morte embosca os cidadãos.
Creio que uma das coisas mais anedóticas da vida é a juventude convencida de que nunca será idosa.
Um povo que se deixa matar à fome, e que ainda agradece a Deus por isso, deve-se ao criminoso trabalho da Igreja e das igrejas. Um facto milenarmente bem visível.
O julgamento dos presos políticos deixa-nos a mensagem de que a África ainda está muito longe da civilização. A África ainda não se libertou dos homens das cavernas.
Enquanto a brincadeira do julgamento dos presos políticos prossegue, - ah!, este país é um circo – a fome avança. Perder tempo com farsas políticas é preciso, esforços para combater a fome não é preciso.
Actualmente não há nenhuma garantia de sobrevivência do povo angolano.
Em Angola o colonialismo está intacto porque Salazar continua no poder. O outro Salazar dizia: para cada braço a sua enxada e para cada boca o seu pão. E este Salazar – o nosso, actual – para cada braço a sua prisão e para cada boca a sua fome.
Angola era um país tão rico, agora é um país tão pobre, tão cheio de miséria.
Povo que não lê é povo escravo.
Entretanto o CAOS já tratava de arranjar culpados para a sua fome que facilmente como previsto pelos serviços secretos de sua majestade o Grande Inquisidor, incendiava os corpos esqueléticos, sem esperança. O CAOS ordenou a prisão da população sob a acusação de actos preparatórios de golpe de estado contra um país que não existe. Voltavam-se, entregavam-se a Deus na vã esperança que Ele ressuscitasse Jesus Cristo e o enviasse para esta Angola e da ditadura os salvasse. Mas qual quê, não aparecia deus nenhum – jamais aparecerá, e só o fará nas cabeças das miseráveis almas que foram educadas, no analfabetismo ultrajadas - porque simplesmente ele não existe. Faz parte da quadrilha religiosa, dos sacerdotes organizados na sociedade criminosa, e como tal muito perigosa, porque onde eles moram não há para ninguém salvação, só maldição, perdição.
Empresas acomodadas nos lucros do petróleo não são empresas, e quem disso vive não é empresário. São equipas de larápios porque não produzem nada, apenas importam. Na realidade, são quinteiros que confundem petróleo com agricultura. E assim prevalecendo, Angola não tem solução, não tem salvação. E sem oposição não há alteração.
Não é possível viver num mundo onde democracias apoiam ditaduras. É a inesgotável fonte de terroristas a nascer, dela a beber.
Se diariamente os preços sobem, e devido ao desemprego generalizado, o poder de compra está muito afastado, o que resta das empresas vai falir, e os empregados serão a fingir, porque o corrupto governo está a ruir. E como a oposição não se faz sentir, para quê esperar o porvir.
Outra colonização, a chinesa, prossegue dentro de momentos.

Da actual conjuntura o seu fim está próximo.